terça-feira, 22 de maio de 2007

DESFECHO ESPERADO DA LIGA


A 1ª Liga Portuguesa 2006-07 chegou ao fim. A última jornada trouxe as decisões que estiveram pendentes durante as últimas semanas e que tanta discussão geraram. Depois de tantas emoções, tantos festejos e decepções, fica apenas a faltar a disputa da Taça de Portugal entre Sporting e Belenenses para que se dê por terminada esta equilibrada temporada. O FC Porto sagrou-se justamente campeão nacional. O Sporting segurou o segundo lugar, relegando o Benfica para o último lugar do pódio e garantindo o acesso directo à Liga dos Campeões. O Braga ultrapassou o Belenenses e subiu à quarta posição, proclamando-se esta época como o quarto grande clube do nosso futebol. O P.Ferreira levou a melhor sobre o U.Leiria na luta pelo sexto posto e qualificou-se para a Taça UEFA pela primeira vez na sua história. Por último, na sempre dramática fuga à despromoção, o Setúbal fez a festa da permanência, deixando os lugares de descida para as equipas do Beira Mar e do Aves. Daquilo que previra para esta derradeira jornada, falhei no sexto lugar (P.Ferreira em vez da U.Leiria) e falhei na formação que se salvou da Liga de Honra (Setúbal em vez de Beira Mar). Enfim, não é grave.

Os portistas venceram no jogo do título o Aves por concludentes 4 - 1, embora ao intervalo se registasse ainda um empate a um, com golos de Adriano e Moreira. Virtual segundo classificado nessa altura, o FC Porto entrou mais decidido para a etapa complementar e conseguiu alcançar o triunfo que lhe deu o ceptro português, com dois golos de Lisandro e um autogolo de Jorge Ribeiro.

O Sporting teve pela frente o mais macio Belenenses, a pensar já no jogo do Jamor, e bateu os azuis do Restelo por 4 - 0, tendo as jogadas sido concluídas com êxito por Liedson, Alecsandro, Yannick Djaló e Pereirinha. O jogo em si foi demasiado fácil face à ténue oposição encontrada e a exibição agradou à multidão presente em Alvalade. No entanto, em virtude da vitória do FC Porto que impossibilitou o título leonino, ficou nos sportinguistas um sabor amargo a frustração e tristeza. A esperança renascida nos últimos tempos acabou por se revelar infrutífera, mas é justo reconhecer a excelente ponta final de campeonato dos homens de Paulo Bento, que puseram os 'dragões' em sentido e a fazer contas à vida.

O Benfica partiu para o encontro com a Académica ainda com possibilidades matemáticas de ser campeão, apesar de as probabilidades de isso suceder serem praticamente nulas, como se verificou. A despedida da temporada oficial correu de feição aos encarnados, que venceram na Luz os 'estudantes' por 2 - 0. Derlei, finalmente, lá fez o gosto ao pé, tendo Mantorras fixado o resultado final.

Mesmo empatando com o Nacional, o Braga logrou ascender à quarta posição, por troca com o Belenenses. E até começaram mal ao sofrerem um golo, marcado por Diego José, mas Wender, com um estrondoso pontapé sem preparação, encarregou-se de assinar o empate e carimbar o lugar logo a seguir aos três grandes. Ainda na luta pela Europa, o P.Ferreira garantiu uma igualdade 1 - 1 no reduto do Beira Mar (golos de Cristiano e Vasco Matos), superando assim a U.Leiria, que obteve igual resultado na Amadora, materializado por Anselmo e Slusarski. Esta igualdade dos aveirenses ditou a sua despromoção, uma vez que o Setúbal, depois de tantas contrariedades durante esta época, revelou grande carácter e foi capaz de ir derrotar a Naval fora de casa por 2 - 1, mesmo tendo primeiro consentido o golo figueirense (Erivelton). Porém, ainda na primeira metade, Auri e Ayew viraram o desfecho a favor da turma sadina. Carlos Cardoso, técnico setubalense e autêntico pronto-socorro nas horas de crise, está de parabéns por ter salvo uma equipa que parecia não ter salvação. Se a tarefa do Aves assumia proporções gigantescas - não era apenas ganhar no Dragão como também tirar o título ao FC Porto -, já o Beira Mar só tem de queixar-se de si próprio por não ter conseguido manter-se na elite do futebol português, pois teve um jogo em casa e não mostrou capacidade de o ganhar. É aqui que surge uma interrogação: até quando é que se vão contratar treinadores estrangeiros de segunda ou terceira categoria, quando estão no desemprego alguns portugueses bem mais categorizados? O mais certo é o espanhol Francisco Soler regressar agora ao seu país natal, tal como o seu compatriota Alberto Pazos, do Marítimo. Ambos desiludiram com os seus desempenhos e só se espera que os dirigentes adquiram a noção de que não vale a pena importar quando se tem a matéria-prima dentro de portas. Nesta 30ª jornada, o Marítimo somou mais uma derrota, desta feita em casa defronte do Boavista por 2 - 1. O maritimista Arvid Smit e os boavisteiros Grzelak e Linz deram corpo ao 'score', tendo os axadrezados classificado-se em nono lugar, o primeiro da segunda metade da tabela.

