sábado, 24 de novembro de 2007

EM BUSCA DA GLÓRIA EUROPEIA


Depois de uma fase de qualificação sofrível e do nulo com a Finlândia no jogo decisivo, Portugal carimbou enfim o passaporte para o Campeonato da Europa Áustria/Suíça'2008. No próximo Verão, a nossa selecção buscará, juntamente com mais 15 países, a suprema glória europeia. Apesar das recentes exibições pouco convincentes e do retorno ao sempre incómodo uso da calculadora, o importante é que estaremos lá, na montra do futebol continental, junto das restantes selecções que, ao longo dos últimos meses, fizeram por o merecer.

Os potes que constituírão a base do sorteio de 2 de Dezembro próximo já estão formados:
- Pote 1: Grécia, Áustria, Suíça e Holanda;
- Pote 2: Itália, República Checa, Suécia e Croácia;
- Pote 3: Portugal, Alemanha, Espanha e Roménia;
- Pote 4: Turquia, Rússia, França e Polónia.

É bom evitarmos selecções fortes como Alemanha e Espanha, mas a aleatoriedade do sorteio é que irá ditar a sorte de Portugal. Não adianta fazer grandes conjecturas. Tanto nos pode tocar um grupo com Holanda, Itália e França, como também outro com Áustria, Suécia e Rússia. Resta aguardar.

Olhando assim de relance para as formações presentes, não é difícil apontar os favoritos à conquista do ceptro. Itália, França, Alemanha, Holanda, Espanha e Portugal são, à partida, os mais sérios candidatos e aqueles que dominarão as preferências dos apostadores. Pessoalmente, coloco Itália e Portugal acima dos outros, acho que o campeão europeu sairá deste duo, mas é sempre complicado fazer este tipo de avaliações, reconheço.

Desde criança que gosto de esboçar rankings variados ou onzes iniciais possíveis, segundo as minhas preferências. Por isso, não resisto a fazê-lo agora para as 16 magníficas que brevemente nos vão fazer ficar colados ao televisor. É um mero exercício pessoal e subjectivo, mas que sempre servirá para se proceder a algumas comparações interessantes, sendo certo que uma equipa vitoriosa depende de bastantes mais premissas que a pura soma das qualidades de onze jogadores e respectivo treinador.

Grécia: Nikopolidis; Seitaridis, Kyrgiakos, Dellas, Torosidis; Basinas, Katsouranis, Karagounis; Amanatidis, Charisteas, Gekas. Tr: Otto Rehhagel

Áustria: Manninger; Garics, Stranzl, Hiden, Gercaliu; Aufhauser, Weissenberger, Leitgeb, Ivanschitz; Kuljic, Linz. Tr: Josef Hickersberger

Suíça: Zuberbuhler; Philipp Degen, Djourou, Senderos, Magnin; Gygax, Celestini, Barnetta, Hakan Yakin; Vonlanthen, Frei. Tr: Jakob Kuhn

Holanda: Van der Sar; Heitinga, Bouma, Mathijsen, Van Bronckhorst; Demy de Zeeuw, Sneijder, Van der Vaart; Van Persie, Van Nistelrooy, Robben. Tr: Marco Van Basten

Itália: Buffon; Oddo, Nesta, Cannavaro, Zambrotta; Pirlo, Gattuso, De Rossi, Camoranesi; Del Piero, Luca Toni. Tr: Roberto Donadoni

República Checa: Cech; Radoslav Kovac, Rozehnal, Ujfalusi, Jankulovski; Galasek, Polak, Plasil, Rosicky; Baros, Koller. Tr: Karel Bruckner

Suécia: Isaksson; Nilsson, Mellberg, Hansson, Edman; Kallstrom, Svensson, Wilhelmsson, Ljungberg; Elmander, Ibrahimovic. Tr: Lars Lagerback

Croácia: Pletikosa; Corluka, Dario Simic, Robert Kovac, Simunic; Modric, Niko Kovac, Srna, Kranjkar; Eduardo da Silva, Petric. Tr: Slaven Bilic

PORTUGAL: Ricardo; Bosingwa, Ricardo Carvalho, Pepe, Paulo Ferreira; Miguel Veloso, Maniche, Deco; Cristiano Ronaldo, Hugo Almeida, Quaresma. Tr: Luíz Felipe Scolari

