terça-feira, 29 de maio de 2007

ONZE IDEAL DA 1ª LIGA 2006-07


Terminada a 1ª Liga 2006-07, entregue o título ao FC Porto e feita a festa azul e branca, é tempo de olhar para trás e, em jeito de balanço, escolher aqueles que mais se destacaram ao longo da competição. Algo que gosto particularmente de fazer é esboçar o onze ideal do campeonato, aquele que seguramente levaria um qualquer clube a ser campeão com 20 pontos de avanço. No mínimo! Note-se que as escolhas são feitas tendo em conta o desempenho ao longo de todas as 30 jornadas, ou seja, um jogador que esteve bem em 20 e menos bem em 10, merece obviamente ser mencionado, ao contrário de outro que tenha estado em evidência apenas nas últimas cinco jornadas, por exemplo.

Partindo do modelo 4-3-3, escolhido em função de me parecer o mais ajustável aos jogadores que merecem ser, em minha opinião, referenciados, o onze perfeito deste campeonato seria o seguinte: Peçanha; Bosingwa, Pepe, Anderson Polga, Léo; Miguel Veloso, Katsouranis, João Moutinho; Quaresma, Liedson, Simão. Tr: Jesualdo Ferreira





Peçanha (P.Ferreira):
Guarda-redes que apesar da baixa estatura para a posição, revelou magníficas qualidades, confirmando tudo o que de bom havia feito na época anterior. Foi um garante de pontos preciosos para o P.Ferreira, valendo-se da sua espectacular elasticidade e assinaláveis reflexos. Uma surpresa para mim, confesso. Segunda opção: Diego Benaglio (Nacional).

Bosingwa (FC Porto): Escolha lógica e praticamente unânime para lateral direito. Realizou um campeonato sempre em alto nível, conferindo à faixa direita portista equilíbrio defensivo e profundidade ofensiva. Foi em alguns jogos, o principal impulsionador do ataque dos campeões nacionais. A chamada recente à selecção foi inteiramente merecida. Segunda opção: Mário Sérgio (Naval).

Pepe (FC Porto): Não só o melhor central desta liga, como também um dos melhores jogadores. Imperial na defesa azul e branca, fez da capacidade física, poder de antecipação e impulsão e qualidade a sair com a bola desde trás as suas virtudes mais visíveis. Além disso, foi um perigo sempre que subiu à área adversária e a prova são os quatro golos que apontou. É hoje por hoje um dos melhores centrais da Europa. Segunda opção: Luisão (Benfica).

Anderson Polga (Sporting): Mais uma bela época do central canarinho, que com a sua classe habitual comandou com mestria a defesa leonina. É um central de categoria insuspeita, estivesse eu no lugar de Dunga e Luisão via os jogos do 'escrete' pela televisão. Segunda opção: Bruno Alves (FC Porto).

Léo (Benfica): Foi dos melhores elementos benfiquistas durante toda a época. Muito certo tanto a defender como a atacar, demonstrou uma tremenda regularidade exibicional, garantindo uma utilização quase ininterrupta no posto de lateral esquerdo. Segunda opção: Antunes (P.Ferreira).

Miguel Veloso (Sporting): Talvez a grande revelação desta edição da liga portuguesa. Central de raíz, a sua adaptação a médio defensivo foi um êxito e parece estar para durar. O seu soberbo pé esquerdo garante-lhe uma capacidade de passe (curto ou longo) quase inigualável em Portugal. Depois, revela já uma maturidade táctica impressionante, que faz com que se apresente como excelente escoador do ataque contrário e primeiro lançador da própria equipa. A comparação frequente com Fernando Redondo diz tudo acerca do seu valor. A Selecção Nacional espera por ele. Segunda opção: Petit (Benfica).

Katsouranis (Benfica): Terminou a época abaixo do que pode produzir, mas nos dois primeiros terços foi sucessivamente o melhor centrocampista do Benfica. Competente a nível defensivo, impressionou a capacidade com que se integra no ataque, ora a servir os companheiros, ora ele próprio a concluir as jogadas (facturou por seis vezes). Um médio de transição de categoria internacional, ou não fosse o grego titular indiscutível da selecção campeã europeia. Segunda opção: Kazmierczak (Boavista).

João Moutinho (Sporting): Autêntico símbolo da turma sportinguista apesar da tenra idade. Impressiona-me a sua maturidade e capacidade de liderança. Um médio moderno que defende, ataca, marca golos, assiste os colegas, corre os 90 minutos e puxa pelo colectivo. Tem tudo o que um jogador precisa para triunfar no futebol. É já um dos melhores médios europeus. Na minha opinião, foi o 3º melhor jogador deste campeonato. Segunda opção: Zé Pedro (Belenenses).

Quaresma (FC Porto): Que dizer do 'Harry Potter'? MVP da liga, rei das assistências, autor de seis golos (entre eles, o melhor deste campeonato, no Dragão, diante do Benfica), protagonista do maior número de lances de génio por segundo, trivelas para todos os gostos, olhos trocados, rins partidos, amarelos tirados, meio mundo atrás de si, enfim... O facto de ter terminado a época em baixo de forma, não pode nem deve apagar as fantásticas exibições que anteriormente protagonizara, as quais valeram pontos e mais pontos aos 'dragões'. Ricardo Quaresma no seu melhor. Segunda opção: Miccoli (Benfica).

Liedson (Sporting): Apesar de um início de temporada algo cinzento, o 'levezinho' continuou a deixar a pele em campo em todos os jogos, facto que, apesar da ausência de golos, lhe valeu elogios de Paulo Bento. Conseguiu encontrar-se ainda a tempo de se sagrar melhor marcador da prova com 15 golos. Técnica, capacidade finalizadora, generosidade, resistência, são algumas das características do abono de família verde e branco. Todos os atacantes que são convocados para a selecção brasileira são melhores que ele? Segunda opção: Dady (Belenenses).

Simão (Benfica): Foi o melhor jogador do Benfica, algo que não surpreende dado o rendimento elevado e constante que vem apresentando ano após ano. Marcou 11 golos e carregou os encarnados às costas durante grande parte da temporada. É um extremo competitivo e a sua ausência nos últimos jogos reflectiu-se numa quebra de performance colectiva. A seguir a Quaresma, o melhor da 1ª Liga 2006-07. Segunda opção: Nani (Sporting).

Jesualdo Ferreira (FC Porto): Foi o técnico número um deste campeonato, sagrou-se campeão nacional e, sendo a única voz do clube, resistiu estoicamente aos ataques de que foi alvo. Demonstrou ser um treinador inteligente, metódico e com forte carácter. Nem sempre concordei com as suas opções técnicas, mas é injusto reduzir a baixa de forma da equipa em 2007 a esse facto, ou a outros sistematicamente atirados para o ar como falta de liderança, de capacidade de motivação do grupo ou de personalidade aglutinadora de massas. José Mourinho houve um e não haverá mais nenhum, é urgente que os adeptos portistas percebam isto definitivamente. Ninguém tem de mudar a sua forma de ser e estar para se colar a um protótipo humano supostamente perfeito. Jesualdo Ferreira é, nesta altura, o homem certo para o FC Porto. No dia em que deixar de o ser, serei o primeiro a admití-lo, pois acima de tudo sou portista e torço pelo sucesso do clube. Segunda opção: Jorge Jesus (Belenenses).





Em 2007-08 voltará o espectáculo, certamente com novos motivos de interesse. Mudanças de jogadores, de treinadores, esperanças renovadas, expectativas recriadas, enfim, o costume...

domingo, 27 de maio de 2007

FESTA LEONINA


O Sporting arrebatou esta tarde a Taça de Portugal, derrotando o Belenenses por 1 - 0, em jogo realizado no Estádio Nacional, em Lisboa. Está assim entregue o troféu que restava decidir e caiu o pano sobre esta emocionante temporada 2006-07, com os sportinguistas a serem recompensados pelo futebol que apresentaram, sobretudo no último terço da época. Foi o primeiro título conquistado nos últimos cinco anos pela turma de Alvalade, o que, mesmo com os ares de confiança que se respiram no reino do leão, não deve deixar de merecer reflexão no seio do clube. Uma Taça em cinco anos para um clube grande que diz aspirar a vencer todas as competições em que participa é, de facto, muito pouco.

As duas equipas chegaram ao Jamor convencidas de que poderiam terminar a época em beleza. Mesmo com a recente goleada sofrida pelos homens do Restelo em Alvalade, todos sabiam que esta final nada teria a ver com esse jogo, pois a motivação e até o onze inicial da formação azul seriam bem diferentes. Depois de perdida a liga, o Sporting apresentou-se na tentativa de salvar a temporada, embora os seus responsáveis não o tenham admitido.

O encontro foi dividido, qualquer das equipas poderia ter vencido, acabou por ser mais feliz o Sporting com um golo de Liedson aos 87 minutos, numa altura em que todos já se preparavam para mais trinta minutos de futebol. Melhor goleador do campeonato e muitas vezes determinante com as suas exibições, o avançado brasileiro voltou a resolver, tornando-se cada vez mais num dos grandes ídolos dos adeptos leoninos.

Houve oportunidades de parte a parte, talvez com ligeira supremacia do Sporting, que teve em Romagnoli um elemento causador de vários problemas para a defesa belenense. Uma mão cheia de lances de belo recorte fizeram do argentino um dos melhores em campo, parecendo nesta altura quase certo que o clube vai tentar mantê-lo nos seus quadros na próxima época. A equipa orientada por Jorge Jesus, um dos técnicos da moda em Portugal, teve igualmente boas chances para abrir o activo, inclusivamente a melhor de todo o encontro quando, já na segunda parte, Dady cabeceou para Ricardo desviar para a trave.

Face ao que sucedeu no relvado, teria sido um prémio justo para o Belém ter chegado pelo menos ao prolongamento, mas a verdade é que o Sporting soube aproveitar da melhor forma o facto de o Belenenses ter ficado alguns instantes com dez elementos, por lesão de Amaral. Enquanto se ultimava a substituição do lateral canarinho por Carlitos, o jovem Miguel Veloso, precisamente na zona momentaneamente descoberta, tirou um cruzamento preciso na direcção da pequena área, onde apareceu Liedson sem oposição a bater Costinha e a dar aos 'leões' a sua 14ª Taça de Portugal.

