1. ESPAÇO FUTEBOL: É neste momento treinador dos sub-19 do Shandong Luneng, da China, naquela que é a sua primeira experiência internacional. Como está a correr esse projecto? Como é trabalhar com os mais jovens? O que lhe parece a evolução do futebol chinês actualmente, com o fortíssimo investimento que vem sendo realizado e a contratação de nomes sonantes?
FERNANDO VALENTE: Em PNL (programação neuro-linguística) dizemos que “o mapa não é o território...” e realmente quem quiser evoluir, desfrutar e viver a sério, tem que perceber que muitas vezes o “nosso mapa“ é muito limitado, mas o “território“ das oportunidades é ilimitado e quando saímos da nossa zona de conforto e estamos abertos a novas descobertas e a novos desafios nas diversas áreas da nossa vida, tudo se pode transformar...
Vir com 57 anos para a China, com uma vida estabilizada a vários níveis, demonstra muito da “loucura“ que tem sido a minha vida. Trabalhar numa das maiores Academias da China e contribuir para a evolução do futebol chinês, tem sido um desafio enorme e ao mesmo tempo uma aprendizagem fantástica.
Passar as barreiras da comunicação, porque trabalhas com um tradutor, que nunca sabes que tradução ele faz e que mensagem passa a quem te rodeia, ultrapassar a diferença da alimentação e de alguns aspectos da cultura Chinesa são dificuldades que requerem de ti uma grande capacidade de superação e ao mesmo tempo um apelo à tua imaginação, para criares estratégias que te permitam ir cimentando as tuas ideias.
O projecto do Shandong Luneng, visa potenciar os seus jovens jogadores, prepará-los para o Futebol profissional e promover a Academia, tentando conquistar o maior número de troféus possível a nível da formação. Na época que passou em 5 troféus nacionais, conquistámos 2 (sub-14 e sub-15) o que já foi relevante ao fim de 5 meses. Trabalhar com jovens é aliciante, mas encontrar jovens com grande deficit de compreensão do jogo é uma tarefa complicada, porque aqui e em muitos lados, trabalha-se muito, corre-se muito mas não se sabe muito bem para quê! Quebrar paradigmas que são inibidores e que limitam o potencial dos jogadores e que tornam o jogo numa correria infernal, é uma tarefa complicada mas desafiadora... e essa tem sido a minha vida em todos os lados e aqui na China é igual.
Por isso, o investimento do futebol chinês só será rentabilizado quando o nível do jogo estiver perto do nível do valor dos nomes sonantes que vão contratando. Neste momento a vinda de grandes jogadores só funciona como medida de marketing na promoção dos Clubes ou das empresas que os contratam...
2. ESPAÇO FUTEBOL: O futebol que se pratica em Portugal é, na sua generalidade, de fraca qualidade. Os jogos são quase sempre enfadonhos, com muita luta, muita correria, mas pouco cérebro, pouco critério, pouca qualidade técnica, pouco futebol, ao fim e ao cabo! O mister Fernando Valente é, reconhecidamente, um treinador que valoriza um tipo de jogo atractivo. Porque é que tem de sair do País, sem nunca ter chegado sequer à Primeira Liga?
FERNANDO VALENTE: É verdade que saí do país e que defendo um tipo diferente de ideias para o jogo que se pratica em Portugal, mas não é definitivo que não possa chegar à 1ª Liga, ou que chegar à 1ª Liga seja o objectivo maior para quem é Treinador de futebol. O Paulo Sousa nunca treinou na 1ª Liga em Portugal e tem feito uma carreira digna de registo.
Por isso, acredito que se as minhas ideias forem influenciadoras junto dos meus jogadores e se se traduzirem em boas exibições e consequentemente em bons resultados, ainda tenho muito tempo para prestar serviços noutros patamares competitivos. Quando reconhecem que as minhas equipas, os meus jogadores e o meu jogo é diferente, quer dizer que o que tens feito é digno de destaque e que os resultados também têm sido bons, senão não estaria onde estou. Estou onde estou porque fui seleccionado por um colega de profissão, Luís Castro, uma referência em Portugal, que reconheceu no meu trabalho com as equipas que treinei, competência e diferença no jogo que se pratica em Portugal e isso faz-me acreditar que estou no caminho certo e quando perceberem que o Futebol Português precisa de ideias que valorizem o Jogo e o Jogador então estarei sempre a tempo de treinar na 1ª Liga...
Por isso, concluía dizendo, que se merecer e demonstrar que é possível continuar a ter sucesso defendendo outro tipo de ideias, irei chegar à 1ª Liga ou a outros patamares competitivos, se não acontecer não há problema, porque ninguém me tira o que vivi com os meus jogadores e o prazer que tive em desfrutar do jogo que eles construíram nas diversas equipas que treinei e eles sim, fizeram com que me sentisse muito mais que um “Treinador de 1ª Liga“...
3. ESPAÇO FUTEBOL: O resultado no futebol é muitas vezes decidido por factores aleatórios. Além disso, há muitas diferenças de recursos materiais e humanos entre uns clubes e outros. Nesse sentido, avaliar um treinador apenas pelos resultados é, logicamente, redutor! Como avalia as competências de um treinador? O que o faz distinguir entre o bom e o menos bom treinador? O que acha que tem mais peso: questões da Ideia de Jogo e sua Operacionalização ou a dimensão da Liderança e Comunicação?
FERNANDO VALENTE: Todas são importantes, mas penso que actualmente, um Treinador tem várias áreas de intervenção e tem que saber dinamizá-las para que o seu trabalho e a sua liderança sejam valorizados. Saber do treino, saber do jogo e essencialmente saber de pessoas, são requisitos fundamentais para se ser um bom Líder e um bom Treinador. O papel do treinador na gestão das pessoas que o rodeiam é fundamental para ter sucesso.
Costumo dizer que neste momento gerir o treino e o jogo são a parte mais fácil do trabalho do Treinador, agora gerir as pessoas que andam à volta do grupo e influenciá-las positivamente para se sentirem parte integrante dos objectivos que o Clube tem, é realmente a tarefa mais difícil e aí penso que nos últimos anos investi, na procura de ferramentas que me têm ajudado a saber gerir com resultados efectivos tudo o que me rodeia, duma maneira influenciadora e que gera fortes dinâmicas colectivas.
Gostava de acrescentar que onde os treinadores falham muitas vezes, porque não estão preparados ou acham que não é importante, é na Comunicação... e quando falamos em comunicação não é só aquela com os jogadores, mas essencialmente a que vai para fora do grupo de trabalho, passar mensagem para fora sobre aquilo que são os objectivos do Clube e da equipa e muitas vezes a oportunidade de valorizar e promover o seu trabalho e as suas ideias, desde que elas sejam potenciadoras e marquem a defesa de uma determinada maneira de ver o Futebol, o Jogo e os Jogadores...
4. ESPAÇO FUTEBOL: Proponho um olhar para o futebol internacional enquanto apaixonado. Acha que já está tudo inventado?! Para onde caminha a evolução do jogo? Não acha que se dá muita importância ao 'não deixar jogar' e pouca ao 'querer jogar'? Mesmo diversas equipas de topo, não pensa que deveriam puxar mais o futebol para cima, tendo em conta os recursos de que dispõem?
FERNANDO VALENTE: Ao longo dos últimos anos, fui sempre muito crítico em relação ao jogo que é jogado por grande parte das equipas, porque a maior parte “não joga“, a maior parte quer é “não deixar jogar“. Por isso, os poucos treinadores que investem em ideias diferentes e acrescentam “Jogo ao Jogo“ acabam muito facilmente por se destacar... Como pode estar tudo inventado se dizemos que “não há 2 jogos iguais...”? Quem trabalhou comigo, pode confirmar que andei sempre a fugir dos padrões que se foram implantando no jogo em Portugal. Claro que também trabalho e desenvolvo o básico que todos fazem, como por exemplo os principais princípios de jogo ofensivos e defensivos, todos desenvolvem zonas de pressão, eu também, mas dou muito mais importância a processos que me ajudem a fugir dessa pressão, tornando muito fácil anular essas acções. Trabalhei sempre na estrutura de 2 linhas de 4 e 2 avançados, que agora é moda, mas desenvolvi conceitos que variam conforme os problemas do jogo e da interpretação que os jogadores dão ao momento que estão a viver no jogo. Por isso, penso que a evolução do jogo passará por desenvolver processos neuro-tácticos, que entram no subconsciente dos jogadores e que os ajudam a decidir as melhores opções em cada momento do jogo, por isso se fala muito hoje na tomada de decisão...
Mas se o Treinador não ajuda o jogador a perceber o jogo, vai ser sempre muito difícil desenvolver um jogo de qualidade. Se não sei o que se passa no Jogo, como vou saber o que fazer...? O que sabemos é que é também possível acontecer tudo no jogo, marcar golos de várias maneiras, de bola parada, de ressalto, na própria baliza, de penalty... mas a probabilidade de isso acontecer é muito reduzida, e o que eu vejo no jogo actual são acções com poucas probabilidades de terem sucesso, em que os duelos físicos são constantes e onde o jogo colectivo com bola é muito fraco... Por isso, sempre falei em desenvolver uma cultura de jogo e não em modelos de jogo que inibem e que se limitam a controlar o adversário e não em desenvolver o Jogo jogado.
Também percebo que a indústria do Futebol, vai produzindo ferramentas que podem ajudar os Treinadores a recolher dados e trabalhar sobre eles, mas acho que hoje esse negócio entrou de tal maneira nos Clubes, que alguns começam a pensar que estão muito à frente dos outros, mas o que conta é o produto final e o que as pessoas vêem quando vão aos estádios: o Jogo e as emoções que ele desperta em quem joga e em quem vê. E pelo que sabemos os estádios continuam vazios e a falta de ideias é abismal... Por isso digo, que mais importante que os dados que recolhes é a tua capacidade de “medires“ e avaliares as emoções que os teus jogadores sentem quando em campo desfrutam e dão corpo às tuas ideias.
Já viram alguém em cursos de treinadores, ou congressos, ou seminários, falarem do poder das emoções: a equipa estava confiante, feliz e alegre, os jogadores em campo correram muito porque estavam a sentir o jogo, a divertir-se e a percentagem de posse, de “comprometimento“ entre eles, era tão elevada que entusiasmaram as bancadas...?
Câmaras em jogo e treino avaliam dados e zonas quentes a vermelho, GPS's medem a correria, analistas analisam se o campo inclinou mais para a direita ou esquerda com os ataques ou os cruzamentos... que aparelho avalia as emoções...?
Por isso, concluo que as equipas jogam o jogo que as ideias do Treinador promove e umas são boas e outras são más... mas aceito que haja quem goste de “fast-food“ e quem goste de “Gourmet“...
5. ESPAÇO FUTEBOL: Já li acerca das suas principais referências, treinadores com quem conviveu, que contribuíam para a forma como hoje vê o jogo. Mas em termos de inspirações mundiais ao longo da História, que treinadores mais o influenciaram e em cujas ideias mais se reviu? E qual o melhor jogador que viu na vida e porquê?
FERNANDO VALENTE: Sabemos que o futebol joga-se com ideias e que há muitas maneiras de jogar e muitas maneiras de treinar para obter o sucesso. Por isso, a minha inspiração veio sempre daqueles que desenvolveram um tipo de jogo em que o “jogo com bola“ era o mais importante e onde os jogadores podiam exprimir todo o seu potencial técnico nas acções com bola, porque são estas que valorizam o jogo e o jogador. Neste caso, Johan Cruyff marcou a diferença e influenciou uma ideia de jogo que atingiu o seu máximo com Pep Guardiola no Barcelona. Por isso, gostem ou não, Pep Guardiola será sempre uma referência para mim e para todos os que gostam do futebol e do jogo que envolve, que apaixona, que valoriza a bola e que, independente dos contextos, deixa sempre uma imagem de qualidade por onde passa, seja em Espanha, Alemanha ou Inglaterra... e que continua a ganhar.
Todos percebemos que os resultados e os títulos, perpetuam alguns no mundo das estatísticas, mas o que é eterno é a marca que deixaste e o contributo que deste ao desenvolvimento da modalidade e o estilo que desenvolveste e que tornou o jogo das tuas equipas diferente e mais atrativo que os outros... Fomos campeões da Europa, com muito mérito, é verdade, mas como jogava Portugal? Que tipo de jogo é que os portugueses desenvolveram para que sejam recordados e façam escola? Sangue, suor, lágrimas, sofrimento... e muita fé. Não é este Futebol em que eu acredito, é precisamente o contrário, onde reina o talento, a alegria, a diversão e o prazer de jogar e de entusiasmar quem vê... Muitos dizem que é por isso que sou um romântico, mas também é por isto que os grandes jogadores da história do Futebol foram aqueles que deixaram nos estádios esses sentimentos...
O maior jogador da História do Futebol de todos os tempos para mim é... Lionel Messi e felizes daqueles como eu, que viveram para testemunhar e desfrutar com o seu jogo. Porquê...? Porque ele constrói e desconstrói o jogo, desliza como uma onda até à praia... e acaba em golo.
segunda-feira, 17 de abril de 2017
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
ONZE DE SONHO
Na sequência da atribuição dos prémios aos melhores do futebol de 2010, que consagrou novamente Lionel Messi como futebolista do ano, apetece-me hoje fazer uma viagem pelos que considero serem os melhores do planeta, consoante as posições que ocupam no campo. Adoptarei o sistema 4-3-3, por ser o que melhor se adapta às minhas escolhas. Mesmo sabendo que conquistar títulos é muito mais que reunir onze estrelas e pô-las a jogar juntas, parece-me difícil que com um elenco destes algum troféu escapasse.
Guarda-redes: CASILLAS (Espanha/Real Madrid): Titular do Real Madrid desde os 18 anos, tem protagonizado uma carreira arrebatadora, não só nos 'merengues' mas também com a camisola da selecção espanhola, tendo já ganho tudo o que há para ganhar (Mundial, Europeu, Champions, Intercontinental, Ligas Espanholas). Às suas soberbas qualidades para a baliza, junta-se o seu vincado espírito de liderança, não sendo de estranhar o seu estatuto de capitão espanhol e madridista. Buffon, outro sobredotado, retirou-lhe o título de melhor 'keeper' da última década. No entanto, o percurso que Iker tem construído será difícil de igualar. E ainda só vai a meio! Simplesmente portentoso.
Lateral-direito: MAICON (Brasil/Inter Milão): A sua capacidade ofensiva superior torna-o num exuberante lateral e constitui uma das armas atacantes primordiais da sua equipa. Velocidade, força física e capacidade técnica são alguns dos seus atributos. Apesar da sua intensa vocação para subir no terreno e causar desequilíbrios, ora com penetrações em velocidade, ora através de cruzamentos perfeitos, consegue ser igualmente um magnífico defensor. Foi eleito o melhor defesa do futebol europeu na temporada 2009-10. José Mourinho sabe bem o que vale este brasileiro e não é à toa que deseja voltar a contar com ele.
