segunda-feira, 30 de abril de 2007

BENFICA-SPORTING FAVORÁVEL AO... FC PORTO!


Terminei o meu último post dizendo que "se desse empate, não seria mau de todo", para o FC Porto, obviamente. E não é que Benfica e Sporting me fizeram a vontade! Não tive oportunidade de ver o derby, logo não tenho opinião sobre o jogo propriamente dito. Acabou empatado 1 - 1, com Liedson a abrir o activo e Miccoli a restabelecer a igualdade. Ao que parece foi um desafio repartido, com alternâncias no domínio do jogo, bem jogado de parte a parte, com um ritmo vivo e um ambiente de clássico. O empate adequou-se à produção das equipas, houve portanto justiça no Estádio da Luz. Nenhuma das formações foi capaz de aproveitar em pleno o deslize do FC Porto na véspera, o que possibilitou aos portistas perderem apenas um ponto para ambos.

Depois de uma exibição sofrível com derrota associada, o FC Porto foi mesmo o grande vencedor do derby lisboeta, que serviu também para provar que em alturas decisivas ainda falta algo aos conjuntos de Lisboa. Sem estarem a realizar um campeonato por aí além, os 'dragões' são agora mais candidatos que antes desta jornada; viram a diferença de pontos diminuir, mas os testes mais difíceis já passaram, além de faltar menos um jogo para o termo desta liga. A ilusão dos seus adversários durou apenas 24 horas e quem não aproveita benesses destas, assim como algumas outras dadas pelos azuis e brancos nos últimos meses, não merece ser campeão.

Três pontos separam o Sporting do primeiro lugar, sendo que em igualdade pontual a vantagem está do seu lado. Ganhando os três jogos restantes, precisa 'apenas' de uma derrota dos comandados de Jesualdo Ferreira. A deslocação portista a Paços de Ferreira pode ser de alto risco, ao passo que a saída do Sporting ao terreno da Académica é, à partida, mais acessível. Todavia, não julgo plausível um cenário de volte-face. O FC Porto tem o título próximo, mas talvez tudo se decida apenas na derradeira jornada, que inclui os jogos FC Porto-Aves, Sporting-Belenenses e Benfica-Académica. Está bonita a luta pelo título. E pelo segundo lugar também!

domingo, 29 de abril de 2007

PORTISTAS FALHAM EM DERBY EMOCIONANTE


O FC Porto perdeu com o Boavista, no Estádio do Bessa, por 2 - 1 e pode ter relançado a luta pelo título nacional. Num grande jogo de futebol, com muita emoção e intensidade de jogo - perecia o futebol inglês! -, os portistas não foram capazes de ultrapassar o sempre difícil obstáculo boavisteiro e deram uma nova dimensão ao derby Benfica-Sporting de hoje à noite.

O Boavista realizou uma grande primeira parte e chegou ao intervalo a vencer por 1 - 0, com um belo golo de cabeça do ex-portista Ricardo Silva. Um resultado então justificado que podia até ser mais ampliado, dado o domínio exercido pelo Boavista durante quase todos os primeiros 45 minutos. O FC Porto apresentou-se sempre sem ideias, com as suas unidades mais influentes abaixo do que lhes seria exigido. Descontando uma boa oportunidade no seguimento de um pontapé de canto, os 'dragões' praticamente nada fizeram de válido até ao descanso.

Nos primeiros minutos da segunda parte, novo rombo na defesa azul e branca e segundo golo axadrezado, apontado por Zé Manuel. A perder por dois golos, o FC Porto continuou inexplicavelmente sem conseguir encostar o adversário às cordas. Conseguiu reduzir após uma grande penalidade convertida por Lucho González, de cuja falta resultou a expulsão do guarda-redes Jehle. Só depois de estar em superioridade numérica os portistas conseguiram uma real supremacia no terreno de jogo e então, aí sim, dispuseram de diversas chances para empatar e até, possivelmente, ganhar. Neste período, Anderson (substituiu Postiga ao intervalo) pegou na batuta e empurrou a equipa para a frente, fazendo valer-se da sua esplendorosa técnica individual. Não foi suficiente e o factor sorte que sempre existe num desafio de futebol, foram os homens de Jaime Pacheco quem o fizeram por merecer, tamanha foi a garra que empregaram em cada jogada.

Sobre o lance na área em que o árbitro Jorge Sousa considerou falta de Jehle sobre Adriano, na minha opinião não existe grande penalidade. O atacante brasileiro foi manhoso (ou inteligente?) e provocou o contacto, ludibriando o juíz e calculo que a maioria das pessoas, uma vez que em directo ficou claramente a ideia de ter havido infracção. O facto de ser portista não me impede de pensar com o cérebro e ter opiniões objectivas e imparciais. Mas agora gostava de ver aqueles adeptos do Benfica que disseram que em Aveiro houve penalty sobre Simão, a dizerem também que o Adriano sofreu falta e não a reclamarem do erro do árbitro! É que as jogadas foram muito parecidas, aliás o 'mergulho' do benfiquista foi até mais evidente. Mas enfim, a clubite cega é assim!

Deste Boavista-FC Porto retiro mais algumas conclusões:
-este FC Porto de Jesualdo continua a não convencer, nunca consegue durar os 90 minutos, ora começa bem na primeira parte e desce de rendimento na segunda, ora sucede exactamente o contrário;
-Anderson já está em plenas condições de assumir finalmente a titularidade, foi aliás dos únicos que tentaram remar contra a maré;
-Lucho González tarda em exibir a produção apresentada na época passada, já não tem muito tempo para o fazer;
-o clube precisa de contratar para 2007-08 um avançado de categoria internacional, pois nem Adriano, nem Postiga, nem Rentería, são suficientemente convincentes para aquilo que esta equipa exige;
-quando o título nacional está a tão curta distância, é de lamentar que a atitude demonstrada quer pela maioria dos jogadores quer pelo treinador não seja mais determinada, agressiva e ganhadora.

No entanto, os 'dragões' continuam a depender unicamente de si para conquistarem este campeonato. É minha crença que o vão conseguir. Mas que o assunto já podia estar arrumado há muito, lá isso já! E o derby lisboeta ganhou outro encanto. Se desse empate, não seria mau de todo...

quinta-feira, 26 de abril de 2007

M.UNITED E CHELSEA EM VANTAGEM


Não defraudaram os jogos das meias-finais da Champions. Dois grandes espectáculos, quatro equipas à procura do melhor resultado, muito equilíbrio no futebol jogado e no resultado. Tudo em aberto, portanto, para os embates da segunda mão e outra coisa não seria de esperar entre equipas cuja igualdade de forças é a nota dominante. Ainda assim, continuo a conferir ligeiro favoritismo a Manchester United e Chelsea, ainda para mais agora dispondo de um golo de vantagem, sendo minha convicção e desejo - não me canso de repetir - que a final seja entre estas duas formações.

Em Old Trafford, foi uma maravilha, mas que grande jogo de futebol, talvez o melhor desta edição da prova. O United venceu por 3 - 2, com o golo da vitória a ser obtido mesmo à beira do fim. Na primeira parte o Milan esteve melhor, chegando ao intervalo a vencer por 2 - 1. Depois de Cristiano Ronaldo ter inaugurado o marcador, com a preciosa ajuda do guardião Dida, surgiu o magnífico Kaká, em grande estilo, a virar o resultado com dois golos de grande talento. Actuando irrepreensivelmente em termos estratégicos e fazendo da inteligência de jogo a sua bandeira, os milaneses justificaram em absoluto a vantagem ao intervalo. Na segunda metade, após boa entrada dos italianos que lhes podiam ter valido o aumentar do marcador, o Manchester United partiu para cima em busca da reviravolta e jogou grande parte do tempo no meio-campo contrário, fazendo uso da sua habitual sagacidade ofensiva. Nesse período, outra estrela emergiu: Rooney, autor de dois golos, o segundo dos quais, o tal em cima do apito final, de grande categoria, capacidade de desmarcação e poder de remate (não esquecer o passe primoroso de Giggs, à semelhança do de Scholes no primeiro tento do 'pugilista').

Cristiano Ronaldo pareceu-me ansioso, a querer fazer tudo bem e depressa e com a tendência para individualizar os lances. Não deixou, no entanto, de ser decisivo e de provocar imensos calafrios na defesa 'rossonera', prometendo voltar à carga no jogo de San Siro. As figuras foram então Kaká e Rooney, tendo o brasileiro sido superior no tão propalado duelo individual com o madeirense. A verdade é que não conseguiu evitar a derrota da sua equipa e se os títulos colectivos são vitais para aferirmos a capacidade dos jogadores, deve dizer-se que Ronaldo está mais próximo da final do que Kaká.

O Chelsea-Liverpool, esse jogo que começa a ser uma autêntica batalha pessoal entre Mourinho e Benítez com direito a sessões contínuas, ano após ano, não foi tão emocionante mas deu para desfrutar. Os 'blues' estiveram melhor na primeira parte e os 'reds' foram superiores na segunda. No entanto, a supremacia londrina foi maior que a do Liverpool, daí pensar que o resultado tangencial é correcto. E não se pense que o resultado é curto em termos de perspectivas de passagem à final. 1 - 0 numa meia-final não deixa de ser uma vantagem de respeito e é certo que um golo do Chelsea em Anfield pode ser a morte de Gerrard e seus pares.

O golo foi apontado por Joe Cole, após assistência de Drogba, que recebeu um passe longo de Ricardo Carvalho. O central português mostrou mais uma vez que pertence ao rol dos melhores do planeta e é realmente um regalo vê-lo sair a jogar com a bola dominada. Está a jogar ao nível do que fez no FC Porto e no Euro'2004, altura em que colocou meio mundo atrás dos seus serviços. Paulo Ferreira mereceu a confiança de Mourinho e actuou em bom plano durante todo o encontro. Devo dizer que esta titularidade do lateral direito luso é de saudar e só estranho que isso não tenha acontecido mais vezes esta época, preferindo o 'Special One' apostar em Diarra e até em Geremi e Boulahrouz. Oxalá mantenha a opção.

Mal posso esperar pelos jogos da segunda mão. Depois do jogo de Manchester, tenho ouvido diversas opiniões, segundo as quais Kaká é melhor que Cristiano e que merece o prémio de melhor do mundo, não admitindo a época superior do português. Estou desejoso de ver o United eliminar o Milan e gostava que Ronaldo entrasse no Giuseppe Meazza inspirado e com espírito de conquista. Se assim fôr... Em Liverpool, só quero ver o Chelsea vingar a eliminação inglória de há duas épocas, em que ainda se está para saber se a bola entrou mesmo na baliza de Cech. Com Essien em campo, os 'blues' ficam mais fortes. Veremos se a minha vontade relativamente à final se concretiza.

terça-feira, 24 de abril de 2007

LIGAS EUROPEIAS AO RUBRO


Fazendo uma viagem pelos campeonatos mais importantes do Velho Continente, verifica-se que estão, na sua maioria, com a luta pelo título completamente aberta, o que é bom em termos de espectáculo e de cativação dos adeptos. A fase decisiva já chegou e a margem de erro é agora praticamente nula para os aspirantes a campeões.

