sexta-feira, 15 de junho de 2007

O 'MEU' FC PORTO 2007-08


Todos nós, adeptos de futebol, temos um treinador dentro de nós, um manager, um presidente, um director do futebol. E é precisamente nesta altura, o chamado defeso, que essa apetência se manifesta em todo o seu esplendor. Diariamente somos bombardeados com notícias sucessivas sobre este ou aquele jogador, possíveis entradas ou saídas, negócios com determinado clube, enfim, algo habitual ano após ano. Os plantéis estão a ser pensados pelos dirigentes de todos os clubes e esta é sempre uma fase de grande interesse para os aficionados, ávidos de verem grandes jogadores a chegar e a rezarem para que as suas jóias não partam para outras paragens. Como adepto do FC Porto, eu não fujo a essa premissa, portanto hoje sou eu o Manager! Apresento aqui as minhas opiniões sobre o que deveria ser o FC Porto para a época de 2007-08, sabendo desde já que o que acontecerá na realidade será algo bem diferente.

Primeiro, devemos saber como jogará a nossa equipa e, depois, procurar apetrechar o plantel em quantidade e qualidade, por forma a obtermos um naipe de jogadores perfeitamente equilibrado, que promova a concorrência e a competitividade internas. Partindo do pressuposto que Jesualdo Ferreira manterá como sistema primordial o 4-3-3 (o que não o impedirá de ter o 4-4-2 como alternativo), defendo um plantel de 25 unidades, com dois jogadores para cada posição, excepto as de guarda-redes, médio-defensivo e ponta-de-lança, que deverão contar com três elementos.

Desde Janeiro que ficou claro que o FC Porto era (e continua a ser) detentor de alguns jogadores apetecíveis para os grandes emblemas europeus, com especial incidência em quatro nomes: Pepe, Quaresma, Anderson e Lucho González. Ora, sempre achei que, deste lote, aquele que não poderia sair de forma alguma seria Anderson. A SAD portista não foi, como é sabido, da mesma opinião e transferiu recentemente o prodígio brasileiro para o Manchester United. Valor da transacção: 31 milhões de euros, ao que parece, apenas cabendo aos 'dragões' cerca de 25 milhões, relativos à propriedade de 80% do passe do jogador. Além de desfalcar a equipa de forma irreparável, a quantia paga pelos ingleses parece-me claramente insuficiente, se pensarmos no infinito potencial de Anderson e na possibilidade de uma grande valorização futura. Os dirigentes azuis e brancos tiveram pressa em ter dinheiro em caixa que pudesse fazer face ao prejuízo apresentado no exercício da temporada que findou, mas cometeram, na minha opinião, um erro de cálculo e oxalá o futuro me possa desmentir. Sim, eu sei que era inevitável a venda de uma das jóias, mas porquê escolher o que deveria estar no último lugar da lista? Autêntico tiro no pé!

Pepe poderia significar um encaixe pouco inferior e, na eventualidade de ser necessária apenas uma venda, por que razão não negociar antes um jogador que já deu mostras de querer sair? Ou será que ainda vamos ter mais saídas importantes? A mim não me causará grande tristeza ver Pepe sair para o estrangeiro, não quero ver de dragão ao peito jogadores que passam a vida a dizer que querem experimentar outros campeonatos e clubes maiores. Não critico a ambição de um futebolista, eu próprio no lugar deles também gostaria de subir sempre mais, mas há formas e formas de ser ambicioso. O central mostra diariamente vontade de ir embora, não tem respeitado o clube. Pode ir à vidinha dele! Desde que paguem entre 20 e 25 milhões de euros, não me parece mal pensado pô-lo a mexer!

Outro dos mais falados é Quaresma. Até se tem dito que já está negociado, algo em que nunca acreditei. Foi, para mim, o MVP das últimas duas ligas e até admitia a sua saída por um valor a rondar os 25 milhões (embora quando vejo Hargreaves, por exemplo, a ser negociado por igual valor, não posso deixar de acreditar que o 'cigano' deveria valer bem mais...). No entanto, com a saída de Anderson, julgo que é proibido provocar um desfalque na equipa de idêntico calibre e transferir também Quaresma. O 'Harry Potter' do Dragão deve ser mantido a todo o custo.

