quinta-feira, 30 de agosto de 2007

SORTEIO DA LIGA DOS CAMPEÕES 2007-08


GRUPO A:
Liverpool, FC Porto, Marselha, Besiktas

GRUPO B:
Chelsea, Valência, Schalke 04, Rosenborg

GRUPO C:
Real Madrid, Werder Bremen, Lázio, Olympiakos

GRUPO D:
Milan, Benfica, Celtic, Shakhtar Donetsk

GRUPO E:
Barcelona, Lyon, Estugarda, Glasgow Rangers

GRUPO F:
Manchester United, Roma, Sporting, Dínamo Kiev

GRUPO G:
Inter, PSV Eindhoven, CSKA Moscovo, Fenerbahçe

GRUPO H:
Arsenal, Sevilha, Steaua Bucareste, Slávia Praga


1ª Jornada:
FC Porto - Liverpool
Milan - Benfica
Sporting - Manchester United

2ª Jornada:
Besiktas - FC Porto
Benfica - Shakhtar Donetsk
Dínamo Kiev - Sporting

3ª Jornada:
Marselha - FC Porto
Benfica - Celtic
Roma - Sporting

4ª Jornada:
FC Porto - Marselha
Celtic - Benfica
Sporting - Roma

5ª Jornada:
Liverpool - FC Porto
Benfica - Milan
Manchester United - Sporting

6ª Jornada:
FC Porto - Besiktas
Shakhtar Donetsk - Benfica
Sporting - Dínamo Kiev


Está de volta a mais importante competição de clubes do mundo. Após o sorteio realizado no Mónaco, já se fazem previsões daquilo que poderá acontecer e tenta-se aferir das possibilidades que cada equipa terá nos respectivos agrupamentos. No que aos clubes portugueses diz respeito há, como se pode ver, adversários para todos os gostos, com os mais variados estilos de futebol e dos mais distintos cantos da Europa. Em teoria, o FC Porto foi a equipa com o sorteio mais favorável e o Sporting o que terá uma tarefa mais complicada para alcançar os oitavos-de-final, aparecendo o Benfica numa posição intermédia. Todavia, analisando com critério o nome e valia dos opositores, deve dizer-se que o grau de dificuldade dos grupos A, D e F não será assim tão desnivelado. Há diferenças mas não muito acentuadas e o maior optimismo da generalidade das opiniões no FC Porto, em relação a Benfica e Sporting, prende-se, não apenas com os adverários, mas também com o maior poderio e experiência internacionais dos portistas. É a ideia que me dá.

Disse antes do sorteio que, dos cabeças-de-série, sabendo à partida que qualquer dos oito seria um adversário de respeito, gostava que o FC Porto evitasse o Barcelona e o Chelsea, preferindo, por outro lado, Real Madrid e Arsenal. Pois bem, a 'dragões', 'águias' e 'leões' não calhou em sorte nenhum desses e, na minha opinião, Liverpool, Milan e Manchester United possuem um valor muito similar, talvez com a equipa de Anfield Road um 'furito' abaixo. Mesmo assim, recorde-se que o Liverpool na Champions tem feito consecutivas carreiras extraordinárias e que, esta época, na Premier League, até começou bem melhor que o United. O Sporting apanhou ainda, do pote 2, a Roma, que, sendo um oponente difícil, não será uma turma imbatível, longe disso. Do pote 3, ao FC Porto saiu o Marselha, que era um dos meus desejos juntamente com o Steaua Bucareste, enquanto ao Benfica saiu o Celtic. Ora, não penso que haja grande diferença entre franceses e escoceses. Se por um lado, o Celtic conta com um ambiente caseiro demolidor (atenção que em Marselha também não é fácil), fora de casa julgo que se poderá mostrar bem mais frágil que os marselheses. Acabou por ser satisfatório para ambos, uma vez que Estugarda ou CSKA Moscovo, por exemplo, imporiam outro tipo de argumentos. Do pote 4, acho que o Sporting foi o mais feliz. O Shakhtar Donetsk é sem dúvida o mais forte, podendo revelar-se incómodo nas duas partidas, mas sobretudo no seu reduto. O Besiktas a jogar fora não assusta ninguém, mas na Turquia sempre se mostrou temível, em virtude do fervor dos seus fiéis adeptos. Já o Dínamo Kiev será o mais fraco e o Sporting terá boas chances de ganhar em casa e pontuar fora.


GRUPO A:
Penso que Liverpool e FC Porto lutarão taco-a-taco pelo primeiro lugar, embora os 'reds' assumam algum favoritismo. Marselha e Besiktas são claramente mais fracos e um lugar na Taça UEFA será a meta. Para o conjunto de Jesualdo Ferreira será imperioso ganhar em casa a Marselha e Besiktas e, pelo menos, empatar com o Liverpool logo a abrir, apesar de a vitória estar ao alcance. Fora de casa, tudo o que não seja derrota em Anfield será bom e nos outros campos há que conquistar pontos. Talvez 10 pontos (ou até menos) sejam suficientes para o segundo lugar. Já se percebeu que isto foi uma conjectura pessimista. Na prática, o FC Porto tem obrigação de se qualificar para os oitavos-de-final.
Palpite: 1. Liverpool, 2. FC Porto, 3. Marselha, 4. Besiktas

GRUPO D:
O primeiro posto estará destinado ao Milan sem grande discussão. O Benfica terá, na minha óptica, o dever de se superiorizar a Celtic e Shakhtar Donetsk na luta pelo apuramento. Sete pontos em casa serão o mínimo exigível e, fora de casa, há que procurar pontuar o mais possível com os seus concorrentes directos, já que em San Siro a coisa não será fácil. Oportunidade para o ajuste de contas com o campeão escocês, que na temporada passada inflingiu uma pesada derrota (3 - 0) aos encarnados no Celtic Park e os relegou para a Taça UEFA. Uma tarefa ligeiramente mais complicada que a do FC Porto, mas a obrigação, essa, é a mesma.
Palpite: 1. Milan, 2. Benfica, 3. Shakhtar Donetsk, 4. Celtic

GRUPO F:
Estando o primeiro lugar reservado, invariavelmente, ao colosso onde actuam Cristiano Ronaldo e Nani, cabe ao Sporting lutar com a Roma pela segunda posição deste grupo. O Dínamo Kiev é um dos mais fracos da competição e não deverá escapar ao último lugar. Aliás, diante destes ucranianos, menos de 4 pontos será sempre mau, inclusivé 6 pontos seria mais que aconselhável para a formação de Paulo Bento. Com os italianos, a obrigação é triunfar em casa e com os 'red devils' tentar um pontinho, pelo menos. Reina o discurso dos azarados e 'coitadinhos' no seio dos adeptos leoninos. Se o Sporting quer finalmente fazer algo de relevante entre a elite europeia, tem de ser capaz de se superiorizar à Roma.
Palpite: 1. Manchester United, 2. Sporting, 3. Roma, 4. Dínamo Kiev

GRUPO B:
Palpite: 1. Chelsea, 2. Valência, 3. Schalke 04, 4. Rosenborg

GRUPO C:
Palpite: 1. Real Madrid, 2. Lázio, 3. Werder Bremen, 4. Olympiakos

GRUPO E:
Palpite: 1. Barcelona, 2. Estugarda, 3. Lyon, 4. Glasgow Rangers

GRUPO G:
Palpite: 1. Inter, 2. CSKA Moscovo, 3. PSV Eindhoven, 4. Fenerbahçe

GRUPO H:
Palpite: 1. Sevilha, 2. Arsenal, 3. Slávia Praga, 4. Steaua Bucareste


Vai uma aposta?

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

MARÍTIMO E FC PORTO ISOLADOS


1ª Liga - 2ª Jornada


Numa jornada pouco produtiva em número de golos, Marítimo e FC Porto somaram a segunda vitória consecutiva e isolaram-se no topo da classificação com 6 pontos, derrotando de forma justa, respectivamente, Boavista e Sporting. Os outros vencedores da jornada foram o E.Amadora, que bateu, na Reboleira, a Naval e está isolado na terceira posição, e o Braga, que saiu do Restelo com um precioso triunfo sobre o Belenenses. O Benfica continua a marcar passo e cedeu novo empate, desta feita, em casa, defronte do Guimarães. Nem a chegada de Camacho resultou em melhorias palpáveis, bem pelo contrário, embora seja de salientar que em menos de uma semana de trabalho e implementação de novos métodos é impossível haver qualquer progresso colectivo, por muito que a componente psicológica seja relevante. Os encarnados amealharam somente 2 pontos, menos 1 que o Sporting, mas já menos 4 que o FC Porto, algo que, sem ser dramático, começa a ser preocupante. Os restantes desafios saldaram-se por empates a uma bola entre Académica e U.Leiria, P.Ferreira e Leixões e, já esta segunda-feira, Setúbal e Nacional.


Jogos:

BENFICA - GUIMARÃES 0 - 0
A substituição de Fernando Santos por José António Camacho provocou uma onda de euforia no universo encarnado, que acorreu em grande número ao Estádio da Luz. Fruto de uma exibição sofrível e da oposição decidida dos vimaranenses, o jogo acabou com um nulo no marcador, redundando em nova desilusão para as 'águias' e atraso maior para o FC Porto . Camacho apresentou um novo 4-4-2 clássico, com Coentrão e Nuno Assis nas alas, Cajuda manteve-se fiel ao seu habitual 4-3-3. O Benfica teve um certo ascendente, mas nunca conseguiu ser dominador ao ponto de assustar os bem organizados vitorianos, daí que o resultado espelhe o que se passou no relvado. Pela positiva, ênfase para a magnífica estreia do jovem Miguel Vítor no centro da defesa encarnada e para as boas prestações do benfiquista Petit (sempre ele) e dos vimaranenses Nilson, Geromel e Flávio Meireles. Por outro lado, de bradar aos céus as substituições feitas por Camacho, que fez entrar Romeu Ribeiro, Luís Filipe e Bergessio para os lugares de Nuno Gomes, Coentrão e Cardozo. No mínimo, estranho... Se fosse o Fernando Santos teria saído vivo da Luz?

BELENENSES - BRAGA 0 - 2
0 - 1 César Peixoto 24' gp, 0 - 2 Vandinho 52'

Espectáculo fraco e sonolento - é verdade, adormeci na segunda parte! - em que, apesar de tudo, o Braga foi superior, aparecendo em Belém com a lição bem estudada. O meio-campo azul esteve muito preso de movimentos, especialmente Hugo Leal, que tarda em confirmar o futebol que mostrou no início da carreira. Do lado bracarense, Madrid, Vandinho e João Pinto foram chegando e sobrando para as encomendas, fazendo chegar jogo às alas, onde Peixoto, Wender e Hussain estiveram particularmente activos. Foi, aliás, o ex-portista que fez o primeiro, na conversão de um penalty, a castigar uma pretensa falta sobre o mais recente reforço Linz, entretanto entrado para o lugar do lesionado João Tomás. Para a segunda parte, Jesus lançou Roncatto e Mendonça, que ajudaram a dar maior vivacidade à sua equipa e fizeram os belenenses acreditarem na igualdade. Só que perante o adiantamento azul, os arsenalistas nunca deixaram de desferir alguns contra-ataques, tendo num deles chegado ao 2 - 0, por Vandinho, e matado o jogo. Vitória justa e tranquila dos homens de Jorge Costa, que assim recuperaram da derrota contra o FC Porto.

E.AMADORA - NAVAL 3 - 1
0 - 1 Marcelinho 29', 1 - 1 Cardoso 42', 2 - 1 Wagnão 54', 3 - 1 Mateus

Primeira parte muito fraca, sem futebol, sem jogadas bem desenhadas, com poucos motivos de interesse. Curiosamente, foi a Naval que abriu o activo, por intermédio de Marcelinho, após cruzamento de Davide. O jogo continuou péssimo, mas o Estrela conseguiu chegar ao empate ainda antes do descanso e já depois de Daúto Faquirá ter mexido na equipa, trocando Marco Paulo e Mossoró por Viveiros e N'Diaye. O golo foi apontado por Cardoso, na sequência de um canto. Na segunda metade, novo golo de canto, desta vez do imponente Wagnão. O Estrela controlou por completo até final, tendo ainda tempo para fechar a contagem por Mateus e enviar uma bola ao ferro por Tiago Gomes. Triunfo incontestável dos estrelistas, com Daúto a prosseguir o bom trabalho e Chaló a ter que arrepiar (muito) caminho. Já agora, alguém me explica como é possível um jogo da 1ª Liga ser presenciado por 812 (!) espectadores?