Lateral-esquerdo: BALE (País de Gales/Tottenham): É o jogador que mais me tem impressionado nos últimos tempos, de tão surpreendente que é. A forma como se tem notabilizado na Premier League com apenas 21 anos chega a ser obscena. O poderio fisíco e técnico que demonstra quando decide galgar metros e metros pela faixa esquerda, acabando não raras vezes nas redes adversárias, é algo espantoso. Não admira, portanto, que já seja associado aos maiores clubes mundiais e se fale em quantias a rondar os 50 M€. Pela propensão ofensiva que patenteia, pode também actuar como médio. Já é de longe o melhor lateral-esquerdo do mundo e estou certo que marcará a próxima década.
Defesa-central: PIQUÉ (Espanha/Barcelona): A classe e elegância com que joga no eixo defensivo encaixa que nem uma luva na forma de jogar do Barcelona de Guardiola. É muito inteligente, gosta de sair a jogar e tomar opções de passe correctas, tem um fantástico jogo posicional, marca golos com frequência. Com a bola nos pés, é muito bom para a posição que ocupa. Para mim, é o central perfeito. Apesar de ainda ser muito jovem, apresenta já um palmarés bem recheado, de onde se destacam um Mundial e duas Ligas dos Campeões. Certamente não ficará por aqui.
Defesa-central: PEPE (Portugal/Real Madrid): Um central de eleição, que se deu a conhecer ao mundo no FC Porto e hoje brilha a grande altura na galáxia madrilena. Com uma compleição fisíco-atlética invulgar, é rapidíssimo (o que permite à sua defesa jogar mais subida no terreno) e muito agressivo. A sua capacidade de antecipação permite-lhe recuperar bolas sem fim. Adora subir no terreno, contando para isso com boa capacidade técnica, ao mesmo tempo que põe em prática frequentemente a sua apetência para facturar nos lances de bola parada. Formaria com Piqué a minha dupla de centrais de sonho
Pivot-defensivo: XAVI (Espanha/Barcelona): Foi, na minha opinião, o melhor jogador do 2010, era ele que deveria ter ganho a Bola de Ouro FIFA. É o melhor '6' do mundo, sem contestação possível. É o grande estratega do actual Barcelona, a equipa que pratica o melhor futebol alguma vez visto. Só isto evidencia bem o seu talento excepcional. Joga e faz jogar. Tem uma visão de jogo estratosférica, é maravilhoso nos passes verticais que partem os sistemas defensivos contrários, as opções que toma são quase sempre perfeitas, a sua capacidade técnica do mais refinada que pode haver. O seu palmarés é de tal forma rico que seria fastidioso estar aqui a enunciá-lo. Ganhou tudo e continua com um futebol irresistível. Aprendiz de Josep Guardiola, é um daqueles casos em que o aluno supera o mestre. Autêntico génio.
Médio de transição: GERRARD (Inglaterra/Liverpool): Isto sim é um verdadeiro médio do futebol moderno, um '8' de excelência, que enche o campo e defende e ataca com a mesma eficiência. Liderança, qualidade técnica, imponência física, capacidade goleadora, potência e precisão de remate e inteligência de jogo, são algumas das suas faculdades. Feliz do treinador que pode contar com um centrocampista deste calibre. Teve o momento alto da sua brilhante carreira em 2004-05 com a vitória na Liga dos Campeões, num épico triunfo frente ao Milan, tendo sido eleito melhor jogador da competição e da respectiva final.
Médio-ofensivo: KAKÁ (Brasil/Real Madrid): A lesão grave que sofreu tem dificultado a sua afirmação em Madrid, mas todos nos lembramos da carreira fulgurante que protagonizou antes disso. Continua a ser o melhor 'playmaker' do planeta, senhor de um talento ímpar. Rapidez com a bola nos pés, qualidade técnica espantosa e facilidade para marcar golos são aquilo que o distingue. 2007 foi o seu ano. Foi aí que ganhou a Chamipons ao serviço do Milan e foi considerado o melhor jogador do mundo pela FIFA e France Football. Também já experimentou, em 2002, a suprema glória de conquistar um Mundial. Soberbo.
Extremo-direito: MESSI (Argentina/Barcelona): É o maior génio do futebol actual, o expoente máximo da melhor equipa de todos os tempos, um goleador por natureza (e que golos!), mas ao mesmo tempo um jogador de equipa por excelência. Insuperável no um contra um, faz dos seus 'raides' diagonais da direita para o meio a sua imagem de marca. A forma como progride no relvado com a bola literalmente colada ao pé esquerdo é digna de um qlualquer jogo de consola. O seu talento é verdadeiramente inigualável. Eleito o melhor do mundo em 2009 e 2010, é já um dos melhores futebolistas de todos os tempos. Com a camisola 'blaugranna' já alcançou tudo, inclusivé duas Ligas dos Campeões. Anseia agora pela consagração ao serviço do seu país, como aconteceu com Diego Maradona.
Extremo-esquerdo: CRISTIANO RONALDO (Portugal/Real Madrid): Amado e odiado na mesma medida, é a super-estrela do futebol actual. Possuidor de um talento majestoso, é quase inútil falar das suas qualidades extraordinárias, já que elas são sobejamente conhecidas. É uma máquina de tecnologia avançada que produz futebol em doses industriais. É um goleador sem igual, em qualquer lugar onde jogue, seja em que contexto fôr. O seu carácter fortíssimo, a sua fúria de vencer, a sua ascenção a pulso, é um exemplo para todos. A carreira que tem construído e a projecção que hoje detém devia orgulhar todos os portugueses. Foi eleito o melhor do mundo em 2008, ano em que conquistou a Champions pelo Manchester United. O seu passado é riquíssimo, mas o seu futuro promete ser brilhante.
Avançado-centro: IBRAHIMOVIC (Suécia/Milan): É o melhor e mais talentoso avançado da actualidade. Triunfou no Ajax, Juventus e Inter. Neste último, a possibilidade de trabalhar com José Mourinho permitiu-lhe aperfeiçoamentos importantes. No Barcelona, o seu rendimento foi bom, mas não tanto quanto se esperava de um jogador do seu gabarito. Agora no Milan, continua a demonstrar a sua capacidade e a fome insaciável pelas balizas rivais. Falta-lhe uma Champions e títulos individuais para coroar uma carreira auspiciosa.
E é este o melhor '11' do futebol actual, do meu ponto de vista. E para técnico principal, José Mourinho? Nada disso. Com estes jogadores na mesma equipa, até eu seria bom treinador!
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
CAOS INSTALADO
Quando tudo está mal, pode sempre piorar... Uma velha máxima que se aplica na perfeição ao estado actual do futebol português a nível federativo. Um empate caseiro com o Chipre, seguido de uma derrota inédita frente à Noruega e soou o alarme. É preciso acordar deste pesadelo! Não há liderança, não há projecto, não há visão estratégica, nada. Zero!! É urgente mudar de rumo, é imperioso que os causadores desta barafunda assumam as suas responsabilidades. O futebol português não pode continuar a ser comandado pela incompetência e leviandade. A confusão instituída é de tal ordem transversal, que é difícil saber por onde começar a discussão do problema. Vamos por partes.
Primeiro que tudo, convém abordar o processo movido a Carlos Queiroz, que fez com que a Selecção Nacional iniciasse a qualificação para o Euro'2012 sem comando técnico. Na minha opinião, todo o imbróglio relacionado com as injúrias de Queiroz aos médicos da Autoridade Antidopagem de Portugal é uma autêntica palhaçada. Resulta claro que tudo não passou de uma forma hábil (mas pouco) de despedir o seleccionador nacional com justa causa, sem, portanto, ter de pagar o que lhe era devido. Não é assim que as pessoas sérias e idóneas pautam a sua actuação.
Se os factos de que Queiroz é acusado são tão graves que impliquem uma suspensão de 6 meses, por que é que eles não foram logo tornados públicos e o seleccionador imeditamente suspenso? Simplesmente porque a conduta de Queiroz, embora tenha sido, ao que parece, condenável, não impediu a realização do controlo, nem sequer o dificultou, apenas criou algum ruído que em nada limitou o procedimento médico. No limite, o Professor merecia uma multa e uma chamada de atenção. E é tão simples quanto isto: se Portugal tivesse feito um Mundial excepcional, que 'obrigasse' à continuidade do técnico, o caso teria sido completamente abafado. Como o Mundial foi apenas razoável e a vontade dos dirigentes federativos foi desde a primeira hora afastar Queiroz, lançou-se o caso para a praça pública, a fim de o despedir sem lhe pagar um cêntimo. Tudo muito bem concertado, claro está, entre a ADoP, o ridículo Laurentino Dias e a FPF. E assim se trata um homem que nos deu dois títulos mundiais de sub-20 e que contribuiu decisivamente para o desenvolvimento do futebol português numa altura em que o amadorismo e o compadrio ameaçava 'matá-lo'.
Importa não confundir isto com apoio pessoal a Carlos Queiroz. Fui favorável à sua contratação, sempre o tive como um homem muito competente, mas acho que não esteve à altura das expectativas neste seu segundo trajecto na Selecção. Era legítimo pensar num novo líder técnico para a turma das Quinas. Simplesmente há formas de actuação que defendo, tudo o que seja falta de frontalidade e carácter deve ser combatido. Se Queiroz cometera um ilícito grave, que fosse suspenso e afastado de imediato. Se o problema era meramente técnico, se os responsáveis após o Mundial consideravam que a sua substituição era a melhor opção, então que o assumissem claramente, que o chamassem para se sentarem todos à mesa e garantissem um acordo nesse sentido. Agora, virem com uma palhaçada combinada deste calibre, não só desrespeitanto o homem Carlos Queiroz, como prejudicando seriamente os interesses da Selecção Nacional, só de gente que não faz a mínima ideia do que anda a fazer no futebol. Onde está Gilberto Madaíl para explicar todo este caso aos portugueses? Acha ele razoável que se inicie a campanha para o Euro'2012 sem um treinador principal? Quando vai ganhar vergonha na cara e dar lugar a alguém que entenda e traga soluções para o futebol luso?
Neste momento, os actuais dirigentes da FPF são o principal problema do futebol português. Faz falta para Presidente alguém com visão, que pense no futebol português como um todo, faça reformas profundas, elabore um plano de longo prazo e se rodeie das pessoas certas para o colocarem em prática. Alguém que perceba de futebol, sem medo de tomar decisões e seja imune a pressões externas. Que entenda que o único caminho possível é apostar fortemente na formação, de modo a capitalizar o talento futebolístico natural que possuímos. Um nome que me parece reunir todos estes requisitos: Luís Figo.
Uma solução deste tipo ainda está, no entanto, algo longe no tempo. Gilberto Madaíl e seus compinchas estão demasiado agarrados ao poder, para terem o bom senso e a lucidez de colocarem os seus lugares à disposição. Como tal, resta-nos aguardar pelas próximas eleições e esperar que apareçam alternativas credíveis. Até lá, é confiar no talento e numa melhoria de atitude dos nossos jogadores, já que os mesmos se mostram à deriva com a realidade caótica vigente. A qualidade nos jogadores portugueses sempre esteve lá. Falta é uma liderança forte, capaz de os enquadrar devidamente e colocá-los a pensar em unidade. Falta um treinador que dê uma pedrada no charco, defina princípos e congregue vontades; que não pense apenas no jogo, mas também na organização do nosso futebol enquanto conjunto. Um treinador que conheça o futebol português, saiba escolher os melhores, exija empenhamento nos limites, adopte um modelo de jogo compatível com a nossa forma de jogar de sempre - futebol apoiado, passe curto, bola no pé, criatividade, movimentação constante. Nomes? É difícil. Não vejo assim tantas opções plausíveis entre os portugueses. Talvez Paulo Bento ou Carlos Carvalhal. O ideal seria mesmo um misto dos dois: personalidade e espírito de liderança do primeiro; conhecimentos e ideias de jogo do segundo.
O que sei é que é muito urgente tomar decisões se ainda queremos ir a tempo de marcar presença na Polónia e Ucrânia em 2012. Portugal não pode continuar muito mais tempo com um técnico a prazo. É uma evidência que Carlos Queiroz vai sair. Então que se pague o que é dele e se aposte noutro treinador o quanto antes. É certamente mais digno que a palhaçada criada em torno de umas meras palavras infelizes. Há que fazer ver aos jogadores qual o caminho a seguir, porque a sua enorme qualidade está a ser desbaratada de forma criminosa. E os adeptos portugueses já merecem algo maior que o que tem sido feito.
Primeiro que tudo, convém abordar o processo movido a Carlos Queiroz, que fez com que a Selecção Nacional iniciasse a qualificação para o Euro'2012 sem comando técnico. Na minha opinião, todo o imbróglio relacionado com as injúrias de Queiroz aos médicos da Autoridade Antidopagem de Portugal é uma autêntica palhaçada. Resulta claro que tudo não passou de uma forma hábil (mas pouco) de despedir o seleccionador nacional com justa causa, sem, portanto, ter de pagar o que lhe era devido. Não é assim que as pessoas sérias e idóneas pautam a sua actuação.
Se os factos de que Queiroz é acusado são tão graves que impliquem uma suspensão de 6 meses, por que é que eles não foram logo tornados públicos e o seleccionador imeditamente suspenso? Simplesmente porque a conduta de Queiroz, embora tenha sido, ao que parece, condenável, não impediu a realização do controlo, nem sequer o dificultou, apenas criou algum ruído que em nada limitou o procedimento médico. No limite, o Professor merecia uma multa e uma chamada de atenção. E é tão simples quanto isto: se Portugal tivesse feito um Mundial excepcional, que 'obrigasse' à continuidade do técnico, o caso teria sido completamente abafado. Como o Mundial foi apenas razoável e a vontade dos dirigentes federativos foi desde a primeira hora afastar Queiroz, lançou-se o caso para a praça pública, a fim de o despedir sem lhe pagar um cêntimo. Tudo muito bem concertado, claro está, entre a ADoP, o ridículo Laurentino Dias e a FPF. E assim se trata um homem que nos deu dois títulos mundiais de sub-20 e que contribuiu decisivamente para o desenvolvimento do futebol português numa altura em que o amadorismo e o compadrio ameaçava 'matá-lo'.
Importa não confundir isto com apoio pessoal a Carlos Queiroz. Fui favorável à sua contratação, sempre o tive como um homem muito competente, mas acho que não esteve à altura das expectativas neste seu segundo trajecto na Selecção. Era legítimo pensar num novo líder técnico para a turma das Quinas. Simplesmente há formas de actuação que defendo, tudo o que seja falta de frontalidade e carácter deve ser combatido. Se Queiroz cometera um ilícito grave, que fosse suspenso e afastado de imediato. Se o problema era meramente técnico, se os responsáveis após o Mundial consideravam que a sua substituição era a melhor opção, então que o assumissem claramente, que o chamassem para se sentarem todos à mesa e garantissem um acordo nesse sentido. Agora, virem com uma palhaçada combinada deste calibre, não só desrespeitanto o homem Carlos Queiroz, como prejudicando seriamente os interesses da Selecção Nacional, só de gente que não faz a mínima ideia do que anda a fazer no futebol. Onde está Gilberto Madaíl para explicar todo este caso aos portugueses? Acha ele razoável que se inicie a campanha para o Euro'2012 sem um treinador principal? Quando vai ganhar vergonha na cara e dar lugar a alguém que entenda e traga soluções para o futebol luso?