Das quatro pérolas, sobra Lucho. O argentino esteve bastante apagado em 2006-07, mas já demonstrou ser um médio de categoria internacional e é óbvio que pretendo que continue no clube, algo que deverá acontecer, mesmo sabendo-se da cobiça de vários clubes europeus. Caso surjam situações inesperadas, o valor de transferência deverá sempre ser acima dos 17 milhões.

Escusado será dizer que qualquer baixa neste núcleo (Anderson foi a primeira) deverá ser colmatada com um jogador de craveira internacional, embora reconheça que encontrar um jogador sequer idêntico ao jovem canarinho seja uma tarefa pouco menos que impossível.

A seguir a este núcleo duro, surgem jogadores também referenciados pelos colossos do Velho Continente e dados como possíveis transferíveis, casos de Bosingwa, Bruno Alves, Helton, Paulo Assunção e Postiga. Espero que estes cinco elementos se possam manter no clube, pelo rendimento que podem aportar ao conjunto na próxima época. Os quatro primeiros nem sequer devem merecer discussão quanto ao desejo de os ver continuar. Só em presença de propostas verdadeiramente irrecusáveis é que os dirigentes portistas deverão ponderar uma venda, por exemplo, 15 milhões por Bosingwa, Bruno Alves ou Helton e 10 milhões por Assunção. Quanto ao avançado Postiga, continuo a apreciar as suas qualidades e a pensar que pode vir a ser importante no futuro da equipa, embora reconheça que na segunda metade da época que terminou teve um desempenho claramente insuficiente e que, por isso, não está nas boas graças da maioria dos adeptos. Pela minha parte, manteria os cinco de azul e branco.

Continuando a dissecar atentamente o plantel, diria que ainda há obviamente jogadores que pretendo que permaneçam, outros nem tanto. Assim, do meu ponto de vista, Fucile, João Paulo, Pedro Emanuel, Cech, Raúl Meireles, Ibson, Vieirinha (merece mais oportunidades para jogar, pois talento não lhe falta), Lisandro e Adriano devem manter-se no FC Porto, ao passo que Ricardo Costa, Mareque, Jorginho, Alan, Bruno Moraes e Rentería devem ser cedidos a outros clubes, por empréstimo ou definitivamente, se houver possibilidade para tal.

Existe também a questão dos guarda-redes que farão concorrência a Helton. Vítor Baía já anunciou a sua retirada dos relvados, passando para o departamento das Relações Externas do clube. Não sei se a decisão partiu exclusivamente da sua vontade, mas parece-me que o melhor guardião luso de todos os tempos teria condições para fazer, pelo menos, mais duas épocas a um nível alto, além de tudo o que de bom o balneário poderia ganhar com a sua presença. Fala-se que Nuno estará de regresso ao clube, situação que não entendo como positiva, face à idade do jogador. Se a ideia era garantir um bom suplente para Helton, então que se mantivesse Baía, que aliás já demonstrara o desejo de continuar a lutar pela titularidade com o internacional brasileiro. Paulo Ribeiro deseja, segundo notícias que têm vindo a público, ser emprestado para ter oportunidade de jogar com regularidade, algo que vejo com bons olhos. Para o posto de terceiro guarda-redes e com a missão de aprender e evoluir com os mais experientes, perfila-se o jovem Ventura, das camadas jovens portistas.