ACADÉMICA - U.LEIRIA 1 - 1
0 - 1 João Paulo 47', 1 - 1 Joeano 61' gp

Antes de mais, quero manifestar o meu desagrado pelo facto de Manuel Machado deixar o seu melhor jogador - Hélder Barbosa - no banco. Numa liga de fracos espectáculos e alguns jogadores medíocres, deixar este jovem talento de fora é um atentado ao futebol e um hino à pequenez e falta de ambição. Diria o mesmo em relação a Sougou, mas este teve uma lesão prolongada e o ritmo competitivo ainda não é o melhor, daí se aceitar a sua suplência. Os leirienses ficaram a dever a si próprios não terem conquistado os três pontos. Dominaram em absoluto a primeira parte e causaram diversos problemas à intranquila turma academista, situação agravada pela expulsão de Litos, por conduta violenta. O golo só apareceu, no entanto, no segundo tempo e foi da autoria de João Paulo. Só um erro primário de Hugo Costa, metendo a mão à bola dentro da área e sendo expulso por acumulação de amarelos, permitiu o empate da Briosa, por Joeano. Novamente em igualdade no resultado e no número de jogadores, a Académica tentou então forçar a vitória, mas foi sol de pouca dura, já que a U.Leiria voltou a reconquistar o domínio de jogo até ao apito final.

P.FERREIRA - LEIXÕES 1 - 1
1 - 0 Edson 50', 1 - 1 Marco Cadete 76'

Um bom jogo dos leixonenses fora de casa, que conseguiram chamar a si o domínio do jogo durante largos períodos da partida, perante um P.Ferreira nervoso e sem grande discernimento. Ainda assim, foram os pacenses a adiantar-se no resultado, através de um contra-ataque rapidíssimo de Cristiano, que proporcionou o golo a Edson logo após o intervalo. Os pupilos de Carlos Brito nunca baixaram os braços e viram a sua persistência recompensada aos 76 minutos, quando Marco Cadete restabeleceu o empate, num lance em que Peçanha não ficou muito bem na fotografia. A nível individual, destaco as boas prestações do pacense Edson e dos leixonenses Marco Cadete e Jorge Gonçalves, bem secundados por Pedro Cervantes e Bruno China. A haver um vencedor, seria o Leixões.

BOAVISTA - MARÍTIMO 0 - 2
0 - 1 Kanu 3', 0 - 2 Kanu 20'

O árbitro João Ferreira teve influência directa no resultado ao escamotear duas grandes penalidades ao Boavista. A verdade é que o Marítimo controlou o jogo com toda a tranquilidade e ganhou de uma forma naturalíssima. Começa a ser gritante a falta de qualidade do jogo boavisteiro e, ou muito me engano, ou isto não vai acabar bem para Jaime Pacheco. Os dois golos de Kanu, melhor jogador em campo, foram o corolário lógico da superioridade dos madeirenses, que seguem agora no topo da tabela classificativa. Muito há a destacar pela positiva nos insulares, desde Bruno a Olberdam, passando por Fábio Felício, Marcinho ou Makukula. No Boavista, só Olufemi e o guardião Carlos (podia ter feito mais no segundo golo, mas efectuou algumas defesas providenciais) se salvaram do naufrágio. Mais um jogo um tanto ou quanto sonolento.

FC PORTO - SPORTING 1 - 0
1 - 0 Raúl Meireles 53'
Jogo marcado pelo lance muito discutido do passe/corte de Polga para o seu guarda-redes Stojkovic, que motivou a marcação de um livre indirecto transformado em golo por Raúl Meireles e que acabou por decidir o desfecho do clássico. Perante uma atmosfera espectacular, o FC Porto foi, no cômputo geral, ligeiramente superior e conquistou um triunfo justo e moralizador para o futuro. Domínio total dos 'dragões' no primeiro tempo, ao que o Sporting respondeu nos segundos 45 minutos com maior agressividade ofensiva, mas sem que os portistas se deixassem subjugar. Embora com ascendente portista, as oportunidades foram repartidas, mas a eficácia, desta vez, pendeu para o lado azul e branco. O FC Porto respondeu assim da melhor forma à derrota sofrida, em Leiria, para a Supertaça. Raúl Meireles foi, na minha perspectiva, o melhor elemento do jogo. A propósito, ó Jesualdo, por que é que retiraste o Meireles?! O árbitro esteve mal disciplinarmente ao não expulsar Quaresma e Derlei, bem como ao poupar alguns amarelos (Tonel e Pedro Emanuel, por exemplo).

SETÚBAL - NACIONAL 1 - 1
0 - 1 Lipatin 8', 1 - 1 Paulinho 20'

Bom jogo de futebol, em que o Setúbal teve claro sinal mais, tendo porventura merecido um resultado mais favorável. À tentativa sadina de dar velocidade ao encontro, responderam os nacionalistas com um futebol mais pausado, por forma a esfriar os ímpetos do adversário. Contra a corrente do jogo, marcou o Nacional, com um belo cabeceamento de Lipatin (obrigado Marítimo!), após cruzamento açucarado de Juliano Spadacio. O Setúbal não se desuniu e chegou ao empate pouco tempo depois pelo irrequieto Paulinho. Os homens da casa fizeram por merecer a vitória, mas o empate também se aceita face ao decorrido. Matheus, Paulinho e Adalto pelo Setúbal, Juliano Spadacio e Fellype Gabriel pelo Nacional protagonizaram excelentes exibições.


Equipa da jornada:

Nilson (Guimarães): excelente exibição do guardião brasileiro, transmitindo sempre segurança aos seus companheiros. Também foi por ele que os vimaranenses lograram trazer um precioso ponto da Luz. O seu ponto alto foi a magnífica defesa, em esforço, ao petardo traiçoeiro de Cardozo.

Marco Cadete (Leixões): realizou uma bela partida na Mata Real, exibindo sempre grande propensão ofensiva e apontando o tento do empate, num cruzamento que saiu remate direitinho às redes de Peçanha. Se continuar assim, poderá vir a evidenciar-se neste campeonato.

Geromel (Guimarães): autêntico líder da defesa vitoriana, foi outro dos obreiros do nulo alcançado na Luz. Classe, segurança, capacidade de corte e antecipação foram os predicados exibidos na casa benfiquista. Maiores voos se poderão seguir.

Miguel Vítor (Benfica): estreia auspiciosa do puto de 18 anos com a camisola do Benfica. Aparentando uma surpreendente calma para a situação em causa, o produto das escolas encarnadas patenteou o seu desempenho por segurança defensiva, capacidade de corte e lucidez na saída de bola. Está ganho um jogador.

César Peixoto (Braga): no Restelo, foi um dos principais impulsionadores do jogo ofensivo bracarense. Combinou bem com Wender, subiu muito pelo seu flanco, cruzou para Linz sofrer o penalty e encarregou-se, ele próprio, de o concretizar. Decisivo.

Raúl Meireles (FC Porto): foi o principal artífice da vitória do FC Porto sobre o Sporting. Além do golo marcado com categoria, foi o que mais trabalhou naquele meio-campo, pressionando o adversário e iniciando as transições ofensivas com rapidez e clareza. Quando inexplicavelmente Jesualdo resolveu substituí-lo, a equipa ressentiu-se e muito. Bruno ou Petit seriam igualmente escolhas válidas.

Olberdam (Marítimo): num meio-campo que esteve em grande no Estádio do Bessa, o brasileiro foi mesmo o que mais sobressaiu, fazendo tudo aquilo que se pede a um médio moderno. Esteve em todo lado e foi um dos elos mais fortes da excelente vitória colectiva.

Mateus (E.Amadora): jogador de boa técnica, muita bola no pé e pouca corrida, respondeu a alguns assobios de que foi alvo com números esclarecedores: um golo e duas assistências. Que mais se pode pedir a um número '10' que ainda agora chegou ao futebol português? Marcinho ou Vandinho seriam boas alternativas.

Kanu (Marítimo): a frieza e capacidade concretizadora demonstradas na obtenção dos dois golos, seriam suficientes, por si só, para justificar a presença na equipa da jornada. No entanto, continuou sempre muito activo na faixa direita até aos 72 minutos, altura em que foi substituído. É um dos melhores goleadores da liga, a par de Quaresma e do seu colega Makukula.

Paulinho (Setúbal): a um avançado-centro pedem-se golos, independentemente de estar muito ou pouco em jogo. Nesse sentido poderia ter escolhido também Lipatin ou João Paulo, mas optei por Paulinho. Marcou um golo, enviou uma bola à trave e sempre que apareceu foi com perigo.

Matheus (Setúbal): actuação endiabrada do extremo-esquerdo sadino. Foi o melhor homem do jogo com o Nacional, fruto da sua velocidade, capacidade de drible e assunção da responsabilidade de ser o grande desequilibrador às ordens de Carlos Carvalhal. Cruzou para o golo de Paulinho e ainda esteve perto de fazer o gosto ao pé.


O facto:

Incontornavelmente, o passe/corte de Polga que Stojkovic resolveu recolher com as mãos e que acabou por decidir o clássico a favor do FC Porto. As interpretações do lance são díspares, não só dos adeptos em geral, mas também dos entendidos na matéria. Eu mantenho a minha opinião inabalável: Polga, que não é maluco nenhum, cortou a bola com o claro e deliberado intuito de a colocar num colega, portanto Stojkovic nunca poderia ter agarrado a bola. Ainda ontem, ao ver o 'Trio d'Ataque', vi aquela imagem do toque inteligente de Polga na bola e fiquei com a certeza quase absoluta que ele quis colocá-la num companheiro, por forma a manter a posse da mesma na sua equipa. Será que se o brasileiro não soubesse que tinha Tonel e Stojkovic atrás de si teria igualmente feito o corte daquela maneira e enviado a bola para aquela zona? É CLARO QUE NÂO!! Rui Oliveira e Costa, o sportinguista de serviço, veio com o argumento patético de que, nesta hipótese de haver intenção de Polga de passar atrás, o destinatário pensado foi Tonel e não Stojkovic, logo o guardião poderia sempre agarrar a bola! Mas será que nós somos todos burros? Então se, por hipótese, o Bosingwa atrasar a bola com força desde o meio-campo para o Pedro Emanuel e este a deixar rolar na direcção do Helton, que decide agarrá-la, não existe aqui nenhuma infracção??! Estão a querer reduzir ao mínimo a letra da lei para justificar um pretenso erro que, de facto, não existiu. Sem mais comentários... Pedro Proença fez o que lhe competia e a imagem de Paulo Bento no preciso instante em que Stojkovic agarrou a bola é suficientemente esclarecedora.


Assistências:

Benfica - Guimarães: 52.464
Belenenses - Braga: 1.840
E.Amadora - Naval: 812
Académica - U.Leiria: 3.583
P.Ferreira - Leixões: 2.643
Boavista - Marítimo: 3.841
FC Porto - Sporting: 49.709
Setúbal - Nacional: 3.236
Total: 118.128
Média: 14.766

domingo, 26 de agosto de 2007

BURRICE E INTELIGÊNCIA


FC PORTO - SPORTING 1 - 0
1ª Liga Portuguesa 2007-08
26 de Agosto de 2007
Estádio do Dragão (Porto)
Árbitro: Pedro Proença (Lisboa)
FC Porto: Helton; Bosingwa, Bruno Alves, Pedro Emanuel, Fucile; Paulo Assunção, Raúl Meireles (Mariano González 67'), Lucho González; Tarik (Postiga 46'), Lisandro (Bolatti 85'), Quaresma. Tr: Jesualdo Ferreira
Sporting: Stojkovic; Abel (Yannick Djaló 76'), Tonel, Anderson Polga, Ronny (Pereirinha 76'); Miguel Veloso, João Moutinho, Izmailov (Vukcevic 62'), Romagnoli; Derlei, Liedson. Tr: Paulo Bento
Ao intervalo: 0 - 0
Marcador: 1 - 0 Raúl Meireles 53'
CA: Quaresma 33', Derlei 53', Tonel 54', Anderson Polga 73', Bosingwa 86', Helton 90'+4'


Um golo de pura inteligência, resultante de um lance de pura burrice, definiu o resultado do clássico. Com exactamente 49.709 pessoas nas bancadas do Dragão e o ambiente ao rubro, o FC Porto de Jesualdo Ferreira derrotou, enfim, o Sporting de Paulo Bento, depois de nas três anteriores partidas entre ambas as equipas se terem registado um empate e duas vitórias leoninas. O FC Porto está agora na frente do campeonato, conjuntamente com o Marítimo, dispondo já de três e quatro pontos de vantagem sobre Sporting e Benfica, respectivamente.

Ao contrário do que sucedera na Supertaça, o jogo foi bom, dinâmico, emotivo e, embora nem sempre bem jogado, o espectáculo valeu a pena. A vitória assenta bem aos campeões nacionais. Fizeram mais pelos três pontos e mereceram-nos inteiramente. A uma primeira parte de domínio portista, respondeu o Sporting com maior ascendente na etapa complementar. A diferença é que os 'leões' se mostraram passivos e impotentes na fase de assédio portista, coisa que não aconteceu com o FC Porto que, mesmo no período em que sofreu maior pressão, nunca deixou de contra-atacar e mostrar-se ameaçador. No cômputo geral, os 'dragões' foram superiores, tiveram mais oportunidades claras de golo, incluindo a mais flagrante de todas, num livre à Quaresma que embateu na trave.