Paulo Bento pôde festejar, deste modo, a sua primeira conquista enquanto treinador, culminando uma temporada em que se revelou como um dos melhores do futebol português. Vive actualmente em estado de graça e a sua competência e personalidade caíram indiscutivelmente no goto da massa verde e branca. No entanto, o futebol vive de resultados e 2007-08 promete elevar o grau de exigência e cobrança. Só o título nacional deixará toda a gente satisfeita.

Nesta hora de celebração leonina, Bento já sabe que se segue o maior desafio da sua ainda curta carreira. O projecto assente na formação que Soares Franco e seus pares pretendem implementar, nunca será positivo nem terá aceitação se os resultados desportivos não o acompanharem. Para já, uma Taça é sempre uma Taça. Parabéns Sporting!

sexta-feira, 25 de maio de 2007

MILAN: O REI DA EUROPA


MILAN - LIVERPOOL 2 - 1
Final da Liga dos Campeões 2006-07
23 de Maio de 2007
Estádio Olímpico (Atenas)
Árbitro: Herbert Fandel (Alemanha)
Milan: Dida; Oddo, Nesta, Maldini, Jankulovski (Kaladze 80'); Pirlo, Gattuso, Ambrosini, Seedorf (Favalli 90'+1'); Kaká, Filippo Inzaghi (Gilardino 88'). Tr: Carlo Ancelotti
Liverpool: Reina; Finnan (Arbeloa 87'), Carragher, Agger, Riise; Mascherano (Crouch 78'), Xabi Alonso, Pennant, Zenden (Kewell 58'); Gerrard, Kuyt. Tr: Rafael Benítez
Ao intervalo: 1 - 0
Marcadores: 1 - 0 Filippo Inzaghi 45', 2 - 0 Filippo Inzaghi 82', 2 - 1 Kuyt 89'
CA: Gattuso 40', Jankulovski 54', Mascherano 58', Carragher 60'


O Milan é o novo rei da Europa do futebol, sucedendo ao Barcelona como vencedor da Liga dos Campeões, após a vitória por 2 - 1 sobre o Liverpool, na capital grega. Numa final nem sempre bem jogada mas muito emotiva, emergiu o conhecido cinismo italiano, que faz com que os transalpinos vençam jogos mesmo sendo inferiores ao adversário em futebol jogado. Foi isso que sucedeu ontem. Mesmo vendo o Liverpool normalmente mais perto da sua baliza e tendo rematado bem menos que os ingleses, o Milan serviu-se da sua tradicional eficácia para conquistar o seu sétimo título continental de clubes, ficando a dois do Real Madrid. Depois da épica final perdida para os 'reds' em 2005, a vingança serviu-se fria, com um bis de Filippo Inzaghi, atacante que faz do aproveitamento a sua principal arma.

Carlo Ancelotti dispôs a equipa no seu habitual modelo conservador de 4-4-1-1, com Pirlo a médio defensivo, Gattuso e Ambrosini como carregadores dos talentosos, Seedorf a médio mais ofensivo e Kaká atrás do atacante Inzaghi. Já Rafa Benítez, certamente lembrado do descalabro do Manchester United em San Siro, apostou num reforço do meio-campo com Xabi Alonso, fazendo Gerrard avançar (quanto a mim demasiado) no terreno para as costas de Kuyt, mantendo as alas entregues a Pennant e Zenden. Isto é, manteve o rígido 4-4-2 do costume, mas menos arrojado do que aquilo que vulgarmente acontece.

O Liverpool começou melhor a partida, instalando-se desde logo no meio terreno italiano e com uma bela dinâmica de trocas de bola ao longo dos primeiros cinco minutos. O Milan, servindo-se da mestria de Pirlo e da velocidade de transição de Seedorf, responde a propósito e chega também junto da área de Reina, mantendo os ingleses em constante alerta. Notava-se, contudo, maior disponibilidade para pressionar e sair rápido para o ataque por parte do Liverpool. Aos nove minutos, Pennant tem nos pés a primeira situação de golo, negada superiormente pelo brasileiro Dida. Kaká respondeu pouco depois com um remate fraco de longa distância, fácil de parar por Reina.

Num jogo bastante táctico e com as pedras encaixadas, o Liverpool continuou sempre mais ameaçador, mas sem nunca perder os seus equilíbrios defensivos. Ao mesmo tempo que Mascherano encostava em Kaká, levando ao apagamento da estrela canarinha, Pennant seguia provocando alguns estragos junto da defensiva contrária, como aos 22 minutos em que serviu Gerrard para este rematar por cima da trave. Aos 26, nova jogada de envolvimento dos ingleses, culminada com um perigoso remate rasteiro de Xabi Alonso a rasar o poste. Riise teve também hipótese de testar o seu poderoso pontapé, mas a pontaria não estava calibrada.

À velocidade no jogo inglês, o Milan ripostava com um futebol mais lento e elaborado, apostando sobretudo nas diversas subidas dos seus laterais, cujos cruzamentos se revelaram neste encontro inconsequentes. Mesmo assim, Oddo foi dos que mais tentaram criar desequilíbrios pela sua banda direita. Aos 35 minutos, Maldini comprometeu com uma perda de bola em zona proibida (o capitão cometeu algumas falhas), originando uma flagrante chance para Kuyt inaugurar o marcador, valeu o corte em esforço de Nesta.

Quando já se esperava pelo descanso, Kaká ganha uma falta mesmo à entrada da área, numa das poucas oportunidades em que se conseguiu libertar da marcação. O especialista Pirlo bateu o livre, levando a bola a desviar no corpo de Inzaghi e encaminhar-se para a baliza do impotente Reina, traído pela mudança de direcção da mesma. Sem que nada tivesse feito para o justificar, o Milan via-se em vantagem apenas ao segundo remate efectuado, para gáudio dos milhares de 'tiffosi' presentes nas bancadas.

Na segunda parte, o Liverpool não entrou tão forte como seria de esperar para uma equipa que corria atrás do resultado, não tendo disposto de qualquer situação de perigo nos primeiros 15 minutos. Aliás, nesse período, Pirlo voltou a ter um livre à disposição, mas desta vez a bola saiu por alto. Só aos 62 minutos, Gerrard voltou a importunar Dida, tendo surgido desmarcado sobre o lado esquerdo mas rematando fraco e à figura. O Liverpool começou a atacar com mais homens, deixando a sua defesa à mercê dos possíveis contra-ataques do Milan, muitas vezes fatalmente venenosos. Não existia outra alternativa e sinceramente, perante o que ía acontecendo no Olímpico de Atenas, o Liverpool já merecia outro tipo de resultado. Riise voltou a tentar de longe, sendo imitado por Gerrad poucos instantes depois, sem sucesso.

A festa era milanesa, ganhando outra dimensão quando, aos 82 minutos, Kaká isolou Inzaghi, que não teve dificuldade em passar por Reina e fazer o 2 - 0. A frieza do futebol italiano voltou a fazer das suas e a Liga dos Campeões ficou aí praticamente decidida. Mas o Liverpool continuou a revelar grande espírito de luta e, já depois de Crouch ter ameaçado com um forte remate à entrada da área, conseguiu mesmo reduzir a diferença, na sequência de um canto, por intermédio de Kuyt. Não havia tempo para mais e, após o apito de Fandel, os festejos foram intensos por parte dos milaneses, coisa várias vezes vista desde que me lembro de ver futebol.

Talvez o Liverpool tivesse feito por merecer a vitória, mas o futebol não se compadece com justiça ou injustiça e ganha quem revelar maior capacidade de concretização. Inzaghi, letal, mostrou que a idade não é um problema quando a qualidade e disponibilidade se mantêm intactas, tendo-se cotado como o melhor jogador desta final. Kaká, muito discreto durante os 90 minutos, acabou por ser determinante, ao ganhar a falta de que resultou o primeiro golo e ao fazer a assistência para o segundo. Pelos 'reds', Gerrard e Pennant foram os que mais fizeram para que o desfecho fosse outro, tendo também Mascherando sido importante na acção pressionante sobre Kaká.

O Milan sagrou-se assim campeão europeu pela sétima vez na sua história, somando o seu 15º troféu internacional, entre Taças/Ligas dos Campeões, Taças das Taças, Supertaças Europeias e Taças Intercontinentais. Palmarés impressionante de um clube grandioso! Ontem, quem recebeu a taça das mãos de Michel Platini foi o grande capitão Paolo Maldini, defesa italiano que somou o seu 5º título europeu em 8 finais disputadas. Sem dúvida, um dos maiores nomes do futebol mundial de todos os tempos. Parabéns a Maldini! Parabéns ao Milan! A Europa está aos seus pés!

terça-feira, 22 de maio de 2007

DESFECHO ESPERADO DA LIGA


A 1ª Liga Portuguesa 2006-07 chegou ao fim. A última jornada trouxe as decisões que estiveram pendentes durante as últimas semanas e que tanta discussão geraram. Depois de tantas emoções, tantos festejos e decepções, fica apenas a faltar a disputa da Taça de Portugal entre Sporting e Belenenses para que se dê por terminada esta equilibrada temporada. O FC Porto sagrou-se justamente campeão nacional. O Sporting segurou o segundo lugar, relegando o Benfica para o último lugar do pódio e garantindo o acesso directo à Liga dos Campeões. O Braga ultrapassou o Belenenses e subiu à quarta posição, proclamando-se esta época como o quarto grande clube do nosso futebol. O P.Ferreira levou a melhor sobre o U.Leiria na luta pelo sexto posto e qualificou-se para a Taça UEFA pela primeira vez na sua história. Por último, na sempre dramática fuga à despromoção, o Setúbal fez a festa da permanência, deixando os lugares de descida para as equipas do Beira Mar e do Aves. Daquilo que previra para esta derradeira jornada, falhei no sexto lugar (P.Ferreira em vez da U.Leiria) e falhei na formação que se salvou da Liga de Honra (Setúbal em vez de Beira Mar). Enfim, não é grave.