Neste momento, os actuais dirigentes da FPF são o principal problema do futebol português. Faz falta para Presidente alguém com visão, que pense no futebol português como um todo, faça reformas profundas, elabore um plano de longo prazo e se rodeie das pessoas certas para o colocarem em prática. Alguém que perceba de futebol, sem medo de tomar decisões e seja imune a pressões externas. Que entenda que o único caminho possível é apostar fortemente na formação, de modo a capitalizar o talento futebolístico natural que possuímos. Um nome que me parece reunir todos estes requisitos: Luís Figo.
Uma solução deste tipo ainda está, no entanto, algo longe no tempo. Gilberto Madaíl e seus compinchas estão demasiado agarrados ao poder, para terem o bom senso e a lucidez de colocarem os seus lugares à disposição. Como tal, resta-nos aguardar pelas próximas eleições e esperar que apareçam alternativas credíveis. Até lá, é confiar no talento e numa melhoria de atitude dos nossos jogadores, já que os mesmos se mostram à deriva com a realidade caótica vigente. A qualidade nos jogadores portugueses sempre esteve lá. Falta é uma liderança forte, capaz de os enquadrar devidamente e colocá-los a pensar em unidade. Falta um treinador que dê uma pedrada no charco, defina princípos e congregue vontades; que não pense apenas no jogo, mas também na organização do nosso futebol enquanto conjunto. Um treinador que conheça o futebol português, saiba escolher os melhores, exija empenhamento nos limites, adopte um modelo de jogo compatível com a nossa forma de jogar de sempre - futebol apoiado, passe curto, bola no pé, criatividade, movimentação constante. Nomes? É difícil. Não vejo assim tantas opções plausíveis entre os portugueses. Talvez Paulo Bento ou Carlos Carvalhal. O ideal seria mesmo um misto dos dois: personalidade e espírito de liderança do primeiro; conhecimentos e ideias de jogo do segundo.
O que sei é que é muito urgente tomar decisões se ainda queremos ir a tempo de marcar presença na Polónia e Ucrânia em 2012. Portugal não pode continuar muito mais tempo com um técnico a prazo. É uma evidência que Carlos Queiroz vai sair. Então que se pague o que é dele e se aposte noutro treinador o quanto antes. É certamente mais digno que a palhaçada criada em torno de umas meras palavras infelizes. Há que fazer ver aos jogadores qual o caminho a seguir, porque a sua enorme qualidade está a ser desbaratada de forma criminosa. E os adeptos portugueses já merecem algo maior que o que tem sido feito.
segunda-feira, 31 de maio de 2010
PASSES CURTOS (5)
1. Aproxima-se a maior e mais importante competição do planeta. Para o Mundial África do Sul'2010, perfilam-se alguns fortes candidatos a levantar o ceptro. Para a generalidade da crítica, Espanha, Brasil, Argentina e Inglaterra parecem reunir a maior dose de favoritismo. Na minha opinião, este é um dos Mundiais de desfecho mais imprevisível de sempre. Não acredito em espanhóis e argentinos, apesar de terem equipas fabulosas, em brasileiros e ingleses já era capaz de apostar. Há ainda selecções capazes de irem muito longe, como Itália, França, Alemanha, Holanda e... Portugal.
2. Este Portugal de Carlos Queiroz tem gerado muita desconfiança quanto àquilo que poderá fazer em terras africanas. É verdade que a fase de qualificação foi sofrível e que o futebol apresentado nunca foi satisfatório. Temos um lote de bons jogadores - menos forte que em 2006, parece-me -, a incógnita está em saber até que ponto Queiroz conseguirá montar um colectivo forte e homogéneo. Se isso acontecer e se Cristiano Ronaldo render o que dele se espera, julgo que há margem para sonharmos com um bom desempenho. A primeira meta é ultrapassar o grupo em que estamos inseridos; a partir daí, com jogos a eliminar, tudo pode acontecer. A distância entre a eliminação e a glória é muito ténue, como ficou comprovado, por exemplo, nos Europeus de 2000 e 2004 ou no Mundial de 2006.
3. Com todos os jogadores em boas condições, o meu onze-tipo da Selecção Nacional para este certame é este: Beto; Paulo Ferreira, Pepe, Ricardo Carvalho, Fábio Coentrão; Pedro Mendes, Tiago, Deco; Cristiano Ronaldo, Liedson, Nani. Isto é o meu desejo. Obviamente que Queiroz tem ideias diferentes. Beto é o melhor guarda-redes português, mas já sei que a aposta vai incidir em Eduardo. Pepe, se recuperar a 100%, será colocado a médio-defensivo (entrando Bruno Alves para o centro da defesa), o que constitiu um erro crasso, pois perde-se um central de eleição e sacrifica-se Pedro Mendes, que tem as características ideais para aquela posição, ao contrário do luso-brasileiro. Simão e Duda deverão ser titulares em detrimento de Nani e Coentrão. Independentemente disto, estou com o seleccionador e desejo muito sucesso à nossa equipa nesta aventura.
4. Zanetti, Cambiasso, Lucho González, Aimar, Lisandro, Saviola. Estes nomes são nada mais, nada menos, que alguns dos excluídos da convocatória da Argentina para o Mundial'2010, por decisão do seleccionador Diego Maradona. Acho uma patetice alguns destes jogadores ficarem de fora, nomeadamente Zanetti, Cambiasso e Lucho; mas isto vem mostrar quão forte é a 'alviceleste' em termos individuais. Arrisco-me a dizer que, talvez à excepção de Aimar - existe Deco -, todos eles seriam titulares na selecção portuguesa! Simplesmente impressionante.
5. José Mourinho calou a boca, mais uma vez, aos seus detractores, ganhando tudo o que havia para ganhar nesta temporada ao serviço do Inter. A cereja no topo do bolo foi a conquista da Liga dos Campeões em Madrid, algo que o clube interista já não saboreava há mais de 4 décadas. Mourinho é assim: chega a um clube, faz o seu trabalho fiel àquilo em que acredita e, no fim, vence, deixando os críticos (ou desestabilizadores, como ele os apelidou) a falar sozinhos. No FC Porto, ganhou tudo em dois anos. No Chelsea, que apenas havia conquistado uma Premier League em toda a sua história, venceu duas em dois anos. No Inter, manteve a hegemonia interna e conquistou a Champions 45 anos depois. Agora, a caminho do Real Madrid, prepara-se para dizimar o domínio do Barcelona de Guardiola e marcar uma época em Espanha. Caminha a passos largos para se converter no melhor treinador da história do futebol!
6. Será um desafio tremendo para José Mourinho tentar derrotar aquela que é unanimemente considerada como a melhor equipa do mundo e a que pratica o futebol esteticamente mais fantástico de sempre (não, não estou a exagerar). Será igualmente aliciante para os portugueses ver Mourinho a comandar Ronaldo. Estou em pulgas para ver a equipa que o 'Special One' vai montar, sabendo que deverá actuar em 4-3-3, como normalmente sucede no seu primeiro ano num clube. E não, não estou a ver Dí Maria ou David Luíz a encaixarem numa equipa desta envergadura para serem titulares, muito menos por 40 M€ cada um. Aguardemos pelas contratações 'merengues' para se poderem então traçar alguns cenários.
7. O Benfica sagrou-se justamente campeão nacional 2009-10. Apesar de algumas jogadas de bastidores pouco abonatórias para quem passou os últimos anos, hipocritamente, a apregoar a verdade desportiva e a desvalorizar a competência e o mérito dos triunfos do FC Porto, não há dúvida que a turma benfiquista foi a mais forte e a que melhor futebol praticou. Jorge Jesus foi o principal obreiro deste título, além de um lote de grandes jogadores, com Saviola, Ramires, Cardozo, Dí Maria e Javi Garcia à cabeça. Para a próxima temporada, o desafio encarnado parece ser, além da revalidação do título nacional, afirmar o valor da equipa no espaço europeu de elite. A ver vamos se há categoria para isso.
8. Jesualdo Ferreira acabou por sair do FC Porto, algo inevitável na sequência de uma temporada francamente negativa no Dragão. Fui sempre defensor do seu excelente trabalho e não me esqueço dos triunfos que alcançou aos comandos do FC Porto, além das boas carreiras europeias. Apesar de nunca ter granjeado a simpatia da generalidade dos adeptos portistas, o legado de conquistas que deixa jamais lhe poderá ser retirado. Desejo-lhe sorte para o resto da carreira. Para seu substituto quero o jovem e sedento de êxitos André Villas Boas. Nada de brasileiros que pouco sabem sobre futebol português e europeu.
9. 2009-10 foi uma temporada de apatia no FC Porto, a começar na Administração da SAD. Pinto da Costa foi reeleito recentemente para um novo mandato e é urgente que volte a demonstrar vigor e ambição na presidência do FC Porto. O Benfica será um adversário muito forte em 2010-11, ao qual será necessário fazer frente. Adequação na escolha do treinador e maior critério na política de contratações é aquilo que se exige. Chega de contentores de qualidade duvidosa vindos da América do Sul, que pouco acrescentam à equipa e vão minando as finanças do clube aos poucos.
10. Para a posteridade, fica aqui, em 4-4-2 losango, o meu onze ideal da Liga Sagres 2009-10 (segunda opção entre parênteses): Nilson (Eduardo); Rúben Amorim (João Pereira), David Luíz (Luisão), Rodríguez (Moisés), Álvaro Pereira (Fábio Coentrão); Javi Garcia (Fernando), Rúben Micael (Ramires), Dí Maria (Hugo Viana), Nuno Assis (Mossoró); Saviola (Liedson), Falcao (Cardozo). Treinador: Jorge Jesus (Domingos Paciência). MVP: Saviola (Falcao).
2. Este Portugal de Carlos Queiroz tem gerado muita desconfiança quanto àquilo que poderá fazer em terras africanas. É verdade que a fase de qualificação foi sofrível e que o futebol apresentado nunca foi satisfatório. Temos um lote de bons jogadores - menos forte que em 2006, parece-me -, a incógnita está em saber até que ponto Queiroz conseguirá montar um colectivo forte e homogéneo. Se isso acontecer e se Cristiano Ronaldo render o que dele se espera, julgo que há margem para sonharmos com um bom desempenho. A primeira meta é ultrapassar o grupo em que estamos inseridos; a partir daí, com jogos a eliminar, tudo pode acontecer. A distância entre a eliminação e a glória é muito ténue, como ficou comprovado, por exemplo, nos Europeus de 2000 e 2004 ou no Mundial de 2006.
3. Com todos os jogadores em boas condições, o meu onze-tipo da Selecção Nacional para este certame é este: Beto; Paulo Ferreira, Pepe, Ricardo Carvalho, Fábio Coentrão; Pedro Mendes, Tiago, Deco; Cristiano Ronaldo, Liedson, Nani. Isto é o meu desejo. Obviamente que Queiroz tem ideias diferentes. Beto é o melhor guarda-redes português, mas já sei que a aposta vai incidir em Eduardo. Pepe, se recuperar a 100%, será colocado a médio-defensivo (entrando Bruno Alves para o centro da defesa), o que constitiu um erro crasso, pois perde-se um central de eleição e sacrifica-se Pedro Mendes, que tem as características ideais para aquela posição, ao contrário do luso-brasileiro. Simão e Duda deverão ser titulares em detrimento de Nani e Coentrão. Independentemente disto, estou com o seleccionador e desejo muito sucesso à nossa equipa nesta aventura.
4. Zanetti, Cambiasso, Lucho González, Aimar, Lisandro, Saviola. Estes nomes são nada mais, nada menos, que alguns dos excluídos da convocatória da Argentina para o Mundial'2010, por decisão do seleccionador Diego Maradona. Acho uma patetice alguns destes jogadores ficarem de fora, nomeadamente Zanetti, Cambiasso e Lucho; mas isto vem mostrar quão forte é a 'alviceleste' em termos individuais. Arrisco-me a dizer que, talvez à excepção de Aimar - existe Deco -, todos eles seriam titulares na selecção portuguesa! Simplesmente impressionante.
5. José Mourinho calou a boca, mais uma vez, aos seus detractores, ganhando tudo o que havia para ganhar nesta temporada ao serviço do Inter. A cereja no topo do bolo foi a conquista da Liga dos Campeões em Madrid, algo que o clube interista já não saboreava há mais de 4 décadas. Mourinho é assim: chega a um clube, faz o seu trabalho fiel àquilo em que acredita e, no fim, vence, deixando os críticos (ou desestabilizadores, como ele os apelidou) a falar sozinhos. No FC Porto, ganhou tudo em dois anos. No Chelsea, que apenas havia conquistado uma Premier League em toda a sua história, venceu duas em dois anos. No Inter, manteve a hegemonia interna e conquistou a Champions 45 anos depois. Agora, a caminho do Real Madrid, prepara-se para dizimar o domínio do Barcelona de Guardiola e marcar uma época em Espanha. Caminha a passos largos para se converter no melhor treinador da história do futebol!
6. Será um desafio tremendo para José Mourinho tentar derrotar aquela que é unanimemente considerada como a melhor equipa do mundo e a que pratica o futebol esteticamente mais fantástico de sempre (não, não estou a exagerar). Será igualmente aliciante para os portugueses ver Mourinho a comandar Ronaldo. Estou em pulgas para ver a equipa que o 'Special One' vai montar, sabendo que deverá actuar em 4-3-3, como normalmente sucede no seu primeiro ano num clube. E não, não estou a ver Dí Maria ou David Luíz a encaixarem numa equipa desta envergadura para serem titulares, muito menos por 40 M€ cada um. Aguardemos pelas contratações 'merengues' para se poderem então traçar alguns cenários.
7. O Benfica sagrou-se justamente campeão nacional 2009-10. Apesar de algumas jogadas de bastidores pouco abonatórias para quem passou os últimos anos, hipocritamente, a apregoar a verdade desportiva e a desvalorizar a competência e o mérito dos triunfos do FC Porto, não há dúvida que a turma benfiquista foi a mais forte e a que melhor futebol praticou. Jorge Jesus foi o principal obreiro deste título, além de um lote de grandes jogadores, com Saviola, Ramires, Cardozo, Dí Maria e Javi Garcia à cabeça. Para a próxima temporada, o desafio encarnado parece ser, além da revalidação do título nacional, afirmar o valor da equipa no espaço europeu de elite. A ver vamos se há categoria para isso.
8. Jesualdo Ferreira acabou por sair do FC Porto, algo inevitável na sequência de uma temporada francamente negativa no Dragão. Fui sempre defensor do seu excelente trabalho e não me esqueço dos triunfos que alcançou aos comandos do FC Porto, além das boas carreiras europeias. Apesar de nunca ter granjeado a simpatia da generalidade dos adeptos portistas, o legado de conquistas que deixa jamais lhe poderá ser retirado. Desejo-lhe sorte para o resto da carreira. Para seu substituto quero o jovem e sedento de êxitos André Villas Boas. Nada de brasileiros que pouco sabem sobre futebol português e europeu.