Jesualdo lançou Tarik para a titularidade, em detrimento do esperado Postiga, naquela que foi a única surpresa dos onzes iniciais. Embora tenha torcido um pouco o nariz quando soube desta escolha, não posso deixar de reconhecer que o marroquino efectuou uma exibição interessante, apesar de intermitente. Foi ele que criou as duas primeiras jogadas de grande perigo, ao arrancar pela esquerda em drible e cruzar para a área: na primeira ninguém acorreu ao cruzamento e na segunda Lucho, bem enquadrado com a baliza, rematou muito ao lado. Foi este o mote para a superioridade portista nos primeiros 45 minutos. Servindo-se de um meio-campo incansável na recuperação da bola e esclarecido na hora de construir, o FC Porto exerceu forte pressão sobre a defensiva sportinguista, chegando inúmeras vezes com perigo junto da baliza de Stojkovic.

O único ponto menos positivo nesta fase foi mesmo a falta de alguém na área leonina, facto normal se tivermos em conta que Lisandro desceu diversas vezes para importunar Miguel Veloso e não deixar repetir a superioridade numérica do Sporting a meio-campo acontecida na temporada passada. A verdade é que Assunção, Meireles e Lucho 'engoliram' autenticamente Moutinho, Izmailov e Romagnoli, proporcionando algumas jogadas de ruptura aos seus extremos e mantendo os seus defensores num mar de tranquilidade. O único apontamento que se viu ao Sporting foi um remate venenoso de João Moutinho de longa distância ao lado do poste, isto já depois de Quaresma ter, como disse, apontado superiormente um livre contra a trave, mais ou menos da zona onde havia marcado o portentoso golo da vitória em Braga. Onde será que acaba o talento do '7' azul e branco? Esta toada só abrandou nos últimos dez minutos, altura em que o Sporting conseguiu sacudir o aperto e subir um pouco no terreno, até ao descanso. Intervalo, 0 - 0, com o FC Porto a justificar a vantagem mas sem o conseguir.

Para o segundo tempo, Jesualdo fez entrar Postiga - bom jogo do mal-amado - para o lugar de Tarik, derivando Lisandro para uma das alas. Paulo Bento optou por não mexer na equipa, mas deve tê-lo feito com a cabeça dos jogadores, pois o Sporting surgiu transformado e entrou a todo o gás, com três boas situações em três minutos, apesar de não muito flagrantes: cabeceamento de Derlei para defesa de Helton, remate de Abel para nova intervenção do internacional brasileiro e novo remate de Derlei por cima, este do meio da rua. Mas o FC Porto, tal como referi, nunca se deixou encostar demasiado às cordas e respondeu à letra com um grande remate de Postiga para defesa de Stojkovic, seguido de recarga de Quaresma por cima. O jogo estava mais vivo e atractivo e sentia-se agora que qualquer equipa podia marcar.

Aos 52 minutos, o lance que decidiu o jogo: Postiga e Polga atacam uma bola morta, o central chega primeiro e, retirando a bola da frente do avançado com um simples esticar da perna, atrasa a bola na direcção de Tonel, que abre as pernas e a deixa seguir até Stojkovic. Inocente e incompetente (burro?), o guardião sérvio, com todo o tempo do mundo para pensar o que fazer, agarra a bola (!), para desespero de Paulo Bento, bem documentado nas imagens televisivas. O árbitro fez o que lhe competia e o que está determinado nas regras, marcando livre indirecto contra o Sporting sobre a linha de pequena área. Lucho 'El Comandante' González assume a marcação do lance e, quando toda a gente esperava um passe na frente para Quaresma, o argentino surpreende e toca atrás para Raúl Meireles, que fulmina a baliza do Sporting com um tiro indefensável. 1 - 0, o Dragão em apoteose e a justiça no marcador estabelecida.

O FC Porto continuou por cima durante mais alguns minutos, até que Bento trocou Izmailov por Vukcevic, respondendo Jesualdo com a entrada de Mariano por Meireles. E foi aqui que o decurso do jogo se alterou. Sem Meireles, o meio-campo portista ressentiu-se, perdeu capacidade de pressing, deixou de fazer a transição para o ataque de forma adequada e o Sporting aproveitou para subir as suas linhas e colocar a defensiva portista em sobressalto. Foi um erro trocar um trabalhador refinado por um médio tão ofensivo e sem espírito lutador, ainda mais a ganhar. Esta é a prova de que nem sempre a atitude mais ousada é a mais inteligente (esta é para os que apelidam Jesualdo de medroso). A luta do meio-campo ficou irremediavelmente perdida. Claro que, face à subida esperada do Sporting, até poderia ser bem pensado colocar um homem mais rápido e afoito, na tentativa de apanhar os 'leões' em contrapé e aumentar a vantagem. Só que o próprio andamento do jogo originou um efeito contrário e logicamente que depois de tudo acontecer é mais fácil falar!

A baliza de Helton estava agora ameaçada e Paulo Bento jogou mais uma cartada, retirando os laterais, fazendo entrar Pereirinha e Djaló e recuando Veloso, passando assim a jogar em algo parecido com um 3-5-2. Foi uma aposta arrojada e que possibilitou um domínio territorial ainda maior, embora as ocasiões claras de golo se resumam a um remate cruzado de Moutinho ao lado e uma bola que Helton deixou escapar das mãos perigosamente. Veio o final do jogo e estava consumado o fim da série de 26 jogos sem perder da turma sportinguista, perante um adversário superior e que fez por merecer o triunfo.

Quanto ao trabalho do árbitro, ao contrário do que se tem ouvido e lido em alguma comunicação social e também por aqui na blogosfera, não teve influência no resultado. No lance capital, decidiu como se impunha, já que Polga teve clara intenção de, cortando a bola, a direccionar a um companheiro e manter a posse da mesma na sua equipa. Os únicos equívocos foram a não amostragem de alguns cartões amarelos a jogadores de ambas as equipas e as não expulsões de Quaresma (ainda assim, viu o amarelo), primeiro, e Derlei, já perto do fim. Apesar de tudo, num jogo bastante difícil de dirigir, nota positiva para Pedro Proença.

No FC Porto, destaque maior para o trio de centrocampistas, Tarik nos primeiros minutos e para o talento de Quaresma, a espaços. Bosingwa alternou boas iniciativas com alguns 'rodriguinhos' na defesa (já vistos na Supertaça) perfeitamente escusados. No Sporting, após uma primeira parte de apagamento colectivo, emergiram Veloso, Moutinho, Derlei e Liedson. Vukcevic esteve bem no tempo em que jogou e Tonel foi o melhor do sector mais recuado. FC Porto na frente da liga, ou seja, como diz Bosingwa, "regresso à normalidade", porque isto de ter "os adversários a olhar para cima" é como lavar os dentes!

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

QUARESMA SUBLIME


1ª Liga - 1ª Jornada


Em virtude do pouco tempo disponível para me dedicar ao blog, esta análise surge com alguns dias de atraso. No entanto, vendo as coisas pelo lado positivo, sempre me livrei de opinar acerca da péssima exibição de Portugal na Arménia! Sobre o arranque da 1ª Liga, a 1ª jornada foi farta em acontecimentos. Desde logo, o empate do Benfica com o Leixões, que acabou por precipitar a talvez já esperada saída de Fernando Santos do comando técnico encarnado. José António Camacho foi o homem escolhido por Luís Filipe Vieira para dirigir a equipa de futebol. FC Porto e Sporting entraram com o pé direito nesta edição do campeonato e adiantaram-se já ao rival benfiquista, triunfando, respectivamente, sobre Braga e Académica. O Marítimo confirmou as boas expectativas criadas, debutando com uma excelente vitória caseira sobre o P.Ferreira. Os restantes encontros resultaram em igualdades: E.Amadora na Choupana, Setúbal em Guimarães, Boavista em Leiria e Belenenses na Figueira da Foz.




Jogos:


SPORTING - ACADÉMICA 4 - 1
1 - 0 Derlei 26', 2 - 0 Liedson 44', 3 - 0 Tonel 68', 3 - 1 Gyano 82', 4 - 1 João Moutinho 89' gp
Jogo relativamente fácil do Sporting, que contou com uma oposição algo débil, como já é apanágio das equipas montadas por Manuel Machado no reduto dos grandes. Excelentes exibições de alguns elementos leoninos. Derlei facturou e parece querer confirmar as minhas suspeitas de que fará bem melhor em Alvalade que o que produziu na Luz. Liedson também picou o ponto e revelou-se o trabalhador incansável do costume. Moutinho foi igual a si próprio e Vukcevic substituiu na perfeição o indisponível Izmailov. A Académica foi pouco ambiciosa, de tal forma que a sua principal estrela ficou no banco e apenas entrou aos 61 minutos, tendo merecido a derrota, quiçá até mais expressiva.


MARÍTIMO - P.FERREIRA 3 - 1
1 - 0 Makukula 14', 2 - 0 Ediglê 24', 3 - 0 Makukula 40', 3 - 1 Dedé 49'
Ao dizer que o primeiro tempo foram os seus piores 45 minutos de sempre enquanto técnico, José Mota praticamente explica o que se passou. Um vendaval de futebol ofensivo assolou a defensiva pacense e o resultado foram três tentos sem resposta. O luso-congolês Makukula, de regresso ao futebol português, foi o grande destaque da partida ao apontar dois golos. O reforço Ediglê, proveniente do Internacional, também assinou o seu nome na lista de marcadores, mostrando que pode pegar de estaca no centro da defesa maritimista. Apenas na segunda parte os 'castores' reagiram, mas o máximo que conseguiram foi o golo de honra, da autoria de Dedé. Este Marítimo de Sebastião Lazaroni promete.


NACIONAL - E.AMADORA 0 - 0
Quando o resultado de um jogo de futebol é um nulo, fica sempre um sabor a pouco futebol e à primazia das desfesas sobre os ataques, embora obviamente haja excepções. Neste caso, a regra foi confirmada. A jogar em casa, o Nacional tinha, à partida, maiores responsabilidades. O certo é que nunca teve um rendimento satisfatório e poderia até ter sofrido um defecho mais desfavorável, não fossem as defesas providenciais de Diego Benaglio. Os estrelistas exibiram sempre uma boa organização colectiva e este ponto alcançado, apesar de positivo, acaba até por saber a pouco.


BRAGA - FC PORTO 1 - 2
0 - 1 Quaresma 32', 1 - 1 João Pinto 49', 1 - 2 Quaresma 83'
No jogo grande da jornada, um excelente resultado para os portistas, num terreno complicado e perante um adversário de respeito. Quaresma foi a figura indiscutível ao apontar dois golos de livre directo, tendo o segundo sido um hino ao talento. É o grande candidato, sem discussão, a ser a grande estrela deste campeonato. O 'velhinho' João Vieira Pinto foi um dos bracarenses mais inconformados, tendo coroado a sua boa exibição com um belo golo. Lucho González regressou ao onze azul e branco e a sua categoria fez a diferença. Em evidência esteve também Postiga, que continua a demonstrar ter lugar no plantel de caras e a responder às inúmeras e sistemáticas críticas de que é alvo. Se os golos começarem a aparecer... Apimentado pelo muito público presente, o jogo propriamente dito foi de grande qualidade, com as duas equipas em busca da vitória e diversos lances bem desenhados, ou não estivessem no relvado alguns dos melhores intérpretes do nosso país. Face ao ligeiro ascendente portista, o resultado foi justo, embora Jorge Costa não o tenha reconhecido.


LEIXÕES - BENFICA 1 - 1
0 - 1 Petit 90', 1 - 1 Nwoko 90'+4'
Foi o jogo da despedida de Fernando Santos das 'águias'. Como havia acontecido na época passada, o Estádio do Bessa voltou a ser palco de um arranque negativo para o Benfica na liga. O Leixões nunca se atemorizou perante o nome do adversário e realizou uma prestação descomplexada e segura, tendo mesmo posto Quim à prova por diversas vezes. Homens como Vieirinha, Pedro Cervantes , Bruno China ou Nwoko - autor do golo do empate - deixaram água na boca dos adeptos para o resto do campeonato. No Benfica, apenas Rui Costa e Petit - abriu o activo - se exibiram em plano superior de qualidade, numa equipa que patenteou a intranquilidade em que foi mergulhada pela sua direcção. Em condições normais um golo solitário aos 90 minutos vale a vitória, mas o Benfica mais uma vez não foi capaz de revelar maturidade e deixou-se empatar aos 94!. Um prémio justíssimo para a abnegação e crença dos comandados de Carlos Brito. Este Leixões não engana e prepara-se para boas surpresas. O árbitro Jorge Sousa esteve mal ao 'esquecer-se' de marcar uma grande penalidade a favor do Benfica, por falta de Ezequias sobre Nuno Assis.


GUIMARÃES - SETÚBAL 1 - 1
1 - 0 Fajardo 5', 1 - 1 Matheus 25'
Perante uma bela moldura humana, o Guimarães desiludiu e não foi capaz de se superiorizar ao rival sadino. Foi um jogo de fases, com um domínio alternado, daí considerar o resultado justo. Os vimaranenses entraram a todo o gás e Fajardo cedo abruiu o marcador. A partir da igualdade restabelecida por Matheus, o Setúbal assumiu o controlo da partida, que se manteve até meados da segunda parte, com excelentes oportunidades de golo pelo meio. Só nos derradeiros 15/20 minutos, a turma da casa voltou à carga, tendo disposto de algumas boas chances de chegar ao triunfo. Fajardo e Elias foram os destaques fundamentais de ambos os conjuntos. Um resultado decepcionante para o Guimarães que, a jogar em casa diante da sua massa apoiante, talvez esperasse uma vitória neste seu regresso ao futebol de primeira.


