SÉRVIA - PORTUGAL 1 - 1
Fase de Qualificação para o Europeu'2008
28 de Março de 2007
Estádio do Estrela Vermelha (Belgrado)
Árbitro: Bertrand Layec (França)
Sérvia: Stojkovic; Duljaj, Vidic, Krstajic, Dragutinovic; Jankovic (Koroman 68'), Kovacevic, Stankovic (Markovic 78'), Krasic; Tosic (Lazovic 84'), Pantelic. Tr: Javier Clemente
Portugal: Ricardo; Miguel (Caneira 72'), Ricardo Carvalho, Jorge Andrade, Paulo Ferreira; Petit, Tiago, João Moutinho (Raúl Meireles 77'); Cristiano Ronaldo, Nuno Gomes (Quaresma 82'), Simão. Tr: Luiz Felipe Scolari
Ao intervalo: 1 - 1
Marcadores: 0 - 1 Tiago 5', 1 - 1 Jankovic 37'
CA: Stankovic 7', Pantelic 35', Cristiano Ronaldo 36', Jankovic 40', Paulo Ferreira 50', Tiago 59', Dragutinovic 62'
Portugal empatou na Sérvia e, bem vistas as coisas, não se pode considerar negativo conquistar um ponto em casa de um adversário directo pelo apuramento. Mas será que não houve falta de ambição de Luiz Felipe Scolari? O que leva um treinador a não fazer tudo para poder vencer um jogo, quando a sua equipa demonstra sobeja capacidade para o fazer? Entendo que o 'Sargentão' é um líder competente e desde que chegou ao nosso país a selecção portuguesa deu um salto significativo, somando grandes resultados e afirmando-se cada vez mais no plano internacional como uma das melhores. No entanto, o pragmatismo que revela em certas ocasiões é exagerado, escusado e indiciador de um conservadorismo que, manifestamente, me desagrada.
Scolari, talvez surpreendentemente para muitos mas não para mim, apostou em Simão para o onze inicial, deixando Quaresma no banco de suplentes. Foi uma opção como outra qualquer, Simão também está em grande forma e tem sido o dono daquele lugar, embora me pareça que, face à exibição que realizara contra a Bélgica, o 'Harry Potter' merecesse a titularidade. De resto, manteve todos os outros elementos que iniciaram o jogo de Alvalade, inclusivé Nuno Gomes e João Moutinho - dados como possíveis suplentes - e, quanto a mim, muito bem.
O jogo não podia ter começado melhor. Logo nos primeiros minutos, Tiago tratou de silenciar o ambiente escaldante de Belgrado, conseguindo com alguma sorte um golo espectacular do meio da rua, o seu primeiro ao serviço da selecção.
A perder, a Sérvia partiu para junto da área nacional e durante 15 minutos exerceu intensa pressão sobre a nossa defensiva. Dinamizados pela velocidade e técnica de Krasic e usando um pressing alto, os sérvios não permitiam que Portugal acertasse 2/3 passes seguidos e desenvolvesse o seu futebol apoiado tão característico. Ricardo via a bola sempre muito próxima, mas a verdade é que, nesse período, só por uma vez foi posto à prova, num ressalto de bola que quase deu o empate a Stankovic.
Por volta dos 20 minutos, a Sérvia começa a perder intensidade e Portugal aproveita para subir no terreno e equilibrar a partida, começando a desferir alguns ataques perigosos, sobretudo através dos seus extremos. Petit, de longe, tentou imitar Tiago, mas desta vez Stojkovic conseguiu desviar para canto. Portugal detinha agora um maior domínio territorial, mas os da casa nunca deixaram de procurar a igualdade, com transições ofensivas rápidas e fazendo uso de uma das suas principais armas: os lances de bola parada. Depois de Vidic ter ameaçado, na sequência de um livre do lado direito, a Sérvia chegou mesmo ao empate, aos 37 minutos. Canto da direita de Stankovic e golo de cabeça de Jankovic, perante a passividade inexplicável da defesa lusa. É certo que os sérvios possuem um porte físico bastante superior, mas não era preciso deixá-los à vontade em plena pequena-área.