Contabilizando todos os elementos que, a meu ver, devem integrar o plantel e tendo em consideração a saída de Anderson, para que o tal equilíbrio seja um dado adquirido, fazem falta um lateral-esquerdo, um médio-defensivo, dois médios-ofensivos (nº10), um extremo e um ponta-de-lança, sabendo-se logicamente que qualquer possível saída daqueles que julgo deverem continuar, deve ser colmatada com um reforço de posição idêntica e, já agora, de qualidade! A SAD já começou a trabalhar no assunto e já garantiu as contratações de Lino (lateral-esquerdo), Kazmierczak (médio-defensivo) e Edgar (ponta-de-lança). Se as aquisições do polaco do Boavista e do brasileiro do Beira Mar me parecem acertadas e susceptíveis de se tornarem mais-valias para o grupo, já a de Lino (ex-Académica) não me agradou, pelo facto de ser mais um brasileiro, já com 29 anos e que dificilmente trará vantagens financeiras para o clube no futuro. O jovem português Antunes (P.Ferreira) seria certamente uma muito melhor aposta, tanto desportiva como financeiramente. Mas enfim, esta SAD, apesar dos excelentes negócios que já efectuou (compras e vendas), também nos habituou a escolhas que ninguém percebe. Para extremo, a minha aposta seria o jovem e talentoso Hélder Barbosa, mas o seu futuro passará, possivelmente, por um novo empréstimo (com o qual não concordo minimamente), daí que é uma lacuna a ser suprida por uma aquisição. Para a posição de nº10 e uma vez que Jorginho não me agrada, na minha perspectiva serão necessários dois jogadores para o lugar, sendo que um deles terá forçosamente que ser de grande craveira, por forma a preencher o enorme vazio criado pela saída de Anderson. Mesmo com a existência de Adriano, Postiga e Edgar para a posição de ponta-de-lança, um de nível internacional será sempre bem-vindo, sobretudo pensando na Liga dos Campeões. No caso de a venda de Postiga se concretizar, de facto, estará aberta a porta para que essa situação aconteça.

Feito o ponto da situação actual e dadas as minhas opiniões pessoais, compete ao clube encontrar no mercado as melhores soluções, para que Jesualdo Ferreira tenha à sua disposição o melhor plantel possível. A isso obrigam os objectivos a alcançar na próxima época, que passam pela conquista de todos os títulos nacionais e por uma boa campanha na Champions. Arrume-se a casa!

8 comentários:

Paulo Pereira disse...

Já nos habituaste a um estilo que faz falta. Análises serenas, lúcidas, frontais e imparciais. Está um excelente artigo, onde são focados pontos pertinentes. Concordo com quase tudo. Começando pela baliza, se a ideia é trazer Nuno (ao que parece, está mesmo certo no plantel para a próxima época), não faz sentido a saida de Baía. Para isso, o Vitor fazia mais uma época, evitando dessa forma que a alternativa a Helton fosse um jogador que já não tem margem de progressão. A opção pelo nº 2, na minha opinião, passaria sempre por Bruno Vale. Quanto ao tema quente das últimas semanas, não poderia estar mais de acordo. Alías, passando pela blogosfera, penso que as opiniões são praticamente unânimes: Anderson representa uma perda enorme para o Porto, face ao seu potencial ainda pouco explorado, só se compreendendo a sua venda pela avidez/necessidade de colmatar défices de tesouraria. O Porto enfrenta, agora, um enorme desafio: quem substituirá o prodígio brasileiro? Até ver, pelas movimentações no mercado, ninguém...
Gostei da contratação de Kazmierczak, jogador já adaptado à realidade lusa, forte no meio-campo e com capacidade de remate. Tenho pena é que, mais uma vez, o Porto continue a desaproveitar jogadores com potencial. Dois exemplo, focados por ti: Vieirinha e Ibson. O 1º é um dos grandes mistérios da temporada que agora acabou. Excelente pré-temporada, que culminou num...eclipse inexplicável. Ibson é um jogador talentoso que, infelizmente, não se tem conseguido impor. Parece, fazendo fé nos rumores desta silly season, que terá guia de marcha. No ataque, continuo a sentir a falta de um verdadeiro matador. Partilho da tua afeição a Postiga, mas o jovem portista já nos habituou a períodos de hibernação, não tendo um rendimento constante, em que se possa confiar. Adriano é, logicamente, para manter e, se for verdade a contratação de Edgar, o Porto poderá ter um jogador para lapidar, mas que não fará a diferença está época. No lado esquerdao da defesa, continua o caos. Jogadores e contrataçõe ssucessivas, feitas sem qualquer nexo, deixam-me apreensivo. Antunes, com a recente chamada à Selecção A, viu o seu valor disparar, aumentando ainda mais a ideia que tenho que o mercado de prospecção do FC Porto anda a dormir, a maior parte das vezes.