Classificação final:
1. FC Porto 69 pontos
2. Sporting 68
3. Benfica 67
4. Braga 50
5. Belenenses 49
6. P.Ferreira 42
7. U.Leiria 41
8. Nacional 39
9. Boavista 35
10. E.Amadora 35
11. Naval 32
12. Marítimo 32
13. Académica 26
14. Setúbal 24
15. Beira Mar 23
16. Aves 22

Lista dos melhores marcadores:
1. Liedson (Sporting) 15 golos
2. Dady (Belenenses) 12
3. Adriano (FC Porto) 11
4. Simão (Benfica) 11
5. Postiga (FC Porto) 10
6. Nei (Naval) 10
7. Miccoli (Benfica) 10
8. Linz (Boavista) 10
9. Lucho González (FC Porto) 9
10. Alecsandro (Sporting) 8

Mais alguns factos que me parecem importantes:
- o FC Porto foi o melhor ataque da prova com 65 golos, mais dez que o Benfica e mais onze que o Sporting;
- o Sporting foi a defesa menos batida com apenas 15 golos sofridos, menos cinco que FC Porto e Benfica;
- o FC Porto foi a equipa com mais vitórias (22), seguido de Sporting e Benfica (20), e o Sporting a que somou menos derrotas (2), à frente de Benfica (3) e FC Porto (5);
- Se vigorasse o sistema de 2 pontos por vitória o Sporting teria sido campeão com 48 pontos, ficando o FC Porto em segundo com 47 e o Benfica em terceiro com os mesmos pontos (o empate agora não compensa, o que é positivo, sem dúvida);
- o Beira Mar foi quem somou menos triunfos (4) e o Aves quem contou mais derrotas (18);
- o P.Ferreira foi o rei dos empates (12);
- o FC Porto foi a formação que mais pontos amealhou em casa (39), tendo sido o Sporting o mais forte forasteiro (33).


Depois da sua análise em números, resta dizer que esta liga foi uma das mais equilibradas de sempre, a primeira vez, aliás, em que chegam três equipas à última jornada com hipóteses de serem campeãs. Foi bonita de seguir esta luta, como interessantes foram os despiques pela Europa e pela manutenção. Sendo certo que muita coisa há que mudar no nosso futebol, não deixa de ser verdade que este equilíbrio só lhe pode trazer benefícios. A última palavra vai para o FC Porto, vencedor incontestado, merecido e, sobretudo, consensualmente limpinho.

1 comentário:

Paulo Pereira disse...

Minucioso, como sempre:) Belo texto, com o qual estou grandemente de acordo. A última jornada praticamente manteve os postos que vinham de trás. Tive pena pelo Beira-Mar, dado viver perto de Aveiro, mas o futebol de alta competição não se compadece com projectos feitos em cima do joelho. Depois da má experiência com os ingleses da Stelar Group, a entrada, numa altura desesperada, de Cursach, transformado em dono e senhor do clube, não resultou. Soler foi francamente uma desilusão, restando agora, após a mais k provável saída dos investidores espanhóis, um "monte de cacos" para "colar". Confesso k estou seriamente preocupado com o futuro beiramarense. A ver vamos...