9. 2009-10 foi uma temporada de apatia no FC Porto, a começar na Administração da SAD. Pinto da Costa foi reeleito recentemente para um novo mandato e é urgente que volte a demonstrar vigor e ambição na presidência do FC Porto. O Benfica será um adversário muito forte em 2010-11, ao qual será necessário fazer frente. Adequação na escolha do treinador e maior critério na política de contratações é aquilo que se exige. Chega de contentores de qualidade duvidosa vindos da América do Sul, que pouco acrescentam à equipa e vão minando as finanças do clube aos poucos.
10. Para a posteridade, fica aqui, em 4-4-2 losango, o meu onze ideal da Liga Sagres 2009-10 (segunda opção entre parênteses): Nilson (Eduardo); Rúben Amorim (João Pereira), David Luíz (Luisão), Rodríguez (Moisés), Álvaro Pereira (Fábio Coentrão); Javi Garcia (Fernando), Rúben Micael (Ramires), Dí Maria (Hugo Viana), Nuno Assis (Mossoró); Saviola (Liedson), Falcao (Cardozo). Treinador: Jorge Jesus (Domingos Paciência). MVP: Saviola (Falcao).
terça-feira, 26 de maio de 2009
SONDAGENS (2)
Está encerrada a segunda sondagem aqui do blog. Depois de conhecidos os finalistas da competição, a pergunta impunha-se: 'Quem ganhará a Liga dos Campeões 2008-09?'. Foram registados 16 votos, cuja distribuição foi: 10 votos (62,5%) para o Manchester United, 6 (37,5%) para o Barcelona. A final de Roma será talvez o jogo mais aguardado desta década. Estamos em presença das duas melhores equipas europeias da actualidade, cada qual com a sua forma de jogar, mas ambas vocacionadas para o futebol de ataque e com os olhos postos na baliza adversária. Além disso, há também o duelo particular entre Cristiano Ronaldo e Lionel Messi, os dois melhores jogadores do mundo nesta altura. Quem ganhar, poderá marcar pontos decisivos para a conquista do próximo FIFA World Player. Votei no Manchester United, estou a torcer pelos 'red devils' nesta final e penso que têm todas as condições para ganhar. Amanhã se saberá.
segunda-feira, 11 de maio de 2009
TETRACAMPEÃO
O FC Porto continua a sua caminhada triunfante no domínio hegemónico do futebol português, demonstrando cada vez mais que é demasiado forte para a realidade em que está inserido. O Tetra é o corolário lógico da organização de excelência, da competência, da estrutura sólida e, como disse Pinto da Costa recentemente, do saber escolher os melhores para servirem o clube. Um deles foi Jesualdo Ferreira. Dos quatro títulos ganhos, os três mais recentes foram conquistados pelo treinador transmontano, que reclama assim, para si, um lugar na história do FC Porto. É, juntamente com Artur Jorge, o único técnico que logrou alcançar três campeonatos para os 'dragões', sendo que no seu caso foram alçançados de forma consecutiva, facto inédito em todo e qualquer treinador português, no FC Porto ou noutro clube.
Após três épocas de trabalho no Dragão, cujos resultados foram sempre positivos, Jesualdo Ferreira experimenta, finalmente, algum reconhecimento por parte dos portistas e da crítica em geral. Mais vale tarde do que nunca! Como é sabido, 2008-09 não começou propriamente bem para a equipa azul e branca. O epicentro dessas dificuldades deu-se em Londres, diante do Arsenal, em que os portistas sofreram uma copiosa derrota por 4-0 para a Liga dos Campeões. O timoneiro portista, que até essa altura sempre teve mais detractores que admiradores, mesmo com dois campeonatos ganhos e duas carreiras europeias meritórias, foi autenticamente linchado na praça pública e quase toda a gente pediu o seu despedimento. Se na hora dos triunfos, nunca teve grande apoio popular e o seu contributo sempre foi desvalorizado (ou era a organização do FC Porto que fazia de qualquer treinador campeão, ou era o facto de ter herdado uma equipa já concebida por Co Adriaanse, ou era porque tinha melhor plantel que os rivais, etc), não era num momento de crise desportiva que iria ter opiniões favoráveis. Mas Jesualdo resistiu, a equipa melhorou, os resultados começaram a aparecer e o seu trabalho ao longo desta temporada foi demasiado evidente para não ser unanimemente reconhecido.
Até a equipa entrar numa espiral de vitórias, o trajecto foi sinuoso e difícil. O clube perdera no defeso Bosingwa, Paulo Assunção e Quaresma, três peças nucleares nas temporadas anteriores. Alguns jogadores de qualidade duvidosa foram contratados e, na sequência de alguns maus resultados e exibições, o cepticismo quanto à qualidade do plantel começava a subir exponencialmente. Na realidade, considero o plantel portista desta temporada mais fraco que o da anterior. Acho também que se compararmos jogador a jogador isoladamente, o Benfica, por exemplo, dispôs de mais e melhores recursos. É certo que hoje é mais fácil destacar algumas unidades portistas, fruto do crescimento colectivo e da dinâmica ganhadora que se gerou. Mas não nos esqueçamos da maneira como eram vistas algumas dessas unidades numa fase inicial. Sapunaru era medíocre, fraco a atacar e pouco fiável a defender. Cissokho era muito verde e denotava claras lacunas defensivas. Rolando e Fernando não passavam de jovens promessas. Rodríguez demorava a encontrar-se e a repetir o nível evidenciado no Benfica. Hulk era excessivamente individualista.
Assim ao acaso, acabo de mencionar seis nomes chegados ao FC Porto apenas nesta temporada e que fizeram parte do seu onze-base. Qualquer um deles bastante jovem e sem experiência ao mais alto nível - nenhum se tinha ainda estreado na Champions. O grande mérito de Jesualdo Ferreira foi precisamente esse: capacidade para pegar em meia-dúzia de novatos, mesclá-los com os mais experimentados e já 'residentes' no clube, fazê-los crescer no meio de uma pressão de ganhar asfixiante e sair campeão nacional. Desta vez não há forma de desvalorizar a sua prestação, a sua quota-parte de responsabilidade no título nacional. Muita gente foi obrigada a meter a viola no saco e render-se à evidência, da qual nunca duvidei: Jesualdo Ferreira pertence à elite dos treinadores portugueses e não recebe lições de muita gente.
Hoje em dia, depois de participarem num colectivo forte, com um modelo consolidado e uma forma de jogar aprimorada, Sapunaru apresenta-se muito mais seguro, Cissokho já é falado para a selecção francesa, Rolando já chegou à selecção portuguesa, Fernando é o pêndulo do meio-campo e o elemento que garante os equilíbrios da equipa, 'Cebola' Rodríguez pôs os benfiquistas a chorar e Hulk cotou-se como a grande sensação desta temporada no futebol português. Além disso, Mariano resolveu o seu problema de ansiedade e apareceu em grande sempre que a equipa precisou dele; Raúl Meireles confirmou que se trata de um médio fantástico, de categoria internacional mesmo; Farías mostrou que é felino dentro da área, tendo apontado uma excelente cifra de golos para o escasso tempo de utilização; Tomás Costa mostrou-se útil em certas ocasiões, apesar de algumas limitações. Tudo isto, note-se, numa época em que o duo Lucho-Lisandro esteve abaixo do seu rendimento normal (no caso de 'Licha', refiro-me apenas à fraca veia goleadora face ao ano transacto, visto que em termos de inteligência de jogo, participação no processo colectivo e espírito de sacrifício, manteve-se igual a si próprio: soberbo).
Este êxito foi obra de muita gente. Dos jogadores, destaco, fundamentalmente, Bruno Alves, Raúl Meireles e Hulk, e num segundo plano, Cissokho, Fernando, Rodríguez, Lisandro e Mariano. Mas um homem sobressai naturalmente e esse só pode ser Jesualdo Ferreira. A confirmação da sua continuidade para 2009-10 é apenas uma questão de tempo, só se estranhando a demora da SAD portista em torná-la pública, resolvendo fazer dessa questão um tabú quando não havia necessidade. Era escusado que Jesualdo tivesse estado sujeito a tanto falatório e a perguntas insistentes acerca do seu futuro em todas as conferências de imprensa. Julgo que merecia uma tomada de decisão mais determinada e, sobretudo, atempada por parte dos responsáveis portistas. Seria um prémio justo para o magnífico trabalho que vem desenvolvendo no Dragão.
Enquanto portista, gostaria de dedicar este Tetra a todos os infelizes que passaram a temporada a arranjar as mais variadas formas de depreciar os méritos de dirigentes, treinadores, jogadores, funcionários e adeptos do FC Porto. É também por vocês que cada vez me dá mais gozo festejar estas sucessivas vitórias. Que tal aprenderem com quem sabe, em vez de continuarem incompetentes toda a vida?
Após três épocas de trabalho no Dragão, cujos resultados foram sempre positivos, Jesualdo Ferreira experimenta, finalmente, algum reconhecimento por parte dos portistas e da crítica em geral. Mais vale tarde do que nunca! Como é sabido, 2008-09 não começou propriamente bem para a equipa azul e branca. O epicentro dessas dificuldades deu-se em Londres, diante do Arsenal, em que os portistas sofreram uma copiosa derrota por 4-0 para a Liga dos Campeões. O timoneiro portista, que até essa altura sempre teve mais detractores que admiradores, mesmo com dois campeonatos ganhos e duas carreiras europeias meritórias, foi autenticamente linchado na praça pública e quase toda a gente pediu o seu despedimento. Se na hora dos triunfos, nunca teve grande apoio popular e o seu contributo sempre foi desvalorizado (ou era a organização do FC Porto que fazia de qualquer treinador campeão, ou era o facto de ter herdado uma equipa já concebida por Co Adriaanse, ou era porque tinha melhor plantel que os rivais, etc), não era num momento de crise desportiva que iria ter opiniões favoráveis. Mas Jesualdo resistiu, a equipa melhorou, os resultados começaram a aparecer e o seu trabalho ao longo desta temporada foi demasiado evidente para não ser unanimemente reconhecido.
Até a equipa entrar numa espiral de vitórias, o trajecto foi sinuoso e difícil. O clube perdera no defeso Bosingwa, Paulo Assunção e Quaresma, três peças nucleares nas temporadas anteriores. Alguns jogadores de qualidade duvidosa foram contratados e, na sequência de alguns maus resultados e exibições, o cepticismo quanto à qualidade do plantel começava a subir exponencialmente. Na realidade, considero o plantel portista desta temporada mais fraco que o da anterior. Acho também que se compararmos jogador a jogador isoladamente, o Benfica, por exemplo, dispôs de mais e melhores recursos. É certo que hoje é mais fácil destacar algumas unidades portistas, fruto do crescimento colectivo e da dinâmica ganhadora que se gerou. Mas não nos esqueçamos da maneira como eram vistas algumas dessas unidades numa fase inicial. Sapunaru era medíocre, fraco a atacar e pouco fiável a defender. Cissokho era muito verde e denotava claras lacunas defensivas. Rolando e Fernando não passavam de jovens promessas. Rodríguez demorava a encontrar-se e a repetir o nível evidenciado no Benfica. Hulk era excessivamente individualista.
Assim ao acaso, acabo de mencionar seis nomes chegados ao FC Porto apenas nesta temporada e que fizeram parte do seu onze-base. Qualquer um deles bastante jovem e sem experiência ao mais alto nível - nenhum se tinha ainda estreado na Champions. O grande mérito de Jesualdo Ferreira foi precisamente esse: capacidade para pegar em meia-dúzia de novatos, mesclá-los com os mais experimentados e já 'residentes' no clube, fazê-los crescer no meio de uma pressão de ganhar asfixiante e sair campeão nacional. Desta vez não há forma de desvalorizar a sua prestação, a sua quota-parte de responsabilidade no título nacional. Muita gente foi obrigada a meter a viola no saco e render-se à evidência, da qual nunca duvidei: Jesualdo Ferreira pertence à elite dos treinadores portugueses e não recebe lições de muita gente.
Hoje em dia, depois de participarem num colectivo forte, com um modelo consolidado e uma forma de jogar aprimorada, Sapunaru apresenta-se muito mais seguro, Cissokho já é falado para a selecção francesa, Rolando já chegou à selecção portuguesa, Fernando é o pêndulo do meio-campo e o elemento que garante os equilíbrios da equipa, 'Cebola' Rodríguez pôs os benfiquistas a chorar e Hulk cotou-se como a grande sensação desta temporada no futebol português. Além disso, Mariano resolveu o seu problema de ansiedade e apareceu em grande sempre que a equipa precisou dele; Raúl Meireles confirmou que se trata de um médio fantástico, de categoria internacional mesmo; Farías mostrou que é felino dentro da área, tendo apontado uma excelente cifra de golos para o escasso tempo de utilização; Tomás Costa mostrou-se útil em certas ocasiões, apesar de algumas limitações. Tudo isto, note-se, numa época em que o duo Lucho-Lisandro esteve abaixo do seu rendimento normal (no caso de 'Licha', refiro-me apenas à fraca veia goleadora face ao ano transacto, visto que em termos de inteligência de jogo, participação no processo colectivo e espírito de sacrifício, manteve-se igual a si próprio: soberbo).
Este êxito foi obra de muita gente. Dos jogadores, destaco, fundamentalmente, Bruno Alves, Raúl Meireles e Hulk, e num segundo plano, Cissokho, Fernando, Rodríguez, Lisandro e Mariano. Mas um homem sobressai naturalmente e esse só pode ser Jesualdo Ferreira. A confirmação da sua continuidade para 2009-10 é apenas uma questão de tempo, só se estranhando a demora da SAD portista em torná-la pública, resolvendo fazer dessa questão um tabú quando não havia necessidade. Era escusado que Jesualdo tivesse estado sujeito a tanto falatório e a perguntas insistentes acerca do seu futuro em todas as conferências de imprensa. Julgo que merecia uma tomada de decisão mais determinada e, sobretudo, atempada por parte dos responsáveis portistas. Seria um prémio justo para o magnífico trabalho que vem desenvolvendo no Dragão.
Enquanto portista, gostaria de dedicar este Tetra a todos os infelizes que passaram a temporada a arranjar as mais variadas formas de depreciar os méritos de dirigentes, treinadores, jogadores, funcionários e adeptos do FC Porto. É também por vocês que cada vez me dá mais gozo festejar estas sucessivas vitórias. Que tal aprenderem com quem sabe, em vez de continuarem incompetentes toda a vida?
quinta-feira, 30 de abril de 2009
O IMPROVÁVEL O'SHEA
Um golo apenas foi marcado na primeira-mão dos jogos das meias-finais da Champions. Em 180 minutos de futebol, protagonizados por quatro das melhores equipas do mundo, só por uma vez se sentiu a alegria do golo. O defesa irlandês O'Shea foi o autor da proeza! Ironicamente, com uma infinidade de estrelas cintilantes sobre os míticos relvados de Camp Nou e Old Trafford, acabou por ser o pior jogador de todos os que actuaram (sim, estive a ver um a um e não há pior que O'Shea...) a alcançar o objectivo supremo de um jogo de futebol. Cristiano Ronaldo, Messi, Lampard, Henry, Xavi, Rooney, Iniesta, Eto'o, Fabregas, Drogba ou Adebayor estiveram em campo? Deixem lá isso, o O'Shea resolve!