U.LEIRIA - BOAVISTA 0 - 0
Mais um nulo, esse resultado tão odiado por quem gosta de futebol. Na primeira parte, o espectáculo foi pobre, com o futebol destrutivo característico dos boavisteiros, sem que os leirienses conseguissem encontrar soluções para perfurar a defensiva axadrezada. Após o intervalo, aí sim, os pupilos de Paulo Duarte encostaram o Boavista às cordas. Com as entradas de N'Gal e Toñito, os caseiros ganharam outra vivacidade e só o seu desacerto na finalização permitiu a repertição de pontos. Jogo fraco, diante de uma assistência desoladora, nada a que a cidade de Leiria não esteja habituada.


NAVAL - BELENENSES 1 - 1
0 - 1 Fernando 79', 1 - 1 Paulão 89'
Repartição justa de pontos, já que o domínio do jogo pertenceu a uma das equipas em cada parte: a Naval esteve melhor na primeira, respondeu o Belenenses na segunda. Todavia, foram os homens de Jorge Jesus que inauguraram o marcador, através de um livre de longa distância de Fernando. Quando a derrota já pairava sobre os figueirenses, Paulão foi à área contrária cabecear para o empate, na sequência de um pontapé de canto. Fernando Chaló estreou-se assim com uma igualdade no escalão maior, resultado que, embora não seja magnífico por ter acontecido em casa, também não deslustra, face ao maior poderio belenense. Num encontro sem grandes destaques individuais, o capitão navalense Gilmar talvez tenha sido o melhorzinho.




Equipa da jornada:


- Diego Benaglio (Nacional): grande exibição do internacional suíço, que salvou o Nacional de uma possível derrota caseira diante do E.Amadora. Na minha opinião, o guardião é a mais categorizada unidade da equipa, portanto este tipo de desempenhos não me surpreende.


- Ricardo Esteves (Marítimo): que mais pode querer um lateral que dois passes para golo? Sempre gostei do futebol deste jogador e a experiência acumulada em Itália parece ter-lhe dado franca evolução. Neste jogo, aliou a profundidade ofensiva à consistência defensiva. Excelente.

- Ediglê (Marítimo): numa ronda sem exibições excepcionais dos centrais, é justo destacar um que contribuiu com um golo para a vitória colectiva. Este brasileiro vem com vontade de se impôr no eixo defensivo dos verde-rubros. Para acompanhar com mais pormenor.


- Paulão (Naval): na sequência do acima referido, o central navalense entra para a equipa da jornada, pelo golo magnífico que marcou, de cabeça, e que valeu um ponto à sua equipa. Teve tempo para desperdiçar uma outra oportunidade. Na defesa, uma exibição sem falhas.


- Ezequias (Leixões): esquecido no FC Porto, rumou a Matosinhos e, a avaliar pela amostra, está com vontade de recuperar o seu crédito. Secou completamente Luís Filipe e ainda se aventurou algumas vezes na manobra atacante.


- Petit (Benfica): sempre inconformado, o médio encarnado procurou sempre ganhar os duelos na sua zona de acção e empurrar a equipa para a frente. Apontou, de cabeça, um golo que poderia ter sido bem mais importante, mas os seus colegas deixaram-no ficar mal pouco depois.


- Pedro Cervantes (Leixões): exibição de encher o olho deste médio de transição leixonense. A defender e a atacar, revelou sempre grande qualidade e lucidez. Alia uma assinalável capacidade combativa, a uma personalidade vincada para sair a jogar e servir os colegas do ataque. Magnífico.


- Fajardo (Guimarães): tivesse mantido a regularidade ao longo dos 90 minutos e teria protagonizado uma exibição perfeita. Nos períodos de maior assédio vimaranense, foi sempre o organizador de jogo e aquele que exibiu maior dose de criatividade. Marcou um golo de execução soberba. João Moutinho seria igualmente uma escolha ajustada.


- Quaresma (FC Porto): o homem da jornada, o verdadeiro artista, aquele que deu o triunfo aos 'dragões' em Braga. Os golos de livre que valeram três pontos, mostraram que é daqueles jogadores talhados para decidirem as partidas. Um génio. Temos Quaresma novamente...


- Makukula (Marítimo): um homem de área que marca dois golos plenos de sentido de oportunidade tem de se sentir feliz e convicto de dever cumprido. Além disso, participou ainda na jogada do golo de Ediglê, revelendo-se sempre bastante activo na luta com os centrias pacences. Fantástica estreia do luso-congolês.


- Derlei (Sporting): estive indeciso entre o 'Ninja' e Vieirinha, também ele com uma óptima exibição, mas o grande golo apontado por Derlei acabou por fazer a diferença. Além de ter facturado, mostrou-se sempre interventivo e disponível para participar em todas as acções da sua equipa, a fazer lembrar o 'velho' Derlei do FC Porto. Assim dá gosto vê-lo jogar.




O facto:


A substituição de Fernando Santos por José António Camacho foi, sem dúvida, o acontecimento mais relevante desta jornada inaugural da 1ª Liga. Que dizer desta decisão de Luís Filipe Vieira? Na minha opinião, Fernando Santos era um técnico a prazo na Luz há já algum tempo. Para esta temporada, resultava claro que a sua margem de erro era zero! As saídas de Simão e Manuel Fernandes (os dois melhores da equipa) originaram um clima de desconfiança e desconforto notórios entre si e o presidente, além de ter desfalcado a equipa de forma drástica, dificultando em muito o seu trabalho. Ora, este clima, conjugado com o descontentamento dos adeptos, agudizado com as fracas exibições diante de Copenhaga e Leixões, acabaram por precipitar a sua saída, talvez numa altura incoerente e de uma forma pouco digna. E digo isto porque uma vitória e um empate não são motivo para despedimento. O que motivou Luís Filipe Vieira a tomar esta atitude foi a necessidade de responder aos anseios da 'multidão' encarnada, numa altura em que ele próprio vem perdendo algum do crédito e simpatia conquistados no passado. Nada como uma medida populista - Camacho sempre foi o preferido da maioria dos benfiquistas - para passar para segundo plano os seus erros suicidas de planificação da época e o seu discurso mentiroso e atabalhoado. Sacudir a água do capote sempre foi o forte do líder encarnado. O engraçado é que, apesar de ser visível que o homem não nasceu para ser dirigente desportivo de topo, continua a ter um apoio popular enorme. Basta para isso afrontar quase diariamente Pinto da Costa e fazer do Apito Dourado o seu cavalo de batalha. E já está, as hostes ficam adormecidas!




Assistências:


Sporting - Académica: 34.272
Marítimo - P.Ferreira: 3.795
Nacional - E.Amadora: 1.950
Braga - FC Porto: 23.698
Leixões - Benfica: 12.710
Guimarães - Setúbal: 16.680
U.Leiria - Boavista: 1.346
Naval - Belenenses: 1.470
Total: 95.921
Média: 11.990

sábado, 18 de agosto de 2007

LIGA ESPANHOLA 2007-08 - DUELO DE TITÃS


Uma semana resta para o início da Liga Espanhola. Ofuscada nos últimos anos pela Premier League em termos de espectacularidade e notoriedade, não deixa, porém, de continuar uma competição de nível altíssimo, recheada de grandes estrelas, com os estádios invariavelmente cheios e cujo equilíbrio é uma garantia de emoção sem limites. A época passada é disso um bom exemplo, com o título a ficar decidido apenas na derradeira jornada. Para esta temporada, Barcelona e Real Madrid continuam a ser os mais sérios candidatos ao título e, na minha opinião, as duas únicas equipas com possibilidades efectivas de o conseguirem. Equipas como o Sevilha, o Valência e o Atlético Madrid correrão por fora, na condição de 'outsiders', à espreita dos hipotéticos tiros no pé dados pelos dois colossos. Face às movimentações de 'blaugranna' e 'merengues' neste defeso, a expectativa é enorme e o duelo será titânico.

O Barcelona apostou na continuidade, apesar da desastrosa campanha de 2006-07. Poucos jogadores saíram, dos quais se destacam Giuly, Saviola (directamente para o Real Madrid), Van Bronckhorst e Thiago Motta. Das poucas contratações, ênfase total para a entrada do 'galáctico' Henry (24 milhões de euros), a que se juntam Abidal, Gabriel Milito e Yayá Touré. Com efeito, se somarmos o avançado francês vindo do Arsenal aos já existentes Ronaldinho, Messi, Deco e Eto'o, parece que a 'equipa galáctica', outrora no Santiago Bernabéu, se estabelece agora no Camp Nou ( há quem lhes chame os '4 magníficos', esquecendo-se de Deco...). Questões em aberto subsistem ainda na equipa catalã. Gudjohnsen e Belletti podem mudar de ares, embora não haja certezas a esse respeito. Face à abundância de estrelas e à decorrente dificuldade da sua conciliação, a possibilidade de Deco sair continua a ser falada diariamente, o que não acredito que venha a suceder; seria um erro de palmatória dos responsáveis do clube.

Nestes moldes, é aliciante esboçar desde já um possível onze-base desta super-equipa, sendo praticamente um dado adquirido que o 4-3-3 continuará a ser o sistema utilizado. Na guarda das redes, estará o habitual Victor Valdés que, sem ser um 'portero' extraordinário, tem-se mantido a titular desde há bastante tempo. No sector mais recuado, muitas e boas opções para Frank Rijkaard. Zambrotta e Belletti (caso continue) para a direita, Abidal e Sylvinho para a esquerda, Puyol, Márquez, Thuram e Gabriel Milito para o centro, restando ainda o polivalente Oleguer. Do meio-campo para a frente é que começam as saudáveis dores de cabeça para o técnico holandês, tal é a diversidade e categoria dos jogadores disponíveis. Para jogar à frente da defesa, existe Xavi, Edmilson (pode jogar também a central) e Yaya Touré (excelente jogador e com uma compleição física impressionante), é só escolher. Depois surge aqui uma dúvida: será que Ronaldinho continuará a actuar do lado esquerdo do ataque ou, numa aposta mais arrojada, passará a jogar como '10', tendo Deco ou Iniesta atrás de si como médio de transição e possibilitando um trio de ataque composto por Messi, Eto'o e Henry? Esta segunda variante parecer-me-ía uma boa aposta (arriscada mas susceptível de gerar um retorno inigualável), mas tenho muitas dúvidas que Rijkaard esteja para aí virado. No pressuposto de Ronaldinho jogar na frente, um do tridente Messi-Eto'o-Henry terá sempre de sair, parecendo-me evidente que o candidato natural a fazê-lo será o camaronês. Nesse caso, teríamos Henry como avançado-centro e Messi a entrar pela direita. Na minha perspectiva, seja qual fôr a escolha, Deco terá sempre de jogar, pois é uma garantia de equilíbrio, talento e trabalho em simultâneo. Oxalá Rijkaard seja da mesma opinião e não comece a ostracizar o internacional português. Há que contar igualmente com Giovani dos Santos, esse prodígio mexicano de apenas 18 anos, que pode ser uma boa surpresa na temporada. Mais novo ainda - 16 anos - mas igualmente prodigioso é Bojan Krkic que, ao que parece, integrará também o plantel principal e estará à espreita de uma ou outra oportunidade para brilhar. Uma equipa absolutamente maravilhosa é aquilo que me apetece dizer nesta altura.

Para fazer frente ao gigante, aparece o melhor clube do século XX, o Real Madrid. Campeão em 2006-07 de forma algo surpreendente, os madrilenos apostaram na substituição do treinador e na aquisição de vários nomes de alto gabarito (consta que a coisa ainda não acabou), por forma a suprir as imensas saídas verificadas (Roberto Carlos, Beckham, Helguera, Reyes, Cassano, etc). Assim, o alemão Bernd Schuster é o novo timoneiro do monstro, decidido que foi o despedimento de Fábio Capello. Na lista de reforços já confirmados aparecem Pepe (30 milhões), Sneijder (27 milhões), Drenthe (14 milhões), Metzelder, Saviola e Dudek, a que se juntam os regressos pós-empréstimo de Júlio Baptista e Balboa (Soldado já sabe que não integrará o plantel e mesmo Baptista ainda não é certo que fique). Robben, Daniel Alves e, mais recentemente, o sevilhano Puerta continuam a ser possibilidades fortemente veiculadas na imprensa, numa altura em que a febre pelos portistas Quaresma e Lucho González parece estar curada, para já. Cristiano Ronaldo e Kaká também chegaram a ser equacionados, mas o Real Madrid esbarrou na intransigência de Manchester United e Milan em cederem as suas principais estrelas.