De todas as ligas, o caso mais flagrante de incerteza e equilíbrio é a holandesa. Com apenas uma jornada por disputar, AZ Alkmaar, Ajax e PSV Eindhoven seguem com os mesmos 72 pontos e qualquer delas pode chegar ao ceptro. No entanto, a vantagem está claramente do lado do AZ de Louis Van Gaal, uma vez que possui um saldo positivo de 53 golos, contra os 47 do Ajax e os 46 do PSV. Recorde-se que, ao contrário do que acontece em Portugal, o primeiro factor de desempate é a diferença global de golos e não apenas no confronto directo. Na derradeira ronda, o AZ recebe o Excelsior e o PSV o Vitesse, ao passo que o Ajax visita o terreno do Willem II. Se vencer, a turma de Van Gaal deverá decerto fazer a festa, já que será preciso que ou Ajax ou PSV consigam goleadas absolutamente improváveis sobre os seus adversários. Mais emoção era impossível e o PSV de Ronald Koeman apenas tem de se queixar de si próprio por estar sujeito a esta situação, já que chegou a dispôr de uma larga diferença pontual na liderança superior à dezena.

Dos cinco campeonatos mais mediáticos, apenas o italiano e o francês já estão decididos, conquistados, respectivamente, por Inter Milão e Lyon, quando ainda faltam cinco jornadas para que ambos se concluam. De louvar o avolumar do palmarés dos dois portugueses Figo e Tiago, sendo esta também uma forma de dignificar o futebol nacional. Roberto Mancini, técnico do Inter, comandou uma equipa perfeitamente à parte das outras e venceu o Calcio de forma arrasadora. Pode alegar-se que, com o Milan a partir com oito pontos negativos e a Juventus na Série B, a tarefa interista ficou facilitada, mas a verdade é que, em 33 jogos, obter 26 vitórias e consentir apenas 1 derrota não é para todos e dá uma ideia da qualidade dos 'nerazurri'. Basta ver que o segundo classificado Roma soma 68 pontos e que o Milan poderia ter 64 (56 actuais + os tais 8), contra os 84 (!) da turma de Figo, Ibrahimovic e companhia. Em França, amplo domínio também para o Lyon, que acaba de conquistar o seu sexto título consecutivo. Sem adversários à altura, a formação de Gerard Houllier passeou classe e superioridade, detendo nesta altura 18 pontos de vantagem para o Lens, seu perseguidor mais próximo.

Em Inglaterra, a guerra continua acesa entre Manchester United e Chelsea, ou se preferirmos entre Cristiano Ronaldo e José Mourinho. Com três pontos de vantagem para o United e quatro jogos por disputar para as duas equipas, entre eles um... Chelsea-Manchester United em atraso, o duelo promete ser eferverscente até ao lavar dos cestos. Aliás, esta luta entre 'blues' e 'red devils' pode ganhar proporções ainda mais gigantescas: estão ambos qualificados para a final da Taça de Inglaterra, estão ambos com possibilidades de se qualificarem e encontrarem na final da Liga dos Campeões... Prometedor!

Em Espanha, o panorama não é muito distinto no que concerne ao grau de emotividade. Com sete jornadas a faltar, três equipas seguidas pontualmente na classificação: Barcelona 59, Sevilha 58, Real Madrid 57. Falou-se muito da crise do clube madrileno, mas o que é certo é que segue na corrida. Quem levará a melhor não se sabe, embora julgue que o Barça tem maiores probabilidades, não apenas pela vantagem pontual mas também porque simplesmente é a melhor equipa e possui os melhores trunfos individuais. O futuro o determinará.

Igual cenário de emoção a rodos existe na Alemanha: Schalke 04 líder com 62 pontos, Werder Bremen segundo com 60, Estugarda terceiro com 58, quatro jogos que restam. Com o brasileiro Diego em grande destaque, a provar que a sua venda pelo FC Porto não foi, de facto, um bom negócio, o Bremen pode ainda sonhar com a Bundesliga, embora precise da ajuda do Schalke para poder alcançar o comando.

Também com dois pontos a separar os dois primeiros está o campeonato belga. Quando faltam quatro jornadas para a sua conclusão, o Anderlecht assume-se como principal candidato (68 pontos), mas não se pode descuidar pois o Genk segue-lhe bem na peugada (66). Grécia e Escócia já conhecem os seus campeões 2006-07, embora os respectivos campeonatos ainda não tenham terminado. O Olympiakos triunfou no país campeão europeu, superando AEK Atenas e Panathinaikos. O Celtic, pois claro, foi o vencedor no país britânico, não dando quaisquer veleidades ao crónico rival Glasgow Rangers.

A Europa do futebol segue atenta aos seus campeonatos e torce para que haja emoção até onde fôr possível. Este é o maior espectáculo do mundo!

TUDO NA MESMA NO TOPO


A 26ª jornada da 1ª Liga não trouxe quaisquer modificações na frente da tabela classificativa, com FC Porto, Sporting e Benfica a manterem as distâncias entre si. O Benfica foi à Madeira bater o Marítimo por 3 - 0, num jogo com arbitragem polémica, em claro prejuízo dos maritimistas. Uma grande penalidade a seu favor não assinalada (com o resultado em 0 - 0) e uma outra a favor do Benfica sancionada mas que não existiu, foram os erros grosseiros do juíz Paulo Baptista, que influenciaram directamente o resultado. Indiferente a isso esteve o italiano Fabrizio Miccoli, autor de dois golos e grande figura do encontro. O referido penalty foi convertido com êxito por Katsouranis. No Dragão, o Belenenses não resistiu ao maior poderio do FC Porto, perdendo de forma natural por 3 - 1, num belo espectáculo de futebol. Adriano, Lucho González, de penalty, Nivaldo e Bruno Alves foram os marcadores de serviço. Em Alvalade, o Sporting confirmou o sensacional momento de forma que atravessa e 'despachou' a Naval com quatro golos sem resposta. Alecsandro, com um hat-trick, foi o jogador em foco, num desafio em que João Moutinho manteve a recente veia goleadora, marcando na transformação de uma grande penalidade. Nani e Miguel Veloso também brilharam a grande altura, sendo que este reclama já maior atenção de Luiz Felipe Scolari.

Na luta pela Europa, P.Ferreira e U.Leiria foram os que mais lucraram, embora os leirienses continuem ainda a quatro pontos do sexto lugar - recorde-se que, com a confirmação da final da Taça entre Sporting e Belenenses, é certo que a sexta posição dará acesso à Taça UEFA. Os pupilos de José Mota foram à Vila das Aves conquistar uma preciosa vitória (1 - 0), com um golo mesmo à beira do fim da autoria de Ricardinho. Desta forma, os avenses não conseguiram dar seguimento ao triunfo da pretérita jornada e mantiveram o último posto da classificação. Já os leirienses receberam e bateram o Nacional com um tento solitário de Slusarski, após fenomenal trabalho individual, ensombrando a estreia de Jokanovic como técnico principal sénior. O Braga de Jorge Costa continua sem convencer e empatou a zero, em casa, diante do Setúbal. Ainda assim, manteve a quinta posição e caminha seguramente para nova presença na UEFA. Para os sadinos este pode ser um ponto importante na fuga à despromoção, tendo servido para se adiantar a Aves e Beira Mar. Tudo porque os aveirenses também comprometeram no seu próprio reduto, ao perderem (1 - 0) com a Académica, golo de Gyano. No confronto em que talvez menos houvesse em jogo, precisamente o que abriu esta 26ª jornada, o Boavista foi perder à Amadora por 2 - 1. Moses e Luis Loureiro marcaram para o Estrela, tendo Hélder Rosário apontado o tento axadrezado, na sequência de um espectacular pontapé, à meia volta, de fora da área.

A próxima jornada pode trazer algumas definições importantes, embora as decisões tenham que aguardar mais umas semanas. Se o FC Porto vencer no Bessa tem o caminho facilitado para a consagração, tanto mais que no derby Benfica-Sporting alguém vai ter de perder pontos, quem sabe até os dois. O U.Leiria vai à Mata Real medir forças com o Paços, num desafio que se prevê empolgante, face à luta pelo sexto lugar. Uma vitória leiriense deixaria apenas um ponto de diferença entre ambas as equipas, ao passo que um triunfo pacense seria quase o adeus dos homens de Paulo Duarte às competições europeias. Grande emoção esperada também no Académica-Braga, com as duas formações a lutar cada qual pelo seu objectivo. Para o Setúbal será crucial bater o Marítimo, pois se a normalidade se mantiver nos embates Belenenses-Beira Mar e Naval-Aves, poderá dar um excelente passo rumo à permanência. O Nacional-E.Amadora não terá a mesma carga emocional das restantes partidas, mas poderá ser também bastante interessante verificar de que forma Jokanovic responderá ao resultado desfavorável da sua estreia, nesta era pós-Carlos Brito. Mas não há volta a dar, os derbies lisboeta e portuense são, de facto, os pratos fortes da ronda. Que haja espectáculo!

CRISTIANO RONALDO, OBVIAMENTE!


Cristiano Ronaldo soma e segue. Como se esperava, venceu os prémios de Melhor Jogador e Melhor Jovem Jogador da Premier League 2006-07. De facto, face à maravilhosa época que tem protagonizado no melhor campeonato do mundo, não era de esperar outra coisa da gala realizada em Londres, mas com a confirmação da notícia confesso que senti alegria e alívio. Alegria por Portugal, pelo futebol português e pelo próprio jogador. Alívio porque nestas votações o nosso país é quase sempre considerado muito pequeno, falando, várias vezes, mais alto questões mais políticas e menos futebolísticas. Ganhou e logo em dose dupla, não restando dúvidas que, pelo menos até agora - e ainda há muito por se jogar -, o madeirense é mesmo o principal candidato a arrebatar o principal troféu individual de Melhor Jogador do Mundo FIFA 2007.

No prémio de melhor futebolista da liga inglesa superiorizou-se a nomes de peso: Didier Drogba (2º), do Chelsea, e Paul Scholes (3º), seu companheiro de equipa no Manchester United. No de melhor jovem, bateu Cesc Fabregas (2º), do Arsenal, e Aaron Lennon (3º), do Tottenham, bem como outros intérpretes como Wayne Rooney (Manchester United), Kevin Doyle (Reading) e Micah Richards (Manchester City). A continuar assim, a evoluir e a trabalhar cada vez mais, Ronaldo terá brevemente o mundo a seus pés e poderá tornar-se, num futuro mais distante, num dos melhores jogadores de todos os tempos e superar Eusébio como o melhor português. Exagero? Sinceramente, não acho... Assim ele consiga aliar as prestações e prémios individuais aos sucessos e títulos colectivos.