Os portistas venceram no jogo do título o Aves por concludentes 4 - 1, embora ao intervalo se registasse ainda um empate a um, com golos de Adriano e Moreira. Virtual segundo classificado nessa altura, o FC Porto entrou mais decidido para a etapa complementar e conseguiu alcançar o triunfo que lhe deu o ceptro português, com dois golos de Lisandro e um autogolo de Jorge Ribeiro.

O Sporting teve pela frente o mais macio Belenenses, a pensar já no jogo do Jamor, e bateu os azuis do Restelo por 4 - 0, tendo as jogadas sido concluídas com êxito por Liedson, Alecsandro, Yannick Djaló e Pereirinha. O jogo em si foi demasiado fácil face à ténue oposição encontrada e a exibição agradou à multidão presente em Alvalade. No entanto, em virtude da vitória do FC Porto que impossibilitou o título leonino, ficou nos sportinguistas um sabor amargo a frustração e tristeza. A esperança renascida nos últimos tempos acabou por se revelar infrutífera, mas é justo reconhecer a excelente ponta final de campeonato dos homens de Paulo Bento, que puseram os 'dragões' em sentido e a fazer contas à vida.

O Benfica partiu para o encontro com a Académica ainda com possibilidades matemáticas de ser campeão, apesar de as probabilidades de isso suceder serem praticamente nulas, como se verificou. A despedida da temporada oficial correu de feição aos encarnados, que venceram na Luz os 'estudantes' por 2 - 0. Derlei, finalmente, lá fez o gosto ao pé, tendo Mantorras fixado o resultado final.

Mesmo empatando com o Nacional, o Braga logrou ascender à quarta posição, por troca com o Belenenses. E até começaram mal ao sofrerem um golo, marcado por Diego José, mas Wender, com um estrondoso pontapé sem preparação, encarregou-se de assinar o empate e carimbar o lugar logo a seguir aos três grandes. Ainda na luta pela Europa, o P.Ferreira garantiu uma igualdade 1 - 1 no reduto do Beira Mar (golos de Cristiano e Vasco Matos), superando assim a U.Leiria, que obteve igual resultado na Amadora, materializado por Anselmo e Slusarski. Esta igualdade dos aveirenses ditou a sua despromoção, uma vez que o Setúbal, depois de tantas contrariedades durante esta época, revelou grande carácter e foi capaz de ir derrotar a Naval fora de casa por 2 - 1, mesmo tendo primeiro consentido o golo figueirense (Erivelton). Porém, ainda na primeira metade, Auri e Ayew viraram o desfecho a favor da turma sadina. Carlos Cardoso, técnico setubalense e autêntico pronto-socorro nas horas de crise, está de parabéns por ter salvo uma equipa que parecia não ter salvação. Se a tarefa do Aves assumia proporções gigantescas - não era apenas ganhar no Dragão como também tirar o título ao FC Porto -, já o Beira Mar só tem de queixar-se de si próprio por não ter conseguido manter-se na elite do futebol português, pois teve um jogo em casa e não mostrou capacidade de o ganhar. É aqui que surge uma interrogação: até quando é que se vão contratar treinadores estrangeiros de segunda ou terceira categoria, quando estão no desemprego alguns portugueses bem mais categorizados? O mais certo é o espanhol Francisco Soler regressar agora ao seu país natal, tal como o seu compatriota Alberto Pazos, do Marítimo. Ambos desiludiram com os seus desempenhos e só se espera que os dirigentes adquiram a noção de que não vale a pena importar quando se tem a matéria-prima dentro de portas. Nesta 30ª jornada, o Marítimo somou mais uma derrota, desta feita em casa defronte do Boavista por 2 - 1. O maritimista Arvid Smit e os boavisteiros Grzelak e Linz deram corpo ao 'score', tendo os axadrezados classificado-se em nono lugar, o primeiro da segunda metade da tabela.

Classificação final:
1. FC Porto 69 pontos
2. Sporting 68
3. Benfica 67
4. Braga 50
5. Belenenses 49
6. P.Ferreira 42
7. U.Leiria 41
8. Nacional 39
9. Boavista 35
10. E.Amadora 35
11. Naval 32
12. Marítimo 32
13. Académica 26
14. Setúbal 24
15. Beira Mar 23
16. Aves 22

Lista dos melhores marcadores:
1. Liedson (Sporting) 15 golos
2. Dady (Belenenses) 12
3. Adriano (FC Porto) 11
4. Simão (Benfica) 11
5. Postiga (FC Porto) 10
6. Nei (Naval) 10
7. Miccoli (Benfica) 10
8. Linz (Boavista) 10
9. Lucho González (FC Porto) 9
10. Alecsandro (Sporting) 8

Mais alguns factos que me parecem importantes:
- o FC Porto foi o melhor ataque da prova com 65 golos, mais dez que o Benfica e mais onze que o Sporting;
- o Sporting foi a defesa menos batida com apenas 15 golos sofridos, menos cinco que FC Porto e Benfica;
- o FC Porto foi a equipa com mais vitórias (22), seguido de Sporting e Benfica (20), e o Sporting a que somou menos derrotas (2), à frente de Benfica (3) e FC Porto (5);
- Se vigorasse o sistema de 2 pontos por vitória o Sporting teria sido campeão com 48 pontos, ficando o FC Porto em segundo com 47 e o Benfica em terceiro com os mesmos pontos (o empate agora não compensa, o que é positivo, sem dúvida);
- o Beira Mar foi quem somou menos triunfos (4) e o Aves quem contou mais derrotas (18);
- o P.Ferreira foi o rei dos empates (12);
- o FC Porto foi a formação que mais pontos amealhou em casa (39), tendo sido o Sporting o mais forte forasteiro (33).


Depois da sua análise em números, resta dizer que esta liga foi uma das mais equilibradas de sempre, a primeira vez, aliás, em que chegam três equipas à última jornada com hipóteses de serem campeãs. Foi bonita de seguir esta luta, como interessantes foram os despiques pela Europa e pela manutenção. Sendo certo que muita coisa há que mudar no nosso futebol, não deixa de ser verdade que este equilíbrio só lhe pode trazer benefícios. A última palavra vai para o FC Porto, vencedor incontestado, merecido e, sobretudo, consensualmente limpinho.

segunda-feira, 21 de maio de 2007

CAMPEÕES CAMPEÕES CAMPEÕES!!


FC PORTO - AVES 4 - 1
1ª Liga Portuguesa 2006-07
20 de Maio de 2007
Estádio do Dragão (Porto)
Árbitro: Olegário Benquerença (Leiria)
FC Porto: Helton (Vitor Baía 86'); Bosingwa, Pepe, Bruno Alves, Fucile; Raúl Meireles, Lucho González (Cech 85'), Anderson (Jorginho 65'); Lisandro, Adriano, Quaresma. Tr: Jesualdo Ferreira
Aves: Nuno; Sérgio Carvalho, William, Sérgio Nunes, Pedro Geraldo; Mércio (Octávio 88'), Jorge Ribeiro, Jocivalter (Dill 58'), Artur Futre (Leandro 71'); Moreira, Paulo Sérgio. Tr: Neca
Ao intervalo: 1 - 1
Marcadores: 1 - 0 Adriano 27', 1 - 1 Moreira 34', 2 - 1 Lisandro 52', 3 - 1 Jorge Ribeiro 59' pb, 4 - 1 Lisandro 89'
CA: Mércio 18', William 47', Bruno Alves 76'


O FC Porto é bi-campeão nacional de futebol. Numa tarde de emoções extremas como há muito não se via no nosso campeonato, a turma orientada por Jesualdo Ferreira aguentou a pressão e superiorizou-se aos rivais da capital, garantindo o 22º título da sua gloriosa e secular história. Uma vitória gorda por 4 - 1 sobre o Aves, acabou por garantir este feito, após uma semana de grande discussão em redor da real valia da equipa azul e branca e do seu treinador. Goste-se ou não, Jesualdo Ferreira foi o grande vencedor desta 1ª Liga 2006-07, tendo lutado contra diversas contrariedades e exibindo um fortíssimo carácter. Podem continuar a apontar-lhe as portas da rua (o mais certo é alguns meterem agora a violinha no saco!), a dizer que não possui competências de líder, a negar-lhe falta de capacidade de motivação e empolgamento, a lembrar os erros técnicos por si cometidos, mas este título nacional, o primeiro da sua longa carreira, já ninguém lho tira. A faixa de campeão é dele!

O jogo com o Aves foi intenso. Por estar a trabalhar, não me foi possível seguir as suas incidências nem ao vivo nem pela TV, pelo que voltei aos longínquos dias da rádio, aos saborosos dias da rádio. Ouvi o relato atentamente e os nervos estiveram à flôr da pele, que sofrimento!

Os primeiros 10 minutos não foram os esperados e a equipa portista não se estava a conseguir encontrar. O que se temia estava a suceder, uma vez que os azuis e brancos não foram capazes de entrar a matar e marcar um golo cedo. De Alvalade chegavam más notícias, com dois golos leoninos nos primeiros 20 minutos. A ansiedade e o medo aumentavam mas, na sequência de uma melhoria no seu jogo, o FC Porto conseguiu inaugurar o marcador aos 27 minutos, com Adriano a responder de cabeça a um primoroso cruzamento de Quaresma. Grande explosão de alegria no Dragão, eu "limitei-me" a um sonoro grito de alegria, alívio e libertação. Estava feito o mais difícil e o FC Porto podia agora partir para uma exibição mais tranquila e até, quem sabe, uma goleada.