Apesar dos condicionalismos inerentes às indefinições ainda existentes, não é difícil concluir que estamos perante uma equipa temível. Schuster já admitiu que quer jogar com extremos e o 4-4-2 clássico parece ser o sistema escolhido. Casillas seguirá como dono da baliza, tendo como alternativa o experiente e categorizado Dudek. Pepe, mesmo com a desconfiança inicial dos espanhóis, reveladora da sua ignorância relativamente ao jogador, seguramente se afirmará como patrão da defesa, ao lado de Cannavaro. Metzelder e o polivalente Sérgio Ramos (pode jogar a central ou a lateral-direito) são as alternativas para o eixo defensivo. Miguel Torres pode funcionar em ambas as laterais, havendo ainda Michel Salgado e Cicinho (pode estar de saída)para a direita e Marcelo para a esquerda, já para não falar em Drenthe, que faz as posições de lateral e extremo-esquerdo com igual eficácia. Para o centro do terreno, há Diarra, Gago e Emerson, para funcionarem como médio mais recuado, surgindo Sneijder, Guti ou mesmo Baptista para uma posição um pouco mais adiantada. Nas alas, Higuaín, Balboa, Drenthe e Robinho (prefiro vê-lo inserido na dupla de ataque, à semelhança do que sucede no 'escrete') são, por agora, as soluções. Na frente, Van Nistelrooy é o único com lugar cativo. Raúl e Saviola são as opções mais naturais para lhe fazerem companhia, embora Robinho e Baptista possam funcionar aí na perfeição. Na certeza de que o plantel não está ainda fechado, esta é uma formação de sonho, com a obrigação de lutar pela vitória em todas as competições em que estiver inserida.


Para andar lá em cima na classificação e tentar bater o pé aos dois tubarões, perfilam-se Sevilha, Valência e Atlético Madrid, não obstante os dois primeiros lugares estarem, na minha opinião, encontrados. Na equipa andaluz, Daniel Alves está de saída e Puerta permanece uma incógnita, mas gente como Kanouté, Luís Fabiano, Poulsen, Adriano ou Dragutinovic assegurarão decerto uma época idêntica às anteriores. Duda é o português do plantel e oxalá continue a jogar com alguma regularidade. No Valência, a vedeta Van der Vaart é o mais recente desejo dos seus responsáveis e veremos nos próximos dias se tal se concretizará. Seria um reforço magnífico, para adicionar a elementos como David Villa, Morientes, Joaquín, Helguera, Albelda, Arizmendi ou os portugueses Miguel e Caneira. Uma vontade secreta de conquistar o título é perfeitamente natural no clube 'ché'. Já o Atlético Madrid atravessa um período de viragem e a aposta para 2007-08 foi fortíssima. Se juntarmos os reforços Simão, Reyes, Forlán e Luís Garcia aos da casa Maniche, Aguero, Maxi Rodríguez e Luccin, entre outros, obtemos um conjunto de grande porte no panorama do futebol espanhol, que pode ambicionar a voos bem altos no país-vizinho. Zé Castro é uma boa opção para central, enquanto Costinha deve estar de saída. Todavia, apesar da valia destes 'outsiders', é minha convicção que o título é uma luta a dois entre Barça e Real:





BARCELONA


Principal estrela: Ronaldinho.
Onze-tipo (4-3-3): Victor Valdés; Zambrotta, Puyol, Rafael Márquez, Abidal; Xavi, Iniesta, Deco; Messi, Henry, Ronaldinho.
Principais opções: Thuram, Edmilson, Yaya Touré, Giovani dos Santos, Eto'o.
Treinador: Frank Rijkaard.
Comentário: à entrada para 2007-08, o Barcelona parece-me a melhor equipa do mundo do momento, inclusivé bem superior ao Real Madrid. Como tal, aposto em Deco e companhia para ganhar o título espanhol. Apesar deste onze-tipo, face ao excedente de qualidade no plantel e à longa duração da época, com diversas provas para disputar, uma rotatividade cuidada dos recursos humanos é o melhor caminho a seguir.




REAL MADRID


Principal estrela: Van Nistelrooy.
Onze-tipo (4-4-2): Casillas; Sérgio Ramos, Pepe, Cannavaro, Miguel Torres; Diarra, Sneijder, Robinho, Drenthe; Raúl, Van Nistelrooy.
Principais opções: Gago, Guti, Higuaín, Júlio Baptista, Saviola.
Treinador: Bernd Schuster.
Comentário: é uma grande equipa, mas a concorrência poderosa do Barça, aliada à crónica instabilidade madrilena, faz com que não acredite na viabilidade do bi-campeonato. Se Daniel Alves for contratado, entra directamente para o onze, é lógico. Se Robben sempre rumar ao Chamartin, baixa Drenthe para lateral, em detrimento de Torres (lateral apenas mediano). Se Raúl continuar na má forma da época passada, senta no banco por troca com Higuaín, avançando Robinho para fazer parelha com 'Van Gol'.




Não resisto, como nota final, a uma reflexão comparativa interessante entre Barcelona e Real Madrid. No texto 'MESSI, DISCÍPULO DE MARADONA', aqui exibido em Abril passado, escolhi os meus dez melhores jogadores do mundo daquele momento. Talvez agora fizesse uma escolha diferente na ordem (Kaká estaria mais à frente, por exemplo), mas os nomes seriam exactamente os mesmos. Pois bem, daquela elite soberba, o Barça conta com cinco (!) jogadores (Ronaldinho, Henry, Deco, Messi e Eto'o), contra apenas um (Van Nistelrooy) do Real. Elucidativo! Barcelona, Real Madrid, Sevilha, Valência, Atlético Madrid, Saragoça, Bétis, Corunha, Athletic Bilbao, Villarreal, Osasuna, Espanhol, Recreativo Huelva, Maiorca, Racing Santander, Valladolid, Getafe, Levante, Murcia e Almería. São estas as vinte equipas que vão entrar em cena nos relvados espanhóis, dando corpo a uma das mais fantásticas ligas da Europa. A não perder, num país perto de si.

domingo, 12 de agosto de 2007

IZMAILOV E PAIXÃO


FC PORTO - SPORTING 0 - 1
Supertaça Nacional 2007-08
11 de Agosto de 2007
Estádio Dr. Magalhães Pessoa (Leiria)
Árbitro: Bruno Paixão (Setúbal)
FC Porto: Helton; Bosingwa, Bruno Alves, Pedro Emanuel, Fucile; Paulo Assunção (Leandro Lima 84'), Raúl Meireles (Mariano González 78'), Cech (Kazmierczak 74'); Quaresma, Adriano, Lisandro. Tr: Jesualdo Ferreira
Sporting: Stojkovic; Abel, Tonel, Anderson Polga, Pedro Silva (Ronny 11'); Miguel Veloso, João Moutinho, Izmailov, Romagnoli (Gladstone 87'); Derlei (Yannick Djaló 87'), Liedson. Tr: Paulo Bento
Ao intervalo: 0 - 0
Marcador: 0 - 1 Izmailov 76'
CA: Paulo Assunção 2', Pedro Emanuel 10', Abel 17', Anderson Polga 59', Mariano González 86', Derlei 87', Liedson 90'+3'


Está entregue o primeiro título da temporada. Perante cerca de 22 mil espectadores, o Sporting conquistou a Supertaça Cândido de Oliveira, ontem à noite, em Leiria. Derrotou o campeão FC Porto por 1 - 0 e fez a festa de mais uma importante conquista, iniciando assim da melhor forma uma época que se adivinha longa e difícil. O espectáculo foi pobre, próprio desta fase ainda embrionária, embora fosse de esperar um pouco mais de qualidade de duas formações com responsabilidades no futebol português. Vi o jogo e não gostei, ponto!

A que se deveu este resultado desfavorável aos 'dragões'? Basicamente a quatro razões: à pouca audácia/ambição de Jesualdo Ferreira na abordagem ao jogo, que se manteve enquanto perdurou o empate; à falta de sorte, materializada em duas bolas ao poste; a um momento fantástico de inspiração do russo Izmailov, que resultou no único golo da partida; e, por último, a um erro do árbitro Bruno Paixão que, ao não assinalar um penalty claro por mão de Tonel na área, prejudicou os portistas e influenciou directamente o desfecho da competição. Mas vamos lá por partes.

Mal tive conhecimento da constituição dos onzes iniciais, não pude deixar de ter um mau pressentimento, com a colocação de Cech no miolo do terreno. Por que razão continua Jesualdo Ferreira a insistir, por vezes, neste jogador para o sector médio, sabendo-se da sua pouca dose de criatividade e capacidade para pensar o jogo? É com um meio-campo formado por três homens de características defensivas que Jesualdo quer ganhar as partidas? É assim que quer colocar em prática o seu discurso ambicioso? Que provas mais ainda precisa o professor para perceber que Cech como centrocampista não resulta (estou-me a lembrar, por exemplo, do banho que levamos em Londres, do Arsenal , na época passada)? Um clube como o FC Porto, campeão europeu e mundial recentemente, não pode jogar sem um armador de jogo, um '10', um pensador competente do futebol ofensivo. Se Leandro Lima é demasiado imaturo, então que se volte ao mercado urgentemente. Ou então que se teste um tecnicista como Mariano González nessa posição. Faltou Lucho González? Sim, é verdade, mas não sei se o argentino resolverá esse défice de imaginação, como sabemos ele é um médio de transição de eleição, mas não um 'playmaker'. Concebo Lucho a fazer de '10' apenas em jogos mais difíceis, talvez fora de casa na Champions, mas só. Ou seja: o meio-campo do FC Porto deve ter UM médio-defensivo (Assunção, Bolatti, Kaz, Meireles), UM médio de transição (Lucho, Meireles, Kaz) e UM médio-ofensivo (Leandro, Mariano ou... mercado!). Há aqui muitas combinações plausíveis, só é preciso é não inventar, não colocar os jogadores fora da posição, não ser medroso, perceber a grandeza deste clube. Jesualdo, arrepia caminho e repensa opções, senão um mau bocado se aproxima.

Paulo Bento apresentou a equipa esperada, procedendo apenas à adaptação de Pedro Silva a lateral-esquerdo, confirmando a pouca confiança em Ronny, sobretudo no aspecto defensivo, até porque pela frente se apresentavam Quaresma e Lisandro.

O jogo pautou-se sempre pelo equilíbrio, com as defesas a superiorizarem-se quase sempre aos ataques e com muita pressão de ambas as equipas sobre o portador da bola. O que deu origem a um jogo feio, pouco fluído, com muitos passes errados e escassas jogadas com princípio, meio e fim. Ainda assim, o FC Porto teve um ligeiro ascendente e andou mais tempo próximo da área leonina, nomeadamente através das subidas de Fucile - muito bom jogo do uruguaio - e de algumas arrancadas de Quaresma. Além de dois ou três cruzamentos de relativo perigo, enviou duas bolas ao poste da baliza de Stojkovic, uma de Quaresma e outra de Kazmierczak, entrado na segunda parte, esta logo após o golo sportinguista. Golo que apareceu aos 76 minutos, sem que nada o justificasse, na sequência de um pontapé explosivo de Izmailov de fora da área, com Assunção a ver jogar. Um momento de grande espectáculo, a provar que este médio vindo do frio é mesmo um reforço de peso. Estava visto que a sorte estava do lado do Sporting. Apesar de o FC Porto ter feito um jogo medíocre, chegou para ser superior ao adversário e para justificar um resultado diferente. Apesar de Stojkovic não ter efectuado uma defesa digna desse nome, os postes foram seus fiéis aliados.

Por falar em aliados... O árbitro da partida foi Bruno Paixão, o tal de Campo Maior. Quando o Tonel meteu a mão à bola no interior da área, eu vi, os jogadores viram e o público, a avaliar pela reacção vinda da bancada, também não teve dúvidas. Admito que Paixão não tenha visto (assim como o árbitro-assistente), admito que tenha visto mas tenha considerado bola na mão (o que é grave pois foi mão na bola indiscutível), admito que tenha sido um aliado apenas acidental. Mas que foi aliado foi. Que prejudicou o FC Porto e teve influência directa no resultado, não há dúvida. Que a Supertaça podia estar no Dragão caso ele tivesse marcado a grande penalidade que se impunha, isso podia. O que não diriam os Velhos do Restelo deste país se o lance tivisse sido o contrário? Isso todos sabemos. Nem são os erros arbitrais que mais revoltam, porque equívocos todos cometem e nunca hão-de acabar, ora a favor ora contra, hão-de continuar a existir. O que revolta é o tratamento que se dá a esses erros, consoante a cor das camisolas. O que revolta é a certeza de que a associação gratuita que se faz entre o processo 'Apito Dourado' e o FC Porto, está objectivamente a prejudicar o clube dentro das quatro linhas.

É por isso que vamos ser campeões novamente, revelando o nosso espírito de conquista e união absolutamente inigualáveis em Portugal. Doa a quem doer.

sábado, 11 de agosto de 2007

PREMIER LEAGUE 2007-08 - RONALDO vs MOURINHO


Tudo a postos para começar o melhor campeonato do maior espectáculo do mundo. Para um amante puro de futebol não há nada mais excitante que ver os jogos desta liga. Já sentíamos falta da maravilhosa Premier League, que promete ser esta temporada melhor do que nunca. Ao longo de 38 jornadas, fantásticos jogos definirão o novo campeão inglês, numa maratona que nos irá entrar em casa todas as semanas para que nos possamos deleitar e apaixonar. Manchester United e Chelsea: dois galos para um poleiro. Liverpool e Arsenal são candidatos crónicos, mas a meu ver poucas possibilidades terão de ombrear com os dois mais fortes.