Foi escolhido também o melhor onze da competição. Incompreensivelmente, oito (!) jogadores são do Manchester United, sobrando apenas três de outras equipas, algo que me parece completamente desajustado da realidade. Numa formação disposta em 4-4-2, os contemplados foram os seguintes: Van der Sar; Gary Neville, Rio Ferdinand, Vidic, Evra; Cristiano Ronaldo, Scholes, Gerrard (Liverpool), Giggs; Drogba (Chelsea), Berbatov (Tottenham). As presenças de Vidic ou Evra, por exemplo, parecem-me ridículas. Ricardo Carvalho tem realizado uma espectacular temporada, até segundo Mourinho a melhor sobre o seu comando; merecia, por isso, que se tivessem lembrado dele. Evra nem sequer é um titular absoluto e um jogador como Riise, do Liverpool, talvez ficasse melhor como lateral esquerdo mais valioso. Giggs também não me parece uma escolha acertada, o 3º melhor jovem Lennon seria mais coerente. Depois, julgo ser um crime este onze não incorporar uma máquina como Essien, do Chelsea, nem que para isso fosse necessário excluir Gerrard. No restante, concordo com Van der Sar, Neville, Ferdinand, Scholes , Drogba, Berbatov e, evidentemente, Ronaldo.

Já agora, seria possivelmente uma belíssima ideia que o futebol português organizasse galas como esta, com pompa e circunstância, em que se atribuíssem, época a época, prémios e escolhas semelhantes referentes à nossa liga. A promoção do futebol também passa por estas realizações e a Liga Portuguesa de Futebol Profissional não é só para passar multas ou aplicar castigos, tem que 'puxar' pelo fenómeno que tutela.

segunda-feira, 23 de abril de 2007

FC PORTO A SOMAR


FC PORTO - BELENENSES 3 - 1
1ª Liga Portuguesa 2006-07
22 de Abril de 2007
Estádio do Dragão (Porto)
Árbitro: João Vilas Boas (Braga)
FC Porto: Helton; Bosingwa, Ricardo Costa, Bruno Alves, Fucile; Raúl Meireles (João Paulo 89'), Lucho González, Jorginho (Anderson 57'); Postiga (Lisandro 63'), Adriano, Quaresma. Tr: Jesualdo Ferreira
Belenenses: Marco (Costinha 58'); Gaspar, Rolando, Nivaldo, Rodrigo Alvim; Ruben Amorim (Fernando 25'), Sandro Gaúcho, José Pedro; Cândido Costa (Carlitos 46'), Dady, Silas. Tr: Jorge Jesus
Ao intervalo: 2 - 0
Marcadores: 1 - 0 Adriano 9', 2 - 0 Lucho González 45' gp, 2 - 1 Nivaldo 49', 3 - 1 Bruno Alves 85'
CA: Cândido Costa 27', Marco 45', Rolando 66'


Foi uma bela tarde/noite de futebol no Dragão. Com uma excelente assistência e um ambiente a condizer, o FC Porto tratou de não vacilar e pareceu querer dizer à concorrência pelo título que não vai ser fácil roubar-lhe a vantagem conquistada. O Belenenses, acabado de se qualificar para a final da Taça e em momento psicológico favorável, não foi capaz de contrariar o maior poderio portista e perdeu bem. Ainda assim, contribuiu para que se tivesse assistido a um bom espectáculo e é destes jogos que o futebol português precisa.

Os treinadores apresentaram as equipas iniciais sem qualquer surpresa, dando seguimento às suas apostas mais recentes. Mal o apito soou, percebeu-se que o FC Porto estava fortemente decidido a resolver as coisas cedo. Instalado no meio-campo belenense, fez circular a bola com rapidez e procurou chegar à baliza de Marco no menor tempo possível. Com Jorginho em bom plano durante toda a primeira parte e o trio da frente em constante movimento, os homens de Belém revelaram desacerto nas marcações e no pressing e não foram capazes de suster este ímpeto inicial azul e branco.

Os primeiros 20 minutos foram então de intenso domínio portista e o perigo surgia de todo o lado. O golo de Adriano - excelente jogo do brasileiro - na recarga a um primeiro remate de Postiga, logo aos 9 minutos, surgiu com naturalidade e provou mais uma vez que a capacidade matadora do brasileiro dentro da área é uma das mais-valias da equipa nesta fase da época. Apesar do lapso de Marco ao largar a bola para a frente, é de salientar a forma como Adriano finaliza o lance, com um toque subtil sobre o desafortunado guardião do Restelo. Adriano voltou a estar logo a seguir muito perto de aumentar o marcador, mas o seu remate de cabeça saiu sobre a barra.

A vencer, os portistas foram baixando o ritmo e tornaram-se menos ameaçadores, mas a verdade é que Helton se manteve um mero espectador durante toda a primeira metade. Quaresma não realizou das suas exibições mais felizes mas teve, mesmo assim, chance de experimentar o seu habitual pontapé de trivela, ao que Marco respondeu com uma vistosa defesa. Sobre o intervalo, Adriano foge à marcação e, isolado, tenta driblar o guarda-redes, que o derruba de forma a não deixar dúvidas ao árbitro de apitar para castigo máximo. Lucho González não desperdiçou a oportunidade e dilatou a diferença para dois golos.

Face ao decepcionante desempenho dos seus jogadores nos primeiros 45 minutos, Jorge Jesus procedeu a uma alteração, fazendo entrar Carlitos para o lugar de Cândido Costa. E o certo é que o Belenenses surgiu na segunda parte com outra atitude, mais positiva, mais agressiva, com mais vontade de ter a bola e chegar junto da área contrária.

Após um período de algum adormecimento de ambas as partes e já depois de Costinha ter entrado para o lugar de Marco - saiu magoado na sequência de um choque violento com Postiga -, o Belenenses reduziu o 'score' para a diferença mínima. Canto da direita, e Nivaldo, incompreensivelmente solto, a bater Helton com um belo cabeceamento.

O FC Porto continuou em toada de gestão do resultado, algo que podia ter-lhe saído caro, se Fernando tivesse aproveitado uma clamorosa oportunidade para empatar quando, após passe errado de Lucho, surgiu isolado a rematar a centímetros do poste. Espicaçados ou não por este susto, os azuis e brancos voltaram a elevar a intensidade com Bosingwa a ser o principal impulsionador das mudanças de velocidade. Nesta fase, duas jogadas tiradas a papel químico: um par de arrancadas do lateral pela direita, cruzamentos a preceito e Adriano a acertar na trave por duas ocasiões. Quaresma e o regressado Lisandro dispuseram igualmente de boas hipóteses para facturarem mas Costinha opôs-se com categoria.

Os 'dragões' voltavam a estar por cima no jogo, mas com a diferença tangencial a tranquilidade não era ainda absoluta, até porque o quarto lugar do Belenenses não era seguramente obra do acaso. Nova subida de Nivaldo à área, um potente disparo de José Pedro ou uma qualquer invenção de Silas e poderia acontecer o balde de água fria na Invicta. Mas Bruno Alves encarregou-se de aquecer novamente os ânimos com uma magnífica cabeçada bem lá no alto, a culminar um canto bem executado por Quaresma.

Estava feito o resultado final e com ele uma certeza: Bruno Alves está-se a fazer um senhor jogador e já pisca o olho à Selecção Nacional. Do mesmo modo que o critiquei na época passada face a desempenhos, por vezes, desastrosos, também agora não me custa nada elogiá-lo, em virtude das continuadas exibições de grande nível nesta temporada.

Pode dizer-se que o Belenenses não apareceu no Dragão tão forte como, possivelmente, seria de esperar, mas é comum uma equipa jogar aquilo que a outra permite. Apesar da boa entrada na etapa complementar e de ter estado perto do empate na tal perdida de Fernando, o Belenenses foi, no cômputo geral, muitíssimo inferior aos homens da casa, bastando para o confirmar verificar as estatísticas da partida.

O árbitro esteve bem e no lance mais polémico decidiu correctamente, como aliás teria de ser face à evidência da falta que originou a grande penalidade.

O FC Porto passou mais um duro teste com distinção e caminha a passos largos para a reconquista do ceptro máximo português. Segue-se o Boavista no Estádio do Bessa...

quinta-feira, 19 de abril de 2007

MESSI: DISCÍPULO DE MARADONA


"É o golo mais bonito que vi em toda a minha vida". Faço minhas as palavras de Deco, referindo-se ao golo maravilhoso, inolvidável, divino de Lionel Messi esta quarta-feira à noite, em Camp Nou, no jogo com o Levante para a Taça do Rei. Mais de duas décadas depois, Messi imitou o compatriota Diego Maradona, marcando um golo em tudo parecido com aquele que é considerado o melhor golo de todos os tempos. As semelhanças são gritantes: recebem a bola ainda no seu próprio meio-campo do lado direito, vão deixando adversários para trás em velocidade e dribles, entram na área com uma finta parecida sobre um contrário, fintam o guarda-redes, antes de facturarem praticamente do mesmo sítio. Se o prodígio de 19 anos já era visto como um possível sucessor de 'El Pibe' (embora ainda seja cedo para se dizer uma coisa dessas), depois desta ironia do destino as comparações tornam-se inevitáveis. Já se debate qual é o melhor golo e as opiniões divergem. Na minha opinião, analisando apenas a jogada em si, este golo de Messi talvez seja superior em termos de dificuldade de dribles e da oposição encontrada. É preciso, no entanto, ter em conta que o golo de Maradona em 1986 foi alcançado nos quartos-de-final de um Mundial contra a poderosa Inglaterra, sendo por isso muito mais mediático. Enfim, a diversidade de pontos de vista é normal e entendível, o que mais importa é que os amantes do futebol puderam desfrutar de um momento ímpar de talento e magia e Messi vai perdurar na memória como o marcador de um dos melhores golos da história do futebol. Depois de ter sido o melhor em campo no jogo do ano (Barcelona-Real Madrid 3 - 3), ao apontar os três golos do Barça, o jovem argentino marcou agora seguramente o golo do ano (se é um dos melhores da história...), tirando assim esse privilégio a Ricardo Quaresma, autor daquela 'trivelada' à Bélgica.

