sábado, 31 de março de 2007

PERGUNTA 'RECORD DEZ' (3)


Pergunta: Em função do calendário, o eventual vencedor do Benfica-FC Porto terá caminho aberto para o título?

Minha resposta: O clássico da Luz será o jogo mais importante e mediático da época, mas não vai ser decisivo, pois estou convicto de que o duelo entre dragões e águias - o Sporting para mim já está arredado - persistirá até à última jornada. De todo o modo, se o FC Porto triunfar ficará com 4 pontos de vantagem, que me parece susceptível de ser bem gerida. Pelo contrário, um empate ou uma vitória encarnada deixariam o campeonato ao rubro e tudo se decidirá então nas rondas seguintes, as quais contemplam quatro jogos em casa e três fora para as duas equipas, entre eles os apetecíveis Benfica-Sporting e Boavista-FC Porto. Em síntese, o clássico poderá abrir o caminho para o título mas apenas para o FC Porto, até porque não me espantaria que o Sporting fizesse na Luz o que o Benfica fez em Alvalade...
(Publicada na edição da Revista 'Record DEZ' de hoje)

quinta-feira, 29 de março de 2007

A VITÓRIA ALI TÃO PERTO...


SÉRVIA - PORTUGAL 1 - 1
Fase de Qualificação para o Europeu'2008
28 de Março de 2007
Estádio do Estrela Vermelha (Belgrado)
Árbitro: Bertrand Layec (França)
Sérvia: Stojkovic; Duljaj, Vidic, Krstajic, Dragutinovic; Jankovic (Koroman 68'), Kovacevic, Stankovic (Markovic 78'), Krasic; Tosic (Lazovic 84'), Pantelic. Tr: Javier Clemente
Portugal: Ricardo; Miguel (Caneira 72'), Ricardo Carvalho, Jorge Andrade, Paulo Ferreira; Petit, Tiago, João Moutinho (Raúl Meireles 77'); Cristiano Ronaldo, Nuno Gomes (Quaresma 82'), Simão. Tr: Luiz Felipe Scolari
Ao intervalo: 1 - 1
Marcadores: 0 - 1 Tiago 5', 1 - 1 Jankovic 37'
CA: Stankovic 7', Pantelic 35', Cristiano Ronaldo 36', Jankovic 40', Paulo Ferreira 50', Tiago 59', Dragutinovic 62'


Portugal empatou na Sérvia e, bem vistas as coisas, não se pode considerar negativo conquistar um ponto em casa de um adversário directo pelo apuramento. Mas será que não houve falta de ambição de Luiz Felipe Scolari? O que leva um treinador a não fazer tudo para poder vencer um jogo, quando a sua equipa demonstra sobeja capacidade para o fazer? Entendo que o 'Sargentão' é um líder competente e desde que chegou ao nosso país a selecção portuguesa deu um salto significativo, somando grandes resultados e afirmando-se cada vez mais no plano internacional como uma das melhores. No entanto, o pragmatismo que revela em certas ocasiões é exagerado, escusado e indiciador de um conservadorismo que, manifestamente, me desagrada.

Scolari, talvez surpreendentemente para muitos mas não para mim, apostou em Simão para o onze inicial, deixando Quaresma no banco de suplentes. Foi uma opção como outra qualquer, Simão também está em grande forma e tem sido o dono daquele lugar, embora me pareça que, face à exibição que realizara contra a Bélgica, o 'Harry Potter' merecesse a titularidade. De resto, manteve todos os outros elementos que iniciaram o jogo de Alvalade, inclusivé Nuno Gomes e João Moutinho - dados como possíveis suplentes - e, quanto a mim, muito bem.

O jogo não podia ter começado melhor. Logo nos primeiros minutos, Tiago tratou de silenciar o ambiente escaldante de Belgrado, conseguindo com alguma sorte um golo espectacular do meio da rua, o seu primeiro ao serviço da selecção.

A perder, a Sérvia partiu para junto da área nacional e durante 15 minutos exerceu intensa pressão sobre a nossa defensiva. Dinamizados pela velocidade e técnica de Krasic e usando um pressing alto, os sérvios não permitiam que Portugal acertasse 2/3 passes seguidos e desenvolvesse o seu futebol apoiado tão característico. Ricardo via a bola sempre muito próxima, mas a verdade é que, nesse período, só por uma vez foi posto à prova, num ressalto de bola que quase deu o empate a Stankovic.