Estas 'meias' eram aguardadas com enorme expectativa por toda a gente que gosta de futebol. Quatro equipas fortíssimas, apologistas do futebol de ataque, faziam antever duelos emocionantes e de grande espectáculo. Jogada a primeira metade da eliminatória, tal expectativa saiu completamente defraudada, não só pelo mísero golo marcado, mas também porque os encontros não se desenrolaram com o equilíbrio e a competitividade desejáveis. Em Barcelona, só os catalães, embora sem muito engenho, procuraram atacar e ganhar o jogo. O Chelsea foi para defender e estacionou o 'autocarro' no seu meio-campo defensivo, acreditando que conseguirá resolver a questão em sua casa. Em Manchester, o Arsenal praticamente não existiu ofensivamente. O 1-0 é demasiado curto para o domínio avassalador do United e para as inúmeras oportunidades que desperdiçou.
O Barcelona tem exibido ao longo desta temporada o melhor futebol da Europa. Arrisco mesmo a dizer que desde que acompanho este fenómeno com consciência - 1992, 1993, por aí... -, este Barça de Guardiola é o conjunto que melhor futebol vi praticar. Interpreta quase na perfeição os diferentes momentos do jogo. É uma equipa que tem uma obcessão incessante pela posse de bola, procurando passar o maior tempo possível em organização ofensiva e o menor tempo possível em organização defensiva. A atacar, privilegia o jogo de passes e apoios constantes, a dinâmica de todos os jogadores e a procura da melhor decisão em cada lance. A defender, pressiona o adversário em zonas altas e de forma intensa, tentando recuperar a bola o mais rápido possível, além de raramente se desequilibrar ou desposicionar. Consegue igualmente ser muito eficaz nas transições ofensivas rápidas, bem como na transposição para a defesa quando perde o esférico. É um verdadeiro harmónio. Depois, a qualidade individual dos jogadores encarrega-se de dar corpo à ideia de jogo de Guardiola - tenho uma camisola do Barcelona com o seu nome, porque o admirava profundamente enquanto jogador, admiração essa que tem vindo a aumentar ainda mais, por ter sabido transportar a sua filosofia como jogador para a forma de pensar enquanto treinador.
Por estas razões, não sou dos que censuram a postura ultra-defensiva do Chelsea na Cidade Condal. Guus Hiddink percebeu que dificilmente não perderia o jogo se tentasse jogar taco-a-taco e limitou-se a apostar numa estratégia que, à partida, lhe garantia maiores probabilidades de obter um resultado positivo. Não critico. O nulo observado veio ainda mostrar que, apesar da excelência do futebol 'blaugrana', contra equipas muito compactas defensivamente, que sabem ocupar os espaços racionalmente e pressionam fortemente (ainda que em terrenos recuados) no sentido de contrariar o seu jogo fluído habitual, este Barça também sente dificuldades. Muitos dirão que unidades como Messi, Henry, Eto'o ou Xavi não estiveram particularmente inspirados. Nada disso. O colectivo londrino, muito defensivo, é certo, mas organizado, é que não os deixou produzir aquilo que produziram na maioria dos jogos desta época. Há uma velha máxima do futebol que também se aplica a este fantástico Barcelona: uma equipa joga aquilo que a outra deixa jogar. E a verdade é que o Chelsea conseguiu parar o futebol envolvente do Barça, merecendo crédito por isso. Aceitam-se críticas à estratégia escolhida, mas não à forma competente como foi interpretado o que Hiddink delineou. Ainda assim, a postura dos 'blues' em Stamford Bridge terá de ser diferente, mais acutilante e ambiciosa, o que poderá favorecer Messi e companhia. Acredito que o Barcelona passará à final de Roma.
No Man.United-Arsenal, a vantagem mínima é, como disse, muito escassa para a diferença de produção entre as duas equipas. Tendo em conta as oportunidades de golo que os 'red devils' criaram, uma das quais numa 'bomba' de Ronaldo à trave, o mais justo seria uma vitória por uma margem bem mais folgada. Não esperava uma estratégia tão cautelosa por parte de Wenger e nem se pode dizer que os seus pupilos foram competentes na sua execução, pois foram inúmeras as ocasiões que concederam ao United e houve períodos em que foram autenticamente massacrados junto da sua área (coisa que o Chelsea não foi em Barcelona). No entanto, acabaram por ser felizes e conseguiram manter esperanças na qualificação para a segunda-mão.
O Manchester United deu, mais uma vez, uma demonstração de grande poderio e fez jús à sua condição de campeão europeu e mundial. Julgo que passará à final, com maior ou menor dificuldade; a sua superioridade face ao Arsenal é evidente. Até por isso o recente desempenho do FC Porto diante da turma de Alex Ferguson, em que quase repetiu a 'gracinha' de 2004, merece ser realçado na medida apropriada, principalmente pelos muitos anti-portistas primários existentes neste país, bem como por aqueles que sempre acharam Jesualdo Ferreira fraquinho. De facto, o FC Porto é grande demais para este futebol português e, realmente, o técnico portista, nestes três anos que leva no Dragão, tem demonstrado que é fraquinho, muito fraquinho...
Que venha uma final Barcelona-Manchester United e, aí, que seja Ronaldo a confortar Messi...
terça-feira, 3 de março de 2009
BRAGA: À IMAGEM DE JESUS
Sporting Clube de Braga. Há muito que este clube iniciou um trajecto de crescimento sustentado. Na última década, graças a excelentes classificações internas e algumas carreiras europeias de relevo, transformou-se num dos emblemas mais importantes do futebol português. Numa realidade que ainda gira em torno de FC Porto, Benfica e Sporting, são bem-vindos clubes como o Braga, que ousam sonhar, empreender e realizar. Sente-se que, mais cedo ou mais tarde, este clube lutará pelo título nacional, o que só trará benefícios a um futebol demasiado concentrado nas amarras dos três colossos.
Para esta temporada foi contratado o treinador Jorge Jesus, vindo de uma magnífica campanha no Belenenses. Analisando o trajecto da equipa até agora, pode dizer-se que não podia ter sido mais certeira a aposta do presidente António Salvador para a liderança técnica da formação arsenalista. A classificação actual na Liga Sagres pode até ser considerada modesta face à qualidade do plantel. Nacional e Leixões detêm o mesmo número de pontos com menores recursos. O que faz deste Braga um caso merecedor de maior destaque é a ambição com que entra em qualquer estádio e a qualidade do futebol que apresenta. Há equipas que conseguem algum sucesso esporádico, baseando o seu modelo de jogo em premissas como defender atrás e explorar o contra-ataque, apostando na qualidade das suas melhores individualidades e tentando jogar no erro do adversário. Ao contrário, a formação bracarense interpreta um modelo de equipa grande. Assume normalmente o jogo diante de qualquer adversário, jogando olhos nos olhos, procurando ter a bola e dominar o mais possível. A forma como o Braga encarou os jogos com os três grandes, bem como o percurso notável que vem realizando na Taça UEFA, não se deve a uma fortuna casual. É antes fruto de uma aposta arrojada por um futebol positivo e com espírito ganhador.
Para esta temporada foi contratado o treinador Jorge Jesus, vindo de uma magnífica campanha no Belenenses. Analisando o trajecto da equipa até agora, pode dizer-se que não podia ter sido mais certeira a aposta do presidente António Salvador para a liderança técnica da formação arsenalista. A classificação actual na Liga Sagres pode até ser considerada modesta face à qualidade do plantel. Nacional e Leixões detêm o mesmo número de pontos com menores recursos. O que faz deste Braga um caso merecedor de maior destaque é a ambição com que entra em qualquer estádio e a qualidade do futebol que apresenta. Há equipas que conseguem algum sucesso esporádico, baseando o seu modelo de jogo em premissas como defender atrás e explorar o contra-ataque, apostando na qualidade das suas melhores individualidades e tentando jogar no erro do adversário. Ao contrário, a formação bracarense interpreta um modelo de equipa grande. Assume normalmente o jogo diante de qualquer adversário, jogando olhos nos olhos, procurando ter a bola e dominar o mais possível. A forma como o Braga encarou os jogos com os três grandes, bem como o percurso notável que vem realizando na Taça UEFA, não se deve a uma fortuna casual. É antes fruto de uma aposta arrojada por um futebol positivo e com espírito ganhador.
Jorge Jesus, reconhecido como um excelente estratega e muito competente no plano motivacional, procurou dar corpo à ambição dos responsáveis bracarenses e montou um plantel que lhe desse garantias de poder praticar o futebol desejado. Rico em qualidade e quantidade, é talvez o conjunto de jogadores mais equilibrado da nossa liga, sendo que algumas individualidades são de fazer inveja à grande maioria das equipas portuguesas. Sem surpresa, o Braga tem sido aquela que melhor futebol tem praticado, já que, à categoria do seu elenco, se junta um líder técnico apologista do futebol de ataque, que cultiva o futebol apoiado e a beleza estética do jogo.
O sistema táctico adoptado desde o começo foi o 4-4-2 losango, o predilecto de Jesus. Na baliza, o facto de o Braga contar com Eduardo, actual titular da Selecção Nacional, dispensa mais considerações acerca da sua qualidade. Com uma estampa física assinalável, o guardião natural de Mirandela, revela segurança e bons reflexos dentro dos postes, tendo apenas que melhorar, na minha opinião, na hora de sair aos cruzamentos. Os laterais, João Pereira pela direita e Evaldo pela esquerda, constituem uma das principais forças desta equipa. Bons a nível de posicionamento e intensos na marcação (sobretudo o ex-benfiquista), revelam também grande apetência ofensiva, constituindo uma importante fonte de desequilíbrio na organização defensiva adversária. No centro da defesa, abundam igualmente elementos de grande valor, embora o sector venha sofrendo algumas contrariedades a nível de lesões, nomeadamente Paulo Jorge, Rodríguez e, mais recentemente, Moisés. André Leone e os adaptados Frechaut e Stélvio Cruz são outras opções para o lugar. Sem impedimentos, a dupla mais forte será, porventura, composta pelo brasileiro Moisés e pelo peruano Rodríguez. Feliz do treinador que conta com centrais deste calibre e, adicionalmente, com jogadores polivalentes capazes de fazer a posição com tranquilidade.
No sector intermediário, o panorama continua magnífico. Vandinho é o pivot-defensivo incontestado, conferindo ao colectivo intensidade nos diferentes momentos do jogo. A simplicidade de processos e a qualidade de passe são dois atributos que estão sempre presentes no desempenho do 'trinco' brasileiro. É um dos melhores da equipa. Como médios interiores, os titulares por princípio, são Alan, na meia-direita, e César Peixoto, no lado oposto. Este duo é uma das chaves do futebol do Braga, pela facilidade com que jogam, ora mais por dentro, ora encostados à linha. Esta flexibilidade, consoante a equipa está a defender ou a atacar, tornam a equipa mais imprevisível e, por conseguinte, de mais difícil anulação. De realçar ainda, o diferente perfil de ambos: Alan mais veloz e explosivo, Peixoto mais inteligente e seguro. Que melhor combinação para poder gerir os ritmos ao longo dos 90 minutos conforme o adequado em cada momento? Na posição '10', aparece o uruguaio Luís Aguiar, um médio-ofensivo talentoso e tecnicista, que constrói, cria, inventa, e ainda tem tempo para chegar à área e ameaçar a baliza contrária. O recente golo que apontou em Liége é disso um bom exemplo. Jesualdo Ferreira não o quis, agradeceu Jorge Jesus. Mossoró, Jorginho e Matheus, que já brilharam noutros clubes e são valores firmados no nosso país, são as alternativas mais credíveis para entrar no losango em substituição dos habituais titulares.
Na frente de ataque, a dupla mais frequente é formada por Meyong e Rentería. O camaronês é mais experiente, fruto de algumas temporadas já vividas ao mais alto nível nacional, fazendo da sua capacidade goleadora e mobilidade criteriosa trunfos significativos. Já o colombiano que o FC Porto um dia foi buscar ao Internacional, é um avançado mais 'selvagem', muito rápido, meio desengonçado, mas com muita habilidade. É capaz de falhar as ocasiões mais inacreditáveis, mas também de assinar golos de antologia. Dois atacantes que, não sendo extraordinários isoladamente, funcionam muito bem em conjunto. Prontos a saltar do banco estão o tarimbado Paulo César e a jovem-promessa Orlando Sá, uma das últimas apostas de Carlos Queiroz para a Selecção Nacional.
Esta equipa joga à imagem de Jorge Jesus. Olha qualquer adversário de frente - o Milan que o diga - e pratica um futebol atraente, positivo e virado para o ataque. Sente-se sempre confortável com a bola em seu poder e, por isso, aposta na subida da sua linha defensiva e na concessão de pouco espaço entre sectores, como forma de roubar a bola ao adversário o mais rápido possível. Isto só é possível com uma boa organização colectiva, tanto mais que, dos quatro centrocampistas, três deles são, em si mesmos, de características mais ofensivas. Jorge Jesus criou na cidade dos Arcebispos uma equipa moderna, que actua como um harmónio, em bloco, onde todos defendem, todos atacam, todos pressionam o portador da bola com intensidade, todos revelam qualidade com a bola no pé, todos oferecem algo palpável e sabem qual o seu papel em campo. O resto é o trajecto bonito que temos presenciado.
A ESTRELA:
Luís Aguiar
Médio-ofensivo
17-11-1985, Mercedes (Uruguai)
1,83 m
Titular indiscutível desta equipa como 'playmaker', é um médio de grandes recursos técnicos e excelente visão de jogo. Alia magníficas capacidades, quer ao nível da decisão, quer ao nível da execução. É apologista da beleza das coisas simples e bem feitas, nunca adornando os lances em demasia. Esquecido no FC Porto, 'estagiou' no E.Amadora e na Académica, chegando a Braga para se exibir como a autêntica estrela da companhia.
OUTROS DESTAQUES:
Vandinho
Médio-defensivo
15-01-1978, Cuiabá (Brasil)
1,83 m
Um dos principais responsáveis pela boa campanha da equipa e pelo bom futebol praticado. É um pivot-defensivo que se adequa na perfeição ao futebol actual, ocupando o espaço de forma inteligente, pressionando com veemência o adversário que aparece na sua zona de acção e lançando os ataques com simplicidade, mercê do seu bom toque de bola. Na minha equipa, atendendo ao contexto que estou a considerar, era um médio-defensivo assim que jogava.
César Peixoto
Médio-interior-esquerdo
12-05-1980, Guimarães (Portugal)
1,82 m
É um dos toques de classe da equipa. Sempre elegante, actua com serenidade e inteligência na meia-esquerda. Dono de um pé esquerdo de eleição, é bom no passe, nos cruzamentos e nas bolas paradas, tornando-se muito importante para o seu treinador. Não é especialmente rápido, mas compensa com a sua faculdade para tomar quase sempre a opção correcta e, com isso, ajudar o conjunto a ganhar jogos.