É isto que o futebol tem de melhor: os golos inesquecíveis, as grandes jogadas dos melhores executantes, a discussão de quem são os melhores jogadores do mundo. Sim, além do reforço na comparação entre Messi e Maradona, este golo veio intensificar a pergunta: quem é o melhor jogador do mundo? Convém distinguir entre os que são efectivamente, em termos absolutos, os melhores do mundo e aqueles que estão a ter melhor rendimento nesta época. É pacífico dizer-se que Cristiano Ronaldo e Drogba têm sido os mais destacados em 2006-07 e que, por exemplo, Ronaldinho, Henry, Lampard ou Deco não têm estado ao seu nível. Para mim nesta altura Cristiano Ronaldo, Ronaldinho e Messi são os três mais geniais jogadores do mundo, o que não quer dizer que sejam os melhores, pois o argentino ainda não atingiu o nível dos outros dois, até porque é o mais novo. Em termos absolutos, ou seja, tendo em conta a qualidade real e não apenas a exibida nesta época, os melhores futebolistas actualmente são estes:

Em Inglaterra: 1-Cristiano Ronaldo, 2-Henry, 3-Lampard, 4-Drogba, 5-Terry, 6-Shevchenko, 7-Gerrard, 8-Rooney, 9-Ballack, 10-Owen

Em Espanha: 1-Ronaldinho, 2-Deco, 3-Messi, 4-Eto'o, 5-Van Nistelrooy, 6-Raúl, 7-Fernando Torres, 8-Cannavaro, 9-Robinho, 10-Maniche

Em Itália: 1-Kaká, 2-Ibrahimovic, 3-Totti, 4-Ronaldo, 5-Adriano, 6-Pirlo, 7-Nedved, 8-Del Piero, 9-Buffon, 10-Seedorf

Na Alemanha: 1-Diego, 2-Schweinsteiger, 3-Klose, 4-Lúcio, 5-Frings, 6-Van der Vaart, 7-Hargreaves, 8-Kahn, 9-Makaay, 10-Pizarro

Em França: 1-Juninho Pernambucano, 2-Tiago, 3-Djibril Cissé, 4-Ribéry, 5-Fred, 6-Malouda, 7-Govou, 8-Pauleta, 9-Coupet, 10-Abidal

Em Portugal: 1-Anderson, 2-Quaresma, 3-Simão, 4-João Moutinho, 5-Pepe, 6-Lucho González, 7-Liedson, 8-Katsouranis, 9-Helton, 10-Nani

Mundiais: 1-Cristiano Ronaldo, 2-Ronaldinho, 3-Henry, 4-Lampard, 5-Drogba, 6-Deco, 7-Messi, 8-Kaká, 9-Eto'o, 10-Van Nistelrooy

É sempre complicado fazer listas desta natureza, pois corre-se o risco de se esquecer alguns grandes jogadores, assim como comparar outros de posições diferentes, mas a minha opinião é mesmo esta. O prémio de melhor do mundo da FIFA espera por Cristiano Ronaldo; é realmente o melhor do mundo e tem sido o melhor nesta época, a grande distância de qualquer outro. Espero que o tamanho do país não seja levado em conta na hora de decidir, apenas o tamanho do talento, genialidade, qualidade.

quarta-feira, 18 de abril de 2007

FC PORTO QUASE CAMPEÃO


Com os resultados observados na 25ª jornada da 1ª Liga, o FC Porto ficou (ainda) mais perto do título, pois não é de todo plausível que nas cinco rondas restantes desperdice a significativa vantagem sobre os seus concorrentes. À partida para esta ronda dispunha de três pontos sobre o segundo classificado (Benfica), agora acrescentou um ponto a essa distância, sendo que o seu mais directo perseguidor passou a ser o Sporting. E a verdade é que, tendo bons e maus momentos, jogando bem ou menos bem, a formação nortenha tem dominado por completo este campeonato e tem-se mantido sempre no topo da tabela, pelo que o bi-campeonato, a concretizar-se, é inteiramente justo e meritório.

O Sporting goleou o Marítimo por 4 - 0 e confirmou o bom momento que atravessa, beneficiando do empate a zero do Benfica com o Braga para chegar ao segundo lugar. Os encarnados deram sequência à hecatombe que têm vindo a protagonizar nos últimos tempos e Fernando Santos é cada vez mais contestado pelos adeptos, que olham unicamente para os resultados, não sendo relevante o facto de há apenas duas semanas andarem eufóricos e confiantes na equipa e seu treinador. O FC Porto também não vacilou e foi a Coimbra vencer a Académica por 2 - 1, justamente diga-se, já que foi melhor que o seu adversário durante a maior parte do tempo. Tendo sido o único jogo que vi desta jornada, sinto-me habilitado a opinar com mais pormenor e não tenho dúvidas em dizer que o FC Porto ganhou bem, mesmo com as queixas dos 'estudantes' acerca de um penalty não assinalado por mão de Ricardo Costa na área, que existiu, de facto. Embora o árbitro no critério disciplinar tenha prejudicado os portistas, com amarelos injustificados. O penalty que deu o golo à Académica quanto a mim também existiu. As pessoas que se referem agora à arbitragem e voltam a falar em apitos dourados, deviam era ter vergonha na cara; se há equipa que esta época tem sido penalizada pelas actuações arbitrais, até pela associação gratuita que se faz entre o 'Apito Dourado' e os azuis e brancos, essa tem sido claramente o FC Porto, como ainda recentemente sucedeu. Adiante... Os pupilos de Jesualdo Ferreira seguem então no comando, com quatro pontos de vantagem sobre o Sporting e cinco sobre o Benfica.

O Belenenses tem constituído uma magnífica surpresa e consolidou-se no quarto lugar, batendo o E.Amadora por 3 - 0, com dois golos de Garcês e um de Dady, atacante cabo-verdeano que soma já nove golos na liga e pode vir a dar que falar no futuro. A Naval, em ligeira queda desde há algumas jornadas, não foi além do empate caseiro (1 - 1) com o P.Ferreira. No desafio mais espectacular, o Aves foi à Choupana derrotar o Nacional com um sensacional 4 - 3, mas não conseguiu, ainda assim, libertar-se da lanterna vermelha, apesar de agora ter a companhia de Setúbal e Beira Mar e ter deixado tudo em aberto na fuga à despromoção. Paulo Sérgio marcou dois tentos e foi o jogador que mais se destacou, bem secundado por Moreira e Filipe Anunciação. Precisamente, Setúbal e Beira Mar encontraram-se no Bonfim, com os aveirenses a conseguirem um importantíssimo triunfo por 3 - 1. O brasileiro Edgar mostrou mais uma vez que é mesmo reforço e foi autor de dois golos, depois de ter iniciado o encontro no banco. No Bessa, o Boavista voltou a não convencer e empatou a um golo com a U.Leiria, que se mantém tranquilamente na sétima posição. Os axadrezados continuam a desiludir e esta é uma época para esquecer de uma equipa que foi campeã há poucos anos atrás. O técnico então vitorioso Jaime Pacheco é agora alvo do descontentamento dos torcedores boavisteiros.

Muita coisa há ainda para decidir. Mas o título já tem um pé no Estádio do Dragão. A luta pelo segundo lugar será apenas uma questão de honra, uma vez que, no que toca ao apuramento para a Liga dos Campeões, o segundo e o terceiro postos são exactamente o mesmo. Belenenses (e pensar que Jorge Jesus projectou a equipa para competir na Liga de Honra...) e Braga parecem bem perto de garantirem um lugar na Taça UEFA, embora o P.Ferreira e mesmo o U.Leiria e o Nacional possam ainda ter uma palavra a dizer, até porque o sexto lugar pode também dar acesso à prova uefeira, dependendo do vencedor da Taça de Portugal. A luta pela permanência será travada, tudo indica, por Aves, Setúbal e Beira Mar, não obstante não ser aconselhável que a Académica se distraia, sob pena de poder vir a ter um tremendo amargo de boca ao chegar à praia.

DIRIGENTES SEM PROJECTOS


O despedimento de Carlos Brito do Nacional fez-me reforçar uma ideia na qual já tinha pensado várias vezes. Existe projectos no futebol em Portugal? As direcções dos clubes têm ideias claras do que pretendem desportivamente para o futuro? Contratam-se treinadores como meros dependentes de resultados ou tem-se uma visão mais ampla, em que nunca se foge à responsabilidade da escolha técnica que foi feita?

Não percebo como, num clube como o Nacional, se despede um treinador que estava no oitavo lugar, numa situação perfeitamente tranquila e que, com um pouco de sorte, poderia até colar-se aos lugares europeus. Será que Rui Alves estava à espera de melhor, num clube que possui um estádio sem dignidade até para a Liga de Honra e que obviamente não deve nadar em dinheiro? Mesmo que a vontade fosse mudar de rumo, não seria mais honroso esperar pelo fim da época? Não percebo o que vai na cabeça destes dirigentes. Talvez a ideia seja dar ao novo líder Jokanovic a possibilidade de começar desde já a preparar 2007-08, mas convém ao sérvio não chegar a cinco jornadas do fim apenas em oitavo lugar! Se há ali projecto ou não, tenho dúvidas, mas que a ambição parece ser ilimitada e a responsabilidade de eventuais fracassos cai apenas em cima do treinador, isso é cem por cento seguro.

Foi o 14º capítulo da 'dança de treinadores' desta temporada. Adriaanse e Jesualdo foram casos excepcionais. O português rendeu o holandês no FC Porto, devido a sérias incompatibilidades deste com presidente e jogadores, entrando Petrovic no Boavista, também ele substituído pouco depois por Jaime Pacheco - aqui parece-me que o erro não foi despedir o sérvio, mas sim tê-lo contratado. Hélio Sousa foi chicoteado do Setúbal após derrota europeia caseira com o Heerenveen e apenas com duas jornadas disputadas na liga. Com um dos piores plantéis do campeonato, empatou na 1ª jornada e perdeu na 2ª, fora de casa, além da tal derrota para a UEFA com um adversário bem mais forte. Ora que justificação se encontra para uma situação destas? Que tempo foi dado a Hélio para desenvolver o seu trabalho? Para o seu lugar foi escolhido António Conceição, que resistiu até à 13ª jornada e foi, por sua vez, rendido por Carlos Cardoso, que dificilmente continuará na próxima temporada... Quando Carvalhal abandonou o Braga por motivos de índole pessoal, António Salvador fez recair a sua opção sobre Rogério Gonçalves, técnico arsenalista apenas durante nove jornadas e, de imediato, despedido em favor de Jorge Costa. Se o rumo era este, porque não se contratou logo o ex-capitão portista e se deixou Rogério Gonçalves continuar o trabalho até então magnífico na Naval? Domingos, que seguia com o seu U.Leiria em oitavo posto e era visto como uma revelação positiva enquanto técnico, foi 'corrido' à 22ª jornada, tendo o seu adjunto Paulo Duarte sido promovido a principal. Não me parece muito seguro que se mantenha na época próxima. Na jornada 23, foi Ulisses Morais a ser dispensado do Marítimo, quando seguia numa posição tranquila; a mais não era obrigado com os recursos humanos escassos que tinha à sua disposição. Para o cargo técnico madeirense foi encontrado Alberto Pazos, um espanhol de segunda ou terceira, à semelhança de Francisco Soler, o também espanhol sortudo que arranjou emprego no Beira Mar (se há coisa que os espanhóis não são superiores a nós é a nível de treinadores de futebol, bem pelo contrário, não sendo sequer necessário contar com José Mourinho).

