terça-feira, 26 de maio de 2009

SONDAGENS (2)


Está encerrada a segunda sondagem aqui do blog. Depois de conhecidos os finalistas da competição, a pergunta impunha-se: 'Quem ganhará a Liga dos Campeões 2008-09?'. Foram registados 16 votos, cuja distribuição foi: 10 votos (62,5%) para o Manchester United, 6 (37,5%) para o Barcelona. A final de Roma será talvez o jogo mais aguardado desta década. Estamos em presença das duas melhores equipas europeias da actualidade, cada qual com a sua forma de jogar, mas ambas vocacionadas para o futebol de ataque e com os olhos postos na baliza adversária. Além disso, há também o duelo particular entre Cristiano Ronaldo e Lionel Messi, os dois melhores jogadores do mundo nesta altura. Quem ganhar, poderá marcar pontos decisivos para a conquista do próximo FIFA World Player. Votei no Manchester United, estou a torcer pelos 'red devils' nesta final e penso que têm todas as condições para ganhar. Amanhã se saberá.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

TETRACAMPEÃO


O FC Porto continua a sua caminhada triunfante no domínio hegemónico do futebol português, demonstrando cada vez mais que é demasiado forte para a realidade em que está inserido. O Tetra é o corolário lógico da organização de excelência, da competência, da estrutura sólida e, como disse Pinto da Costa recentemente, do saber escolher os melhores para servirem o clube. Um deles foi Jesualdo Ferreira. Dos quatro títulos ganhos, os três mais recentes foram conquistados pelo treinador transmontano, que reclama assim, para si, um lugar na história do FC Porto. É, juntamente com Artur Jorge, o único técnico que logrou alcançar três campeonatos para os 'dragões', sendo que no seu caso foram alçançados de forma consecutiva, facto inédito em todo e qualquer treinador português, no FC Porto ou noutro clube.

Após três épocas de trabalho no Dragão, cujos resultados foram sempre positivos, Jesualdo Ferreira experimenta, finalmente, algum reconhecimento por parte dos portistas e da crítica em geral. Mais vale tarde do que nunca! Como é sabido, 2008-09 não começou propriamente bem para a equipa azul e branca. O epicentro dessas dificuldades deu-se em Londres, diante do Arsenal, em que os portistas sofreram uma copiosa derrota por 4-0 para a Liga dos Campeões. O timoneiro portista, que até essa altura sempre teve mais detractores que admiradores, mesmo com dois campeonatos ganhos e duas carreiras europeias meritórias, foi autenticamente linchado na praça pública e quase toda a gente pediu o seu despedimento. Se na hora dos triunfos, nunca teve grande apoio popular e o seu contributo sempre foi desvalorizado (ou era a organização do FC Porto que fazia de qualquer treinador campeão, ou era o facto de ter herdado uma equipa já concebida por Co Adriaanse, ou era porque tinha melhor plantel que os rivais, etc), não era num momento de crise desportiva que iria ter opiniões favoráveis. Mas Jesualdo resistiu, a equipa melhorou, os resultados começaram a aparecer e o seu trabalho ao longo desta temporada foi demasiado evidente para não ser unanimemente reconhecido.

Até a equipa entrar numa espiral de vitórias, o trajecto foi sinuoso e difícil. O clube perdera no defeso Bosingwa, Paulo Assunção e Quaresma, três peças nucleares nas temporadas anteriores. Alguns jogadores de qualidade duvidosa foram contratados e, na sequência de alguns maus resultados e exibições, o cepticismo quanto à qualidade do plantel começava a subir exponencialmente. Na realidade, considero o plantel portista desta temporada mais fraco que o da anterior. Acho também que se compararmos jogador a jogador isoladamente, o Benfica, por exemplo, dispôs de mais e melhores recursos. É certo que hoje é mais fácil destacar algumas unidades portistas, fruto do crescimento colectivo e da dinâmica ganhadora que se gerou. Mas não nos esqueçamos da maneira como eram vistas algumas dessas unidades numa fase inicial. Sapunaru era medíocre, fraco a atacar e pouco fiável a defender. Cissokho era muito verde e denotava claras lacunas defensivas. Rolando e Fernando não passavam de jovens promessas. Rodríguez demorava a encontrar-se e a repetir o nível evidenciado no Benfica. Hulk era excessivamente individualista.