Alan
Médio-interior-direito
19-09-1979, Rio de Janeiro (Brasil)
1,80 m
Extremo de raíz, foi adaptado por Jesus a interior, por imposição do losango utilizado no miolo. Ainda assim, é o jogador que maior largura empresta a este Braga, pois sempre que ataca, tem tendência a encostar à linha e explorar a faixa lateral direita. É um malabarista, com muita velocidade e habilidade, constituindo-se como um desequilibrador nato. No FC Porto não foi feliz e tenho dúvidas se servirá para uma equipa mais exigente, mas parece feito à medida deste Braga.
terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
A GOLEADA PERDIDA
ATLÉTICO MADRID - FC PORTO 2 - 2
Liga dos Campeões 2008-09 (1/8 Final)
24 de Fevereiro de 2009
Estádio Vicente Calderón (Madrid)
Árbitro: Howard Webb (Inglaterra)
Atlético Madrid: Léo Franco; Seitaridis, Pablo, Ujfalusi, António Lopez; Maxi Rodríguez (Miguel 80'), Paulo Assunção, Raúl Garcia (Maniche 67'), Simão; Aguero (Sinama-Pongolle 56'), Forlán. Tr: Abel Resino
FC Porto: Helton; Sapunaru (Pedro Emanuel 79'), Rolando, Bruno Alves, Cissokho; Fernando, Raúl Meireles (Tomás Costa 90'), Lucho González; Lisandro (Tarik 90'), Hulk, Cristian Rodríguez. Tr: Jesualdo Ferreira
Ao intervalo: 2 - 1
Marcadores: 1 - 0 Maxi Rodríguez 3', 1 - 1 Lisandro 22', 2 - 1 Forlán 45', 2 - 2 Lisandro 72'
CA: Raúl Garcia 24', Sapunaru 27', Lisandro 60', Paulo Assunção 74'
Empate amargo para o FC Porto. Mesmo sabendo que empatar fora, com golos, numa eliminatória da Champions é um resultado positivo, o FC Porto fica a dever a si próprio e a alguns azares, uma vitória na capital espanhola, por números bem expressivos até. Os portistas vulgarizaram o Atlético Madrid e só a falta de eficácia na finalização e a arbitragem caseira impediram o sentenciar, desde já, da eliminatória. Ficou demonstrado que, ao contrário do que havia declarado Paulo Assunção antes do encontro, o FC Porto é, nesta altura, uma equipa muito superior ao Atlético. A forma personalizada e inteligente como se exibiu no Vicente Calderón não foi por acaso.
O FC Porto controlou a quase totalidade do jogo, criou imensas oportunidades claras de golo (muito mais que o adversário) e denotou maior agressividade, objectividade e lucidez. Soube sempre o que tinha de fazer para levar o perigo à baliza madrilena. Tivesse existido maior frieza na hora de definir as jogadas e poderíamos estar perante um desfecho humilhante para o Atlético, tantas foram as vezes em que o trio ofensivo azul e branco lançou o pânico na defensiva caseira. Este FC Porto está efectivamente talhado para os jogos mais difíceis, onde não tem de assumir o jogo abertamente e em que o adversário lhe concede os espaços necessários para que o futebol explosivo de transições fortes possa surtir o efeito pretendido. Rodríguez e Hulk estiveram particularmente inspirados e foram duas setas apontadas à baliza de Léo Franco. Lucho foi o patrão do meio-campo, com a sua habitual mestria na hora de decidir o caminho a seguir, especialmente durante a primeira parte.
O plano de jogo definido por Jesualdo Ferreira apontava claramente para o triunfo e o desempenho da equipa justificava amplamente tal desiderato. No entanto, estava escrito que este seria um jogo marcado por inúmeras adversidades e que só com muita cabeça e um espírito de grupo muito forte se conseguiria evitar uma injusta derrota. Há muito tempo que não sentia tanto nervosismo a ver um jogo de futebol. A Champions é um mundo à parte, estes jogos têm uma carga completamente diferente dos compromissos internos e ver a equipa a jogar melhor, a merecer golear e a perder, contra uma equipa inferior, com golos falhados em catadupa, uma arbitragem tendenciosa e o 'frango' de Helton em cima do intervalo, estava a deixar-me fora de mim.
Logo aos 2 minutos, o FC Porto mostrou ao que ía: arrancada demolidora de Hulk (é um fenómeno este brasileiro, mas ainda há gente que acha que ele é tudo menos jogador de futebol!), passe para Rodríguez que, já dentro da pequena área, em vez de assistir Meireles para um golo fácil, rematou contra um defesa espanhol. Estava dado o sinal. Só que na primeira vez que chegam à baliza, os 'colchoneros' inauguram o marcador por Maxi Rodríguez, num lance em que Cissokho não efectuou a cobertura ao argentino como devia. Sem nada ter feito por isso, o Atlético colocava-se em vantagem.
O FC Porto, porém, não se ressentiu e a reacção foi enérgica. Hulk foi a principal ameaça nesta fase para os espanhóis que não tinham antídoto para travar alguns piques avassaladores do '12' portista. Forlán ainda teve nos pés o segundo golo (boa defesa de Helton), mas o FC Porto estava a carregar e deliberadamente à procura do empate. Empate esse que foi alcançado aos 18 minutos de forma legal, por Lisandro, mas o árbitro anulou o lance por fora-de-jogo inexistente. Sobre isto, queria manifestar o meu repúdio pelo facto de o narrador da RTP não saber sequer o que é um fora-de-jogo, pois dizer que o lance é bem anulado, por Lisandro estar adiantado em relação ao penúltimo homem do Atlético, mas esquecendo-se que estava em linha com a bola, é surreal para um jornalista desportivo. Sim, depois lá lhe disseram as regras e emendou a mão, mas a incompetência (ou será outra coisa?) estava demonstrada. É este o serviço público que temos.
Mas o golo não tardaria. Após uma falha de Raúl Garcia, Lisandro surge isolado face a Léo Franco e atira a contar, minorando a injustiça que o resultado continha. O FC Porto continuou a dominar as operações e pressentia-se que a qualquer momento poderia passar para a frente. Lisandro teve uma oportunidade flagrante, após excelente jogada de Rodríguez, mas não conseguiu manter o acerto na finalização, permitindo a defesa do guarda-redes. A seguir, foi Hulk que, isolado por uma assistência primorosa de Meireles, permitiu nova intervenção providencial de Léo Franco. O FC Porto já ía justificando a reviravolta, numa partida que mantinha um ritmo elevado. Hulk e Rodríguez continuavam a deixar os adeptos madrilenos apreensivos com as suas 'explosões'. Aos 42 minutos, novamente o 'Incrível' a passar pelo opositor com facilidade e a disparar para a baliza, mas a bola sai a rasar o poste, sem que Lisandro e Rodríguez conseguissem desviar.
A felicidade não quis mesmo nada com os portistas. Neste contexto, o golo de Fórlan, num 'frango' ridículo de Helton (Fernando também não está isento de culpas, pela passividade que mostrou perante a incursão do avançado uruguaio), foi o culminar de uns primeiros 45 minutos do mais inglórios que já vi. Este tipo de erros acontece a todos os guardiões, mesmo aos melhores, mas foi a segunda vez que o brasileiro comprometeu seriamente a equipa num jogo da Champions e tenho dúvidas se terá estaleca para jogar a um nível tão alto. Não escondo que tive um ataque de fúria assim que vi aquela bola a entrar por entre as suas mãos. Ir a perder para o descanso, quando o resultado mais ajustado seria à vontade uns 3 golos de vantagem, era difícil de aceitar.
Na segunda parte, embora o FC Porto não tenha exibido uma supremacia tão evidente, mais do mesmo: FC Porto à procura da igualdade e a falhar oportunidades. Lisandro esteve perto do golo por duas vezes, numa das quais falhando de forma escandalosa, após assistência de Rodríguez que o deixou na cara de Léo Franco. O FC Porto exercia forte pressão e a defesa caseira tremia por todos os lados. Um remate do meio da rua de Raúl Garcia mostrou que o Atlético ainda poderia ser perigoso, mas era ponto assente que os portistas só descansariam quando conseguissem empatar. E conseguiu-o, aos 72 minutos, numa finalização oportuna do inevitável Lisandro, respondendo a um cruzamento bem medido de Cissokho. Gostei de ver os abraços a Helton nos festejos feste golo. É também deste companheirismo que se fazem os campeões.
O jogo tornou-se mais previsível a partir desta altura e com mais incidência sobre o miolo do terreno, com um natural e ligeiro ascendente do Atlético. Simão, Fórlan e Sinama-Pongolle - entretanto entrado - ainda causaram algum perigo, mas a verdade é que nunca houve muito engenho dos comandados de Abel Resino para ultrapassar a equipa portista. O apito final era uma questão de tempo.
O FC Porto deu uma demonstração de força e personalidade. Pode causar alguns estragos nesta competição, com a sua forma de jogar directa e explosiva. É um regalo ver a excelência de algumas transições ofensivas, ainda que neste jogo os erros defensivos primários do Atlético e a rigidez do seu 4-4-2 clássico, que proporciona muitos espaços sempre que o bloco não se posiciona atrás, também tenham ajudado o FC Porto a superiorizar-se em jogo jogado. A exploração das costas dos defesas contrários foi uma constante. No entanto, acho o FC Porto muito passivo quando perde a bola, concede demasiado espaço, não pressiona convenientemente o portador da bola, deixando a equipa adversária avançar no terreno sem grande oposição. Penso que este deveria ser um aspecto a corrigir. De resto, em organização ofensiva, até gostei do jogo de posse de bola que os portistas conseguiram praticar, algo que não é, como se sabe, um dos seus maiores predicados.
Individualmente, acho que Rodríguez foi o melhor jogador em campo. Colocou a cabeça em àgua a Seitaridis com as suas infindáveis arrancadas e foi sempre um dos mais inconformados. Grande jogo do 'Cebola'. Helton esteve sempre seguro, mas aquela falha patética, a fazer lembrar o jogo com o Chelsea há duas temporadas, manchou a sua exibição. Sapunaru fez um jogo medíocre, é fraco e não tem lugar na equipa - foi pena Fucile ter tido problemas físicos que o impossibilitaram de actuar. Cissokho esteve intermitente, tendo feito coisas boas e outras menos boas. Os centrais estiveram em bom plano, dominando o espaço aéreo e revelando sempre concentração máxima. Fernando, à excepção da abordagem ao lance do segundo golo do Atlético, teve um bom desempenho. Meireles fez um jogo fantástico, defendeu e atacou com igual eficácia, valendo-se da sua cultura táctica e capacidade de passe. Lucho foi o cérebro da equipa, na primeira parte esteve soberbo, tendo caído um pouco na segunda, mas ainda a tempo de fazer uma maldade a Ujfalusi. Lisandro falhou golos que não se podem falhar, mas marcou por duas vezes e movimentou-se muito e bem, participando quase sempre assertivamente nos lances de ataque e ajudando a defender com a sua habitual abnegação. Hulk foi enorme! Quando embala torna-se quase imparável. Desequilibrou por diversas vezes a defesa 'colchonera', servindo-se da sua velocidade e potência para deixar adversários por terra. Foi dos melhores, esteve sempre em jogo e foi dos que mais contribuíram para colocar o Atlético em permanente sobressalto. Mas já li nessa blogosfera que passou ao lado do jogo... Deve ser ainda o efeito do álcool da noite carnavalesca!
O FC Porto tem tudo para passar aos quartos-de-final. É superior, está em vantagem e joga a segunda mão no Dragão perante os seus adeptos, além de que Howard Webb não será o árbitro... Será que à terceira será de vez?
Categoria:
Atlético Madrid,
Crónicas,
FC Porto,
Liga dos Campeões
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
SONDAGENS (1)
Na primeira sondagem levada a cabo por este blog, fiz a seguinte pergunta aos leitores: 'Quem é, actualmente, o melhor avançado-centro do mundo?'. Obtive 74 respostas, com os seguintes resultados: Ibrahimovic (23 votos), Fernando Torres (11), Drogba (8), Henry e David Villa (6), Rooney (5), Aguero (4), Van Nistelrooy e Adebayor (3), Eto'o e Berbatov (2), Luca Toni (1) e Benzema e outro (0). Cada um tem a sua opinião e é de salientar a diversidade de respostas. Mas os resultados indiciam que, hoje em dia, o sueco Ibrahimovic e o espanhol Fernando Torres talvez estejam uns furos acima dos outros, e, entre estes, o pupilo de José Mourinho no Inter, levará também bastante vantagem. Eu votei em Ibrahimovic...
domingo, 8 de fevereiro de 2009
EMPATE JUSTO
1ª Liga Portuguesa 2008-09
8 de Fevereiro de 2009
Estádio do Dragão (Porto)
Árbitro: Pedro Proença (Lisboa)
FC Porto: Helton; Fucile, Rolando, Bruno Alves, Cissokho; Fernando, Raúl Meireles (Mariano González 65'), Lucho González; Lisandro (Farías 88'), Hulk, Cristian Rodríguez. Tr: Jesualdo Ferreira
Benfica: Moreira; Maxi Pereira, Luisão, Sidnei, David Luíz; Ruben Amorim, Yebda, Katsouranis, Reyes (Nuno Gomes 86'); Aimar (Carlos Martins 90'+1'), Suazo (Di Maria 62'). Tr: Quique Flores
Ao intervalo: 0 - 1
Marcadores: 0 - 1 Yebda 45'+1', 1 - 1 Lucho González 71' gp
CA: Fernando 50', Maxi Pereira 52', Katsouranis 64', Yebda 70'
Para muitos este era o desafio mais importante da temporada interna até ao momento. A expectativa era grande, a semana que antecedeu a contenda foi intensa e a infíma diferença pontual entre ambas as equipas fazia antever um jogo de nervos. A arbitragem tem feito parte da agenda quotidiana do futebol português. Todos se queixam, todos se acham prejudicados, os erros grosseiros acontecem a uma velocidade assustadora, a suspeição é atirada para o ar diariamente e, portanto, o árbitro Pedro Proença não dispunha do ambiente propício para fazer uma boa arbitragem no Dragão. É por aí que começo.
Pedro Proença fez uma má arbitragem. Cometeu três erros graves e, ainda que no resto da partida tenha estado bem (exceptuando o facto de ter permitido que metade dos 3 minutos de compensação fossem passados sem jogar), a verdade é que influenciou o normal curso do jogo e o desfecho do mesmo. Aos 18 minutos, não assinalou uma grande penalidade, por falta clara de Reyes sobre Lucho. Como se sabe, na área não há lei da vantagem e não é pelo facto de o argentino se ter levantado após o desequilíbrio provocado pelo toque de Reyes que deixa de existir falta. Aos 26 minutos, Sidnei pisa ostensiva e maldosamente Lucho, justificando-se a exibição do vermelho directo, por conduta violenta. Proença não mostrou qualquer cartão. Aos 70 minutos, assinalou uma grande penalidade inexistente, já que Yebda não cometeu qualquer falta sobre Lisandro, que se limitou a atirar para a piscina. Conclusão: o penalty que permitiu ao FC Porto restabelecer a igualdade não existiu. Mas o certo é que se o árbitro tivesse agido em conformidade anteriormente, o FC Porto poderia ter chegado aos 26 minutos a ganhar por 1-0 e a jogar contra dez unidades.