Como se todos estes fenómenos já não bastassem para concluirmos que certos dirigentes andam no futebol sem rumo, sem objectivos concretos, sem projectos, tinha de vir agora também o presidente do Nacional despedir Carlos Brito, que estava a fazer talvez mais do que aquilo a que era, em rigor, obrigado. É triste...

sábado, 14 de abril de 2007

ASSIM NÃO, BENFICA!


No futebol tudo muda muito rapidamente. Há poucos dias andavam os adeptos benfiquistas cheios de confiança na sua equipa, com a ilusão de poderem conquistar a 1ª Liga e a Taça UEFA, e agora tudo parece ter-se desmoronado num abrir e fechar de olhos. Depois do empate do FC Porto na Luz o entusiasmo acalmou mas a esperança em chegar ao primeiro lugar manteve-se intacta. O empate em Aveiro veio na pior altura e pôs a descoberto algumas debilidades encarnadas, não só em termos de produção de jogo, como também a nível mental. É nas alturas decisivas, de maior carga emocional, que emergem os verdadeiros campeões e os jogadores do Benfica não foram capazes de capitalizar a motivação automática de estar a um ponto da liderança na obtenção da vitória.

A três pontos do FC Porto, matematicamente tudo ainda é possível, mas sinceramente não estou a ver a formação de Jesualdo Ferreira a tremer o suficiente para escorregar duas vezes. Mesmo nessa hipótese, também não me parece que os homens de Fernando Santos vençam todos os jogos restantes. Analisando os factos com realismo, embora não seja aceitável que se desista de lutar pelo objectivo primordial da época enquanto ele fôr possível, a conquista do título pelo Benfica pode ter ficado hipotecada em Aveiro.

O que restava então? A Taça UEFA. A precisar de apenas um golo para ultrapassar o Espanhol, o Benfica só tinha de batalhar com toda a força para não correr o risco de ficar com a época em branco. Mais uma vez, claudicou quando não o podia fazer. E confesso que é triste ver um dos grandes clubes portugueses ser eliminado por uma equipa perfeitamente vulgar, sem qualidade por aí além. A partir do momento em que se soube que o Espanhol era o adversário, era de exigir que o Benfica chegasse às meias-finais e lutasse pelo triunfo na prova, aí sim, com opositores mais fortes (Werder Bremen, Sevilha e Osasuna) e susceptíveis de poderem eliminar os encarnados sem causar estupefacção.

O Benfica tinha obrigação de 'arrumar' com o Espanhol. Mesmo com aquelas duas bolas no poste da baliza catalã. Mesmo que o árbitro tivesse assinalado aquele penalty escandaloso a poucos minutos do fim a favor dos espanhóis. Mesmo com Simão tão desinspirado durante os 90 minutos e Rui Costa tão cansado na segunda parte. Mesmo que o remate de Pandiani tivesse ido lá para dentro em vez de bater no poste. Mesmo que o Estádio da Luz estivesse às moscas. Era o dever de Fernando Santos ordenar uma entrada a todo gás e não esbanjar toda a primeira parte sabe-se lá porquê.

Os benfiquistas têm vivido toda a temporada nesta incerteza, nunca sabem o que vai sair da sua equipa. Ora vivem no entusiasmo porque vêem o Benfica a render e a jogar em grande estilo (vitória em Alvalade, em Leiria, em casa com o Celtic, por exemplo), ora ficam deprimidos porque assistem a derrotas comprometedoras e/ou exibições paupérrimas (derrota em Glasgow, em Braga, estes dois empates recentes que citei, etc).

Todas as equipas atravessam ciclos ao longo de uma época, passando por fases positivas, outras negativas. Veja-se o caso do FC Porto: começou sem convencer mas ganhando, teve uma fase mã que coincidiu com as derrotas diante de Arsenal e Braga, catapultou-se para um período ascencional com vitórias atrás de vitórias até ao Natal, quebrou novamente em 2007 talvez devido à longa paragem natalícia e agora parece estar de novo em bom momento, quiçá para manter até ao fim da época. O Sporting também andou em altos e baixos: começou muito bem, teve o ponto negro nas duas derrotas caseiras consecutivas frente a Benfica e Spartak Moscovo, continuou durante algum tempo sem convencer e agora parece querer acabar a época em recuperação, tendo ainda a Taça de Portugal como meta. Já o Benfica é diferente, não é de ciclos. É capaz do pior num jogo, do melhor no jogo a seguir e de voltar ao fundo imediatamente. Até, por vezes, no mesmo jogo, tem alterações abismais de rendimento, ora muito bom, ora muito mau. Isto é típico de um conjunto com fraca atitude mental, onde não existe absoluto controlo sobre a parte psicológica, factor pelo qual o treinador tem de ser responsável.

Na hora da verdade, quando tudo se decide, o Benfica tem falhado em toda a linha, bem à semelhança do Sporting de José Peseiro em 2005. Peseiro não teve, por esse facto, oportunidade de continuar o seu trabalho; Fernando Santos talvez tenha essa hipótese e, quanto a mim, a continuidade é o caminho a seguir. Mas na próxima temporada ninguém vai admitir o seu discurso tão repetido, segundo o qual os jogadores se perdem no campo após sofrerem um golo, não têm ânimo suficiente para dar a volta a um resultado e coisas do género (é verdade que na Catalunha responderam bem aos 3 - 0, mas o facto é que não chegou). Se eles se perdem, a responsabilidade é do seu treinador, já que a vertente mental, onde se engloba motivação, personalidade, tranquilidade em momentos de pressão, capacidade de resposta às adversidades, depende da mensagem que lhes é passada pelo líder técnico todos os dias. Claro que isto falado é muito mais simples que executado, mas eu também não recebo dezenas de milhares de euros por mês!

quinta-feira, 12 de abril de 2007

ARMADA INGLESA 3


Chelsea, Manchester United, Liverpool e Milan. Estão encontrados os semi-finalistas da Liga dos Campeões, com o Milan a ser a única equipa capaz de se intrometer entre a poderosa armada inglesa. Com três dos seus clubes apurados, o futebol inglês deu uma clara demonstração de força e prova a cada dia ser nesta altura o melhor do Velho Continente, sendo certo que terá, pelo menos, um representante na final de Atenas. O desfecho destes quartos-de-final não significaram uma surpresa para mim, basta ler os meus comentários anteriores sobre a eliminatória e constatar o acerto das minhas previsões.

Na terça, o Chelsea destruiu o sonho do Valência e venceu por 2 - 1, dando razão àquela máxima de José Mourinho de que o fim da primeira mão é apenas e só o intervalo da batalha. Os londrinos mostraram ser bem mais fortes e nada há a apontar a este seu apuramento para as meias-finais. Miguel e Hugo Viana vão ter que esperar.

Já o Manchester United foi verdadeiramente demolidor e arrasou a Roma por... 7 - 1! Com uma desvantagem de um golo, era de esperar que o United desse a volta à situação, mas nunca de forma tão avassaladora. Carrick (2), Alan Smith, Rooney, Cristiano Ronaldo (2) e Evra marcaram para a turma de Alex Ferguson, De Rossi assinou o tento da honra romana. Numa das melhores partidas da sua história europeia, o United teve em Cristiano Ronaldo a sua grande figura, autor de dois golos, protagonista de várias cavalgadas ao seu estilo e eleito pela UEFA o melhor em campo. Não sei se nesta altura os italianos ainda acham Totti superior ao português, mas às vezes há determinadas exibições e certas diferenças que dispensam comentários.

Ontem, o Milan foi a Munique exibir superioridade perante o Bayern e colocou Beckenbauer sedento de contratar uma grande estrela para a próxima temporada. E não foi uma daquelas vitórias cínicas 'à italiana', tão grande foi a coragem com que o Milan atacou o jogo desde o início. Ao intervalo, já o resultado estava feito, com Seedorf, autor do primeiro golo e da assistência para o segundo apontado por Inzaghi, em evidência. Nada que me surpreendesse, o Milan é melhor equipa que o Bayern e a sua passagem foi conseguida com naturalidade.

O Liverpool-PSV Eindhoven era apenas para cumprir calendário, depois da volumosa vitória inglesa na Holanda. Mesmo assim, os homens de Rafael Benítez não brincaram em serviço e voltaram a ganhar (1 - 0, golo do gigante Crouch). Foi o embate mais desnivelado dos 'quartos', mas é justo dizer que as ausências na equipa holandesa (sobretudo de Alex), penalizaram e muito o seu desempenho.

Seguem-se as meias-finais com os estrondosos Chelsea-Liverpool e Milan-Manchester United. Para os amantes de futebol, é sempre um regalo assistir a estes confrontos entre gigantes. Duelos sensacionais Mourinho/Benítez ou Ronaldo/Kaká não deixam ninguém indiferente. Provavelmente, em Itália, vão dizer agora que o Kaká mete o Cristiano no bolso. Também já se ouve falar de uma reedição da eliminação do Chelsea pelo Liverpool há dois anos. Eu aposto numa final Chelsea-Manchester United...


PS: Aproxima-se o jogo na Luz, entre Benfica e Espanhol. 1 - 0 é o bastante para os encarnados seguirem rumo às meias-finais da Taça UEFA. Face à mediania do opositor, não resta outra alternativa ao Benfica senão vencer o encontro, se possível, de forma inequívoca.

quarta-feira, 11 de abril de 2007

CHELSEA EM GRANDE


VALÊNCIA - CHELSEA 1 - 2
Liga dos Campeões 2006-07 (1/4 Final)
10 de Abril de 2007
Estádio Mestalla (Valência)
Árbitro: Kyros Vassaras (Grécia)
Valência: Cañizares; Miguel, Ayala, Moretti, Del Horno; Albelda, Albiol (Hugo Viana 70'), Joaquín, David Silva; David Villa, Morientes (Angulo 64'). Tr: Quique Flores
Chelsea: Cech; Diarra (Joe Cole 46'), Terry, Ricardo Carvalho, Ashley Cole; Obi Mikel, Essien, Ballack, Lampard (Makelele 90'+2'); Drogba, Shevchenko (Kalou 90'+1'). Tr: José Mourinho
Ao intervalo: 1 - 0
Marcadores: 1 - 0 Morientes 32', 1 - 1 Shevchenko 51', 1 - 2 Essien 90'
CA: Essien 3', Ballack 20', Del Horno 44', Aldelda 50', Ayala 60', Moretti 61'


O Chelsea está nas meias-finais da Liga dos Campeões. Depois do desconfortável empate em Stamford Bridge há uma semana, os pupilos de José Mourinho foram a Espanha derrotar o Valência por 2 - 1, com o golo decisivo a ser obtido sobre o minuto 90. Goste-se ou não do estilo, o Chelsea continua a ser uma equipa temível e tremendamente pragmática, com uma capacidade acima da média para gerir as emoções dos grandes momentos e controlar todas as vertentes do jogo, mesmo em desvantagem. Apesar de todas as críticas de que tem sido alvo durante esta época, a turma londrina está entre as quatro melhores equipas da Europa, graças a uma exibição plena de calculismo e auto-confiança, em que aniquilou o adversário no momento certo e de forma quase cruel. É isto o Chelsea de Mourinho de 2006-07, longe de ser um regalo para a vista, mas o protótipo da equipa adulta, que sabe tudo o que tem de fazer no relvado para sair com a vitória. E Mourinho, paulatinamente, lá vai continuando a calar algumas bocas.