Alemanha: Lehmann; Arne Friedrich, Metzelder, Mertesacker, Lahm; Frings, Ballack, Schneider, Schweinsteiger; Podolski, Klose. Tr: Joachim Low

Espanha: Casillas; Sérgio Ramos, Marchena, Puyol, Capdevila; Xavi, Fabregas, Iniesta, David Silva; David Villa, Fernando Torres. Tr: Luís Aragonés

Roménia: Lobont; Goian, Tamas, Chivu, Rat; Codrea, Nicolita, Florentin Petre, Dica; Mutu, Marica. Tr: Victor Piturca

Turquia: Rustu; Servet Cetin, Gokhan Zan, Emre Asik, Uzulmez; Emre Belozoglu, Sabri, Hamit Altintop, Arda Turan; Tuncay, Nihat. Tr: Fatih Terim

Rússia: Gabulov; Aleksei Berezutski, Ignashevich, Vasili Berezutski, Anyukov; Zyrianov, Bilyaletdinov, Semshov, Zhirkov; Arshavin, Kerzhakov. Tr: Guus Hiddink

França: Landreau; Lassana Diarra, Thuram, Gallas, Abidal; Makelele, Vieira, Ribéry, Malouda; Henry, Trezeguet. Tr: Raymond Domenech

Polónia: Boruc; Jacek Bak, Dudka, Zewlakow; Lewandowski, Krzynowek, Bronowicki, Blaszczykowski; Smolarek, Zurawski. Tr: Leo Beenhakker

Portugal terá de melhorar muitíssimo quando chegar a hora da verdade. Se isso acontecer, creio que, como já referi, se possa constituir como um dos principais favoritos ao triunfo, a par da Itália. Nos outros quatro crónicos candidatos, não acredito tanto. À medida que o Europeu se fôr aproximando ideias mais precisas se vão poder formar. Pode ser que seja desta que Portugal conquiste esse tão almejado título internacional que já merece mas que, por diversas razões, ainda não logrou alcançar. Eu acredito!

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

SEIS PONTOS, MAIS NADA!


Contagem decrescente para os dois decisivos jogos da Selecção Nacional. Em causa a presença no Campeonato da Europa do próximo ano, a realizar na Áustria e na Suiça. Após as dispensas, por lesão, de Ricardo Carvalho e Miguel, e a posterior chamada do sportinguista Abel, os jogadores à disposição de Scolari para defrontar Arménia e Finlândia são os seguintes: Ricardo e Quim (guarda-redes); Bosingwa, Abel, Caneira, Jorge Ribeiro, Bruno Alves, Fernando Meira e Pepe (defesas); Miguel Veloso, Raúl Meireles, Manuel Fernandes e Maniche (médios); Cristiano Ronaldo, Quaresma, Simão, Nani, Nuno Gomes, Hugo Almeida e Makukula (avançados). Como facilmente se conclui, da convocatória inicial haviam ficado de fora João Moutinho, Postiga e Tiago (por opção) e Jorge Andrade, Paulo Ferreira, Petit, Deco e Duda (por lesão).


Na baliza, nada de novo. No sector recuado, ausências de elementos importantes e, em condições normais, escolhas certas, abriram a porta a Abel e Jorge Ribeiro. Pepe também mereceu a confiança de Felipão, mais por vontade deste em incluí-lo no grupo, que pelas actuações do central madridista, regressado recentemente de prolongada lesão. Partindo do princípio que apenas quatro centrais marcarão presença no certame europeu (assumo que Portugal não nos vai deixar ficar mal...), de entre Carvalho, Andrade, Alves, Meira e Pepe, algum vai ter de sair. Aceitam-se apostas...


No meio-campo, os recursos para esta dupla-operação são escassos, face às lesões de Petit, Deco e Duda. A ausência de Tiago, pelo seu fraco rendimento na Juventus ainda se compreende, mas a não chamada de João Moutinho é bastante estranha, tanto mais que o talento leonino seria aquele que melhor disfarçaria a inexistência de um '10' puro. Assim, não sei qual a ideia de Scolari para essa posição, se jogará com Manuel Fernandes, por exemplo, ou se colocará um dos extremos no miolo.