Por volta dos 20 minutos, a Sérvia começa a perder intensidade e Portugal aproveita para subir no terreno e equilibrar a partida, começando a desferir alguns ataques perigosos, sobretudo através dos seus extremos. Petit, de longe, tentou imitar Tiago, mas desta vez Stojkovic conseguiu desviar para canto. Portugal detinha agora um maior domínio territorial, mas os da casa nunca deixaram de procurar a igualdade, com transições ofensivas rápidas e fazendo uso de uma das suas principais armas: os lances de bola parada. Depois de Vidic ter ameaçado, na sequência de um livre do lado direito, a Sérvia chegou mesmo ao empate, aos 37 minutos. Canto da direita de Stankovic e golo de cabeça de Jankovic, perante a passividade inexplicável da defesa lusa. É certo que os sérvios possuem um porte físico bastante superior, mas não era preciso deixá-los à vontade em plena pequena-área.

Em resposta, Moutinho podia ter feito o 2 - 1, no seguimento de uma boa iniciativa de Simão, mas não foi capaz de definir a jogada com sucesso. Os últimos minutos do primeiro tempo foram algo nervosos de parte a parte e o intervalo lá acabou por chegar com um 1 - 1 justo face ao sucedido, num jogo tacticamente muito interessante, em que nenhuma equipa dominou a outra, mas onde foi visível que Portugal era claramente superior e tinha a vitória ao alcance. Pedia-se para o segundo tempo maior capacidade de retenção de bola, no sentido de focalizar a acção do jogo mais à frente, procurando assim controlar melhor a partida, tentar chegar ao segundo golo e, ao mesmo tempo, dar maior tranquilidade à sua defesa.

Depois do descanso, chegou a dar a ideia que os sérvios traziam a mesma disposição de discutir o resultado e colocar a turma das quinas em sentido, mas rapidamente Portugal tomou conta das operações, com os seus médios a pressionarem mais à frente e a garantirem, na fase seguinte, uma posse de bola mais demorada e efectiva. Tiago, depois de uma excelente jogada colectiva, proporcionou a Stojkovic uma vistosa parada. Moutinho e o mesmo Tiago, de longa distância, voltaram a testar as qualidades do guardião, sendo que, por esta altura, Portugal já ia justificando estar de novo em vantagem no marcador.

Cheirava a golo português, a Sérvia praticamente não chegava à nossa área e, portanto, a expectativa era que a Selecção Nacional mantivesse o ritmo para chegar à vitória.
Entre os 65/70 minutos, o encontro começa, porém, a ficar mais indefinido, mais lento, menos fluído e sobretudo mais disputado sobre o centro do campo. Dei por mim a pensar: isto está a pedir a entrada do Quaresma a ver se anima. Scolari não foi dessa opinião. Ao seu melhor estilo, faz entrar Caneira e depois Raúl Meireles, para segurar não sei o quê e como que dizendo lá para dentro: está na hora de começar a jogar mais devagar, o empate já é bom, não arrisquem! Pode haver quem apoie esta atitude, é verdade que o empate não deixava de ser um desfecho positivo, mas não gosto desta mentalidade. Se Portugal era superior, estava por cima no jogo e não se vislumbrava na Sérvia grande capacidade de resposta, por que não dar um pouco mais e tentar alcançar os três pontos em vez de um? Infelizmente, o técnico brasileiro já nos habituou a este tipo de comportamentos demasiado calculistas. Javier Clemente, seleccionador da Sérvia, deve ter andado na mesma escola de Scolari; a precisar de vencer, retirou Stankovic do terreno para fazer entrar um defesa...

O jogo estava cada vez mais adormecido e todos pareciam satisfeitos. Aos 82 minutos, Scolari lá se decidiu pela entrada de Quaresma, tendo saído Nuno Gomes e levando Ronaldo para o centro do ataque. Deve dizer-se que o extremo portista entrou mal na partida, acumulando passes errados e dribles falhados, mas vir de uma exibição tão soberba como a de sábado e jogar pouco mais de 10 minutos há-de ser frustrante. E o apito final não tardou, Portugal fez um jogo positivo e conquistou um ponto que pode vir a ser importante nas contas, mas não fez tudo para alcançar o triunfo, deixando assim para trás dois pontos que, do mesmo modo, poderão fazer falta mais tarde.