Com o ambiente a fervilhar nas bancadas, o jogo começou táctico, com as equipas a estudarem-se mutuamente e sem correr grandes riscos, embora os valencianistas se mostrassem mais subidos no terreno e com mais posse de bola. A partir dos 15 minutos, os 'blues' começaram a ter mais iniciativa de jogo e mais bola, mas dada a intensa pressão espanhola logo à saída do meio-campo, os médios ingleses nunca conseguiram 'agarrar' o jogo nem dar profundidade ao ataque. Só em alguns cantos apontados invariavelmente por Lampard e quase sempre ganhos nas alturas pelos homens do Chelsea, o perigo rondou a baliza de Cañizares, com Ricardo Carvalho, Ballack e Shevchenko a desperdiçarem boas oportunidades.

A partir da meia-hora, e sempre com o Chelsea a não encontrar soluções para, de bola corrida, causar embaraços à defesa da casa, o conjunto de Quique Flores começa a tornar-se mais atrevido e a lançar alguns ataques rápidos sempre que recuperava a bola, com Silva e Joaquín a serem as 'setas' de serviço. Depois de num desses ataques, Morientes já ter ameaçado com um explosivo remate ao poste, o ponta-de-lança espanhol chegou mesmo ao golo. Na sequência de uma investida pela direita seguida de cruzamento de Joaquín, Morientes bateu Cech de pé esquerdo, apontando o seu sexto golo na presente edição da Champions. O mesmo Morientes logo a seguir podia ter feito o segundo, sendo esta a melhor fase do Valência em todo o jogo, em que, à maior mas inconsequente posse de bola londrina, respondia com pressão sufocante e velocidade na transição atacante. Drogba ainda teve na cabeça a melhor oportunidade da sua equipa na primeira parte, mas Cañizares respondeu com uma fabulosa defesa. Apesar deste fogacho, o Valência chegou ao intervalo claramente na mó de cima e tornava-se evidente que José Mourinho tinha que fazer alguma coisa para mudar o curso do jogo e da eliminatória.

Para a segunda parte, não se estranhou portanto que Mourinho procedesse a uma alteração no sentido de dar mais velocidade e imaginação ao ataque: retirou o desastrado Diarra, fazendo entrar o criativo Joe Cole para médio ofensivo vagabundo, passando Essien para lateral direito. O efeito positivo foi imediato. Joe Cole trouxe as mudanças de ritmo necessárias para colocar os espanhóis em sentido. O golo de Shevchenko, resultante de um ressalto, logo nos primeiros minutos também ajudou, diga-se, o Chelsea a baixar os níveis de ansiedade e a jogar um futebol mais personalizado e seguro. Na altura em que aconteceu, este golo pode ter parecido injusto face ao que até aí sucedera, mas a verdade é que o Chelsea daí em diante fez por merecer a fortuna que lhe calhou. Visivelmente mais fresco e com um andamento muito superior, passou a dominar o encontro por completo, instalando-se no meio terreno caseiro e revelando-se sempre mais rápido sobre a bola. O défice físico do Valência era evidente e a sua incapacidade para pressionar e sair em contra-ataque quase total. Depois de Drogba já ter tentado o golo com um bom remate, Angulo teve nos pés a única situação de golo do Valência no segundo tempo, mas o seu pontapé saiu ligeiramente ao lado do poste. Um oásis no deserto, já que o Chelsea continuou a dominar todas as acções do jogo. Aos 84 minutos, após uma cabeçada de Ballack no seguimento de um livre de Lampard (pois claro!), Cañizares fez uma defesa monstruosa e adiou por mais alguns minutos a festa azul.

O espectro do prolongamento já pairava sobre o Mestalla, mas o Chelsea revelando uma competitividade e maturidade impressionantes, conseguiu fazer o golo que lhe deu o apuramento exactamente aos 90 minutos (remate cruzado de Essien, uma máquina adaptável a qualquer posição), matando desde logo qualquer esboço de reacção adversária, pois seriam precisos dois golos para o Valência seguir em frente. Qual 'serial killer', a formação de Mourinho demonstrou mais uma vez um espírito matador e um cinismo insuperáveis; os jogadores do Chelsea, esses, mostraram, para quem quiser ver, de que massa são feitos os verdadeiros campeões. De José Mourinho nem vale a pena dizer nada; contra todos os seus detractores, continua 'tranquilamente' a somar resultados e a espalhar classe e cultura de vitória. É isto o Chelsea de Mourinho! E Atenas já esteve mais longe.

terça-feira, 10 de abril de 2007

TÍTULO ENCAMINHADO


24ª jornada concluída, FC Porto líder 56 pontos, Benfica 53, Sporting 52, seis jornadas para o fim. Assim ficou o campeonato após o empate do Benfica em Aveiro, com polémica à mistura, para não se fugir à regra. Os encarnados deixam assim fugir o FC Porto, num jogo em que já actuaram pressionados pela vitória portista sobre o Setúbal. Não podiam falhar numa altura em que todos os jogos assumem um carácter decisivo, mas falharam. E o rombo só não foi maior porque Lucílio Baptista assinalou um penalty inexistente mesmo ao cair do pano, que Simão aproveitou para empatar e se colocar no topo da lista dos melhores marcadores.

Num jogo maioritariamente dominado pelo Benfica mas com pouca inspiração, o Beira Mar fez da boa organização defensiva e de alguns ataques rápidos as suas principais armas. Ratinho, Mantorras, Delibasic e Simão fizeram, por esta ordem, o resultado final. De realçar a enchente registada no Municipal de Aveiro e o ambiente eferverscente que se viveu. Se tal acontecesse na maioria dos encontros da nossa Liga, o futebol português era seguramente bem melhor; ou dito de outra forma, se o futebol português tivesse mais qualidade a vários níveis, talvez estes cenários bonitos se repetissem mais vezes.

E se o Benfica fechou a jornada a deslizar, o FC Porto havia-a aberto a ganhar. Também diante de uma bela assistência no Dragão, goleou o frágil Setúbal por 5 - 1, num jogo marcado por diversos pontos de interesse. Um bis de Adriano, o reencontro de Postiga com o golo, o regresso de Anderson a casa e logo com um golo sensacional, a lesão de Pepe que o inutilizará por cerca de um mês, enfim, várias peripécias num jogo de sentido único, em que o resultado dispensa quaisquer comentários acerca de domínio, controlo ou justiça.

Em Braga, o Sporting mostrou que está ainda bem vivo e venceu com merecimento por 1 - 0, com um golo de Nani, tão em foco na última semana em virtude dos assobios - incompreensíveis para uns, nem tanto para outros - de que fora alvo, em Alvalade, por parte dos próprios adeptos leoninos.

Com três pontos de avanço para o Benfica (que na prática são quatro devido à vantagem no confronto directo), o FC Porto está agora mais perto de revalidar o título conquistado na época passada. Aquela euforia benfiquista que se viu nas duas semanas que antecederam o Benfica-FC Porto, em que o clube da Luz foi dado como campeão quase certo, esfumou-se num ápice. Dois jogos bastaram para praticamente matar os sonhos das 'águias' e mesmo com o FC Porto a vacilar mais do que o habitual e a revelar alguma insegurança, o Benfica nunca conseguiu agarrar o primeiro lugar. Aquela ideia de que nas alturas decisivas costuma vir ao de cima o maior traquejo portista parece estar para durar.

Nas seis jornadas que restam, cinco vitórias são suficientes para o FC Porto se sagrar campeão, partindo, claro, do pressuposto que o Benfica ganha todos os desafios que tem para disputar. Ou seja, é necessário que os 'dragões' escorreguem duas vezes para que os encarnados possam manter a luz da esperança acesa. O que não é fácil! Ainda assim, tanto o Benfica como o Sporting possuem uma pequena benesse relativamente ao líder: têm quatro jogos para disputar em casa e apenas dois fora de portas, contra os três (casa)/três (fora) do FC Porto. Embora o título esteja, nesta altura, mais encaminhado para o Norte, a verdade é que a 1ª Liga vai continuar ao rubro e a emoção vai decerto perdurar por mais algumas semanas. É que de entre vários jogos bem interessantes e previsivelmente complicados para os grandes, ainda haverá dois escaldantes derbies: o Benfica-Sporting e o Boavista-FC Porto, curiosamente na mesma jornada.

A DÚVIDA EM TORNO DE MOURINHO


À medida que a época caminha para o seu final, agrava-se a especulação à volta do futuro de José Mourinho, quanto a mim e de longe, o melhor treinador de futebol do mundo. As opiniões dividem-se e a dúvida está há muito instalada: vai ou não continuar no Chelsea? E se sair, qual será o seu destino?

É sabido que o relacionamento pessoal entre José Mourinho e o patrão Roman Abramovich já conheceu melhores dias, não sendo nesta altura o mais cordial. Os pontos de vista de cada um parecem agora mais divergentes do que nunca e tem ficado patente que Mourinho não é um insubstituível para o magnata russo, mais apostado em seguir os conselhos do dinamarquês Frank Arnesen, o chefe da prospecção do clube e seu homem de confiança. Essa divergência conheceu o seu auge quando, em Janeiro, o técnico português reclamou o reforço da equipa no centro da defesa, recebendo resposta negativa de Abramovich. Tendo em conta as lesões que apoquentaram o plantel londrino, era evidente que um central era uma necessidade premente, não apenas um qualquer capricho do 'Special One'. Aliás, o Chelsea actuou em diversas partidas com Ricardo Carvalho ao lado de jogadores adaptados a centrais, casos de Paulo Ferreira ou Essien, o que, convenhamos, é inadmissível numa equipa de alta competição, ainda para mais com a capacidade financeira monstruosa do Chelsea. Não terá tido a ver com uma indisponibilidade para gastar mais dinheiro, antes mostrar a Mourinho que era ele quem mandava no clube e que as decisões passavam por ele, mais que por qualquer outra pessoa. Posso estar enganado, mas a mim parece-me que Mourinho não perdoará esta rábula nem o tratamento que tem recebido do seu superior e que verá com bons olhos uma mudança de ares. Algo que obviamente ainda não manifestou publicamente por estar envolvido na luta por competições importantes.