Se olharmos para a imprensa e para a generalidade da blogosfera, ficamos convencidos que o FC Porto foi beneficiado, mas analisando os lances capitais da partida com objectividade, vemos que não foi isso que sucedeu. Tem sido desta forma, parcial e tendenciosa, que o FC Porto tem sido tratado nesta temporada. É triste verificar que a comunicação social, que deveria agir com isenção, na procura da informação credível e objectiva, esteja, cada vez mais, a imbecilizar-se e a comportar-se como um verdadeiro adepto. Felizmente deixei de comprar jornais de há uns tempos a esta parte e ligo muito pouco às análises que se vão fazendo nas rádios e televisões. Anda a querer vender-se uma mentira, só porque ela é dita muitas vezes. Quem gostar de ser enganado, que acredite.
Os treinadores não apresentaram qualquer surpresa nos seus onzes. Os sistemas tácticos foram também os esperados. O FC Porto chegou a este jogo na sua máxima força, após ter feito descansar todos os habituais titulares, a meio da semana, em Alvalade. O Benfica não procedeu a tão grande poupança no desafio da Taça da Liga, diante do Guimarães, mas uma potencial maior frescura portista não se fez notar ao longo do encontro.
A primeira meia-hora foi de domínio do FC Porto e só por manifesta falta de eficácia na hora de finalizar, não se adiantou no marcador neste período. Jogando subido e pressionando alto, os pupilos de Jesualdo Ferreira empurraram os encarnados para a sua defensiva. Rodríguez foi dos mais audazes nesta fase inicial e fez várias vezes a cabeça em água ao compatriota Maxi Pereira. Lucho e Lisandro estiveram também muito activos, tanto a construir, como em zonas de finalização. O '8' portista teve mesmo na cabeça a melhor oportunidade da primeira parte, mas atirou por cima quando estava completamente isolado. O perigo rondou a baliza de Moreira em diversas ocasiões, mas os portistas revelaram-se perdulários, como já vem sendo costume nos jogos caseiros.
Apesar desta fase de algum assédio, o Benfica esteve sempre traquilo, concentrado e nunca se desuniu. Manteve sempre o bloco baixo, não permitindo ao adversário dispôr da sua melhor arma atacante - as transições rápidas - e nunca deixou de procurar contra-atacar quando havia possibilidades para isso. Reyes chegou a estar na cara do golo, mas Helton respondeu com uma grande defesa. O FC Porto foi superior na primeira parte, teve mais ocasiões para marcar e exerceu um maior domínio territorial, mas a forma adulta e personalizada como as 'águias' conviveram com essa situação, acabou por ser premiada, mesmo em cima do intervalo, com um belo golo de Yebda, de cabeça, na sequência de um canto executado por Reyes. Sem o justificar, o Benfica saiu para o intervalo em vantagem.
Na segunda parte o FC Porto continuou a ser mais dominador, mas jogou sempre com muito coração e pouca cabeça. Com o Benfica em vantagem e cada vez mais fechado, faltaram os espaços para os portistas aplicarem o seu futebol. O jogo de posse de bola nunca foi um dos pontos fortes deste FC Porto, que vivia de algumas arrancadas de Hulk (bom duelo com Moreira) e pouco mais. Os benfiquistas foram ganhando confiança e estiveram mesmo próximos de aumentar a contagem em alguns ataques rápidos, numa altura em que Aimar ía mostrando algum do perfume do seu futebol.
Di Maria já estava em campo, por troca com o esgotado Suazo. Jesualdo abriu a frente de ataque, colocando Mariano no lugar de Raúl Meireles. O jogo manteve a mesma toada de ataque contínuo e desorganizado do FC Porto, alternado com algumas investidas perigosas do Benfica. O golo do empate azul e branco haveria de surgir a 20 minutos do fim, através de Lucho González, na já descrita grande penalidade, num lance que veio repôr justiça no marcador. Após este golo, o jogo abrandou, parecendo claro que ambas as equipas, a partir de determinada altura, começaram a preocupar-se mais em não sofrer o segundo golo que em tentar chegar à vitória. Até ao apito final de Pedro Proença, poucos motivos de interesse mais há a realçar.
O FC Porto chegou a este clássico como favorito, mas a sua exibição acabou por defraudar as expectativas, tanto mais que a preparação para este jogo foi feita com especial cuidado, implicando mesmo a eliminação quase premeditada da Taça da Liga. Do lado oposto, o Benfica também não foi brilhante, mas a forma personalizada como se exibiu na casa dos tricampeões nacionais, foi uma agradável surpresa, a justificar amplamente o ponto conseguido.
Resultado justo, num clássico que não deixará saudades. Um estádio repleto com 50 110 espectadores merecia mais e melhor. O FC Porto mantém-se na liderança desta Liga Sagres, mas com a certeza de que terá de melhorar substancialmente as suas performances caseiras. A incapacidade que revela em ultrapassar defesas fechadas e bem organizadas, não augura facilidades até ao final do campeonato. O Benfica cumpriu o plano traçado para o jogo e segue na luta pelo título, mas a sua irregularidade exibicional faz-me pensar que a tarefa que se lhe depara é árdua. Aguardemos pelas próximas jornadas.
Para muitos este era o desafio mais importante da temporada interna até ao momento. A expectativa era grande, a semana que antecedeu a contenda foi intensa e a infíma diferença pontual entre ambas as equipas fazia antever um jogo de nervos. A arbitragem tem feito parte da agenda quotidiana do futebol português. Todos se queixam, todos se acham prejudicados, os erros grosseiros acontecem a uma velocidade assustadora, a suspeição é atirada para o ar diariamente e, portanto, o árbitro Pedro Proença não dispunha do ambiente propício para fazer uma boa arbitragem no Dragão. É por aí que começo.
Pedro Proença fez uma má arbitragem. Cometeu três erros graves e, ainda que no resto da partida tenha estado bem (exceptuando o facto de ter permitido que metade dos 3 minutos de compensação fossem passados sem jogar), a verdade é que influenciou o normal curso do jogo e o desfecho do mesmo. Aos 18 minutos, não assinalou uma grande penalidade, por falta clara de Reyes sobre Lucho. Como se sabe, na área não há lei da vantagem e não é pelo facto de o argentino se ter levantado após o desequilíbrio provocado pelo toque de Reyes que deixa de existir falta. Aos 26 minutos, Sidnei pisa ostensiva e maldosamente Lucho, justificando-se a exibição do vermelho directo, por conduta violenta. Proença não mostrou qualquer cartão. Aos 70 minutos, assinalou uma grande penalidade inexistente, já que Yebda não cometeu qualquer falta sobre Lisandro, que se limitou a atirar para a piscina. Conclusão: o penalty que permitiu ao FC Porto restabelecer a igualdade não existiu. Mas o certo é que se o árbitro tivesse agido em conformidade anteriormente, o FC Porto poderia ter chegado aos 26 minutos a ganhar por 1-0 e a jogar contra dez unidades.
Se olharmos para a imprensa e para a generalidade da blogosfera, ficamos convencidos que o FC Porto foi beneficiado, mas analisando os lances capitais da partida com objectividade, vemos que não foi isso que sucedeu. Tem sido desta forma, parcial e tendenciosa, que o FC Porto tem sido tratado nesta temporada. É triste verificar que a comunicação social, que deveria agir com isenção, na procura da informação credível e objectiva, esteja, cada vez mais, a imbecilizar-se e a comportar-se como um verdadeiro adepto. Felizmente deixei de comprar jornais de há uns tempos a esta parte e ligo muito pouco às análises que se vão fazendo nas rádios e televisões. Anda a querer vender-se uma mentira, só porque ela é dita muitas vezes. Quem gostar de ser enganado, que acredite.
Os treinadores não apresentaram qualquer surpresa nos seus onzes. Os sistemas tácticos foram também os esperados. O FC Porto chegou a este jogo na sua máxima força, após ter feito descansar todos os habituais titulares, a meio da semana, em Alvalade. O Benfica não procedeu a tão grande poupança no desafio da Taça da Liga, diante do Guimarães, mas uma potencial maior frescura portista não se fez notar ao longo do encontro.
A primeira meia-hora foi de domínio do FC Porto e só por manifesta falta de eficácia na hora de finalizar, não se adiantou no marcador neste período. Jogando subido e pressionando alto, os pupilos de Jesualdo Ferreira empurraram os encarnados para a sua defensiva. Rodríguez foi dos mais audazes nesta fase inicial e fez várias vezes a cabeça em água ao compatriota Maxi Pereira. Lucho e Lisandro estiveram também muito activos, tanto a construir, como em zonas de finalização. O '8' portista teve mesmo na cabeça a melhor oportunidade da primeira parte, mas atirou por cima quando estava completamente isolado. O perigo rondou a baliza de Moreira em diversas ocasiões, mas os portistas revelaram-se perdulários, como já vem sendo costume nos jogos caseiros.
Apesar desta fase de algum assédio, o Benfica esteve sempre traquilo, concentrado e nunca se desuniu. Manteve sempre o bloco baixo, não permitindo ao adversário dispôr da sua melhor arma atacante - as transições rápidas - e nunca deixou de procurar contra-atacar quando havia possibilidades para isso. Reyes chegou a estar na cara do golo, mas Helton respondeu com uma grande defesa. O FC Porto foi superior na primeira parte, teve mais ocasiões para marcar e exerceu um maior domínio territorial, mas a forma adulta e personalizada como as 'águias' conviveram com essa situação, acabou por ser premiada, mesmo em cima do intervalo, com um belo golo de Yebda, de cabeça, na sequência de um canto executado por Reyes. Sem o justificar, o Benfica saiu para o intervalo em vantagem.
Na segunda parte o FC Porto continuou a ser mais dominador, mas jogou sempre com muito coração e pouca cabeça. Com o Benfica em vantagem e cada vez mais fechado, faltaram os espaços para os portistas aplicarem o seu futebol. O jogo de posse de bola nunca foi um dos pontos fortes deste FC Porto, que vivia de algumas arrancadas de Hulk (bom duelo com Moreira) e pouco mais. Os benfiquistas foram ganhando confiança e estiveram mesmo próximos de aumentar a contagem em alguns ataques rápidos, numa altura em que Aimar ía mostrando algum do perfume do seu futebol.
Di Maria já estava em campo, por troca com o esgotado Suazo. Jesualdo abriu a frente de ataque, colocando Mariano no lugar de Raúl Meireles. O jogo manteve a mesma toada de ataque contínuo e desorganizado do FC Porto, alternado com algumas investidas perigosas do Benfica. O golo do empate azul e branco haveria de surgir a 20 minutos do fim, através de Lucho González, na já descrita grande penalidade, num lance que veio repôr justiça no marcador. Após este golo, o jogo abrandou, parecendo claro que ambas as equipas, a partir de determinada altura, começaram a preocupar-se mais em não sofrer o segundo golo que em tentar chegar à vitória. Até ao apito final de Pedro Proença, poucos motivos de interesse mais há a realçar.
O FC Porto chegou a este clássico como favorito, mas a sua exibição acabou por defraudar as expectativas, tanto mais que a preparação para este jogo foi feita com especial cuidado, implicando mesmo a eliminação quase premeditada da Taça da Liga. Do lado oposto, o Benfica também não foi brilhante, mas a forma personalizada como se exibiu na casa dos tricampeões nacionais, foi uma agradável surpresa, a justificar amplamente o ponto conseguido.
Resultado justo, num clássico que não deixará saudades. Um estádio repleto com 50 110 espectadores merecia mais e melhor. O FC Porto mantém-se na liderança desta Liga Sagres, mas com a certeza de que terá de melhorar substancialmente as suas performances caseiras. A incapacidade que revela em ultrapassar defesas fechadas e bem organizadas, não augura facilidades até ao final do campeonato. O Benfica cumpriu o plano traçado para o jogo e segue na luta pelo título, mas a sua irregularidade exibicional faz-me pensar que a tarefa que se lhe depara é árdua. Aguardemos pelas próximas jornadas.
terça-feira, 30 de dezembro de 2008
2008 EM REVISTA... de A a Z
Alex Ferguson: Foi o treinador mais bem sucedido do ano, dando continuidade a uma carreira de sonho e demonstrando que continua na elite dos técnicos mundiais. Conquistou a Liga dos Campeões, a Premier League e o Mundial de Clubes, além da Supertaça Inglesa. Coisa pouca!
Beto: Realizou um magnífico trabalho no ano que agora finda, defendendo a baliza do Leixões. Na minha opinião, é o melhor guarda-redes português da actualidade, revelando qualidades mais que suficientes para poder chegar bem longe na carreira. Mais tarde ou mais cedo, chegará à Selecção Nacional e a um grande do nosso futebol. Veremos qual terá a inteligência de o agarrar.
Cristiano Ronaldo: Melhor jogador do mundo de 2008. Vencedor e melhor marcador da Liga dos Campeões, vencedor e melhor marcador da Premier League, ganhou também o Mundial de Clubes e a Supertaça Inglesa. Arrebatou a Bota de Ouro e a Bola de Ouro e o FIFA World Player vem a caminho. Sendo um extremo, atingiu a impressionante soma de 42 golos. Todas as distinções individuais possíveis e imaginárias, Ronaldo logrou alcançá-las. Só o fraco Euro'2008 ao serviço de Portugal manchou um ano simplesmente arrebatador. Sem palavras. Melhor do mundo!
David Villa: Maravilhoso avançado, sagrou-se campeão europeu de selecções e efectuou uma temporada notável com a camisola do Valência. Os colossos europeus andam todos na sua peugada. Capacidade técnica, velocidade de execução e apetência goleadora fazem de Villa um dos melhores do planeta.
Espanha: Finalmente sagrou-se campeã europeia, 44 anos após o seu primeiro e, até então, único título sénior. Com o velho Luís Aragonés aos comandos, a selecção espanhola foi a equipa mais forte presente nos relvados da Áustria e Suíça, não dando grandes hipóteses à concorrência e arrebatando o ceptro de forma inteiramente merecida. O futebol que praticou chegou a ser soberbo.
FC Porto: Foi novamente e sem grande surpresa a melhor equipa portuguesa do ano. Campeão em 2007-08, qualificou-se ainda para os 'oitavos' da Champions e na liga portuguesa desta temporada segue a apenas dois pontos do líder. Ganhar é o único verbo que o FC Porto de Jesualdo Ferreira parece saber conjugar, não obstante alguns momentos difíceis que atravessou.
Guardiola: Iniciou na presente temporada a sua carreira de treinador principal de alto nível ao serviço do Barcelona e tem feito um trajecto fulgurante. Lidera a liga espanhola de modo folgado e passeou na Champions, colocando a sua equipa a praticar o melhor futebol da Europa. Foi um '6' de excepção e, enquanto treinador, não traiu a concepção de futebol que sempre exibiu como jogador. Grande Pep.
Hulk: Chegou ao FC Porto envolto em interrogações, mas já as dissipou. Mesmo ainda imaturo, tem revelado qualidades extraordinárias e raras, tendo-se já constituído como uma das principais revelações da presente época doméstica. Promete continuar a dinamitar as defesas contrárias, servindo-se da sua capacidade de explosão, velocidade, técnica e poder de fogo.