Nas reacções após o jogo, Scolari classificou a exibição lusa de "maravilhosa", e eu confesso não entender tal opinião, pois maravilhosa seria a vitória. Confrontado com a opção por Simão em detrimento de Quaresma, declarou que "o Simão é o titular da posição", ou seja, o 'cigano' pode continuar a fazer exibiçoes fabulosas e a marcar os golos de trivela que quiser, que já sabe que tem o banco à sua espera, porque "o Simão é o titular da posição". Sem comentários...
Portugal segue agora no segundo lugar do grupo com 11 pontos em 6 jogos, em igualdade com a Finlândia (perdeu 1 - 0 no Azerbaijão) e a Sérvia. A Polónia (venceu 1 - 0 a Arménia em casa) está destacada na liderança com 16 pontos mas com mais um jogo disputado. Portugal tem obrigação de vencer este grupo e garantir o apuramento directo para o Euro'2008. Oxalá Scolari se dê conta de que, com o lote sensacional de jogadores de que dispõe, não precisa de ter tanto medo!

quarta-feira, 28 de março de 2007

A DÚVIDA DE SCOLARI


Daqui a pouco, a Selecção Nacional volta a entrar em campo, em mais um importante jogo de qualificação para o Euro'2008. Em Belgrado, os comandados de Luiz Felipe Scolari enfrentarão a Sérvia, que apesar de não estar a atravessar um bom momento - vem de uma derrota humilhante no Cazaquistão - , não é tão acessível como muitos querem fazer crer.

Depois daquela segunda parte contra a Bélgica, em que jogadores que ainda lutam por um lugar no onze, como Quaresma e João Moutinho, brilharam a grande altura, instalou-se alguma dúvida acerca da equipa inicial que Scolari irá apresentar. Tal deve-se ao facto de Simão já ser um jogador disponível para este embate e, como é sabido, o capitão benfiquista vinha sendo opção para entrar de início. O que fará então o seleccionador nacional? Já li e ouvi diversas opiniões. Jogará com Ronaldo, Nuno Gomes e Simão na frente, preterindo Quaresma? Deixará Nuno Gomes no banco, colocando Ronaldo no centro do ataque e Quaresma e Simão nas alas? Ousará colocar Simão ou Ronaldo a '10', desviando Moutinho para suplente? Em minha opinião, Scolari não irá mexer no meio-campo em relação ao desafio de Alvalade, mantendo ainda Ronaldo e Nuno Gomes como titulares. A dúvida centra-se então na utilização de Quaresma ou Simão. Se fosse eu a escolher, a minha opção recairia no 'cigano', que depois daquele maravilhoso golaço aos belgas, merece manter-se como uma aposta segura. De resto, tudo já está definido: Ricardo, Miguel, Ricardo Carvalho, Jorge Andrade, Paulo Ferreira, Petit e Tiago. Saliento o facto de, finalmente, Scolari ter percebido que Paulo Ferreira é muito melhor alternativa que Caneira para lateral-esquerdo, pois além de dar igual solidez defensiva, confere também mais ampla profundidade ofensiva. Aliás, desde os tempos do FC Porto, sou um forte admirador das quailidades de Paulo Ferreira e tem-me espantado bastante a pouca utilização no Chelsea durante esta época. Mais a mais, quando José Mourinho, na altura, se referia a ele como o melhor lateral-direito do mundo. Enfim... outras contas!

Portugal segue neste momento em terceiro lugar do grupo A, com 10 pontos em 5 jogos, atrás da Polónia (13 pts, 6 jgs) e da Finlândia (11 pts, 5 jgs) e em igualdade com a Sérvia (10 pts, 5 jgs). Uma vitória em Belgrado vinha, de facto, mesmo a calhar. E eu estou muito confiante, ou não tivéssemos nós a melhor selecção da Europa. Força rapazes!

terça-feira, 27 de março de 2007

O MENINO-PRODÍGIO


Numa altura em que a contagem decrescente para o jogo do ano já começou, tudo indica que o brasileiro Anderson vai mesmo regressar à competição no domingo, no Estádio da Luz, diante do Benfica, precisamente o adversário do jogo em que sofreu a grave lesão. O astro canarinho, e não acho exagerado denominá-lo desta forma, deixou todos os aficionados de futebol orfãos do seu talento de excelência. Por isso, como forma de lhe dar as boas-vindas, vou abaixo transcrever um texto escrito por mim a 24 de Setembro de 2006, tempo em que o puto começou a maravilhar todos os que gostam de futebol no seu estado mais puro:


"Já não restam dúvidas... Aquele puto brasileiro que joga no meio-campo do FC Porto é mesmo um portento, um talento puro, um génio! Chama-se Anderson e tem 18 anos! Chegou a Portugal com apenas 17 e rotulado de craque; tinha-se cotado como o melhor jogador do Mundial sub-17. Apesar disso, as expectativas foram sendo controladas, pois se ninguém duvidava que talento não faltava ao jovem canarinho, importava também ter em consideração a sua idade. A vida de futebolista profissional nada tem a ver com aquela que se tem nas camadas jovens. Não basta ser bom de bola e ter habilidade nos pés para fazer uns dribles. É preciso ter forte personalidade, aguentar a pressão de jogar ao mais alto nível diante de milhares de pessoas, não ceder emocionalmente ao stress de ser a cada instante avaliado pelas acções que se têm dentro daquele rectângulo verde.

Nesta temporada, Anderson tem estado a revelar-se como um portentoso executante, um diamante em bruto, que bem lapidado nos próximos tempos por Jesualdo Ferreira, se tornará certamente num dos mais fantásticos e geniais jogadores do mundo. Muita gente dirá que há jogadores que prometem muito no início da carreira e depois se perdem progressivamente à medida que as exigências vão aumentando. Mas este é um caso especial, este não engana! O já internacional sub-20 brasileiro (a selecção principal já está à sua espera...) não se limita a ser mais um jogador muito tecnicista que de vez em quando se lembra de fazer aquelas jogadas que arrancam fortes aplausos da plateia. Este menino que ainda agora atingiu a maioridade, é daqueles que usa a magia que tem nos pés (sobretudo no esquerdo) para pegar na equipa, transportá-la para a frente; eu diria para andar com ela às costas. Tem 18 anos...

Apesar de o técnico portista ter já referido que o desempenho da equipa depende do colectivo e nunca de um só elemento, não foi por acaso que o confrontaram com a ideia de que o talento prodigioso de Anderson pode já estar a criar dependência na turma azul e branca. E para mim não há grandes dúvidas. O FC Porto com Anderson em campo é muito diferente do FC Porto sem ele. Basta pensar no que aconteceu nesta sexta-feira, no Dragão, no jogo com o Beira Mar. Entrou em campo apenas ao intervalo para substituir Jorginho, precisamente o jogador que actuou no seu lugar, na posição 10, no espaço de construção da equipa. E então a primeira parte portista foi cinzenta, praticamente sem jogadas de perigo junto à baliza aveirense, sem ideias, sem velocidade ou criatividade. Com a entrada de Anderson, a segunda metade foi completamente distinta; a diferença na qualidade de jogo do FC Porto foi algo abismal. O ritmo a que se passou a jogar subiu meteoricamente, todo o jogo portista passou a ter um patrão, alguém que não se limita a estar na sua posição à espera da bola para então construir os lances de ataque, mas que enche o campo em correrias loucas à procura da bola, atrás e à frente, capaz também de lutar pela sua recuperação e, do mesmo modo, elaborar a transição para o último terço adversário. E depois quando a bola chega áqueles pés, como que ganha outra vida e entra numa dimensão superior, parecendo que é intima do jovem brasileiro e que, por isso, merece ser tratada com todo o carinho do mundo.

Ao ver aquele jogo (ao vivo...) fui obrigado a deixar-me enfeitiçar pela magia do '10' portista. Perdi a conta às vezes em que me impressionei com as suas jogadas e então passei a vida a dizer: "Eii, o Anderson..."! De cada vez que dominava a bola, fazia um passe a rasgar a defesa, passava por um, dois, três adversários ou simplesmente corria para que lhe passassem a bola, eu perguntava-me como seria possível que um miúdo de 18 anos (é bom não esquecer este pequeno pormenor!) tivesse já tanto futebol no cérebro. Com ele em campo, os seus companheiros têm uma linha de passe permanentemente aberta, porque ele não pára de procurar o espaço vazio para poder receber o esférico. Não raras vezes, em situações de posse na zona defensiva, é vê-lo vir atrás buscar jogo, para ser ele a conduzir a equipa para a frente com aquela velocidade frenética, própria de quem tem um pulmão jovial e inesgotável. Depois, com um simples passe ou uma aceleração momentânea consegue desequilibrar uma defesa inteira, algo que normalmente é bem mais complexo de conseguir. Foi, de facto, um jogo enorme de Anderson, indiscutivelmente o MVP da partida, talvez tendo até realizado o seu melhor desafio desde que chegou a Portugal. E note-se que já havia efectuado algumas excelentes exibições, como no jogo com o Setúbal para a Supertaça, em que assinou um golo, ou na estreia na Liga dos Campeões diante do CSKA Moscovo, cujo lance mais vistoso foi um espectacular remate de 25 metros ao poste. Parece impossível...