Resulta igualmente claro que Abramovich não fará muita força para manter Mourinho, tal parece ser a sua vontade de entregar o comando técnico dos 'blues' a outro treinador. Os nomes de potenciais substitutos têm surgido à mesma velocidade com que o Chelsea tem vindo a ganhar jogos recentemente: desde Rijkaard a Mancini, passando por Deschamps, Koeman, Hiddink, Mark Hughes ou Juande Ramos! Não sei o que tem passado pela cabeça do multimilionário russo, mas colocar qualquer destes ou outro no lugar de Mourinho, parece-me ser o maior tiro no pé da sua vida em Inglaterra. Em toda a sua história, o Chelsea apenas havia sido campeão inglês por uma vez, há cerca de 50 anos. Em dois anos no clube, o português foi campeão duas vezes e está na corrida pelo tri, além da conquista de outros troféus britânicos. Transformou um clube médio inglês num clube de topo mundial e para aqueles que dizem que teve vantagem financeira sobre os outros para reforçar a equipa, basta lembrar os galácticos do Real Madrid. Não basta ter muito dinheiro, também é preciso saber gastá-lo! Além de que é corrente dizer-se que quando um plantel tem muitas estrelas, é difícil ao treinador conjugar todos os interesses individuais e transformá-los num objectivo comum. Mourinho é um mestre nesta matéria.

Confesso que gostava de ver Mourinho sair do Chelsea. Nessa altura, ficaria com muita curiosidade de ver se o clube continuaria a ganhar títulos. Ficaria também na expectativa de saber se o trajecto do novo clube de Mourinho começaria a ser vencedor. Tem-se falado do Real Madrid. Ninguém duvida do aliciante que seria constatar a capacidade ou não de José Mourinho em colocar ordem na desarrumada casa 'merengue' e, já agora, de poder assistir a novos capítulos da sua rivalidade pessoal com Rijkaard, técnico do Barcelona.

O futuro dirá o que irá acontecer. Mas contrariando um recente artigo ridículo do jornal espanhol 'El País', segundo o qual o setubalense se vai transformar num técnico perdedor devido ao défice de ambição, uma coisa me parece certa: o melhor treinador do planeta vai continuar a ganhar seja onde fôr. E que melhor lugar para o fazer do que Espanha?!

sábado, 7 de abril de 2007

PERGUNTA 'RECORD DEZ' (4)


Pergunta: Jesualdo Ferreira, Fernando Santos e Paulo Bento devem continuar nos respectivos cargos na próxima temporada?

Minha resposta: Não tenho grandes dúvidas de que os três grandes manterão os respectivos treinadores na próxima temporada e concordo em absoluto com tais decisões. Consideraria, aliás, muito estranho que alguma das administrações resolvesse substituir o actual timoneiro. Jesualdo Ferreira chegou tarde de mais à ribalta, mas ainda a tempo de se proclamar como um dos melhores técnicos nacionais. É inteligente, metódico, estudioso e possui um discurso esclarecido. Quanto a mim sagrar-se-á campeão e, tendo realizado uma Champions ao nível do exigido, poderá considerar-se o seu trabalho positivo e merecedor da manutenção do cargo. Paulo Bento talvez já não seja tão consensual como no início de época e a possível conquista da Taça não apagará uma certa frustração. No entanto, a sua capacidade, quer a nível técnico quer de liderança, faz-me acreditar que a sua continuidade só poderá trazer benefícios aos sportinguistas. Fernando Santos devolveu o bom futebol ao Benfica e ainda está na luta pelo título nacional e Taça UEFA.
(Publicada na edição da Revista 'Record DEZ' de hoje)

CONTINUIDADE, SIM OU NÃO?


Numa altura em que a época futebolística começa a chegar à sua fase decisiva, muita gente já se terá interrogado sobre os benefícios/malefícios de os três grandes manterem ou não os seus treinadores na próxima temporada. Certamente que haverá ampla diversidade de opiniões acerca do trabalho de Jesualdo Ferreira, Fernando Santos e Paulo Bento no comando técnico dos respectivos clubes e, por conseguinte, a sua continuidade ou não é uma matéria sensível à crítica, logo pouco consensual. Pela minha parte, não tenho grandes dúvidas de que FC Porto, Benfica e Sporting continuarão com os mesmos timoneiros na próxima temporada. Consideraria, aliás, muito estranho que alguma das administrações decidisse o contrário.

Jesualdo Ferreira chegou ao Dragão depois de um trabalho magnífico no Sp.Braga. É um técnico inteligente, metódico, estudioso, de discurso esclarecido, privilegiador do contacto próximo com os jogadores. Um homem que provavelmente chegou tarde de mais à ribalta e que, por isso, não construiu uma carreira à altura daquilo que a sua categoria justificava. A sua época no FC Porto não tem sido fácil, estando a ser protagonizada por altos e baixos. Às derrotas consecutivas frente a Arsenal e Braga, os portistas responderam com a sua melhor fase, que contemplou uma série de bons resultados, tanto na 1ª Liga como na Liga dos Campeões. A longa paragem natalícia parece, no entanto, ter tido um efeito negativo sobre a equipa, que começou 2007 com um rendimento insuficiente, gerador de algumas derrotas comprometedoras e outras tantas exibições pouco convincentes. As performances alcançadas nos últmos meses de 2006 não foram repetidas até ao momento actual, mas a verdade é que os 'dragões' seguem na liderança da 1ª Liga com 4 pontos de vantagem sobre o segundo - pode passar a ser de 1 caso o Benfica derrote o Beira Mar - e na Champions venderam muito cara a eliminação, perante o milionário e mais poderoso Chelsea. Aconteça o que acontecer até ao fim da época - eu julgo que se sagrará campeão nacional -, considero o trabalho realizado por Jesualdo muito positivo, claramente merecedor da manutenção no comando técnico azul e branco. Com as bases já lançadas e com a possibilidade de formar o seu futuro plantel, bem como de efectuar a pré-temporada com a equipa, a próxima estação promete melhorias substanciais.

Apesar de ter passado por momentos difíceis, motivadores de alguma contestação esporádica, Paulo Bento parece continuar a ser consensual junto da massa sportinguista. Mesmo que no horizonte de possíveis conquistas nesta época, surja apenas a Taça de Portugal, a parte final da época passada somada ao início da presente, revelou um treinador de vastas capacidades, tanto a nível técnico como em liderança, motivação e gestão de grupo. Embora discorde de muitas opções que vem tomando, acredito que a sua continuidade em Alvalade só poderá trazer benefícios ao Sporting e julgo que é pacífico afirmar que Bento será o treinador verde e branco na próxima temporada.

Fernando Santos parece-me uns furos abaixo dos seus dois colegas de profissão. Passou por momentos bastante conturbados ao longo de vários meses, demorou a percepcionar qual o melhor modelo para o seu colectivo e não parece totalmente apoiado pelos adeptos encarnados. O certo é que se mantém na luta pelo título nacional e Taça UEFA e é visível que goza de forte confiança de Luís Filipe Vieira. Além disso, quando solidificou o seu 4-4-2 em losango, colocou o Benfica a realizar algumas exibições de alto nível e é minha convicção que manterá as suas funções, mesmo na pior das hipóteses de não conquistar título algum.

O futebol português não tem sido pródigo em dar estabilidade e tempo aos treinadores para poderem levar os seus projectos por diante. Depois de uma época inteira em que os três grandes clubes os mantiveram seguros, surge agora como mais provável a sua permanência em 2007-08. Mesmo que nem sempre correspondam ao que deles (dos técnicos) se espera, será de louvar uma aposta na continuidade. Afinal, foram os próprios dirigentes que os escolheram e esta é sempre uma forma de não fugirem às responsabilidades.

quinta-feira, 5 de abril de 2007

SÓ O LIVERPOOL RESOLVEU


Ficou ontem concluída a primeira mão dos quartos-de-final da Liga dos Campeões. O Chelsea empatou 1 - 1, em casa, com o Valência. O Manchester United foi perder a Roma por 2 - 1. Na terça, o Liverpool tinha ganho 3 - 0, no estádio do PSV Eindhoven, e o Milan havia empatado 2 - 2, em San Siro, perante o Bayern Munique. Esperados ou não, estes resultados mantêm tudo em aberto para os jogos da segunda mão, à excepção do 3 - 0 em Eindhoven, que praticamente carimbou a passagem do Liverpool e o adeus do PSV às meias-finais.

O surpreendente foi apenas a rapidez com que os homens de Anfield resolveram tudo a seu favor, uma vez que a sua passagem às meias-finais era vista por quase todos como o desfecho mais provável. A ausência do central brasileiro Alex penalizou decisivamente o desempenho do PSV e fez com que o Liverpool dominasse o encontro do princípio ao fim, tendo marcado três golos, sem que se vislumbrasse qualquer capacidade de reacção dos holandeses. Gerrard, Riise e Crouch foram os marcadores de serviço, sendo que o tento do norueguês foi obtido através de um sensacional remate de fora da área e é desde já um dos melhores da prova. Em destaque esteve também o lateral direito Finnan, autor dos cruzamentos para os primeiro e terceiro golos. Para o jogo em casa, bastará ao Liverpool jogar o quanto baste e gerir a enorme vantagem de que dispõe. Não conseguindo intrometer-se na luta pelo título inglês, este Liverpool de Rafael Benítez parece talhado para conseguir grandes prestações na Liga dos Campeões - venceu o troféu há duas épocas e na época passada caiu nos 'oitavos' aos pés do Benfica.

Em Milão, o Bayern impôs uma igualdade ao Milan, um resultado excelente para as cores bávaras. Num magnífico desafio de futebol, o árbitro foi mesmo uma das principais figuras, ao assinalar escandalosamente e já bem perto do final um penalty inexistente, por falta de Lúcio sobre Kaká que só ele viu. Pirlo abriu o activo a cinco minutos do intervalo, mas Van Buyten restabeleceu o empate já no decorrer da segunda parte. Depois aconteceu então aquela inacreditável invenção do juíz, que Kaká aproveitou para colocar os milaneses de novo na frente. Revelando grande determinação e poder de reacção, o Bayern conseguiu, porém, chegar outra vez ao empate já no período de descontos. O belga Van Buyten bisou na partida e converteu-se no melhor homem em campo, dando um sabor a justiça ao resultado, não só devido ao erro arbitral, como também face ao que as duas equipas produziram. Com a possibilidade de decidir em Munique, os alemães possuem uma ligeira vantagem, mas muito cuidado com a frieza e cinismo tão característicos dos italianos. Eu diria que as probabilidades de qualificação se mantêm semelhantes para ambos.