Na frente de ataque, tudo acertado, existindo apenas discussão em torno da chamada de Nuno Gomes em vez de Postiga. A mim não me choca, qualquer deles poderia ser convocado, e até acho que o avançado encarnado tem justificado mais. Já li algures o argumento crítico de que Postiga foi chamado quando não mereceu, e agora que tem jogado mais minutos no FC Porto e até já acertou com a baliza, é que é excluído. O problema é que naquela altura não havia a concorrência de Makukula. Se o luso-congolês factura na Selecção e no Marítimo, Hugo Almeida é o melhor marcador do Werder Bremen e Nuno Gomes tem vindo a subir de forma, acho a exclusão de Postiga perfeitamente natural.


Neste cenário o meu onze para enfrentar a Arménia no sábado seria este:
- Quim: está bem melhor que Ricardo e já merece a titularidade há algum tempo.
- Bosingwa: apesar das últimas prestações no FC Porto, é a escolha natural face à ausência de Miguel.
- Bruno Alves: sem Carvalho e Andrade, tem a porta aberta para jogar de início.
- Fernando Meira: tal como Bruno Alves, beneficia das lesões alheias e da falta de ritmo do estreante Pepe.
- Caneira: com a indisponibilidade de Paulo Ferreira, nem merece discussão.
- Miguel Veloso: é o melhor pivot defensivo português, convém é não jogar como em Braga.
- Maniche: se estiver bem fisicamente, este joga sempre, mesmo que Tiago e Moutinho estejam à disposição.
- Simão: sem Deco, lançaria o extremo 'colchonero' numa posição que ele já conhece.
- Cristiano Ronaldo: obviamente.
- Hugo Almeida: com os golos que tem apontado na Bundesliga, ganha o duelo com Makukula aos pontos.
- Quaresma: para mim é sempre titular, com o desvio de Simão para a zona central, mais ainda.


Esta era a equipa que eu escalaria, mas cheira-me que Scolari terá uma opinião ligeiramente diferente. Talvez: Ricardo; Bosingwa, Alves, Meira, Caneira; Veloso, Maniche, Simão; Ronaldo, Makukula, Quaresma. Em todo o caso, venham mas é os seis pontos, que é o que é preciso. Se falharmos desta vez, ficámos bem em casa!


E vocês, que onze escolheriam para o jogo de Leiria?
E que central ficará de fora do Euro, caso nos qualifiquemos?

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

À PORTA DOS 'OITAVOS'


Já não ía ao Dragão há algum tempo, precisamente desde o jogo de apresentação desta temporada, frente ao Mónaco. Ontem voltei a fazê-lo, curiosamente em mais um jogo com franceses. Com a vitória (2 - 1) alcançada frente ao Marselha, o FC Porto deu um passo de gigante rumo à qualificação para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões. E mais do que isso, tem tudo para ser primeiro, o que, olhando para o que se vai passando nos outros grupos, pode ser importante. O FC Porto continua, sem surpresa, a ser o único clube português a fazer alguma coisa de jeito nas provas internacionais. É pena. O futebol nacional precisa que outros clubes remem no mesmo sentido, façam qualquer coisa de positivo, amealhem pontos para o nosso ranking da UEFA.

Do jogo propriamente dito não gostei. O FC Porto nunca teve a atitude autoritária que se impunha perante uma equipa que anda pelas ruas da amargura na liga gaulesa. Quando teve a bola, revelou imensos problemas na construção de jogo. Quando a não teve, deixou jogar, não foi agressivo na recuperação do esférico, não preencheu os espaços de forma harmoniosa.

É verdade que Lucho fez muita falta, mais a mais numa altura em que está em clara ascenção. Mas tinha que ser Cech o substituto? Alguém me explica que predicados tem este eslovaco para ser um médio do FC Porto num jogo da Champions? Alternativas? Eu sei que Leandro Lima, Mariano González ou Kazmierczak ainda pouco mostraram. Ou que Bolatti, junto de Paulo Assunção, era capaz de ser contenção demasiada. Ou que Postiga a fazer de '10' podia ser uma opção arriscada (não pelo que o Marselha pudesse fazer, mas por que com Postiga nunca se sabe muito bem...). Agora o Cech... O rapaz não sabe criar absolutamente nada, não assume o jogo, falha passes a torto e a direito, sob pressão perde clarividência. Ok, ele é defesa-esquerdo, não tem culpa de não ter qualidade para jogar a médio, culpa tem quem o colocou nessa posição.