Efectivamente, há que dar mérito aos responsáveis do FC Porto por terem vislumbrado e agarrado primeiro que os outros tão valiosa pérola. É um grande privilégio para o futebol português poder ter nos seus relvados um jogador deste calibre, assim como é um estímulo para os adeptos irem mais vezes aos estádios presenciarem o espectáculo ao vivo. Sim, porque quando se vai ao estádio, é à procura de espectáculo, de futebol bem interpretado, jogadas bonitas, golos... E pensar que Anderson tem ainda, naturalmente, uma larga margem de progressão... Chega a ser assustador aquilo que poderá vir a ser no futuro! E é neste ponto que surge uma pergunta tão pertinente quanto inevitável: até quando conseguirão os 'dragões' segurá-lo no clube? A resposta não é fácil. No entanto, o presidente Pinto da Costa, face à cobiça desde já existente por parte de grandes clubes europeus, como o Barcelona ou o Chelsea, veio dizer que não pretende deixar sair nenhum dos principais jogadores do plantel durante esta temporada, lote onde obviamente se inclui o menino-prodígio brasileiro. Uma posição normal de uma pessoa que percebe que seria muito pouco inteligente negociar agora ou brevemente um jogador desta categoria. Além das implicações desportivas nefastas que decerto traria, quanto mais tempo ele se mantiver no Dragão, maior será a quantia a entrar nos cofres azuis e brancos na altura da possível tranferência. E não é difícil perspectivar uma valorização rápida, dada a sua presença em grandes palcos, sobretudo na Champions, bem como a iminente chamada à selecção principal do Brasil; assim o seleccionador Dunga entenda que não vale a pena esperar mais. Se os portistas o conseguirem segurar pelo menos mais dois anos, considero que já será positivo e arrisco até um valor para a sua transacção: 40 milhões de euros!

Estabelecendo um paralelo com os seus colegas, é minha convicção que Anderson é já o melhor jogador da equipa, à frente de nomes tão insuspeitos como Lucho González, Quaresma, Helton ou Raúl Meireles. Está encontrado o novo '10' para o FC Porto, pensador e arquitecto do seu futebol ofensivo. Uma lacuna que persistia desde a saída de Deco para o Barcelona, no final da época 2003-04, de tão boa memória para os portistas. Se continuar a jogar tão supremamente como o fez defronte do Beira Mar, Anderson poderá transformar-se muito em breve num caso sério em todo o mundo e levar o FC Porto a voos bem altos, já que, neste momento, a formação da Invicta é Anderson e mais dez! Façam como eu... deixem-se enfeitiçar!"

sábado, 24 de março de 2007

PERGUNTA 'RECORD DEZ' (2)


Pergunta: Considera que o Benfica está dependente do actual bom momento de forma de Simão Sabrosa?

Minha resposta: A problemática das dependências sempre me pareceu uma falsa questão. Pela sua qualidade e pelo rendimento que conferem ao conjunto, os melhores jogadores tornam-se inevitavelmente incontornáveis para a sua equipa e isso não representa, na minha opinião, um factor negativo nem tem a carga que sistematicamente se lhe quer dar. Sendo um dos melhores jogadores europeus, o capitão Simão, sobretudo em bons momentos como o actual, faz a diferença na turma encarnada e, obviamente que, se por qualquer razão tiver de falhar algum jogo, o Benfica ressente-se.
(Publicada na edição da Revista 'Record DEZ' de hoje)

sábado, 17 de março de 2007

PERGUNTA 'RECORD DEZ' (1)


Pergunta: O FC Porto-Sporting pode ser visto como um teste decisivo às capacidades de Paulo Bento?

Minha resposta: Paulo Bento é um técnico inteligente e astuto, algo que não mudará seja qual fôr o resultado do clássico. Não é decerto um jogo apenas que determina a categoria de um treinador. Se ganhar ao FC Porto não vai ser melhor e se perder não vai ser pior. A competência e sabedoria estão lá e nunca se deve perder a consciência de que a aferição das suas capacidades vai ser feita consoante os resultados e títulos alcançados em épocas inteiras, nunca tendo em conta jogos isolados, por mais importantes que eles sejam.
(Publicada na edição da Revista 'Record DEZ' de hoje)