O Manchester United parte como principal favorito à conquista do ceptro. Campeão em título, o conjunto orientado por Alex Ferguson acrescentou algumas mais-valias importantes à já imensa capacidade demonstrada em 2006-07, quando colocou termo à senda vitoriosa dos 'blues' na Premiership. Anderson (ex-FC Porto), Nani (ex-Sporting), Hargreaves (ex-Bayern Munique) e Tevez (ex-West Ham) são as contratações mais sonantes do United, operações que significaram um brutal investimento financeiro de Malcolm Glazer, proprietário do clube. Está em ebulição uma equipa ainda mais espectacular que a que vimos em tempos recentes. O talento somado de todo o conjunto, adicionado à mestria de Ferguson e Queiroz e impulsionado pelo inferno de Old Trafford dará seguramente uma máquina de futebol difícil de suster.

Na baliza ,Van der Sar continua com as suas faculdades intactas apesar da idade, como comprovaram os três penalties defendidos na recente vitória da Supertaça Inglesa, diante do Chelsea. Na defesa, Rio Ferdinand segue como autêntico patrão, não sendo de descurar nomes como Vidic, Gary Neville, Evra ou Heinze (muito pretendido pelo Liverpool). No centro do terreno, Carrick, Fletcher, o reforço Hargreaves e o sensacional Scholes asseguram uma luta pela titularidade que só beneficiará o colectivo. Em princípio, apenas dois deles jogarão em simultâneo. Nas faixas laterais, Cristiano Ronaldo, o melhor jogador do mundo, vai continuar a reinar e a calar os seus detractores. Desta feita, vinte golos foi a aposta com Ferguson. Giggs será, à partida, o simétrico do português no campo, embora a magia de Nani e a velocidade de Ji-Sung Park possam vir a ser muitas vezes vistas nos relvados britânicos. Na frente, a dupla terrível formada por dois génios rebeldes: Rooney e Tevez, ou o sonho de qualquer treinador. Saha e Solskjaer vão ter que esperar pela sua vez, que pode demorar a chegar... Neste sistema 4-4-2, clássico e bem aberto nas alas, Anderson terá algumas dificuldades em se impôr pela posição que ocupa. Pode sempre jogar descaído para a esquerda, na zona de Giggs. Ou então esperar que Ferguson monte a equipa em 4-3-3, algo que na temporada transacta sucedia com frequência. 'Dream Team'? Equipa imbatível?

Tem a palavra o Chelsea de José Mourinho. E quando se trata do 'Special One' o melhor é ficar de pé atrás. Convém às gentes de Manchester não lançar já os foguetes. Podem levar com as canas! Mourinho estará mais motivado que nunca para voltar a ganhar. Não só para colocar em sentido os rivais e fazer os tablóides sensacionalistas baixar a crista, como também para resolver certas questões internas que nós cá sabemos. A política do Chelsea mudou de conceito. Deixou os gastos astronómicos e as contratações-bomba a cargo do rival United e adquiriu cirurgicamente homens necessários no plantel, sedentos de uma glória ainda não alcançada e sem gastar exorbitâncias. Pizarro (ex-Bayern Munique), Ben Haim (ex-Bolton), Sidwell (ex-Reading), Malouda (ex-Lyon) e Alex (ex-PSV Eindhoven) são os novos da formação. E o que é que isto dá?

Na baliza, Petr Cech, ponto sem discussão. O português Hilário vai ter que ser paciente, até porque tem ainda Cudicini à sua frente. No sector defensivo, dois tugas com ambições de titularidade: Paulo Ferreira e Ricardo Carvalho. Este continuará de pedra e cal no eixo ao lado do capitão Terry. Mas dada a longevidade da temporada, a multiplicidade de competições e as próprias contingências do jogo, Alex e Ben Haim terão francas hipóteses de actuarem também. Já o lateral-direito deverá contar com a forte oposição de Glen Johnson e Lassana Diarra, apesar de, na minha opinião, devesse ser o titular absoluto pela categoria que possui. Do lado canhoto, Ashley Cole para jogar regularmente e Bridge para entrar de quando em vez. Do meio-campo para a frente, surge a dúvida motivada pelo esquema escolhido. 4-4-2 em losango ou 4-3-3 aberto, eis a questão. Mourinho tem a turma rotinada no 4-4-2 da época passada, mas talvez não resista a algumas incursões pelo sistema que utilizou quando chegou a Inglaterra e que tão bons resultados originou. Para o sector médio, Makelele, Obi Mikel, Essien (portentoso jogador), Ballack (muito cobiçado pelo Real Madrid), Sidwell, Joe Cole e Lampard, constituem opções de valor altíssimo. Para a frente de ataque, Pizarro, Shevchenko, Wright-Phillips, Kalou, Malouda (pode também jogar no meio-campo como interior-esquerdo) e o fabuloso Drogba, o tal que esteve quase a vir para o FC Porto (tentei ter piada, mas admito não o ter conseguido)! Robben é uma daquelas novelas sem aparente fim à vista, ora fica no Chelsea, ora vai para o Real Madrid, portanto fico sem saber em que plantel enquadrá-lo. O United pode ser uma equipa de sonho mas o Chelsea não andará lá muito longe.

Como referi, do meu ponto de vista, o título é questão a decidir entre 'red devils' e 'blues', num duelo que se antevê feroz. O Liverpool está uma equipa superior à do ano passado. Manteve Gerrard, Mascherano e Riise, só para falar nos melhores. Contratou Fernando Torres, um avançado espanhol de categoria ímpar, por 36 milhões de euros, além das fortes apostas em jovens promissores como o holandês Babel ou o brasileiro Lucas. No entanto, a minha previsão é que ainda não vai ter andamento para aguentar 38 longas jornadas lá no topo, lado a lado com os rivais mais fortes. Acerca do Arsenal, pouco há a dizer para além da constatação de que a saída de Henry para o Barcelona matou quaisquer aspirações que Arsene Wenger pudesse ter em conquistar um título que já foi seu. Fabregas e Van Persie são do melhor que há no futebol europeu, mas não são como o Cristiano Ronaldo, que ganha a Premier League 'sózinho'! Assim, concentremo-nos na luta pelo título:


MANCHESTER UNITED

Principal estrela: Cristiano Ronaldo.
Onze-tipo (4-4-2): Van der Sar; Gary Neville, Rio Ferdinand, Vidic, Evra; Hargreaves, Scholes, Cristiano Ronaldo, Giggs; Rooney, Tevez.
Principais opções: Carrick, Anderson, Nani, Park, Saha.
Treinador: Alex Ferguson.
Comentário: para a maioria é o principal candidato ao título, algo que se entende perfeitamente. Se é o campeão em título, não perdeu ninguém importante e ainda se reforçou com executantes insuspeitos, é difícil não se considerar o United o candidato nº1.


CHELSEA

Principal estrela: Lampard.
Onze-tipo (4-4-2): Cech; Paulo Ferreira, Ricardo Carvalho, Terry, Ashley Cole; Essien, Lampard, Malouda, Ballack; Shevchenko, Drogba.
Principais opções: Alex, Obi Mikel, Joe Cole, Kalou, Pizarro.
Treinador: José Mourinho.
Comentário: estou com um 'feeling' que o Chelsea vai reconquistar o título, algo que advém principalmente da sede de vencer e auto-motivação de Mourinho. Será um dos maiores desafios da sua carreira. Uma nota: se Ballack sair, o que não acredito, avança Joe Cole para o onze-base.


Faltam apenas umas horas para começar este grande espectáculo. As melhores equipas, os melhores jogadores, os melhores treinadores com os seus 'mind-games' da praxe, os estádios cheios, um ambiente absolutamente demolidor, o amor pelo jogo e o sentido de 'fair-play', tudo numa só competição, a melhor liga de futebol do mundo. Manchester United, Chelsea, Liverpool, Arsenal, Tottenham, Aston Villa, Newcastle, Portsmouth, Blackburn, Everton, Bolton, Fulham, Birmingham, Manchester City, Sunderland, West Ham, Reading, Wigan, Middlesbrough e Derby County. Façam o favor de começar!

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

PRIMEIRO TROFÉU


É já amanhã que se decide o primeiro troféu de 2007-08. O Estádio Dr. Magalhães Pessoa, em Leiria, será o palco das emoções, onde se defrontarão FC Porto e Sporting para a Supertaça Cândido de Oliveira. Após as movimentações do defeso e os jogos/torneios de preparação, está aí a primeira competição oficial da temporada. O aprumo das equipas prossegue em ritmo acelerado.

No FC Porto, Farías é o único indisponível, a contas com uma lesão contraída no Torneio de Roterdão. De fora ficam igualmente outros nomes, uns mais sonantes que outros. Lucho González é talvez a principal surpresa reservada pelo técnico azul e branco. Com apenas uma semana de treinos, foi entendido que a sua condição está ainda aquém do exigível para um desafio desta importância. Vai fazer falta mas entendo a opção. Postiga foi também arredado da lista de convocados, ficando o centro do ataque a cargo de Adriano e Edgar. Para quem - como eu - ainda tinha dúvidas sobre a posição de Jesualdo face ao avançado que lhe deu diversas vitórias na época passada, ficou certamente esclarecido. Postiga é uma carta fora do baralho de Jesualdo e a sua saída apenas depende do aparecimento de uma proposta aceitável, até porque nem sequer teve direito a um número de camisola. É pena! Stepanov, Lino e Luís Aguiar ficam igualmente a torcer por fora. Se relativamente ao sérvio pode alegar-se o menor tempo de trabalho face aos companheiros, no que respeita aos outros dois, parece que começam a ficar para trás. Reconheça-se também que aquilo que mostraram até agora não foi nada famoso, daí que a sua exclusão da Supertaça não me espante.

O onze está praticamente encontrado, havendo apenas uma dúvida no meio-campo entre Leandro Lima e Kazmierczak, estando eu mais inclinado a pensar que Jesualdo escalará o polaco para a constituição inicial, embora eu preferisse o '10' brasileiro. Assim, o FC Porto deverá subir ao relvado da seguinte forma: Helton; Bosingwa, Bruno Alves, Pedro Emanuel, Fucile; Paulo Assunção, Raúl Meireles, Kazmierczak; Quaresma, Adriano, Lisandro. Como opções existem Nuno, João Paulo, Cech, Bolatti, Leandro Lima, Mariano González, Tarik e Edgar, sendo que um deles vai ficar forçosamente na bancada.

No Sporting as indefinições também são escassas. Apenas nas laterais permanece alguma dúvida. Abel ou Pedro Silva? Possivelmente o segundo. Had ou Ronny? Talvez o primeiro. Desta forma o onze será o seguinte: Stojkovic; Pedro Silva, Tonel, Anderson Polga, Had; Miguel Veloso, João Moutinho, Izmailov, Romagnoli; Liedson, Derlei.

Partindo do pressuposto que ambas as equipas apresentarão os seus sistemas habituais, convém que Jesualdo encontre soluções para não se repetir a superioridade numérica no meio-campo observada no último confronto entre 'dragões' e 'leões', na época passada, na derrota do FC Porto em casa por 1 - 0. E tal consegue-se, ora com a subida de um lateral para encostar no respectivo interior leonino, ora com o abaixamento de um extremo, dependendo da situação de jogo. É preciso não entrar a nanar!

Estádio Dr. Magalhães Pessoa, amanhã, 21 horas. A não perder o primeiro título da temporada para o FC Porto. É esta a minha convicção, apesar de Bruno Paixão...

terça-feira, 7 de agosto de 2007

O ESPECTÁCULO VAI COMEÇAR!


Está quase! Agora que falta pouco para a bola começar a rolar a sério, a ansiedade dos indefectíveis adeptos das 16 equipas da 1ª Liga tende a subir. Após a balbúrdia do defeso, com entradas e saídas em série que baralham a cabeça aos mais conhecedores, o tempo é de maior definição e acalmia. A maioria das equipas tem o respectivo plantel concebido e já sabe com o que pode contar para a época que vai começar. Com os jogos de preparação a serem ultrapassados, os devidos testes efectuados e sentido o pulso aos novos reforços, não existe aficionado que ainda não tenha esboçado o onze-tipo da sua equipa do coração. Há equipas cujo sistema de jogo é claramente conhecido. Outras existe em que o esquema a utilizar não é tão visível ou mediatizado. Neste caso, no exercício que se segue, escolherei o sistema que permita inserir os 'meus' titulares. É evidente que as opções são várias e, muitas vezes, de igual valia, e que há variantes que dependem do adversário, da forma dos jogadores, da gestão do grupo, do local do jogo, etc. Assim de repente, estão aqui as minhas considerações/expectativas acerca dos 16 integrantes da 1ª Liga 2007-08:


FC PORTO

- Principal estrela: Quaresma.
- Onze-tipo (4-3-3): Helton; Bosingwa, Bruno Alves, Stepanov, Fucile; Paulo Assunção, Lucho González, Leandro Lima; Quaresma, Adriano, Lisandro.
- Principais opções: Kazmierczak, Raúl Meireles, Mariano González, Edgar, Farías.
- Treinador: Jesualdo Ferreira.
- Comentário: perdeu Anderson e Pepe, mas fez algumas contratações de bom nível, principalmente Stepanov, Mariano González e Leandro Lima. Possui um plantel equilibrado e com um vasto leque de opções, de características diferenciadas e complementares. Espera-se inteligência nas escolhas e na gestão por parte de Jesualdo Ferreira. Parte na 'pole position' para revalidar o título e alcançar o tri.