Em resposta, Moutinho podia ter feito o 2 - 1, no seguimento de uma boa iniciativa de Simão, mas não foi capaz de definir a jogada com sucesso. Os últimos minutos do primeiro tempo foram algo nervosos de parte a parte e o intervalo lá acabou por chegar com um 1 - 1 justo face ao sucedido, num jogo tacticamente muito interessante, em que nenhuma equipa dominou a outra, mas onde foi visível que Portugal era claramente superior e tinha a vitória ao alcance. Pedia-se para o segundo tempo maior capacidade de retenção de bola, no sentido de focalizar a acção do jogo mais à frente, procurando assim controlar melhor a partida, tentar chegar ao segundo golo e, ao mesmo tempo, dar maior tranquilidade à sua defesa.
Depois do descanso, chegou a dar a ideia que os sérvios traziam a mesma disposição de discutir o resultado e colocar a turma das quinas em sentido, mas rapidamente Portugal tomou conta das operações, com os seus médios a pressionarem mais à frente e a garantirem, na fase seguinte, uma posse de bola mais demorada e efectiva. Tiago, depois de uma excelente jogada colectiva, proporcionou a Stojkovic uma vistosa parada. Moutinho e o mesmo Tiago, de longa distância, voltaram a testar as qualidades do guardião, sendo que, por esta altura, Portugal já ia justificando estar de novo em vantagem no marcador.
Cheirava a golo português, a Sérvia praticamente não chegava à nossa área e, portanto, a expectativa era que a Selecção Nacional mantivesse o ritmo para chegar à vitória.
Entre os 65/70 minutos, o encontro começa, porém, a ficar mais indefinido, mais lento, menos fluído e sobretudo mais disputado sobre o centro do campo. Dei por mim a pensar: isto está a pedir a entrada do Quaresma a ver se anima. Scolari não foi dessa opinião. Ao seu melhor estilo, faz entrar Caneira e depois Raúl Meireles, para segurar não sei o quê e como que dizendo lá para dentro: está na hora de começar a jogar mais devagar, o empate já é bom, não arrisquem! Pode haver quem apoie esta atitude, é verdade que o empate não deixava de ser um desfecho positivo, mas não gosto desta mentalidade. Se Portugal era superior, estava por cima no jogo e não se vislumbrava na Sérvia grande capacidade de resposta, por que não dar um pouco mais e tentar alcançar os três pontos em vez de um? Infelizmente, o técnico brasileiro já nos habituou a este tipo de comportamentos demasiado calculistas. Javier Clemente, seleccionador da Sérvia, deve ter andado na mesma escola de Scolari; a precisar de vencer, retirou Stankovic do terreno para fazer entrar um defesa...
O jogo estava cada vez mais adormecido e todos pareciam satisfeitos. Aos 82 minutos, Scolari lá se decidiu pela entrada de Quaresma, tendo saído Nuno Gomes e levando Ronaldo para o centro do ataque. Deve dizer-se que o extremo portista entrou mal na partida, acumulando passes errados e dribles falhados, mas vir de uma exibição tão soberba como a de sábado e jogar pouco mais de 10 minutos há-de ser frustrante. E o apito final não tardou, Portugal fez um jogo positivo e conquistou um ponto que pode vir a ser importante nas contas, mas não fez tudo para alcançar o triunfo, deixando assim para trás dois pontos que, do mesmo modo, poderão fazer falta mais tarde.
Nas reacções após o jogo, Scolari classificou a exibição lusa de "maravilhosa", e eu confesso não entender tal opinião, pois maravilhosa seria a vitória. Confrontado com a opção por Simão em detrimento de Quaresma, declarou que "o Simão é o titular da posição", ou seja, o 'cigano' pode continuar a fazer exibiçoes fabulosas e a marcar os golos de trivela que quiser, que já sabe que tem o banco à sua espera, porque "o Simão é o titular da posição". Sem comentários...
Portugal segue agora no segundo lugar do grupo com 11 pontos em 6 jogos, em igualdade com a Finlândia (perdeu 1 - 0 no Azerbaijão) e a Sérvia. A Polónia (venceu 1 - 0 a Arménia em casa) está destacada na liderança com 16 pontos mas com mais um jogo disputado. Portugal tem obrigação de vencer este grupo e garantir o apuramento directo para o Euro'2008. Oxalá Scolari se dê conta de que, com o lote sensacional de jogadores de que dispõe, não precisa de ter tanto medo!
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