domingo, 8 de junho de 2008

ESTREIA PROMETEDORA


Finalmente aí está o Campeonato da Europa de Futebol. Para quem adora futebol, a altura destas grandes competições internacionais são, de facto, o auge dessa paixão. Portugal, à procura da glória que lhe tem escapado por muito pouco, teve uma estreia auspiciosa, derrotando a Turquia, em Genebra, por 2 - 0. E pode dizer-se que o resultado foi escasso para aquilo que os 'Viriatos' produziram nos noventa minutos.

Portugal fez uma óptima exibição, perante a selecção do grupo tida, à partida, como a mais difícil de bater. De facto, a exibição colectiva lusa foi até algo surpreendente, se tivermos em conta a fase de apuramento sofrível e as dúvidas que existiram nos últimos tempos em redor da equipa. Domínio absoluto do jogo, futebol bonito e envolvente, procura constante do golo, poucas ou nenhumas veleidades concedidas ao ataque turco, alguns magníficos desempenhos individuais. Tudo somado resultou numa vitória incontestável, que convenceu não só os portugueses, como a generalidade da imprensa europeia. Todos os jogadores estiveram em bom plano, com particular destaque para três homens: João Moutinho, Pepe e Deco. Os golos apenas surgiram no segundo tempo, embora pudessem ter acontecido mais cedo, caso a pontaria não estivesse particularmente direccionada para os postes.

Scolari apresentou o habitual sistema 4-3-3, sem qualquer surpresa no onze inicial. Acabou por acertar em todas essas opções, já que todos cumpriram o seu papel de forma adequada. Apenas um reparo: a substituição de Nuno Gomes por Nani e a passagem de Ronaldo para avançado-centro, após o tento inaugural, não me pareceu uma boa solução. A partir daí Portugal recuou em demasia sem necessidade e teve menos bola, expondo-se mais a um lance fortuito que pudesse resultar no empate, quando poderia ter perfeitamente mantido a mesma toada. Mesmo que optasse por um normal abrandamento, poderia tê-lo feito mais longe da nossa baliza, até porque os turcos nunca constituíram uma verdadeira ameaça para as redes de Ricardo. No entanto, a lei do mais forte imperou e Portugal deu uma demonstração de que é mesmo um dos principais favoritos a ser campeão da Europa. Em termos individuais somos fortíssimos. E a jogar assim, como um bloco homogéneo e entrosado, somos mesmo, na minha opinião, o candidato número 1.

Agora, um a um, a nota dos jogadores portugueses no jogo de ontem (0 a 10) e uma breve análise individual:

Ricardo
(6): Jogo de pouco trabalho, que se resumiu a algumas saídas a cruzamentos fáceis e recolhas de alguns atrasos dos seus companheiros.

Bosingwa
(6): Pleno de força e velocidade, foi intratável na defesa e apoiou o ataque de forma quase constante. Uma ou outra perda de bola, um ou outro passe falhado, não mancharam uma exibição de bom nível.

Pepe
(8): Magnífica exibição do central 'merengue', coroada com um belo golo, surgido de uma das suas habituais subidas no terreno. Marcou ainda outro golo, anulado por fora-de-jogo e, na defesa, esteve sempre intransponível.

Ricardo Carvalho
(7): A costumeira classe e serenidade, garantia de solidez e qualidade no centro da defesa. A experiência acumulada fazem dele um central calmo mas soberbo. Forma com Pepe a melhor dupla de centrais do torneio. Há dúvidas?

Paulo Ferreira
(6): Muito bem a fechar o flanco esquerdo e a dobrar as subidas dos centrais, teve tempo para apoiar o ataque de forma pausada mas eficaz. Não é um jogador exuberante, mas sabe exactamente o que tem de fazer no relvado.

Petit
(6): Bom jogo do trinco benfiquista. Funcionou bem à frente da defesa, quer a ocupar o espaço e a dificultar as trocas de bola turcas, quer a iniciar os ataques portugueses. Jogou simples mas sempre bem. Veloso está bem no banco e vai lá continuar.

João Moutinho
(8): Enorme Moutinho. Do meu ponto de vista, foi o jogador mais valioso do encontro. Sempre em movimento, foi o jogador português que mais correu e isso reflectiu-se positivamente na sua actuação. Apareceu em todo o lado, recuperou bolas, participou com critério no jogo ofensivo, chegou a zonas de finalização e ainda teve tempo para assistir Meireles para o segundo golo. A defender e a atacar, é intenso, tecnicista, inteligente. É o verdadeiro médio do futebol moderno.

Deco
(8): O verdadeiro Deco começa a ressurgir, depois de uma temporada desastrosa no Barcelona. Jogou e fez jogar, foi o cérebro da equipa, o toque de classe, além de ter estado permanentemente em acção. Por vezes, parece jogar de forma displicente e demasiado descontraída (errou 2/3 passes sem necessidade), mas o belo jogo de Portugal deveu-se muito à sua qualidade. Na retina, um fantástico passe de um flanco ao outro, executado de primeira.

Simão
(7): Carrilou muitos lances ofensivos e foi sempre perigoso para o último reduto da Turquia. É um jogador rápido, de equipa, que solta a bola no momento certo e participa no processo ofensivo quase sempre correctamente.

Cristiano Ronaldo
(7): Para um jogador do seu nível, fez um jogo mediano. Concentrou muitos adversários em seu redor e isso retirou-lhe espaço para ensaiar algumas das suas jogadas, mas em compensação libertou ou seus colegas e isso foi bem visível ao longo da partida. Ainda assim, enviou uma bola ao poste de livre directo, fez o passe para Moutinho na jogada do segundo golo e esteve sempre bastante interventivo.