No entanto, o Aves desde o início que mostrou que não estava ali apenas para defender e, depois de ter dado alguns avisos, chegou ao empate aos 34 minutos através de Moreira. Grande balde de água fria, Dragão em silêncio e o Sporting passava momentaneamente para a liderança. A ansiedade voltou a tomar conta de mim, apetecia-me correr para casa e ligar a TV, pelo rádio sofre-se mais, não vemos o que se está a passar e imaginamos sempre o pior. Até ao intervalo a equipa voltou a desencontrar-se, acusou o golo avense e de que maneira. No final da primeira parte o Sporting era o virtual campeão nacional e assustava-me a ideia de isso se manter até ao minuto 90. No entanto, 45 minutos por se jogar davam ainda uma certa paz de espírito, que se misturava com o pavor de poder morrer na praia e perder o título. Depois de estarmos no comando desde a primeira jornada, não seria justo sermos ultrapassados na última. O Benfica também ía ganhando, o que só reforçava o sentimento de frustração, do tipo: o Sporting ganha ao Belenenses, o Benfica à Académica, por que raio o FC Porto não é capaz de estar a ganhar ao Aves?

Se Jesualdo disse algo relevante ao intervalo não se sabe, mas é indiscutível que o FC Porto reentrou com uma atitude de conquista bem mais prometedora. O estádio sentiu isso mesmo e começou a apoiar ainda mais. Pelos comentários que escutava, parecia-me que o golo estava próximo, mas a ansiedade só acalmou quando Lisandro fez aos 52 minutos o 2 - 1: passe de Fucile para o centro e o argentino a desferir um belo remate rasteiro e a bater um impotente Nuno. Novo descarregar da tensão com um audível berro, que até fez um colega estremecer.

A festa voltava ao Dragão, mas o medo de consentir novamente o empate só terminou definitivamente com a obtenção do terceiro sete minutos depois: canto de Quaresma e o avense Jorge Ribeiro a introduzir o esférico na própria baliza. Aqui senti-me campeão nacional e ouvi a festa no estádio cada vez mais intensa. Jorge Ribeiro tentou redimir-se do autogolo e ainda protagonizou um sensacional tiro à barra da baliza de Helton, brasileiro que pouco depois deu o seu lugar na baliza a Vítor Baía. A ovação ao lendário guardião português foi de arrepiar, ele que reforçou a sua liderança como o mais titulado futebolista do mundo, somando o seu 31º êxito e deixando os segundos classificados dessa lista Rijkaard e Pelé a seis títulos de distância. Aos 89 minutos, Lisandro bisou e fechou a contagem com um sensacional remate de pé direito, a culminar uma excelente exibição pessoal. Apito final, FC Porto campeão nacional pela segunda vez consecutiva e pela 13ª vez nos últimos 20 anos!

Invadiu-me a emoção, o orgulho, o doce sabor de vencer contra tanta gente que desrespeita diariamente sem contemplações este grande clube. A quem nos minimiza e subestima, a resposta é dada dentro do campo, com muito sofrimento, mas também com igual talento. A quem sempre colocou em causa as pessoas do FC Porto a resposta está dada, e podem crer que se torna bem mais saboroso vencer assim, ao lembrarmo-nos de todos os ataques que nos foram dirigidos. Da mesma forma que arrebatar o título apenas na derradeira ronda, em despique directo com os dois rivais de sempre e depois de ao intervalo estarmos em segundo, confere a este triunfo contornos verdadeiramente épicos. A azia está instalada neste país! Peço desculpa por parecer pouco desportivo dizê-lo, mas é que não é fácil aguentar tanta hostilidade, tanto ódio, tanta inveja.

Ao longo da semana, a campanha de associação de um possível título à nomeação de Olegário Benquerença para dirigir o desafio foi feroz e incessante. O leiriense acabou mas foi por prejudicar os portistas com erros influenciadores: não anulação do golo do Aves obtido em fora-de-jogo, penalty não assinalado a favor dos portistas e não expulsão de William por agressão. Pormenores... Outro detalhe interessante foi dizer-se que o Prof. Neca estava na disposição de facilitar a vida ao FC Porto, como se ir parar à Liga de Honra não fosse castigo bastante que o motivasse para o contrário. Como se viu, o FC Porto sofreu a bom sofrer para ultrapassar este obstáculo, apetecendo-me nesta altura dizer que quem parece que 'abriu as pernas' foi o Belenenses em Alvalade: vários titulares de fora, golos madrugadores, frango de Marco Aurélio...

É justo dizer que nos momentos decisivos a equipa respondeu à altura das responsabilidades. Quando esteve à beira de ser ultrapassada na classificação, tremeu mas não caiu, tendo respondido afirmativamente aos anseios dos seus fiéis adeptos. Foi assim na Luz, foi assim em Paços de Ferreira, foi assim neste embate com o Aves. O FC Porto é campeão porque foi e é a melhor equipa da liga. Jesualdo Ferreira revelou-se um vencedor porque nunca esmoreceu com as críticas, tendo-se mantido defensor das suas ideias até ao fim. E ganhou! E já agora, uma pequena curiosidade: em 30 jogos (menos 4 que na época passada), marcou 65 golos, mais 11 que o FC Porto campeão de Co Adriaanse. Números...

Parabéns ao FC Porto! Parabéns a todos os jogadores! Parabéns a Pinto da Costa e aos restantes dirigentes! Parabéns a Jesualdo Ferreira e a todo o seu staff! Parabéns a todos nós, portistas! Mais um dia de glória...

sábado, 19 de maio de 2007

MOURINHO, MEIRA, TÍTULO


1. José Mourinho continua a coleccionar títulos, tendo hoje engordado o seu já recheado palmarés com a mítica Taça de Inglaterra, na sequência da vitória (1 - 0) do seu Chelsea sobre o grande rival Manchester United, materializada já no prolongamento. No novíssimo Estádio de Wembley, em Londres, valeu o golo de Drogba aos 115 minutos, ou seja, a cinco minutos do final e numa altura em que o espectro das grandes penalidades já pairava sobre as equipas. O jogo foi cinzento e as oportunidades de qualquer dos conjuntos se adiantar no marcador rarearam. Nos 'red devils', Cristiano Ronaldo esteve apagado, voltando a denotar um certo desgaste provocado pela duríssima época que agora termina. A figura da equipa derrotada foi o avançado Rooney, protagonista de algumas arrancadas plenas de força e velocidade, principais causadoras dos calafrios vividos pelos londrinos. Do lado oposto, o outro português em campo Paulo Ferreira esteve em bom plano, mas o mais destacado foi mesmo Drogba. O golo, obtido no seguimento de uma tabela magistral com Lampard, foi apenas a cereja no topo do bolo, uma vez que o costa-marfinense foi sempre uma seta apontada à baliza de Van der Sar.

Foi bom ver José Mourinho levantar mais um troféu, sensação essa potenciada pelo facto de ser defronte do campeão em título e, em particular, contra Alex Ferguson. Este foi o sexto título do técnico português desde que chegou a Inglaterra, depois de já ter conquistado dois campeonatos, duas Taças da Liga e uma Supertaça. Embora não tenha conseguido o tri-campeonato e a Liga dos Campeões, sempre foram dois títulos em 2006-07 e a verdade é que, apesar dos seus detractores, o setubalense continua a facturar e a mostrar a sua veia ganhadora. Roman Abramovich deve-lhe uma vénia!

Ronaldo e Queiroz foram campeões, tendo o madeirense conquistado tudo o que havia para conquistar a nível individual. Mourinho, Carvalho, Ferreira, Rui Faria e Silvino triunfaram na Taça de Inglaterra e na Taça da Liga. Uma divisão de títulos entre os portugueses que a mim, pessoalmente, me agrada.


2. Outro português em evidência no dia de hoje foi Fernando Meira. E que evidência! Sagrou-se campeão da Alemanha, ao serviço do Estugarda (é o capitão de equipa e marcou três golos na prova), sendo o primeiro lusitano da história a vencer a Bundesliga. A caminho dos 29 anos, o central natural de Guimarães arrebata assim o primeiro título da sua carreira e logo um tão prestigiado e cobiçado. A festa aconteceu após a realização da 34ª e última jornada da competição, em que o Estugarda recebeu e bateu o Energie Cottbus por 2 - 1. Partindo com dois pontos de avanço sobre o Schalke 04, era imperioso que a turma capitaneada por Meira vencesse, para não estar dependente do resultado alheio. Depois do susto de estarem a perder e verem-se virtualmente na segunda posição, os comandados de Amin Veh deram a volta ao resultado e celebraram o seu 5º título germânico, 15 anos depois do último. Parabéns Fernando Meira!

O Schalke 04 ficou no segundo lugar da classificação, seguido do Werder Bremen, de Hugo Almeida. Na quarta posição ficou a grande decepção da temporada Bayern Munique, que com tal desfecho ficará fora da Champions da próxima época, algo que constitui uma tremenda surpresa.


3. Está agendada para amanhã a decisão do título português, a entregar a FC Porto, Sporting ou Benfica e a ansiedade já está instalada em todos os adeptos de futebol. O panorama já todos conhecem: portistas em total vantagem e a precisarem apenas de ganhar sem depender de terceiros, sportinguistas à espreita de uma escorregadela azul e branca e encarnados a sonharem com o impossível de os dois rivais tropeçarem ao mesmo tempo. Como é óbvio, aposto no FC Porto para chegar ao principal título nacional, o que a acontecer será bem merecido, dado que foram a melhor equipa do campeonato. O facto de ter baixado de rendimento e ter permitido a aproximação dos concorrentes directos não apaga a superioridade demonstrada.

Muito se tem argumentado ao longo da última semana. Que o Sporting merece este título, que os jogadores azuis e brancos não têm sido bons profissionais, que o Paulo Bento foi o melhor treinador da liga, que o Jesualdo não é treinador para o FC Porto e deve sair no fim da época, que as nomeações dos árbitros para o Dragão e Alvalade foram mais uma jogada na tentativa de facilitar a vida aos portistas, que o Aves é capaz de fazer uma gracinha, enfim... ditos para todos os gostos. Por mim, desejo que não haja casos de arbitragem, confio plenamente na vitória e título do FC Porto e defendo a continuidade de Jesualdo Ferreira na próxima época (no dia em que sair, gostava de ver Carlos Queiroz no banco dos 'dragões', embora haja outras excelentes opções, estrangeiras, por sinal).