Assim ao acaso, acabo de mencionar seis nomes chegados ao FC Porto apenas nesta temporada e que fizeram parte do seu onze-base. Qualquer um deles bastante jovem e sem experiência ao mais alto nível - nenhum se tinha ainda estreado na Champions. O grande mérito de Jesualdo Ferreira foi precisamente esse: capacidade para pegar em meia-dúzia de novatos, mesclá-los com os mais experimentados e já 'residentes' no clube, fazê-los crescer no meio de uma pressão de ganhar asfixiante e sair campeão nacional. Desta vez não há forma de desvalorizar a sua prestação, a sua quota-parte de responsabilidade no título nacional. Muita gente foi obrigada a meter a viola no saco e render-se à evidência, da qual nunca duvidei: Jesualdo Ferreira pertence à elite dos treinadores portugueses e não recebe lições de muita gente.

Hoje em dia, depois de participarem num colectivo forte, com um modelo consolidado e uma forma de jogar aprimorada, Sapunaru apresenta-se muito mais seguro, Cissokho já é falado para a selecção francesa, Rolando já chegou à selecção portuguesa, Fernando é o pêndulo do meio-campo e o elemento que garante os equilíbrios da equipa, 'Cebola' Rodríguez pôs os benfiquistas a chorar e Hulk cotou-se como a grande sensação desta temporada no futebol português. Além disso, Mariano resolveu o seu problema de ansiedade e apareceu em grande sempre que a equipa precisou dele; Raúl Meireles confirmou que se trata de um médio fantástico, de categoria internacional mesmo; Farías mostrou que é felino dentro da área, tendo apontado uma excelente cifra de golos para o escasso tempo de utilização; Tomás Costa mostrou-se útil em certas ocasiões, apesar de algumas limitações. Tudo isto, note-se, numa época em que o duo Lucho-Lisandro esteve abaixo do seu rendimento normal (no caso de 'Licha', refiro-me apenas à fraca veia goleadora face ao ano transacto, visto que em termos de inteligência de jogo, participação no processo colectivo e espírito de sacrifício, manteve-se igual a si próprio: soberbo).

Este êxito foi obra de muita gente. Dos jogadores, destaco, fundamentalmente, Bruno Alves, Raúl Meireles e Hulk, e num segundo plano, Cissokho, Fernando, Rodríguez, Lisandro e Mariano. Mas um homem sobressai naturalmente e esse só pode ser Jesualdo Ferreira. A confirmação da sua continuidade para 2009-10 é apenas uma questão de tempo, só se estranhando a demora da SAD portista em torná-la pública, resolvendo fazer dessa questão um tabú quando não havia necessidade. Era escusado que Jesualdo tivesse estado sujeito a tanto falatório e a perguntas insistentes acerca do seu futuro em todas as conferências de imprensa. Julgo que merecia uma tomada de decisão mais determinada e, sobretudo, atempada por parte dos responsáveis portistas. Seria um prémio justo para o magnífico trabalho que vem desenvolvendo no Dragão.

Enquanto portista, gostaria de dedicar este Tetra a todos os infelizes que passaram a temporada a arranjar as mais variadas formas de depreciar os méritos de dirigentes, treinadores, jogadores, funcionários e adeptos do FC Porto. É também por vocês que cada vez me dá mais gozo festejar estas sucessivas vitórias. Que tal aprenderem com quem sabe, em vez de continuarem incompetentes toda a vida?