O FC Porto foi quase sempre uma equipa desligada, não praticou um futebol envolvente, mostrou poucas soluções para contrariar um Marselha bem estendido no campo e quase sempre mais rápido sobre a bola. A capacidade de pressão foi nula durante largo tempo e o resultado foram inúmeras trocas de bola dos franceses nas imediações da área portista, embora sem nunca importunarem Helton de forma preocupante. Raúl Meireles fez um jogo mediano, foi pouco dinâmico, quer no papel defensivo, quer ofensivo. Paulo Assunção foi, na minha opinião, o melhor jogador em campo. Com um sentido posicional soberbo e sempre intenso nas movimentações, provocou infinitas vezes a inflexão do sentido da bola. Foi uma das chaves do sucesso.

Na defesa, Bruno Alves foi o único com uma actuação positiva. Intratável em todos os lances, pelo ar ou pelo chão, começa a fazer da regularidade a sua imagem de marca. De resto, o panorama foi fraquinho. Stepanov deixou-se antecipar no golo de Niang e teve ainda duas ou três hesitações pouco recomendáveis, além de um ou dois alívios para a bancada completamente desnecessários. É um belo central, mas denotou uma certa intranquilidade neste jogo. Bosingwa e Fucile pura e simplesmente não existiram ofensivamente e, a nível defensivo, não tiveram a solidez que se lhes exige, particularmente o uruguaio.

Lá na frente, Quaresma esteve horrível. Está a atravessar um mau momento, em que praticamente nada lhe sai bem. Perdeu praticamente todas as bolas que recebeu, quanto mais o assobiaram, mais individualista se tornou, mais bolas perdeu. Depois, aquela atitude aparentemente desinteressada do jogo, é algo que me desagrada profundamente. Deve esforçar-se mais, lutar mais, correr mais. Atenção que ele é o melhor jogador do FC Porto, admiro o seu talento sublime e foi graças a um cruzamento seu que Lisandro deu a vitória aos 42.217 espectadores presentes. Contudo, tenho a certeza que com uma mentalidade mais adulta e consciente, o 'Cigano' poderia ser ainda melhor, pertencer à elite restrita dos melhores do mundo. O já citado Lisandro foi o costume. Além do fantástico golo que marcou e da bola que enviou à barra, foi o jogador que mais correu na frente de ataque azul e branca e que mais trabalho deu aos defesas adversários. Procurou sempre os espaços, percorreu toda a largura do campo, pressionou a defesa francesa, denotou qualidade com bola. Absolutamente decisivo. Que grande jogador! Era esta a mentalidade que queria ver em Quaresma... Do Tarik, que posso dizer depois de um golo daqueles? Lembrei-me do Messi no momento dos festejos dessa autêntica obra prima. No resto do jogo, esteve sempre bastante activo e inspirado, as acções individuais saíram-lhe bem, teve bons pormenores e saiu do relvado debaixo de uma estrondosa e merecida ovação. Defendi a sua permanência no plantel face à escassez de extremos e, apesar de não ser grande fã do marroquino, tiro-lhe o meu chapéu. Enquanto jogar assim, e estou aqui a descontar o golo, terá o meu apoio.

Postiga foi muito importante na viragem do jogo e no assédio portista a partir do 1 - 1. Trouxe vivacidade e qualidade no contacto com a bola. Aqueles pés são perfumados, movimenta-se bem, participa no jogo colectivo. Quem me conhece sabe que nutro especial admiração por Hélder Postiga. Mas falta-lhe algo para poder chegar ao topo. Oxalá não estejamos perante mais uma daquelas típicas promessas eternamente adiadas. Bolatti foi igualmente relevante, na medida em que deu mais equilíbrio a um sector onde Meireles se mostrava claramente deficitário.

Jesualdo Ferreira parece-me que errou ao colocar Cech como titular do meio-campo e terá pecado pela demora em reagir aos acontecimentos nada animadores. Cedo se percebeu que a equipa não estava a funcionar colectivamente e havia que se proceder a modificações. Não deixa, porém, de ser verdade que quando agiu, fê-lo de forma acertada, o que mudou o rumo do jogo e permitiu ao FC Porto conquistar três pontos providenciais. Vitória sofrida mas justa.

Estou confiante no apuramento e até na manutenção do primeiro lugar do grupo. O FC Porto continua sem deslumbrar, é certo. Mas segue na frente da liga portuguesa e prova-se a cada dia que é a única equipa lusa com verdadeira dimensão europeia.