SPORTING

- Principal estrela: João Moutinho.
- Onze-tipo (4-4-2): Stojkovic; Abel, Tonel, Anderson Polga, Had; Miguel Veloso, João Moutinho, Izmailov, Romagnoli; Liedson, Derlei.
- Principais opções: Gladstone, Adrien Silva, Vukcevic, Yannick Djaló, Purovic.
- Treinador: Paulo Bento.
- Comentário: o plano de incrementação da formação prossegue - Adrien Silva é a mais recente pérola e promete dar que falar - mas nesta temporada a margem de erro é menor. Os adeptos estão com a equipa e com o treinador, embora este saiba que um novo segundo lugar pode colocar em risco a sua continuidade. Destaque para as saídas de Nani, Ricardo, Caneira e Tello, e para as entradas de Izmailov, Vukcevic, Derlei e Purovic.


BENFICA

- Principal estrela: Manuel Fernandes.
- Onze-tipo (4-4-2): Quim; Luís Filipe, Luisão, David Luíz, Léo; Petit, Katsouranis, Manuel Fernandes, Rui Costa; Adu, Cardozo.
- Principais opções: Nuno Assis, Di Maria, Fábio Coentrão, Bergessio, Nuno Gomes.
- Treinador: Fernando Santos.
- Comentário: tolerância zero para Fernando Santos. Depois dos maus resultados da época passada e no seguimento do forte investimento neste defeso, os adeptos exigem o título e a qualificação para a fase de grupos da Liga dos Campeões. A saída de Simão veio esfriar o optimismo que reinava na Luz e não será fácil o Benfica superiorizar-se aos rivais directos na luta pelo ceptro nacional.




BRAGA


- Principal estrela: João Pinto.
- Onze-tipo (4-3-3): Paulo Santos; João Pereira, Paulo Jorge, Rodriguez, César Peixoto; Andrés Madrid, Roberto Brum, João Pinto; Zé Manel, João Tomás, Wender.
- Principais opções: Anilton Júnior, Frechaut, Yasser Hussain, Vandinho, Lenny.
- Treinador: Jorge Costa.
- Comentário: parte com o objectivo ambicioso de importunar os três grandes e andar nos lugares cimeiros, sendo este o primeiro teste a sério à capacidade do técnico Jorge Costa. O plantel é vasto e equilibrado, embora a meta de subir ao pódio não se afigure fácil. Entre outros, saíram Luís Filipe, Andrade, Bruno Gama e Zé Carlos e entraram Peixoto, Brum, Zé Manel e João Tomás.




BELENENSES


- Principal estrela: José Pedro.
- Onze-tipo (4-4-2): Costinha; Amaral, Rolando, Devic, Rodrigo Alvim; Rúben Amorim, Hugo Leal, José Pedro, Silas; Mendonça, Dady.
- Principais opções: Gonçalo Brandão, Areias, Cândido Costa, Roncatto, Fernando.
- Treinador: Jorge Jesus.
- Comentário: veremos se consegue repetir a excelente temporada passada. Com o experiente Jorge Jesus aos comandos, a ideia é continuar a fazer crescer um clube histórico do futebol português. Jogadores importantes abandonaram o Restelo, casos de Nivaldo, Sandro Gaúcho e Garcés. Para colmatar essas baixas destacam-se as contratações de Devic, Hugo Leal e Mendonça. Aguarda-se uma classificação na parte superior da tabela.




PAÇOS DE FERREIRA


- Principal estrela: Antunes.
- Onze-tipo (4-3-3): Peçanha; Mangualde, Rovérsio, Luíz Carlos, Antunes; Paulo Gomes, Filipe Anunciação, Pedrinha; Edson, Furtado, Cristiano.
- Principais opções: Ferreira, Dedé, Renato Queirós, Márcio Carioca, Edson Di.
- Treinador: José Mota.
- Comentário: as saídas relevantes de Geraldo, Paulo Sousa, Elias e João Paulo foram supridas com as entradas de Rovérsio, Paulo Gomes, Filipe Anunciação e Furtado, esperando-se que todos entrem directamente no onze. O Paços é um caso de regularidade e estabilidade na 1ª Liga e de competência do seu treinador, como comprovam as classificações alcançadas nos últimos anos. Em 2007-08, teremos certamente mais do mesmo.




UNIÃO DE LEIRIA


- Principal estrela: Sougou.
- Onze-tipo (4-3-3): Fernando; Éder, Renato, Éder Gaúcho, Alhandra; Tiago, Faria, Toñito; Maciel, João Paulo, Sougou.
- Principais opções: Laranjeiro, Filipe Machado, Lee, N'Gal, Paulo César.
- Treinador: Paulo Duarte.
- Comentário: em minha opinião, a turma leiriense perdeu qualidade em relação à temporada passada. Jogadores importantes como Rossato, Marcos António, Paulo Gomes, Paulo Machado, Harison, Ivanildo e Slusarski não foram suficientemente substituídos. Apenas Éder Gaúcho (um regresso ao Lis), Tiago, Toñito, Maciel e João Paulo dão algumas garantias de rendimento, todos os restantes reforços são completas incógnitas. Paulo Duarte parace ter saído a perder a a temporada não se antevê um mar de rosas.




NACIONAL


- Principal estrela: Diego Benaglio.
- Onze-tipo (4-4-2): Diego Benaglio; Patacas, Ricardo Fernandes, Ávalos, Bruno Basto; Bruno Amaro, João Coimbra, Juliano Spadacio, Fellype Gabriel; João Moreira, Rodrigo.
- Principais opções: Alonso, Cléber, José Vítor, Pateiro, Cássio.
- Treinador: Pedrag Jokanovic.
- Comentário: a manutenção do suíço Diego na defesa das suas redes, bem como de todo o sector defensivo, é um trunfo do Nacional para a temporada que se segue. Daí para a frente, algumas mexidas, tendo principalmente saído Bruno, Chaínho e Chilikov e entrado João Coimbra, Gabriel e João Moreira. Tenho algumas reticências relativamente a Jokanovic e ao comportamento nacionalista para este campeonato.




ESTRELA DA AMADORA


- Principal estrela: Nélson.
- Onze-tipo (4-3-3): Nélson; Rui Duarte, Maurício, Wagnão, Edu Silva; Marco Paulo, Tiago Gomes, Mateus; Pedro Pereira, Mossoró, N'Diaye.
- Principais opções: Vítor Moreno, Daniel, Elson, Nuno Viveiros, Moses.
- Treinador: Daúto Faquirá.
- Comentário: orientado por um dos técnicos mais competentes do nosso futebol, o Estrela terá talvez uma temporada bastante dura e andará na sempre indesejável luta pela permanência. Parece ter perdido qualidade relativamente à época que passou. Partiram Paulo Lopes, Amoreirinha, José Fonte, Luís Loureiro, Rui Borges e Dário, chegaram Nélson, Vítor Moreno, Wagnão, Mateus e Mossoró, entre outros. Não me inspira confiança a formação da Reboleira.




BOAVISTA


- Principal estrela: Linz.
- Onze-tipo (4-3-3): Jehle; Rissutt, Ricardo Silva, Tambussi, Mário Silva; Diakité, Fleurival, Gajic; Edgar, Linz, Grzelak.
- Principais opções: Carlos, Essame, Bosancic, Laionel, Fary.
- Treinador: Jaime Pacheco.
- Comentário: olhando para o onze teoricamente mais forte, a equipa axadrezada parece ter pernas para andar. No entanto, há outras formações fortes, cuja concorrência exercida será de respeito. Um lugar europeu deveria ser o mais natural para um clube como o Boavista, mas tenho muitas dúvidas se este ano isso sucederá. O clube tem andado à deriva e Jaime Pacheco, o técnico campeão em 2000-01, é o menos culpado. Aguardemos.




MARÍTIMO


- Principal estrela: Marcinho.
- Onze-tipo (4-4-2): Marcos; Ricardo Esteves, Gregory, Van der Linden, Evaldo; Wénio, Bruno, Fábio Felício, Marcinho; Kanu, Bruno Fogaça.
- Principais opções: Ediglê, Olberdam, Márcio Mossoró, Douglas, Lipatin.
- Treinador: Sebastião Lazaroni.
- Comentário: a aposta para 2007-08 foi forte na tentativa de alcançar um lugar que dê acesso às competições europeias. Um técnico com currículo (Lazaroni) e várias caras novas de valor (Ricardo Esteves, Van der Linden, Ediglê, Bruno, Márcio Mossoró, Fábio Felício, Bruno Fogaça, Makukula), aliados à continuidade de outras pedras importantes, auguram um futuro bastante risonho. Saídas relevantes apenas as de Neca e Mbesuma. Prometedor.




NAVAL


- Principal estrela: Mário Sérgio.
- Onze-tipo (4-3-3): Taborda; Mário Sérgio, Paulão, Fabrício Lopes, China; Gilmar, Lazaroni, João Ribeiro; Saulo, Marcelinho, Davide.
- Principais opções: Carlitos, Solimar, Eanes, Wandeir, Elivelton.
- Treinador: Francisco Chaló.
- Comentário: assim à primeira vista é de esperar uma temporada tremendamente difícil para os homens da Figueira da Foz. A maioria dos reforços são de qualidade incerta, mas alguns que saíram como Orestes, Fernando, Fajardo, Lito ou Nei, ninguém duvida que são perdas substanciais. Lutará quase de certeza pela fuga à despromoção.




ACADÉMICA


- Principal estrela: Hélder Barbosa.
- Onze-tipo (4-3-3): Pedro Roma; Sarmento, Litos, Kaká, Vítor Vinha; Paulo Sérgio, N'Doye, Cris; Lito, Joeano, Hélder Barbosa.
- Principais opções: Orlando, Pavlovic, Miguel Pedro, Ivanildo, Gyano.
- Treinador: Manuel Machado.
- Comentário: está na altura de a Académica fazer um campeonato longe das aflições da descida e começar a consolidar-se na 1ª Liga de forma sustentada. Talvez no meio-campo fosse necessário mais 1/2 jogadores, mas na defesa e no ataque sobra qualidade e talento. Lino, Brum, Filipe Teixeira ou Dame vão fazer imensa falta, mas Pablo Castro, Peralta, Cris, Lito ou Ivanildo prometem colmatar o vazio a preceito.




SETÚBAL


- Principal estrela: Bruno Gama.
- Onze-tipo (4-3-3): Milojevic; Janício, Hugo, Auri, Adalto; Elias, Sandro, Ricardo Chaves; Bruno Gama, Leandro, Edinho.
- Principais opções: Eduardo, Robson, Bruno Ribeiro, Filipe Gonçalves, Matheus.
- Treinador: Carlos Carvalhal.
- Comentário: será uma temporada de fuga à despromação. A crise económica permanece, o plantel é limitado tanto em quantidade como em qualidade e Bruno Gama não vai decerto resolver todos os problemas colectivos. As saídas de Varela, Amuneke, Mbamba e Ayew deixaram os sadinos ainda mais debilitados.




LEIXÕES


- Principal estrela: Roberto.
- Onze-tipo (4-3-3): Beto; Marco Cadete, Élvis, Nuno Diogo, Nuno Amaro; Jorge Duarte, Paulo Machado, Pedro Cervantes; Vieirinha, Roberto, Diogo Valente.
- Principais opções: Ezequias, Paulo Vinicius, Hugo Morais, Nandinho, Jorge Gonçalves.
- Treinador: Carlos Brito.
- Comentário: grande clube, histórico do futebol português e com uma massa adepta impressionante, o Leixões volta à 1ª Liga muitos anos depois. Tentará solidificar-se numa liga mais exigente e estou certo que vai conseguir essa tarefa. Tem um plantel de qualidade, facto a que não serão alheias as entradas de homens como Nuno Diogo, Ezequias, Paulo Machado, Vieirinha ou Diogo Valente. Poderá ser uma agradável surpresa.




GUIMARÃES


- Principal estrela: Ghilas.
- Onze-tipo (4-3-3): Nilson; Andrezinho, Geromel, Radanovic, Luciano Amaral; Flávio Meireles, Fajardo, João Alves; Alan, Mrdakovic, Ghilas.
- Principais opções: Moreno, Pelé, Carlitos, Targino, Rabiola.
- Treinador: Manuel Cajuda.
- Comentário: vindo da Liga de Honra, o Guimarães terá como objectivo entrar directamente na disputa pelas provas uefeiras. O plantel é equilibrado e apresenta múltiplas soluções para as diversas posições. Radanovic, Fajardo, João Alves, Carlitos, Alan e Mrdakovic são as aquisições mais sonantes (o portista Jorginho é também uma forte hipótese). Impossível voltar a descer de divisão, até porque antes que isso acontecesse de novo os maravilhosos adeptos vitorianos provocariam um autêntico golpe de estado.