Para derrotar amanhã o Aves, o meu onze: Helton (Vitor Baía); Bosingwa, Pepe, Bruno Alves, Fucile; Raúl Meireles, Lucho González, Anderson; Quaresma, Adriano, Lisandro. Espero uma exibição de raiva de todos os jogadores, sem medos, sem complexos, com ambição e vontade de vencer. Maior motivação de poder ser campeão numa altura como esta não existe. Ia dizer que se eles porventura não conseguirem, não merecem a camisola que envergam e o dinheiro que recebem, mas acho que isso não vai acontecer. Muita azia vai haver neste país!

quarta-feira, 16 de maio de 2007

O ENIGMA


O FC Porto está sob intensa pressão, especialmente o seu treinador Jesualdo Ferreira. Depois de um belo final de 2006, com algumas grandes vitórias, apuramento para os 'oitavos' da Champions e liderança mais ou menos tranquila da 1ª Liga, os portistas entraram numa queda abrupta de rendimento com a chegada de 2007, após, recorde-se, uma inconcebível paragem da competição, por altura do Natal, durante cerca de um mês.

No final do jogo em Paços de Ferreira, Jesualdo, enigmático, afirmou que essa quebra, resultante numa 2ª volta desastrosa e eliminação da Taça, era fácil de explicar e todos sabiam o porquê. O certo é que se instalou uma dúvida no ar, pois ninguém sabe em concreto que porquê é esse. Já li e ouvi variadas opiniões acerca do assunto. Afinal ao que se referiu Jesualdo Ferreira? Paragem demasiado prolongada? Lesões que afectaram o plantel? Arbitragens prejudiciais? Falta de apoio visível da direcção à equipa e a si próprio? Jogadores em sub-rendimento? Confesso que, mal soube desta declaração do técnico, me veio logo à cabeça a falta de apoio directivo, motivada pelos constantes julgamentos públicos de Pinto da Costa, no âmbito do processo 'Apito Dourado', que fazem com que o presidente ande calado e aparentemente alheado. No entanto, se para o exterior a imagem que fica é nesse sentido, acredito que no seio do clube, Pinto da Costa continua presente e apoiante, daí que não creio na veracidade desta teoria. Estou em crer que o técnico azul e branco se referia aos problemas de lesões que afectaram inúmeros jogadores nucleares, a começar pela longa paragem de Anderson. Ou então às arbitragens que se têm verificado, as quais têm penalizado o FC Porto em medida superior à que tem acontecido com Sporting ou Benfica.

O facto é que Jesualdo Ferreira tem estado debaixo de fogo. Apesar de estar na liderança e a apenas uma vitória do título nacional, a contestação dos adeptos portistas tem subido de tom. Como portista, não me revejo nessas críticas. Não culpo Jesualdo pela péssima 2ª volta e pelo desbaratar da vantagem pontual que possuiu, algo que nos faz sofrer mais do que o que era suposto. A conjuntura que encontrou no clube é mais difícil que aquela que os antecessores experimentaram. Embora tenha cometido alguns erros, como aliás todos cometem, acho estranho como se pode crucificar um treinador quando este está prestes a sagrar-se campeão (o Aves não vai resistir). É lamentável que se ataque alguém que, apesar de tudo, se tem aguentado muitíssimo bem no comando de um tubarão como o FC Porto praticamente sozinho, pelo menos para o exterior, dando o corpo às balas e procurando sempre defender os interesses do clube. Opções técnicas erradas? Mas cada cabeça tem a sua ideia e ninguém garante que opções diferentes tivessem dado melhor resultado, apesar de também discordar diversas vezes das decisões tomadas. Agora, limitar o abaixamento de forma da equipa às opções técnicas é, na minha opinião, errado e injusto, tanto mais que no melhor período da época (vitórias em Hamburgo, em Moscovo, em casa com o Benfica), elas não foram muito diferentes.

Por exemplo, Paulo Bento é agora elogiado pela generalidade da crítica, mas não se podem esquecer os ataques que também sofreu na altura das derrotas caseiras com Benfica e Spartak Moscovo. Tudo depende dos resultados, mas eu rejeito avaliar os técnicos apenas por esse ponto, gosto de olhar igualmente para a competência, inteligência e personalidade forte. Bento talvez seja nesta altura o técnico mais consensual e o Sporting o clube mais estável, mas é preciso lembrar que Jesualdo e o FC Porto seguem um ponto à sua frente e a probabilidade de serem campeões é enorme. Por aqui também se vê a diferença do grau de exigência entre um e outro clube. No FC Porto, nunca um técnico com tantas possibilidades de perder o título, seria aclamado como Bento é no Sporting. Se Jesualdo estivesse em Alvalade a uma vitória de fazer a festa era um deus. Tirem as vossa próprias conclusões. O FC Porto tem um orçamento maior? Se o tem foi porque soube gerar mais receitas por mérito próprio ao longo dos anos e sabe-se que, por vezes, o dinheiro não é tudo e não é por um treinador ter mais recursos ao seu dispôr que parte em vantagem sobre os demais. O Chelsea desta época e o Real Madrid das anteriores são bons exemplos.

Para mim, a baixa de forma em 2007 continua a ser um dilema e não encontro explicações objectivas para que tivesse acontecido. A longa paragem natalícia, as inúmeras lesões, o sub-rendimento de alguns jogadores (Lucho é o caso mais flagrante), ou mesmo o facto de alguns empresários influenciarem certos jogadores no sentido de saírem (continua a fazer-me muita impressão ver declarações como as de Pepe, dizendo que o objectivo de qualquer jogador é sempre um clube maior e blá blá blá, blá blá blá), podem estar na base dos resultados menos bons. Com certeza que Jesualdo também cometeu alguns equívocos, mas é injusto não se valorizar o seu trabalho, quanto a mim positivo.

No próximo domingo, só uma hecatombe impedirá o FC Porto de ser campeão. Para a próxima época, defendo a continuidade de Jesualdo Ferreira no comando técnico dos azuis e brancos. Quem sabe se, com uma conjuntura no clube mais favorável, não fará um trabalho que orgulhe todos os portistas.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

A MAGIA DO NÚMERO TRÊS


Ora digam lá se este campeonato não está fantástico! Pelo menos no que respeita a emoção, não me lembro de algo parecido. À partida para a última jornada, os três grandes estão separados apenas por dois pontos e ainda mantêm acesa a chama do título. Na liderança, o FC Porto é a única equipa que apenas depende de si, bastando-lhe para conquistar a liga derrotar o Aves, no Dragão, no próximo domingo. Sporting (a um ponto) e Benfica (a dois) seguem na perseguição, mas vão precisar de rezar, além de fazerem a sua parte de vencerem os respectivos encontros. As lutas pela última vaga na Taça UEFA e pela manutenção na 1ª Liga continuam também bem vivas, com três equipas envolvidas em cada uma delas. P.Ferreira, U.Leiria e Nacional na primeira e Beira Mar, Aves e Setúbal na segunda (a Académica, mesmo tendo perdido, já está a salvo). A 29ª ronda acabou por não decidir absolutamente nada e maior incerteza para a derradeira jornada era quase impossível.

O FC Porto foi a Paços de Ferreira empatar a uma bola, num jogo que se revelou tão complicado como o previsto. Mostrou novamente que não atravessa um bom momento e não se conseguiu exibir com a garra e determinação que se lhe exigia numa altura tão decisiva. Tão perto do título nacional, em vez de acusar nervosismo e ansiedade, deveria sim transformar a pressão sentida em auto-motivação e atitude ganhadora. Jesualdo Ferreira pode dizer que não sentiu nada de especial quando estava a perder e que sabia que o FC Porto era capaz de ganhar, mas a verdade é que os portistas estiveram cerca de 70 minutos virtualmente em segundo lugar e muito próximos de poderem perder o título para o Sporting. Não acho nada normal uma situação tão aflitiva quando a vantagem de que dispôs chegou a ser bem confortável. Antunes, de livre directo, deu vantagem aos pacenses. Adriano, num lance confuso mas revelador da capacidade de luta do brasileiro, restabeleceu o empate, marcando o golo mais importante deste campeonato para os azuis e brancos. Antes disso, Lucho e Postiga já tinham feito pontaria aos postes, concluindo jogadas que mereciam melhor sorte. O árbitro esteve globalmente em bom plano.

O Sporting deu seguimento à boa ponta final de campeonato e arrancou uma boa vitória no terreno da Académica por 2 - 0. Liedson a abrir e João Moutinho a fechar foram os autores dos golos, num jogo em que os 'estudantes' venderam cara a derrota. Embora os 'leões' tenham desperdiçado variadíssimas oportunidades, a turma de Manuel Machado também se revelou bastante perigosa, tendo inclusivé enviado uma bola à trave por Dame. O árbitro esteve bem ao assinalar um penalty a favor do Sporting (desperdiçado por Liedson, ou melhor, defendido por Pedro Roma), mas esqueceu-se de marcar outro a favor da Académica, por derrube claro na área de Liedson a Miguel Pedro. Belo jogo, magnífico ambiente, assim o futebol em Portugal fica mais atractivo.

A curta viagem do Benfica a Setúbal saldou-se por uma vitória magra mas justificada, tendo o tento solitário sido apontado por Miccoli, esse autêntico salvador da nau encarnada nos últimos tempos. A fraca assistência no Bonfim traduziu o pouco interesse dos benfiquistas por este jogo, algo que se compreende, uma vez que, no arranque desta jornada, a luta parecia cingir-se a FC Porto e Sporting. Mesmo tendo recuperado terreno para os 'dragões', o título não passa de um sonho, pois além de ter que ganhar na última ronda, terá também de esperar por uma derrota portista e um empate ou derrota do Sporting. Remoto, muito remoto.

No despique pela quarta posição, tudo na mesma entre Braga e Belenenses. Os bracarenses foram ao Bessa derrotar o Boavista por 1 - 0 (golo de Wender), ao passo que os azuis do Restelo bateram o Marítimo por 2 - 0 (golos de Garcês e Dady). Tendo como objectivo o sexto posto, o Nacional reentrou na corrida, ao bater o Beira Mar por 3 - 0, beneficiando ainda dos empates do U.Leiria frente à Naval (2 - 2) e do já referido do P.Ferreira diante do líder.