O Chelsea encontrou as dificuldades naturais que se anteviam no embate com o Valência. Apesar de jogar em Stamford Bridge, a equipa de José Mourinho não foi capaz de se superiorizar ao bem organizado colectivo espanhol e provou, uma vez mais, que aquele Chelsea inspirado e demolidor das temporadas transactas já terá passado à história. É verdade que dominou a quase totalidade dos 90 minutos e teve chances mais que suficientes para ganhar, mas falta alguma arte e imaginação ao seu ataque, algo que vem sendo hábito desde o começo da época e que já tinha sido visível, por exemplo, na eliminatória com o FC Porto. David Silva e Drogba fizeram os golos, Ricardo Carvalho foi para mim o 'man of the match', tantas foram as vezes em que empurrou os seus colegas para a frente, tendo até disposto de algumas oportunidades para facturar. Embora estando consciente do equilíbrio, contava com uma vitória dos londrinos, mas o empate não me faz mudar de opinião: continuo a pensar que José Mourinho vai levar a sua equipa até às meias-finais e poderá não parar por aí...

Na capital italiana, a Roma derrotou o Manchester United e acabou por ser, dadas as circunstâncias, um resultado normal, embora eu esperasse algo mais positivo para Cristiano Ronaldo e companhia. Os ingleses jogaram uma hora com dez jogadores - Scholes foi expulso e bem - e a Roma aproveitou para marcar alguma superioridade em termos de produção, traduzida no 2 - 1 final. Taddei, Rooney e Vucinic foram os homens que fizeram balançar as redes. Cristiano Ronaldo, o alvo de todas as atenções romanas desde que o sorteio foi efectuado, esteve um pouco abaixo do seu nível, o que para a maioria dos jogadores do mundo constituiria uma grande exibição! Já se sabe que numa equipa com menos um elemento as dificuldades aumentam, mas ainda assim logrou algumas das suas habituais arrancadas, numa das quais dando início à jogada do golo de Rooney. Mais discreto, mas igualmente decisivo. Em Old Trafford dentro de uma semana, favoritismo completo para o United poder chegar às meias-finais, pois não reconheço à Roma qualidade e força para resistir aos 'red devils', tanto no relvado como nas bancadas.

Muita gente já está a sonhar com uma final entre Manchester United e Chelsea, em Atenas. Eu também estou e julgo, aliás, que a possibilidade de isso acontecer é bem real. Nas meias-finais já está estabelecido que Liverpool defrontará Chelsea ou Valência e que Milan ou Bayern medirá forças com Roma ou Manchester United. A bola é redonda e tudo pode acontecer, mas seria lindo assistirmos a uma final totalmente inglesa, com as cores azul e vermelha, em que os dois maiores ícones do futebol português actual (José Mourinho e Cristiano Ronaldo) travariam uma luta árdua pela consagração europeia.


PS: Daqui a pouco o Benfica defronta, em Barcelona, o Espanhol, em jogo da primeira mão dos quartos-de-final da Taça UEFA. Como um dos principais candidatos a vencer a competição e como melhor equipa que o Espanhol, independentemente do resultado de hoje, o Benfica tem a obrigação de eliminar esta formação catalã. Para bem do nosso futebol e porque me dá sempre um gostinho especial ver portugueses a superarem espanhóis.

terça-feira, 3 de abril de 2007

CHAMPIONS - ANTEVISÃO DOS 'QUARTOS'


O espectáculo da Liga dos Campeões está de volta, com os encontros dos quartos-de-final, infelizmente já sem qualquer equipa portuguesa. PSV Eindhoven-Liverpool e Milan-Bayern Munique são os dois jogos de hoje. Amanhã teremos Roma-Manchester United e Chelsea-Valência. Estou claramente com maior expectativa para os confrontos de amanhã. As duas maiores figuras actuais do futebol português entrarão em acção e estão dados como favoritos para aceder às meias-finais, mas antevejo uma árdua tarefa para ambos.

Cristiano Ronaldo, estrela principal do Manchester United, é o alvo de todas as atenções dos italianos. Procurando intranquilizá-lo, várias foram já as referências ao seu estilo demasiado circense (dribles e mais dribles) ou ao seu carácter um tanto enganador (mergulhos para a piscina). Ouvi também dizer-se que Totti é melhor que o prodígio madeirense. Discordo em absoluto mas são opiniões. Os italianos esqueceram-se que Ronaldo se motiva e galvaniza com este tipo de comentários, quanto mais o criticam melhor ele joga. Por isso, estou curioso para ver o que sucederá no Olímpico de Roma. Acredito que o quase campeão inglês, no conjunto da eliminatória, mostrará a sua superioridade e marcará presença nas meias-finais.

Por seu turno, José Mourinho terá pela frente o Valência, de Miguel e Hugo Viana. Será uma das eliminatórias mais interessantes e acredito que, embora com ligeiro favoritismo do Chelsea, o equilíbrio será a nota dominante. Palpita-me que o Valência vai criar sérios problemas a Mourinho, Carvalho, Ferreira e companhia. Amanhã em Londres, talvez os da casa se possam impôr, mas em Espanha as coisas não vão ser fáceis para os londrinos; em casa os valencianos costumam ser muito, muito fortes. No entanto, considero o Chelsea desde o início como um dos principais candidatos à vitória final, daí que aposto na sua passagem para as meias-finais.

Hoje, os desafios serão talvez menos atractivos, embora um Milan-Bayern seja sempre um duelo mediático e de desfecho imprevisível. Estrelas de um lado e de outro não vão faltar, sendo que a maior de todas elas, o brasileiro Kaká, possa ser um importante factor de desequilíbrio para o lado milanês. Aposto no Milan para figurar nas quatro melhores equipas, embora, em condições normais, a margem de golos será sempre mínima no final dos dois jogos.

O PSV Eindhoven-Liverpool foi à partida o jogo que menos expectativa gerou. O Liverpool é favorito para passar, mas a turma comandada por Ronald Koeman e onde pontifica o central português Manuel da Costa deu o aviso ao eliminar o Arsenal. Aliás, Koeman tem-se revelado um técnico especialista em 'correr' com ingleses para fora da Champions, pois na época passada ao serviço do Benfica, eliminou igualmente o Manchester United e o... Liverpool.

A Liga dos Campeões é um mundo à parte e a emoção está ao rubro. Desde o início, apontei como favoritos Chelsea, Barcelona e Lyon. Só o Chelsea sobreviveu. Vendo o andamento desta temporada, permito-me juntar o Manchester United à formação de Stamford Bridge. Ou seja, na minha opinião, uma das duas melhores equipas inglesas da actualidade vai ser coroada como a melhor da Europa. Vamos ter portugueses a sorrir...

domingo, 1 de abril de 2007

LUZ AOS ARTISTAS...


Dia de clássico, dia especial para os amantes de futebol. Benfica-FC Porto, quer queiram ou não, o maior clássico do futebol português. A juntar a tudo o que sempre envolve um jogo desta natureza, há mais motivos de interesse.

Desde logo, a vantagem mínima de um ponto de que dispõe o FC Porto, líder do campeonato, sobre o seu rival da capital. Depois deste duelo de titãs, ficarão a faltar sete jornadas para o final da prova, as quais contemplam quatro jogos em casa e três fora para as duas equipas, entre eles os apetecíveis Benfica-Sporting e Boavista-FC Porto. Não vai ser decisivo, pois é minha convicção que a luta entre 'dragões' e 'águias' - o Sporting para mim já está arredado - persistirá até à última ronda. De todo o modo, se o FC Porto triunfar, como espero, ficará com 4 pontos de vantagem, que me parece susceptível de ser bem gerida daí em diante. Pelo contrário, um empate ou uma vitória encarnada deixarão o campeonato ao rubro, pois 1 ou 2 pontos é apenas a distância de uma escorregadela.

Depois, criou-se para este encontro uma espécie de confronto pessoal, puramente futebolístico como é óbvio, entre Simão e Quaresma, os dois jogadores mais destacados desta liga. Um confronto que, existindo já desde há largos meses a esta parte, ganhou nova dimensão com os recentes jogos da Selecção Nacional. Algum deles vai tirar um coelho da cartola e decidir o desafio? Um Quaresma inspirado era meio caminho andado...

Está também enfatizado o duelo ao nível do banco entre Fernando Santos e Jesualdo Ferreira. Ambos já estiveram do outro lado, Fernando Santos foi mesmo o engenheiro do penta azul e branco. Será muito curioso observar que estratégias irão adoptar, que comportamentos terão, que grau de ambição exibirão para tentar ganhar o jogo. Tem-se falado que um deles vai ficar em maus lençóis caso perca este clássico. Pessoalmente, não acredito nisso, tanto um como outro se manterão nos seus clubes na próxima temporada. Mas que jogos destes podem marcar carreiras, disso não há dúvida.

Para lá de tudo isto, mais dois grandes motivos de interesse: os regressos de Anderson e Rui Costa, após períodos de inactividade por lesão - mais longo o do portista. Se relativamente ao fantasista português, é quase certa a sua presença no banco, quanto a Anderson ainda subsiste a dúvida. Parece-me, no entanto, que o banco também será o destino do brasileiro, pois o seu ritmo competitivo ainda andará longe do ideal. Mas ambos serão lançados para o relvado com toda a certeza.

O modelo de jogo do Benfica será, como habitualmente desde que Fernando Santos assentou ideias, o 4-4-2 losango. Os onze eleitos talvez estes: Quim; Nélson, Anderson, David Luiz, Léo; Petit, Katsouranis, Karagounis, Simão; Miccoli e Nuno Gomes. Sem surpresas.

Já nos portistas as interrogações aumentam. 4-4-2 ou 4-3-3? Anderson, sim ou não? E outras mais. Se eu fosse o treinador jogaria em 4-4-2, para não ficar em inferioridade numérica no meio-campo, como aconteceu na primeira-parte contra o Sporting, no Dragão. E a equipa inicial seria: Vitor Baía; Bosingwa, Pepe, Bruno Alves, Fucile; Paulo Assunção, Raúl Meireles, Lucho González, Postiga (a 10); Quaresma e Adriano. Sei, todavia, que dificilmente serão estas as escolhas de Jesualdo. Numa opção polémica mas consciente, colocaria Baía porque Helton tem estado inseguro ultimamente e os interesses do colectivo estão primeiro. E Postiga a 'playmaker' porque, depois de Anderson, é o que me parece mais capaz de fazer a posição com êxito. Já me lembrei que Jesualdo talvez possa apresentar Marek Cech no meio-campo. Espero que não o faça, pois isso quererá dizer que está com receio do jogo e do adversário. E o que eu desejo é um FC Porto seguro, personalizado e sem medo de atacar.

O estádio vai estar cheio, o espectáculo vai começar, Luz aos artistas...