A 1ª Liga 2007-08 promete então ser, senão sempre bem jogada, pelo menos emocionante, com as lutas do costume - título, Europa e manutenção - verdadeiramente ao rubro. Grandes jogadores partiram, outros chegaram para o seu lugar, mas os clubes mantêm-se e são eles que geram a paixão inesgotável de milhões de adeptos. Por falar em adeptos, oxalá o público aumente nos estádios portugueses. A subida de Guimarães e Leixões, detentores de uma massa apoiante magnífica, promete contribuir para o engrandecimento das assistências, do espectáculo e, por conseguinte, da própria qualidade do campeonato nacional. Chega de transferências, de especulações, de encontros particulares. O que a malta quer é jogos a sério e a bola na rede, de preferência, do adversário!

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

PLANTEL E MERCADO (BRAGA)


Presidido por António Salvador, o Braga tem-se consolidado como o quarto grande do futebol português a nível de resultados, beneficiando, além dos seus próprios méritos, de um autêntico auto-flagelamento de clubes como o Boavista ou o Guimarães. Para 2007-08, o comando técnico estará a cargo de Jorge Costa - Aloísio será adjunto -, falando-se nas hostes bracarenses em superar a classificação da época passada e talvez começar a sair da enorme sombra causada pelos três grandes. Um objectivo ambicioso, de concretização muito incerta, mas louvável. O futebol português só terá a ganhar com a presença de clubes com condições para ombrear com FC Porto, Sporting e Benfica. Panorama da turma arsenalista nesta altura:


Reforços:

- Kieszek: guarda-redes polaco de 23 anos, ex-Polónia Varsóvia, foi contratado numa altura em que a continuidade de Paulo Santos não era ainda segura. Com a permanência do internacional português, não será fácil ao jovem polaco garantir a titularidade. Vem para trabalhar e esperar por uma oportunidade.

- Vítor Hugo: jovem defesa saído dos júniores do FC Porto, procura prosseguir a carreira num clube onde possa ter mais chances de jogar e evoluir como jogador. Com 19 anos, tem ainda imensa margem de progressão e veremos que tipo de aposta fará em si o técnico bracarense. Mas será complicado conquistar um espaço de relevo.

- Anilton Júnior: central brasileiro de bom valor, mostrou credenciais no Aves na temporada passada, levando os minhotos a avançarem para a sua contratação. Perante a fortíssima concorrência de Paulo Jorge e Rodriguez, deverá constituir-se como alternativa aos prováveis titulares.

- César Peixoto: depois de uma experiência frustrante no Espanhol, em que passou grande parte do tempo lesionado, o ex-portista regressa ao futebol nacional para trabalhar com um treinador que o conhece bem. É uma opção para lateral-esquerdo e será concorrente directo de Carlos Fernandes. Em condições normais, talvez Peixoto leve vantagem nesta luta particular. Precisa de um rumo para a sua carreira, ou então começa a ser um daqueles casos perdidos tão frequentes.

- Bruno Tiago: transita do Gil Vicente e é uma excelente aposta para reforçar o sector intermédio. A recuperar de uma grave lesão, pode ser uma garantia de qualidade na importante tarefa de recuperar a bola e iniciar a transposição para o ataque. Uma opção credível.

- Roberto Brum: médio brasileiro vindo da Académica, é um dos reforços mais sonantes do defeso minhoto. Há três temporadas em Portugal, teve sempre um rendimento bastante positivo e chegou mesmo a ser falado como hipótese para um clube grande na época passada. Vai ter de se habituar, todavia, a fazer das tripas coração pois a disputa interna por um lugar promete ser feroz.

- Zé Manel: proveniente do Boavista, este é indiscutivelmente um dos melhores reforços para esta temporada. Extremo rapidíssimo e de boa técnica, conta já com várias épocas de experiência na 1ª Liga. Apesar dos seus 32 anos, o seu futebol objectivo e prático continua intacto e tem tudo para ser titular absoluto na banda direita.

- João Tomás: regressa a Braga após o empréstimo ao Al Rayyan, do Qatar. Internacional português, é um jogador raro no nosso futebol, pelas suas características de homem de área. É detentor de um currículo apreciável e pode aspirar a ser primeira opção para o ataque. Em teoria, chegará, pelo menos, à dezena de golos.

- Halleson: avançado brasileiro de apenas 18 anos, tem aqui a sua primeira aventura na Europa. Passará por um normal processo de adaptação a uma futebol bem mais exigente e dificilmente se afirmará num clube com tantas ambições. De qualquer forma, não deixa de ser uma incógnita e até pode ser que surpreenda pela positiva.

- Jair Baylón: mais um jovem de 18 anos, este proveniente dos peruanos do Alianza Lima. A sua situação é idêntica à de Halleson. É mais um vindo da América do Sul à procura da sorte.

- Lenny: médio-ofensivo de 19 anos, vem emprestado pelo Fluminense e diz-se que tem uns pés magníficos. Fã do grande Romário, tem bastante cartel no Brasil e chega como uma das maiores esperanças dos adeptos arsenalistas para 2007-08. Oxalá seja uma boa revelação do campeonato, tão precisado de jogadores que empolguem o público e o chamem para os estádios.

- Kazeem: é um jovem centrocampista nigeriano e vem do Fulham. Completamente desconhecido, é como o melão, só depois de aberto é que se tiram conclusões.

- Yasser Hussain: companheiro de equipa de João Tomás no Al Rayyan em 2006-07, Hussain é um médio armador de jogo e consta que é muito dotado tecnicamente. A ver vamos como decorre a sua adaptação e se consegue aguentar a concorrência de homens mais traquejados.





- João Pereira: quando tudo indicava que iria permanecer no Gil Vicente, a ida de Luís Filipe para o Benfica possibilitou o salto novamente para a liga principal e logo para um clube de topo. O jovem português é um lateral-direito raçudo e bastante ofensivo. Tem qualidades para se firmar no onze.

- Jaílson: avançado brasileiro de 26 anos, chega à cidade dos arcebispos cedido temporariamente pelo Benfica, no âmbito da transferência de Luís Filipe para a Luz. Na última temporada actuou nos russos do Rubin Kazan e, segundo António Salvador, trata-se de um complemento para os restantes atacantes do plantel. Desconheço o seu valor.


Saídas:



- Luís Filipe: foi vendido ao Benfica por 500 mil euros. Bom encaixe ou nem por isso? Talvez pudesse ter valido um pouco mais, mas Salvador afirmou ter sido o negócio possível. Uma coisa é certa: Luís Filipe é dos melhores da liga na sua posição e os encarnados ficam claramente bem servidos. Nélson tem enfim um concorrente de respeito.

- Nem: um dos bons centrais que por cá passaram, mas que atingiu o termo do seu prazo de validade. A sua substituição teve início ainda no decorrer da época passada com a aparição de Rodriguez. Jogará no Paraná e será lembrado pela qualidade e capacidade de liderança.

- Pedro Costa: lateral polivalente que pode actuar tanto na direita como na esquerda, ruma à Académica sem ter conseguido afirmar-se no Minho. É um jogador mediano e a sua partida não será muito notada.

- Ricardo Chaves: o médio regressa ao clube de onde saiu para Braga. Foi bastante utilizado na época passada, mas entendeu-se que a sua ligação ao clube tinha chegado ao fim. É um dos bons valores da nossa liga e continuará certamente a prová-lo nas margens do Sado.


- Andrade: o brasileiro pé-canhão pareceu-me ser um belo jogador na temporada transacta. Aquele maravilhoso golo em White Hart Lane ficou-me na retina e penso que se poderia afirmar como uma mais-valia importante. A opinião dos responsáveis bracarenses não foi no mesmo sentido e o médio canarinho rumou ao Vasco da Gama. Foi pena...


- Zé Carlos: o 'Zé do Gol' foi o melhor goleador do Braga no campeonato passado com 7 golos e um dos seus elementos mais cintilantes. Esta veia goleadora, aliada à forma generosa e combativa com que sempre actuava, fez dele um dos preferidos da massa bracarense. Sai para o Apoel Nicósia, do Chipre, decerto apenas por questões monetárias. Ninguém vai para o campeonato cipriota para progredir na carreira. Os seus 32 anos podem justificar tal opção.


- Diego Costa: chegou a falar como 'dragão' mas assinou pelo Atlético Madrid, continuando em Braga por empréstimo. Terminado esse período, parte em definitivo para o clube de Simão, Maniche, Costinha e Zé Castro. É tido como um grande talento, mas nada disso se viu na capital do Minho. Dificilmente vingará nos 'colchoneros'.


- Paíto: este é mais um daqueles com qualidade que vem adiando a sua confirmação. Não fez nada de positivo no Braga e tentará a sua sorte no futebol espanhol, no Maiorca... B! Arrisca-se a desaparecer do mapa futebolístico.


- Maciel: o extremo brasileiro retorna ao U.Leiria, o clube que o notabilizou para o futebol. No FC Porto foi uma sombra e no Braga também não confirmou totalmente o que de bom fizera no Lis. Volta ao ponto de partida na tentativa de relançar a sua carreira e, segundo ele, envergar novamente a camisola de um grande. Ainda irá a tempo?


- Chmiest: seguirá os passos de Zé Carlos em direcção ao Apoel Nicósia. Nada de interessante produziu no futebol luso e ninguém vai dar pela sua falta. Um verdadeiro fiasco.


- Bruno Gama: vinculado contratualmente ao FC Porto, o jovem talento ainda recentemente mostrou grande qualidade no Mundial sub-20. Transfere-se para o Setúbal, onde manterá a sua condição de emprestado. Poderia ser uma pedra influente na manobra do futuro Braga mas não terá havido muito interesse na sua continuidade. O Setúbal agradece.


- Cesinha: transferiu-se para o Rapid Bucareste, onde decerto viu as suas condições financeiras substancialmente melhoradas. Extremo-esquerdo bastante hábil e rápido, é uma perda valorosa para o clube, já que se constituiu como opção frequente para a equipa técnica.


- Davide: sai do Braga para assinar um contrato de três temporadas com a Naval. Olhado como uma boa promessa nacional, a afirmação plena ainda não foi alcançada e, como tal, precisa de jogar com mais regularidade para consumar esse objectivo. Tem aqui uma oportunidade que deve agarrar com unhas e dentes. Os bracarenses conservam 40% do seu passe.




Plantel actual (28 jogadores):


Paulo Santos, Kieszek, Dani Mallo, Ricardo, João Pereira, Vítor Hugo, Paulo Jorge, Rodriguez, Anilton Júnior, Carlos Fernandes, César Peixoto, Frechaut, Andrés Madrid, Roberto Brum, Kazeem, Bruno Tiago, Castanheira, Vandinho, Yasser Hussain, Stélvio, João Pinto, Zé Manel, Lenny, Wender, João Tomás, Jaílson, Halleson e Jair Baylón.




Notas e opiniões:


- O guardião Ricardo e o médio Stélvio são as apostas para a nova época saídas da formação bracarense. Vítor Hugo vem da formação portista e não é seguro que fique no plantel. Se receber guia de marcha, é capaz de ser aconselhável contratar mais um central, dado que três centrais para uma temporada longa e desgastante são insuficientes.


- Neste momento, a equipa apenas tem à disposição um lateral-direito, o reforço João Pereira. É incerto se a SAD estará a pensar adquirir mais uma unidade para essa posição específica. No entanto, se isso não vier a suceder, não há motivo para intranquilidade. A presença de Frechaut é uma garantia para suprir qualquer imprevisto.


- Paulo Santos continuará, se nada de anormal se passar, a ser dono e senhor das redes. A defesa é constituída por jogadores de qualidade inquestionável, inclusivé alguns com passagens pelos três grandes. João Pereira, Paulo Jorge, Rodriguez e César Peixoto são candidatos naturais a assumirem a titularidade. O meio-campo é possivelmente o sector mais categorizado e vasto em opções. Madrid, Brum, João Pinto ou Vandinho são apenas algumas e a luta por um lugar vai estar ao rubro. No ataque, João Tomás, Zé Manel, Wender e possivelmente Lenny prometem dar muitas alegrias aos adeptos.



- O jovem treinador Jorge Costa terá esta época a sua verdadeira prova de fogo. Com a possibilidade de iniciar a estação aos comandos da equipa, a responsabilidade acresce em comparação com a temporada transacta. É em 2007-08 que se vão começar a tirar ilações acerca da sua real valia enquanto técnico, estratega, condutor de homens e gestor de grupo. Tenho a impressão que poderá vir a ter uma carreira de sucesso mas vamos esperar.

- Se der sequência ao trabalho do ano passado, Jorge Costa apostará porventura no 4-3-3 como esquema primário. Nessa base, o plantel parece-me equilibardo e bem distribuído, mantendo-se então as tais interrogações acerca da necessidade de mais um lateral-direito e um central.



- Ainda assim, sinceramente não estou a ver o Braga a conseguir intrometer-se entre FC Porto, Sporting e Benfica. O plantel é bom e, repito, equilibrado, mas olhando aos dos crónicos candidatos, notam-se ainda enormes diferenças. Os orçamentos são incomparáveis e convenhamos que é complicado cambiar este 'status quo' nos tempos mais próximos. Não acho possível o Braga ir além do quarto lugar e, aliás, terá é de se precaver com os adversários que vêm de baixo. Há vários com valor e ambição e alguns bem perigosos.