Ibrahimovic: É o melhor avançado-centro do mundo e fez um ano admirável ao serviço do Inter. A sua capacidade técnica é algo fora do normal e o futebol nos seus pés ganha outra dimensão. Marca golos em catadupa, alguns deles de primorosa execução. Mourinho disse recentemente que era melhor que Cristiano Ronaldo. Não é. Mas não fica muito longe.
José Mourinho: O futebol já sentia falta do melhor treinador do mundo. É um mestre do banco, do treino, da liderança e da gestão de recursos humanos. Voltou ao activo pela porta grande do poderoso Inter e, em Itália, tem sido igual a si próprio: frontal, polémico, vencedor. Lidera a liga italiana confortavelmente e defrontará o Manchester United nos oitavos-de-final da Champions. O futebol agradece a sua presença.
Kun Aguero: O seu talento é incomensurável e caminha a passos largos para o topo mundial. Foi o jogador que mais brilhou na carreira sustentada do Atlético Madrid, tanto na liga espanhola como na Champions. Confesso-me um fã incondiconal da qualidade e do estilo deste avançado argentino, genro do inigualável Diego Armando Maradona.
Lisandro: Foi o melhor jogador do ano no futebol português. Melhor marcador da liga de 2007-08 com 24 golos, o avançado do FC Porto alia a qualidade insuspeita ao espírito de sacrifício e fúria de vencer. É de jogadores desta categoria que o nosso futebol precisa. É um dos ídolos dos adeptos portistas e em 2008 reforçou esse estatuto.
Messi: Jogador de talento ímpar, o argentino andou praticamente com o Barcelona às costas. Foi o jogador que mais brilhou em 2008 a seguir a Cristiano Ronaldo, mas faltaram-lhe os títulos colectivos. No entanto, ninguém duvida da sua capacidade e, tarde ou cedo, chegará também a melhor do mundo.
Nou Camp: Estádio mítico e imponente, assitiu, desde o início desta época, aos melhores espectáculos futebolísticos desde há alguns anos. Xavi, Iniesta, Henry, Eto'o e Messi são apenas alguns dos que têm passeado a sua classe pelo relvado de Nou Camp, para gáudio dos adeptos catalães. 2008 foi um bom ano para um dos lugares de culto do futebol mundial.
Old Trafford: Continuando nos estádios, o 'Teatro dos Sonhos' também não poderia ser esquecido. É a casa do campeão europeu e melhor clube de 2008 e foi lá, maioritariamente, que os adeptos do Manchester United puderam contemplar as obras de arte de Cristiano Ronaldo e as qualidades de outras estrelas como Rooney, Berbatov, Rio Ferdinand, Anderson ou Carrick.
Pablo Aimar: Foi indiscutivelmente um dos nomes mais falados do ano no futebol português. Jogador de grande valor, chegou ao Benfica sob enorme expectativa, mas ainda não conseguiu justificá-la por completo. Teve algumas acções esporádicas de refinado talento, mas a sua débil condição física e a desadequação do sistema de Quique Flores às suas características, não o deixaram afirmar-se. Esperemos por 2009.
Queiroz: Chegou à Selecção Nacional para substituir Luíz Felipe Scolari após o Euro'2008, numa escolha da FPF que me pareceu em cheio. No entanto, as coisas não estão a correr nada bem e Portugal, já habituado aos grandes palcos, está em sérias dificuldades na qualificação para o Mundial'2010. As críticas ao seu trabalho têm sido ferozes, mas continuo a acreditar que é o homem certo para liderar a selecção portuguesa. Não esquecer as grandes conquistas de 2008 enquanto adjunto do Manchester United.
Reyes: Grande promessa do futebol espanhol, foi contratado pelo Benfica, após um certo declínio na carreira. É um extremo de óptimos recursos e o futebol nacional agradece a presença de executantes deste calibre. É um dos melhores da liga e foi um dos que mais contribuiu para o actual primeiro lugar benfiquista.
Scolari: Nem sempre pelas melhores razões, foi uma das grandes figuras do ano, não só do futebol cá do burgo, como também lá fora. Na Selecção Nacional, ficou bastante aquém do esperado no Euro'2008 e a forma pouco digna como decidiu sair não abonou nada a seu favor. Rumou ao Chelsea e está na luta pelo título, mas a sua vida em Inglaterra não tem sido nada fácil. 2009 irá esclarecer posições e situações.
Torres: Um ano em grande para o atacante espanhol. Campeão europeu pela Espanha e grande destaque do Liverpool pelo número de golos apontados, confirmou-se como um dos melhores avançados da actualidade.
United: A turma de Manchester, como já referi, foi a melhor de 2008, conquistando os troféus mais importantes. Com Ronaldo a liderar, foi a principal força futebolística de 2008, com o seu habitual poderio ofensivo e estilo espectacular. Campeão inglês, europeu e mundial. E basta!
Vukcevic: Outra das grandes figuras do futebol tuga em 2008, embora nem sempre pelas melhores razões. É um dos melhores jogadores da liga portuguesa, tem talento para dar e vender e potencial para ser uma vedeta à escala internacional. Porém, a sua personalidade complicada e os problemas que teve com Paulo Bento, prejudicaram largamente a sua evolução e afirmação. Espera-se que em 2009 se concentre no trabalho e que o deixem fazê-lo.
Wesley: O brasileiro foi a cara mais visível do Leixões, grande sensação do presente campeonato. Dotado de excelente compleição física e grandes atributos técnicos, o vagabuando do ataque leixonense apontou, até agora, 7 golos na liga e já se fala em voos mais altos para a sua carreira. Um dos bons valores do nosso futebol, que 2008 projectou para a ribalta.
Xavi: Campeão europeu pela Espanha, o médio catalão foi eleito o melhor jogador do Euro. Dono de infinitas qualidades técnicas, coloca-as invariavelmente ao serviço do colectivo, o que faz dele um dos melhores médios do mundo. É um jogador na linha do seu técnico Guardiola e o ano que agora acaba foi o da sua coroação.
Yebda: O 'trinco' francês aparece aqui porque não encontrei melhor a começar pela letra 'y' e porque foi dos melhores elementos benfiquistas nos primeiros meses da época. Chegou a Portugal completamente desconhecido e surpreendeu muita gente pela positiva. É um jogador que aprecio.
Zenit: Uma das melhores equipas de 2008. Ganhou brilhantemente a Taça UEFA, derrotando o Glasgow Rangers na final, assim como a Supertaça Europeia, impondo-se ao fortíssimo Manchester United. Na Champions não foi tão bem sucedido, mas foi das equipas que melhor futebol praticou no Velho Continente, servindo-se de grandes jogadores como Arshavin, Danny, Pogrebnyak, Denisov ou Zyrianov.
terça-feira, 7 de outubro de 2008
QUESTIONÁRIOS (3)
Estou sem internet em casa desde há alguns dias e, consequentemente, não tenho podido aceder ao blog como desejaria. É nestas alturas que faz todo o sentido avançar com mais um questionário, parecendo-me este muito interessante. Inglaterra, Espanha e Itália são, unanimemente, considerados os países detentores das três melhores ligas do mundo, onde pontificam as grandes vedetas do futebol internacional. Assim, pergunto a todos os leitores:
1 - QUAL O MELHOR ONZE ACTUAL DA LIGA INGLESA?
2 - QUAL O MELHOR ONZE ACTUAL DA LIGA ESPANHOLA?
3 - QUAL O MELHOR ONZE ACTUAL DA LIGA ITALIANA?
domingo, 28 de setembro de 2008
ENSAIO PARA LONDRES
O FC Porto voltou à normalidade e venceu o Paços de Ferreira, no Dragão, por 2 - 0. O momento não era o melhor. Depois do empate em Vila do Conde, o FC Porto passou uma semana algo intranquila, sobretudo ao nível dos seus adeptos, que, por estarem habituados a ganhar compulsivamente, tornam-se demasiado exigentes e, por vezes, até irracionais. Não percebem que o FC Porto perdeu três jogadores cruciais em relação à época passada e é uma equipa em fase de remodelação e consolidação de processos colectivos, com vários jogadores novos e muitos deles já titulares, necessitando, portanto, de algum tempo para que atinjam o nível exibicional que Jesualdo Ferreira pretende.
Quando se ganha 3 - 1 ao Fenerbahçe, num jogo da Champions e, mesmo assim, se recebem assobios no próprio estádio, está tudo dito quanto ao elevadíssimo grau de exigência dos adeptos portistas. Por isso, depois do nulo e do desempenho cinzento defronte do Rio Ave, era expectável que as críticas destrutivas subissem de tom e se começasse, por um lado, a pedir a cabeça do treinador e, por outro, a depreciar o valor dos jogadores. O adepto de futebol é, por norma, uma pessoa pouco inteligente, que quer sempre bom futebol e que tende a analisar os jogos isoladamente, sem cuidar de os inserir no contexto vigente. Quando a vitória faz parte do seu quotidiano, essa pouca inteligência transforma-se em irracionalidade pura, que é aquilo de que padece uma grande parte dos adeptos do FC Porto. Querem sempre vitórias e grandes exibições, em casa e fora; o facto de muitos elementos serem jovens e estarem na primeira temporada no clube é para eles irrelevante. Enquanto portista, sou apologista da exigência, mas também da racionalidade, pelo que se deve exigir à equipa aquilo que ela pode dar em cada momento. O FC Porto não se tem exibido em grande nível, nem outra coisa era de esperar, mas tem conseguido bons resultados (a excepção foi a igualdade em Vila do Conde) e esse factor é o mais importante nesta fase.
FC PORTO - P.FERREIRA
Sobre o jogo, foi uma vitória justa, sem grande brilhantismo e com alguns períodos de futebol algo cinzento, que valeu essencialmente pela excelente entrada portista no encontro. Até ao belo golo apontado por Raúl Meireles, o caudal ofensivo azul e branco foi intenso e as jogadas nas imediações da área pacense sucederam-se. O FC Porto teve posteriormente novas oportunidades para dilatar a vantagem, das quais se destaca um falhanço de Lisandro, que continua muito perdulário neste início de época. Neste período de maior fulgor, Meireles foi o melhor elemento, comandando, na falta de Lucho, toda a organização ofensiva caseira, chegando perto da área adversária inúmeras vezes e assegurando a circulação da bola com sabedoria. Igualmente em bom plano estiveram Tomás Costa, Lisandro, Rodríguez e Lino.
A partir de determinada altura o FC Porto desacelerou e o jogo tornou-se monótono, lento e mal jogado. Esta quebra de qualidade prolongou-se pela segunda parte, razão pela qual o Paços conseguiu subir as suas linhas e ser mais incomadativo e pressionante, levando os portistas a falharem alguns passes nas transições e a jogar mais devagar. Helton sofreu então alguns calafrios, embora sem significado de maior. Os assobios fizeram-se ouvir nas bancadas do Dragão.
Sem nunca alterar o 4-3-3, Jesualdo Ferreira mexeu e bem na equipa, operando duas substituições em simultâneo que me pareceram totalmente acertadas. Candeias entrou para o lugar do inerte Farías - andou a dormir no relvado e, mais uma vez, não aproveitou uma oportunidade que lhe foi concedida -, o que fez Lisandro ocupar o centro do ataque. Sapunaru, displicente em alguns lances, justificou a saída, entrando Guarín para o miolo e gerando o recuo de Tomás Costa para lateral-direito. Por mim, nada a dizer, até porque Candeias se mostrou bastante activo (apesar de algumas perdas de bola) e Tomás Costa mostrou que pode ser uma alternativa bastante credível para jogar na lateral direita defensiva. Posiciona-se bem, é seguro em posse de bola e, não sendo muito rápido, tem bons pés e boa leitura, o que lhe pode permitir dar uma profundidade interessante ao flanco.
Mais tarde, a entrada de Hulk para o seu lugar de origem revitalizou a equipa, ao mesmo tempo que preservou Lisandro para o jogo com o Arsenal. O FC Porto partiu então para uma parte final um pouco melhor, com mais algumas oportunidades de golo e controlando mais calmamente os movimentos do Paços. Excelente golo do 'Incrível', a culminar uma magnífica combinação com Meireles.
O DESAFIO LONDRINO
Para o jogo de Londres, estou em crer que o sistema portista será o 4-1-4-1 utilizado na Luz, com Fernando a pivot-defensivo, Tomás Costa a médio-ala direito, Rodríguez no flanco oposto, Lucho e Meireles na faixa central e Lisandro na frente. Dependendo da dinâmica que os jogadores conseguirem imprimir a esta configuração táctica, à partida mais conservadora, parece-me ser uma excelente aposta para conseguir um bom resultado no Emirates Stadium. Como se sabe, o FC Porto controlou grande parte do jogo com o Benfica e o Arsenal joga, tal como os encarnados, em 4-4-2 clássico.
O Arsenal é uma grande equipa, tem jogadores de indubitável qualidade (Fabregas, Walcott, Van Persie, Adebayor...) mas não chegam para assustar, como demonstrou o Hull City no último jogo da Premier League. O segredo passará por conseguir fazer uma pressão efectiva ao portador da bola, que impossibilite de algum modo o futebol curto e de trocas de bola constantes tão característico dos 'gunners'. Se isto não acontecer, o FC Porto pode vir a passar um mau bocado. Deve haver muita atenção aos corredores laterais dos londrinos, sendo uma das principais preocupações não dar espaço de embalo ao supersónico Walcott, que previsivelmente actuará no lado direito (nunca colocaria Lino como lateral-esquerdo). Ao mesmo tempo, Tomás Costa e Rodríguez devem vigiar bem de perto as constantes subidas de Sagna e Clichy. Se tudo for como espero, o FC Porto poderá conseguir ter superioridade numérica no miolo, com Fernando, Meireles e Lucho para Fabregas e Denilson, algo que significará uma crucial vantagem, especialmente se Lucho se conseguir libertar para o espaço vazio entre-linhas concedido pelo Arsenal. Lisandro, se mantiver a capacidade de luta habitual, será importante para fixar os dois centrais em terrenos recuados, não deixando que nenhum suba com a bola dominada e pronto a criar desequilíbrios, fundamentalmente Gallas, que é perito nessas situações.
Isto no papel é tudo muito simples, algo que, por vezes, a prática vem desmentir. O factor de maior importância será, quanto a mim, a dinâmica que o FC Porto conseguir impor e a mentalidade com que entrar no imponente Emirates. Será fundamental, numa primeira fase, contrariar o jogo de posse de bola e constante movimentação dos londrinos, para que, numa fase posterior, se possa começar a pensar em chegar com perigo à baliza de Almunia, algo perfeitamente possível, se Lucho, Meireles, Rodríguez e Lisandro estiverem na plenitude das suas faculdades e mentalizados para vencer. Para que isto se verifique, será vital que o FC Porto se estenda bem no campo e consiga pressionar longe da sua baliza, porque senão pode ser a morte do artista. Colocar um 'autocarro' cá atrás e esperar passivamente pelo Arsenal, deixando-se envolver na sua teia atacante, será como dar um tiro na própria cabeça. Estou convencido que, desta vez, o FC Porto não vai perder no Emirates. Terça-feira se verá.
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