Nuno Gomes
(7): Uma bola no poste, outra na trave e uma assitência primorosa para Pepe inaugurar o marcador, foram os lances em que esteve mais em evidência. Belo jogo do capitão português, que foi substituído de forma prematura e incorrecta.

Nani
(5): Entrou rápido e mexido, ensaiando algumas jogadas pelo lado direito. Numa fase de adiantamento turco, pôs sempre a defesa contrária em sentido. Sofreu uma entrada assustadora de Mehmet Aurélio, a pedir o vermelho, mas nem falta foi assinalada.

Raúl Meireles
(6): Acabou com as ténues esperanças da Turquia, ao marcar o segundo golo mesmo ao cair do pano. O toque final foi o mais fácil, mas teve o mérito de ter acompanhado a jogada e dado a linha de passe a Moutinho. Uma opção credível sempre que fôr chamado.

Fernando Meira
(-): Entrou apenas para fazer parte da ficha do jogo e somar mais uma internacionalização.

8 comentários:

Filipe Soares disse...

Portugal fez um bom jogo. Gostei bastante e há muito que não me divertia tanto a ver um jogo da selecção. Desde o Euro-2004.

Continuo a dizer que Socolari é burrinho e percebe pouco de bola (as substituições fizeram a equipa recuar). O que lhe safa são os jogadores que tem. Deco foi o MVP frente à Turquia, seguido do Pepe. Bela chapada nos críticos da selecção abrasileirada!!

Tenho que admitir. Estava pouco confiante para este Europeu. Mas já reparaste que não nos pode calhar nenhum papão até à final tirando a Alemanha?

Anónimo disse...

Como sempre, o emo lusitano tremeu e dependeram de um brasileiro para resolver a partida.

Como treme o tal Cristiano. não fosse Scolari e Pepe e Portugal estaria no lugar de sempre no futebol mundial, que é a periferia.

Bruno Pinto disse...

Filipe,
É verdade, Holanda, Itália, França e Espanha apenas poderão surgir no caminho de Portugal na final. Das equipas aparentemente mais fortes, apenas a Alemanha nos poderá calhar antes da final. Apesar de sabermos que o futebol é fértil em surpresas, não deixa de ser positivo evitarmos alguns grandes colossos antes do jogo decisivo, se lá conseguirmos chegar.
Se tudo correr bem (ou seja, se passarmos o grupo), nos 'quartos' defrontaremos Alemanha, Croácia, Polónia ou Áustria e nas 'meias' umas destas 4, ou ainda uma das outras 3 do nosso grupo: Suíça, Turquia ou Rep.Checa. Em condições normais e a jogar como frente aos turcos, estaremos na final, já que mesmo a Alemanha penso estar uns furos abaixo da nossa equipa. Eu acredito!

Alexandre Santos,
O emo lusitano, teu jogador preferido, pelos vistos, tremeu tanto esta temporada que ganhou a Premier League, a Champions League, marcou mais de 40 golos (sem ser avançado-centro), foi novamente o melhor jogador da Premier, foi Bota de Ouro Europeu e prepara-se para ser considerado o melhor do mundo FIFA! Realmente o rapaz passa a vida a tremer, mas deve ser de se rir com tantas coisas que se escrevem sobre ele! Além disso, as estrelas brasileiras têm andado todas bastante apagadas esta temporada, começando em Kaká e acabando em Ronaldinho. Deve ter sido por isso que perderam com a potência Venezuela e ninguém se espantou por aí além...

Anónimo disse...

Ih, quando o Alexandre me disse que o Bruno Fimose tinha um blog resolvi passar aqui. E o cara é de V. N Gaia. Eu comi por muito tempo uma gaja daí, a Manuela Barreira. Aliás, veio ao Brasil me buscar pra casar. Lógico que não fui.

Fimose e a paixão incontida por o Emo Ronaldo. Louquinho para fazer um bola-gato para ele.

Ah, o patético... virei sempre te encher.

Valeu, Alê. e não coma as lusitanas, não são lá grande coisa.

E o Emo tremeu contra Barça no Camp Nou e na final. Perdeu dois penais. bem sintomático... alías, igual ao povinho desse país que entrou de favor na Comunidade Européia.

Ah ah!!!!

Anónimo disse...

Como o Scolari disse, vencer a Turquia era 50% da classificação. Acredito que Portugal fará uma boa EURO-2008. Ao contrário do que disseram Felipão é inteligente, tanto é que foi Penta campeão com o BRasil, e vai saber usar a qualidade dos jogadores que tem.

vlw abs
cesar

Gerson Sicca disse...

Bruno, Portugal melhorou muito no segundo tempo, mas concordo contigo quando tu falaste que a saída de Nuno Gomes não foi uma boa alternativa. A mudança fez com que a Turquia viesse pra cima de Portugal, que tinha dificuldades pra segurar a bola no ataque.
Parece-me que em determinados momentos do jogo Portugal insiste muito em lançamentos diagonais, procurando Ronaldo e Simão, que se posicionam perto da lateral para abrir a defesa. A idéia não é ruim, mas a insistência a torna previsível.
Além disso, não consigo gostar do Simão. Acho que já peguei no pé do jogador. Mas sei que ele tem uma função tática importante no esquema do Luiz Felipe porque é um cumpridor de tarefas. Talvez um 4-3-3 com Quaresma deixasse o time aberto demais.
Por fim, gosto muito dos zagueiros de Portugal.
Abraço

Felipe Moraes disse...

Gostei da estréia de Portugal. Jogou um futebol de eficiência e qualidade.

Abraço,
Felipe Leonardo

Tiago Araújo disse...

Portugal é o maior.