Na fuga à descida, o Aves não aproveitou as derrotas do Beira Mar e Setúbal, tendo perdido em casa frente ao E.Amadora por 1 - 0. Não deixou de ser o grande perdedor desta batalha particular, pois os adversários directos sucumbiram mas em embates muito mais difíceis. Mesmo assim, o conjunto de Neca continua acima da linha de água, já que detém vantagem sobre o Beira Mar nos jogos entre ambos.

Para a 30ª e última jornada desta liga, apenas o Marítimo-Boavista nada decide de relevante. Teremos portanto sete jogos verdadeiramente de nervos: FC Porto-Aves, Sporting-Belenenses, Benfica-Académica, Braga-Nacional, Beira Mar-P.Ferreira, E.Amadora-U.Leiria e Naval-Setúbal. Sou um adepto que gosta de fazer prognósticos e então no domingo que aí vem possivelmente teremos: FC Porto campeão, Sporting 2º, Benfica 3º, Braga 4º, Belenenses 5º, U.Leiria 6º, Beira Mar a manter-se no escalão maior, Aves e Setúbal a serem despromovidos. Haja coração para resistir a tanta emoção!

Uma referência para Leixões e Guimarães, que garantiram nesta jornada da Liga de Honra, a subida à 1ª Liga. Desde o começo, eram estes os dois clubes que queria ver promovidos, pela grandeza que possuem e pelo bem que podem fazer ao nosso principal campeonato, devido sobretudo às multidões que os seguem apaixonadamente. Oxalá tal apoio se mantenha na próxima época em todos os estádios. Parabéns a ambos!

Por último, uma perplexidade: o jogo Belenenses-Marítimo foi de entrada livre para toda a gente e mesmo assim só teve uma assitência de cerca de 7 mil pessoas. Há algo que está mal no futebol português ao nível do público, sendo certo que este não é o responsável por isso. Obviamente!

domingo, 13 de maio de 2007

EMOÇÃO SEM LIMITES


Por falta de tempo, não me vou poder alongar neste post, mas não podia deixar de dizer uma palavra sobre a penúltima jornada da 1ª Liga, a realizar hoje. A emoção que se espera parece ser, à partida, ilimitada, com possíveis decisões nos diversos objectivos.

A principal prende-se com o título nacional, a disputar, ao que tudo indica, apenas entre FC Porto e Sporting. Os portistas têm uma deslocação a Paços de Ferreira que se antevê complicada, pelo que apenas com grande espírito de conquista e sacrifício poderão pensar no triunfo. Quaresma está de regresso, o que é, sem dúvida, uma boa notícia para os 'dragões'. O Sporting tem, em princípio, um jogo que me parece mais acessível, viajando até ao reduto da Académica, embora não se possa descuidar.

Com as combinações possíveis dos dois resultados, vários cenários são plausíveis. O que acontecerá? Ficará tudo na mesma? Sagrar-se-á o FC Porto campeão já hoje? Passará o Sporting para o primeiro lugar? Ficarão todas as decisões para a última jornada? Por motivos profissionais, não poderei seguir os desafios em directo na TV, mas não vou deixar de estar atento. Caso lhe seja possível, reserve o seu final de tarde para acompanhar a par e passo estas emoções. Estou seguro que vai valer a pena.

terça-feira, 8 de maio de 2007

MANCHESTER UNITED E RONALDO CAMPEÕES


Culminando uma temporada em que foi sempre a melhor equipa da Premier League, o Manchester United sagrou-se enfim campeão inglês. No derby frente ao Manchester City cumpriu a sua parte e venceu por 1 - 0, com o golo solitário a ser apontado por Cristiano Ronaldo (quem mais?!), de grande penalidade, surgida de uma falta cometida sobre si. Foi o 17º golo do jogador português na liga inglesa desta época e o 50º ao serviço dos 'red devils'. Nada mau para um jovem de 22 anos... Após este triunfo, só uma vitória do Chelsea diante do Arsenal impediria a turma de Ferguson de festejar o título. O derby londrino deu empate (1 - 1) e o United pôde abrir o champanhe tranquilamente no sofá, conquistando a Premier League pela 16ª vez no seu historial.

Todos os que contribuíram para este feito (jogadores, técnicos, dirigentes, adeptos) merecem ser congratulados pela sua quota parte de responsabilidade nesta conquista. Mas a maior fatia desse bolo vai inteirinha para Cristiano Ronaldo, esse prodigioso executante lusitano. Quem teve a oportunidade de seguir de perto a época em Inglaterra, com certeza que não deixará de concordar comigo. Aliás, todos os amantes do futebol mundial minimamente atentos e inteligentes, deixando de lado sentimentos patrióticos bacocos ou invejas mesquinhas, deverão admitir a excelência do futebol do madeirense e não deixar de dizer que este título tão importante e cobiçado pertence a Ronaldo mais que a qualquer outro. O que teria sido deste Manchester sem a genialidade absolutamente decisiva do português? Certamente estaria novamente a olhar para o Chelsea no topo da classificação, não tenho muitas dúvidas a esse respeito.

As evidências costumam falar por si e as pessoas minimamente conhecedoras acabam por as notar sem que ninguém lhas lembre. No entanto, no futebol, como em tudo na vida, há sempre os menos atentos, os menos espertos, os mais demagógicos, ou simplesmente os mais invejosos. O blá blá blá nunca há-de parar sempre que surge um diamante tão precioso como Ronaldo. Digo isto porque tenho notado a azia de muita gente por esse mundo fora ao ver um português nos píncaros da fama, retirando protagonismo a diversas outras estrelas, por sinal, momentaneamente ofuscadas pelo brilho do '7' do United.

Exemplo disso foi a necessidade que houve de diversos quadrantes em atacar Ronaldo após a eliminação da Champions aos pés do Milan. Pelo facto de ter sido afastado da final e ter perdido o duelo na eliminatória com o brasileiro Kaká, muitos foram os considerandos acerca da (insuficiente?!) categoria do extremo luso, esquecendo-se a maravilhosa época por si protagonizada no melhor campeonato do planeta. Das muitas barbaridades que li, a de que "Cristiano Ronaldo é uma piada" ficou-me na retina, de tão ridícula e estúpida que foi. A inveja tolhe o pensamento (ou será apenas a linguagem?...), mas o futuro encarrega-se sempre de colocar as coisas no devido lugar.

Na minha perspectiva, Cristiano Ronaldo é actualmente o melhor jogador do mundo (opinião discutível) e tem sido o melhor em 2007 (opinião indiscutível). O talento é tão impressionante, a técnica, velocidade, execução, habilidade, capacidade finalizadora, jogo aéreo e assunção da responsabilidade fazem de Ronaldo um jogador tão completo, que é assustador pensar no que poderá vir a ser no futuro. As críticas invejosas só lhe darão ainda mais força, a mesma que ele usou para calar o país de Sua Majestade após o Mundial, no local onde tal deve ser feito: no campo.

Agora proponho que atentem no seguinte:
-Campeão inglês em 2006-07,
-Vencedor da Taça de Ingleterra em 2003-04,
-Vencedor da Taça da Liga Inglesa em 2005-06,
-Vice-campeão europeu em 2004,
-4º lugar no Mundial'2006,
-Melhor Jogador da Premier League em 2006-07 (escolha dos jogadores),
-Melhor Jovem Jogador da Premier League em 2006-07 (escolha dos jogadores),
-Melhor Jogador da Premier League em 2006-07 (escolha dos jornalistas),
-Melhor Jovem Jogador da Premier League em 2005-06 (escolha dos jogadores),
-2º Melhor Jovem Jogador do Mundial'2006,
-Melhor Jovem Jogador de 2005 para a FIFPro,
-Integrante da equipa do ano da UEFA em 2004.
Tudo isto aos 22 anos! Palavras para quê quando os factos falam por todos nós?

"É assustador. Ronaldo é o tipo de jogador que leva os adeptos a não duvidarem na hora de gastar dinheiro para vê-lo jogar. O que imaginei há três anos está a concretizar-se: ele é hoje o melhor do mundo."
Roy Keane, 26-03-2007

"Ronaldo é jovem, tem 22 anos, mas se continuar assim será um dos melhores jogadores de todos os tempos. Está a realizar uma época incrível. Converteu-se num jogador impossível de defender. A sua técnica é considerável, tem um talento incrível e uma extraordinária capacidade para fintar em grande velocidade. Como o Mark Hughes disse noutro dia, não damos conta de como é tão grande. Ele é mesmo alto e tem uma forte compleição física, tal como Henry. Além disso, desfruta do futebol e joga com grande entusiasmo."
Gary Lineker, 27-03-2007

segunda-feira, 7 de maio de 2007

QUATRO PONTOS PARA O TÍTULO


O FC Porto caminha a passos largos para a revalidação do título. A vitória caseira frente ao Nacional por 2 - 0, deixou os 'dragões' a apenas quatro pontos da almejada conquista. Num jogo de grande dificuldade pela demora na obtenção do golo inaugural, Anderson mostrou uma vez mais que é um dos maiores talentos do futebol mundial, tendo apontado o primeiro golo e efectuado a assistência para o segundo, da autoria de Fucile. As 40 mil pessoas presentes no Dragão não se arrependeram seguramente do dinheiro gasto, só por poderem assistir às genialidades do prodígio brasileiro. Uma pergunta fica no ar: o que teria sido este FC Porto com Anderson operacional durante toda a época?

O Sporting mantém-se firme no segundo lugar, a três pontos do FC Porto, e suspira ainda por um deslize dos azuis e brancos para aspirarem ao primeiro posto. Em Alvalade, recebeu e venceu o Setúbal por 3 - 1, com um bis de Liedson, que se isolou no topo da lista dos melhores goleadores com 13 remates certeiros. Depois de um início de época cinzento ao nível da concretização, o 'levezinho' tem vindo a recuperar a fama de matador e já deixou Simão e Dady para trás. A este respeito, não deixa, porém, de ser desolador ver uma contabilidade tão baixa do melhor marcador, numa altura em que a temporada está praticamente a terminar; 13 golos é realmente uma marca quase irrisória para um 'Bota de Ouro' da 1ª Liga.