Um abraço,

P.S: E quem escolherias das dispensas do MU? Vi ontem Rossi em acção, contra a Inglaterra, e gostei do sentido de baliza, da facilidade de remate, da capacidade de criar espaços e de um pé esquerdo, claramente acima da média.

Bruno Pinto disse...

Não sei se algum deles traria grandes benefícios ao FC Porto, mas a ter que escolher um, sem dívida seria o Rossi, que também me agradou sobremaneira ontem no jogo com a Inglaterra. No entanto, anseio há uns anos com a contratação de um grande avançado que faça a diferença também na Champions. Com um jogador destes valeria a pena gastar algum dinheiro. Talvez se se esbanjasse menos nas aquisições-fiascos de Mareques, Alans, Renterías, Diogos Valentes, Jorginhos, etc, etc, etc.

Paulo Pereira disse...

Pois, é como dizer. O Adriaanse bem que tentou, em Dezembro, o Huntellaar, agora alvo da cobiça do Manchester. O Luca Toni, um verdadeiro bombardeiro, não foi vendido muito caro, ao Bayern. É uma questão de estar atento ao mercao, por antecipação. O Pizarro foi, a custo zero, para o Chelsea, se bem que o custo zero signifique um prémio de assinatura chorudo. Mas concordo. O Porto precisava de um verdadeiro matador. E terá que tê-lo, se quiser ter algumas aspirações europeias, nos próximos anos.

Apitador disse...

Eu so queria acrescentar que, se o Quaresma não sair como é sua vontade, vai fazer uma 1ª volta na proxima epoca ainda mais fraca que a 2ª volta deste ano, quando viu que não ia para Madrid.

http://www.bola-na-trave.blogspot.com/

PSousa disse...

Excelente artigo Bruno que merece e dou os parabéns.

Só um pormenor, Baía com certeza segundo informações que tenho não ficou no grupo e a jogar mais, porque a direcção do clube não quis, e como não lhe ia renovar o contrato, pois ganhar 266 mil euros por mês num clube de Portugal é muito, e para GR..impensável...e com estes pressupostos, uma vez que a Sad não via com bons olhos pagar esse dinheiro a um suplente, mesmo carismatico como Baía, este se quisesse continuar a jogar teria que ser em outro clube, ou acabar a carreira, entao com o convite de fazer parte dos quadros do Porto, este assim ficou como dirigente, por isso a história de continuar a jogar ou não...

Mas Nuno é um GR que pode ser uma valia a curto prazo até um dos outros GR mais novos, apanhar mais maturidade.

Abraço

Anónimo disse...

Bruno, acho que exageras quando falas nos números do Pepe, 20 a 25 milhões parece-me exagerado para um jogador que nem sequer é internacional. Acho que metade desse valor, cerca de 12 milhões, talvez seja o valor mais real do atleta. Quanto ao Anderson, o Porto perdeu uma mais-valia desportiva, mas fez um grande encaixe financeiro (para alem de um direito de escolha sobre uma das dispensas do Man.Utd.) e dificilmente um jogador poderia valorizar mais na Liga Portuguesa, correndo-se até o risco de uma eventual lesão deitar tudo a perder.
Por fim acho o Hélder Barbosa um jogador com muito futuro, mas dado ter estado uma época inactivo deve ganhar ritmo noutro clube e não correr o risco de ficar dois anos sem jogar. Concordo com a tua apreciação ao Vieirinha e até estranho não ter sido mais utilizado na presente época.
Saudações desportivas. Grande abraço

Bruno Pinto disse...

Pedro, 12 milhões pelo Pepe?!! O valor de mercado dele anda, nos dias que correm, muito acima disso. Tenho a certeza que se sair do clube, será por um valor bem mais chorudo que o que referiste. Quaisquer propostas de 12 milhões terão certamente resposta negativa.

Anónimo disse...

Bruno, 20 ou 25 milhões dão-se por um desequilibrador. O Pepe é um bom jogador, mas é um defesa. Se calhar tu achas escassos os 12 milhões, mas são 2 milhões e meio de contos por um defesa... É muito dinheiro! Não se trata de um internacional e só se começou a afirmar na última época e meia.
Um abraço e saudações desportivas