O Benfica venceu a Naval por 2 - 1 mas sem convencer, tendo Miccoli salvo os encarnados de mais uma igualdade mesmo à beira do fim, quando já se vislumbravam inúmeros lenços brancos dirigidos a Fernando Santos. Petit tinha aberto o activo e Lito empatado a contenda. Facto marcante, além da crescente contestação ao treinador benfiquista, foi a monumental vaia dos adeptos ao brasileiro Derlei, tudo indicando que não continue na Luz na próxima temporada. As 'águias' mantiveram-se a um ponto do rival da Segunda Circular e seguem vivos na luta pelo acesso directo à fase de grupos da Liga dos Campeões 2007-08.

Na luta pelo quarto lugar, o Braga venceu o Belenenses por 2 - 1 e colocou-se em igualdade pontual com os lisboetas. Com o Municipal de Braga a bater o recorde de assistência (29.931 espectadores), em virtude de as entradas serem gratuitas, os bracarenses foram superiores e triunfaram com mérito. Zé Carlos fez o primeiro, Dady empatou e Carlos Fernandes fixou o 'score', colocando a disputa pela quarta posição ao rubro. O sexto lugar, que garante o acesso à Taça UEFA, continua ser disputado por P.Ferreira e U.Leiria, tendo os leirienses nesta jornada ganho um novo ânimo. Aliaram uma vitória (3 - 1) sobre o Aves, com dois golos de Éder, um de Slusarski e outro de Hernâni, à derrota (1 - 0) dos pacenses na Amadora - golo de Tiago Gomes -, tendo-se colocado a apenas um ponto dos comandados de José Mota. Emocionante!

Na fuga à despromoção, o Beira Mar foi o grande beneficiado da ronda, tendo batido em casa o Boavista por 1 - 0, valendo um cabeceamento do central Devic. Face às já referidas derrotas de Setúbal e Aves, entregou a lanterna vermelha aos sadinos e igualou os pontos avenses, embora estes tenham vantagem no confronto directo. Ou seja, Setúbal e Beira Mar continuam debaixo de água, em perigo real de afogamento. A Académica amealhou mais um precioso pontinho, na sequência do empate sem golos no terreno do Marítimo, subindo para quatro pontos a diferença face à linha de água. Com dois jogos apenas a restarem, tudo indica que os 'estudantes' vão conseguir o objectivo da permanência no principal escalão.

A guerra do campeonato segue efectiva nas três frentes de combate: título, Europa e manutenção. A próxima jornada - a penúltima - promete ser emotiva. Todos os oito encontros terão algo em jogo, todos trarão consequências e definições importantes nas diferentes ambições.

quinta-feira, 3 de maio de 2007

BANHO DE FUTEBOL


MILAN - MANCHESTER UNITED 3 - 0
Liga dos Campeões 2006-07 (1/2 Final - 2ª Mão)
2 de Maio de 2007
Estádio Giuseppe Meazza (Milão)
Árbitro: Frank De Bleeckere (Bélgica)
Milan: Dida; Oddo, Nesta, Kaladze, Jankulovski; Pirlo, Gattuso (Cafú 84'), Ambrosini, Seedorf; Kaká (Favalli 86'), Filippo Inzaghi (Gilardino 67'). Tr: Carlo Ancelotti
Manchester United: Van der Sar; O'Shea (Saha 77'), Brown, Vidic, Heinze; Carrick, Scholes, Fletcher; Cristiano Ronaldo, Rooney, Giggs. Tr: Alex Ferguson
Ao intervalo: 2 - 0
Marcadores: 1 - 0 Kaká 10', 2 - 0 Seedorf 28', 3 - 0 Gilardino 78'
CA: Ambrosini 75', Gattuso 81', Cristiano Ronaldo 84'


À semelhança do sucedido na temporada 2004-05, Milan-Liverpool será a final da Liga dos Campeões, em Atenas. Ontem em San Siro, o Milan vulgarizou por completo o Manchester United no segundo jogo das meias-finais e triunfou por concludentes 3 - 0, garantindo assim a possibilidade de desforra frente ao Liverpool no jogo mais aguardado do ano. Kaká superou Cristiano Ronaldo no duelo particular entre ambos, tendo inclusivé sido a grande figura da eliminatória.

O jogo foi estranho. O Milan deu um autêntico banho de bola à formação inglesa, praticamente durante quase toda a partida. Cedo se percebeu qual a tendência do jogo: milaneses dominadores, senhores da bola, instalados no meio-campo contrário, trocando a bola e ameaçando de perto a baliza de Van der Sar, perante a total e incompreensível passividade dos jogadores do United. Foi sem surpresa que Kaká inaugurou o marcador logo aos 10 minutos, num bom remate de pé esquerdo. Tendo perdido por 3 - 2 fora de casa, com este resultado o Milan já estava em vantagem na eliminatória, mas não foi este facto que cambiou o cariz do encontro. Os homens de Ancelotti continuaram tranquilamente a dominar as operações, daí que o segundo golo fosse apenas uma questão de tempo. Após uma infantilidade defensiva de Heinze e Vidic, Seedorf fez o 2 - 0 e deu maior justiça ao 'placard', tal era a superioridade do conjunto italiano.

Até ao intervalo o domínio caseiro continuou intenso e mais golos poderiam ter acontecido, não fossem algumas intervenções de mérito de Van der Sar. Uma primeira parte de sonho para o Milan e de pesadelo para o United. Cristiano Ronaldo foi bem anulado pelo sistema montado por Ancelotti, que fez incidir Gattuso sobre o seu raio de acção, além da normal marcação do lateral, ora direito ora esquerdo. Manteve-se bem discreto ao longo dos 90 minutos e nem de livre directo logrou alvejar a baliza de Dida. Por seu turno, Kaká teve todo o tempo e espaço do mundo para pensar as jogadas, não tendo havido um único jogador que apertasse com o brasileiro. Livre de estorvo, Kaká pegou na batuta e lançou a equipa sempre para o ataque, ora com passes teleguiados, ora com acelerações esporádicas.

Após o descanso, a vergonhosa falta de capacidade de resposta dos ingleses manteve-se e o desânimo começou a ser cada vez maior. Precisando de dois golos, seria de esperar maior espírito de luta, mesmo ao nível do banco, face àquilo que ía sucedendo no relvado. A verdade é que Alex Ferguson denotou igualmente uma confrangedora inépcia, a tal ponto de apenas ter feito a primeira e única substituição aos 77 minutos! É porque estava contente com a actuação da equipa e com o resultado. De facto, apesar de o Manchester United ter surgido no segundo tempo com mais posse de bola, nunca conseguiu criar grandes situações de perigo.

Pelo contrário, o Milan atacava agora pela certa e dava a ideia de poder ampliar a vantagem a qualquer instante. Kaká deu o aviso numa magnífica jogada individual, valendo o guardião Van der Sar a salvar a situação com uma bela defesa. Numa pura jogada de contra-ataque, aproveitando o adiantamento desesperado dos jogadores ingleses, Ambrosini isolou Gilardino com um sensacional passe, que fixou o resultado final em 3 - 0. Até ao final, o que de mais relevante aconteceu foi mesmo o cartão amarelo exibido a Cristiano Ronaldo, já na fase da frustração da derrota em tão importante desafio, que o retiraria do jogo decisivo caso o United se tivesse qualificado.

Foram três, poderiam ter sido quatro, cinco, seis... O Milan dominou o encontro como quis e não encontrou oposição à altura de um semifinalista da Champions. O Manchester United foi uma tremenda decepção e demonstrou uma debilidade que ninguém esperava, tendo transformado um possível jogo empolgante em algo monótono, sem brilho nem chama. Desiludiu todos os adeptos de futebol, nomeadamente aqueles que o apoiavam para chegar à final, como eu.

No mano-a-mano entre Kaká e Cristiano, levou claramente a melhor o brasileiro, mas quem percebe de futebol e opina com imparcialidade, deverá reconhecer que o vento soprou a favor do milanês, tais foram a facilidade e liberdade encontradas neste embate de San Siro. Já o português deparou-se sempre com inúmeras dificuldades em lutar contra o vendaval italiano, tendo sofrido a marcação de dois e, até por vezes, três (!) adversários. Muito mais adultos tacticamente, os italianos não deram hipóteses a um conjunto bem mais limitado nesse como noutros aspectos, nomeadamente, capacidade técnica, inteligência de jogo, leitura desde o banco e vontade de ganhar. Para quem disse, antes desta eliminatória, que Ronaldo tinha maiores oportunidades de brilhar do que Kaká, em virtude de estar integrado numa equipa superior, este jogo provou exactamente o contrário. Depois desta eliminação do madeirense, a tónica tem sido exaltar Kaká a um nível superior ao do português, como se a qualidade de um jogador dependesse apenas de um só jogo. Já não há paciência para esta constante perseguição a Cristiano Ronaldo. No entanto, só os predestinados são alvo deste tipo de invejas incessantes e há que ver as coisas sempre numa perspectiva positiva.

O meu desejo para o jogo decisivo não se concretizou e as minhas previsões saíram furadas. Milan-Liverpool é então a final da Liga dos Campeões 2006-07, disputada por dois dos emblemas com melhor historial na prova: 6 vitórias em 10 finais para o Milan, 5 triunfos em 6 finais para o Liverpool. Esta será a 11ª para os milaneses e a 7ª para os 'reds'. Em Atenas, que ganhe o Liverpool.

quarta-feira, 2 de maio de 2007

LIVERPOOL NA FINAL COM JUSTIÇA


LIVERPOOL - CHELSEA 1 - 0 (4 - 1 g.p.)
Liga dos Campeões 2006-07 (1/2 Final - 2ª Mão)
1 de Maio de 2007
Anfield Road (Liverpool)
Árbitro: Mejuto González (Espanha)
Liverpool: Reina; Finnan, Carragher, Agger, Riise; Gerrard, Mascherano (Fowler 117'), Pennant (Xabi Alonso 78'), Zenden; Kuyt, Crouch (Bellamy 106'). Tr: Rafael Benítez
Chelsea: Cech; Paulo Ferreira, Terry, Essien, Ashley Cole; Makelele (Geremi 117'), Obi Mikel, Lampard; Joe Cole (Robben 98'), Drogba, Kalou (Wright-Phillips 107'). Tr: José Mourinho
Ao intervalo: 1 - 0
Marcador: 1 - 0 Agger 22'
CA: Ashley Cole 28', Agger 62', Zenden 110'
Penalties: 1 - 0 Zenden, Robben falhou, 2 - 0 Xabi Alonso, 2 - 1 Lampard, 3 - 1 Gerrard, Geremi falhou, 4 - 1 Kuyt


Foi com tristeza que vi o Liverpool afastar o Chelsea da final da Liga dos Campeões, através das grandes penalidades (4 - 1), após 1 - 0 no final do prolongamento. O Chelsea-Manchester United em Atenas já não vai acontecer, estou certo que seria a final mais bonita a que o mundo poderia assistir. Porém, não me custa nada admitir que o Liverpool, pela forma como jogou e lutou, foi um justo vencedor desta meia-final apaixonante. Fico triste por Ricardo Carvalho, por Paulo Ferreira, por Hilário e por todo o staff técnico liderado por José Mourinho. Sou um profundo admirador do 'Special One' como treinador e orgulho-me que seja português, embora haja traços na sua personalidade que me desagradam. Esta derrota diante de um dos seus inimigos de estimação talvez o faça ficar um pouco mais humilde e repensar a forma como, por vezes, desrespeita os outros de forma injusta, tendo sido Cristiano Ronaldo a sua vítima mais recente.

Desde jogo, fiquei impressionado com outro facto, no qual concordo com Rafael Benítez: 'Special Ones' são todos aqueles adeptos do Liverpool. Que ambiente maravilhoso tem Anfield Road! Pela televisão dá para se perceber a sua dimensão, ao vivo nem imagino o que aquilo será...

O jogo foi intenso mas nem sempre de grande qualidade. Houve muito respeito de ambos os lados, nenhuma equipa se lançou deliberadamente ao ataque, daí que houve muita luta na zona central do terreno. O encontro começou táctico, mas cedo se percebeu que o Liverpool estava mais dominador e mais subido, como aliás lhe competia, face à desvantagem de um golo na eliminatória, embora tal domínio não se traduzisse em jogadas perigosas para Cech. A primeira oportunidade apareceu aos 22 minutos e deu o 1 - 0 para o Liverpool: livre de Gerrard rasteiro para a área e remate de Agger com êxito, perante a total e inadmissível passividade da defensiva londrina. Depois do golo, o Chelsea sofreu um mau bocado e viu-se em apuros perante mais algumas investidas do adversário. A partir da meia-hora os 'blues' começaram finalmente a sacudir a pressão e a adiantar-se no relvado. Drogba teve uma óptima hipótese para empatar mas Reina negou-lhe os intentos. Até ao intervalo, os londrinos continuaram senhores do jogo mas mais nada de muito relevante aconteceu.

Os primeiros minutos da segunda metade foram a continuação dos últimos da primeira, com o Chelsea a manter maior posse de bola e a mostrar disposição em marcar um golo, que poderia significar o fim do sonho do Liverpool. A este respeito, devo dizer que foi excelente a capacidade dos homens de Benítez em conviver com a constante ameaça de ter que marcar mais dois golos, caso o Chelsea chegasse à igualdade. Pressão menor teve o Chelsea nesse aspecto, uma vez que, mesmo que o Liverpool fizesse o 2 - 0, lhe continuava a bastar um tento para seguir em frente. Mesmo com o ligeiro ascendente inicial do Chelsea, o equilíbrio foi a nota dominante da segunda parte. Ainda assim, o Liverpool foi quem teve as melhores chances para marcar: uma cabeçada de Crouch para defesa apertada de Cech, outra de Kuyt à trave, um remate de Pennant interceptado a custo por Essien e um remate de Zenden em cima do minuto 90. Para os de Londres, apenas um centro de Cole que quase resultava em autogolo de Carragher e pouco mais em termos de perigo real.

Chegava então o prolongamento e mais 30 minutos de emoções. O equilíbrio continuou, embora tenha sido novamente o Liverpool a estar mais perto do golo, em dois lances protagonizados por Kuyt. O primeiro foi um golo anulado ao holandês por fora-de-jogo (milimétrico mas existente), apontado na recarga a um remate de Xabi Alonso que Cech defendeu para a frente. O segundo foi um remate, quase em cima do minuto 120, em zona muito perigosa que o guardião checo parou com classe.

Nas grandes penalidades, a sorte sorriu a quem mais fez por a merecer. Caso não se as considere uma lotaria - para mim mais que uma lotaria é um momento de controlo emocional -, então deve dizer-se que os jogadores do Liverpool revelaram maior cabeça fria e deram justiça ao desfecho desta eliminatória. O 'keeper' espanhol Reina defendeu os penalties de Robben e Geremi e foi herói. O Chelsea procurou lutar sempre, teve várias ausências forçadas e se ganhasse também seria justo pelo esforço e dedicação com que se bateu.

Estava à espera que o Chelsea jogasse em Anfield com maior capacidade de segurar a bola e controlar o jogo no sector intermédio. Lampard continua a exibir-se abaixo do que pode fazer, Makelele fez uma bela partida mas não teve a ajuda necessária do discreto Obi Mikel. Para colmatar a ausência de Carvalho, Essien foi colocado a central e o meio-campo ressentiu-se e muito. Gerrard foi o patrão daquela zona, muito bem secundado pelo espírito batalhador de Mascherano. Kuyt, além de ter sido o elemento mais perigoso do Liverpool, ainda foi o autor do penalty decisivo. Benítez voltou a eliminar Mourinho da Champions, o técnico português continua sem ganhá-la desde que saiu do FC Porto, em 2004, sem sequer a festejar. Tenho pena mas o futebol é isto. Parabéns ao Liverpool e aos seus espectaculares seguidores.

terça-feira, 1 de maio de 2007

AGUARDANDO PELA CHAMPIONS


Enquanto aguardo por esse inolvidável Liverpool-Chelsea, que garantirá um lugar na final da Champions, passo em revista o que de mais importante se passou no fim de semana por essa Europa. Dois factos marcantes: o título holandês ganho 'in-extremis' pelo PSV Eindhoven e o adeus quase definitivo do Chelsea ao título inglês.

Começando pelo campeonato que está na ordem do dia, a equipa de José Mourinho não conseguiu aguentar a corrida taco-a-taco com o Manchester United. Empatou em casa 2 - 2 com o Bolton e viu o United vencer no reduto do Everton por 4 - 2 (o português Manuel Fernandes marcou para os visitados um grande golo), vendo alargada a sua desvantagem para cinco pontos. As equipas actuaram em poupança de esforços tendo em vista os compromissos da Champions, de tal modo que Lampard e Cristiano Ronaldo começaram no banco de suplentes. Deu-se mal o Chelsea que, além do péssimo resultado, perdeu ainda o esteio Ricardo Carvalho para os próximos desafios devido a lesão. Como o próprio Mourinho fez questão de referir, o título está praticamente entregue aos homens de Old Trafford, bem entregue, diga-se. Foi a melhor equipa da Premier League, possui o melhor jogador, manteve-se na liderança quase desde o início, tem o melhor ataque (20 golos a mais que Chelsea e Arsenal!), a terceira defesa menos batida, enfim, é a formação que mais tem feito para se sagrar campeã. De resto, demonstra também um vincado espírito ganhador; em Goodison Park esteve a perder por 2 - 0 e acabou por triunfar por 4 - 2, revelando uma capacidade de recuperação já bem visível em ocasiões anteriores. Depois do bi-campeonato de Mourinho, chegou agora a vez de Cristiano Ronaldo ganhar o título inglês, ele que disse há uns tempos que preferia vencer a competição doméstica em deterimento da Liga dos Campeões.

No país das tulipas, a derradeira jornada foi verdadeiramente épica: AZ Alkmaar partiu como claro favorito, ao intervalo o Ajax era virtual campeão e no final foi o PSV a fazer a festa! Partindo os três em igualdade pontual, todos os jogos foram logicamente à mesma hora e as emoções fervilharam, a ponto de a diferença entre os dois primeiros (Ajax e PSV) ter sido de apenas um golo! Sensacional! Jogos do título: Excelsior-AZ Alkmaar 3 - 2, Willem II-Ajax 0 - 2 e PSV Eindhoven-Vitesse 5 - 1. Não sei o que se falou por lá, mas tenho a certeza que se algo semelhante sucedesse em Portugal, dir-se-ia que o 'Vitesse português' tinha facilitado a vida ao campeão. Pedia-se logo investigação! O central português Manuel da Costa e o antigo técnico do Benfica Ronald Koeman enriqueceram assim o seu palmarés pessoal. Parabéns a ambos.

Faltam duas horas para o jogo de Anfield... Shevchenko, Ballack e Ricardo Carvalho são baixas de vulto, mas os 'blues' têm aprendido a conviver com este tipo de infortúnios durante esta temporada, pelo que não será por aí que deixarão de passar à final mais desejada. O ambiente está quente entre Mourinho e Benítez, assim como entre Mourinho e Ronaldo (o 'Special One' está em todas), algo que todos os portugueses certamente dispensavam. O prodígio madeirense só amanhã entra em campo, em San Siro, diante do Milan. Estou com uma 'fezada' que vai ajudar a eliminar Kaká e companhia. Não pode ver amarelo senão falha a final, o que seria desde logo uma hecatombe para o futebol-espectáculo. Oxalá tudo corra pelo melhor. Força Chelsea! Força Manchester!