sexta-feira, 25 de maio de 2007

MILAN: O REI DA EUROPA


MILAN - LIVERPOOL 2 - 1
Final da Liga dos Campeões 2006-07
23 de Maio de 2007
Estádio Olímpico (Atenas)
Árbitro: Herbert Fandel (Alemanha)
Milan: Dida; Oddo, Nesta, Maldini, Jankulovski (Kaladze 80'); Pirlo, Gattuso, Ambrosini, Seedorf (Favalli 90'+1'); Kaká, Filippo Inzaghi (Gilardino 88'). Tr: Carlo Ancelotti
Liverpool: Reina; Finnan (Arbeloa 87'), Carragher, Agger, Riise; Mascherano (Crouch 78'), Xabi Alonso, Pennant, Zenden (Kewell 58'); Gerrard, Kuyt. Tr: Rafael Benítez
Ao intervalo: 1 - 0
Marcadores: 1 - 0 Filippo Inzaghi 45', 2 - 0 Filippo Inzaghi 82', 2 - 1 Kuyt 89'
CA: Gattuso 40', Jankulovski 54', Mascherano 58', Carragher 60'


O Milan é o novo rei da Europa do futebol, sucedendo ao Barcelona como vencedor da Liga dos Campeões, após a vitória por 2 - 1 sobre o Liverpool, na capital grega. Numa final nem sempre bem jogada mas muito emotiva, emergiu o conhecido cinismo italiano, que faz com que os transalpinos vençam jogos mesmo sendo inferiores ao adversário em futebol jogado. Foi isso que sucedeu ontem. Mesmo vendo o Liverpool normalmente mais perto da sua baliza e tendo rematado bem menos que os ingleses, o Milan serviu-se da sua tradicional eficácia para conquistar o seu sétimo título continental de clubes, ficando a dois do Real Madrid. Depois da épica final perdida para os 'reds' em 2005, a vingança serviu-se fria, com um bis de Filippo Inzaghi, atacante que faz do aproveitamento a sua principal arma.

Carlo Ancelotti dispôs a equipa no seu habitual modelo conservador de 4-4-1-1, com Pirlo a médio defensivo, Gattuso e Ambrosini como carregadores dos talentosos, Seedorf a médio mais ofensivo e Kaká atrás do atacante Inzaghi. Já Rafa Benítez, certamente lembrado do descalabro do Manchester United em San Siro, apostou num reforço do meio-campo com Xabi Alonso, fazendo Gerrard avançar (quanto a mim demasiado) no terreno para as costas de Kuyt, mantendo as alas entregues a Pennant e Zenden. Isto é, manteve o rígido 4-4-2 do costume, mas menos arrojado do que aquilo que vulgarmente acontece.

O Liverpool começou melhor a partida, instalando-se desde logo no meio terreno italiano e com uma bela dinâmica de trocas de bola ao longo dos primeiros cinco minutos. O Milan, servindo-se da mestria de Pirlo e da velocidade de transição de Seedorf, responde a propósito e chega também junto da área de Reina, mantendo os ingleses em constante alerta. Notava-se, contudo, maior disponibilidade para pressionar e sair rápido para o ataque por parte do Liverpool. Aos nove minutos, Pennant tem nos pés a primeira situação de golo, negada superiormente pelo brasileiro Dida. Kaká respondeu pouco depois com um remate fraco de longa distância, fácil de parar por Reina.

Num jogo bastante táctico e com as pedras encaixadas, o Liverpool continuou sempre mais ameaçador, mas sem nunca perder os seus equilíbrios defensivos. Ao mesmo tempo que Mascherano encostava em Kaká, levando ao apagamento da estrela canarinha, Pennant seguia provocando alguns estragos junto da defensiva contrária, como aos 22 minutos em que serviu Gerrard para este rematar por cima da trave. Aos 26, nova jogada de envolvimento dos ingleses, culminada com um perigoso remate rasteiro de Xabi Alonso a rasar o poste. Riise teve também hipótese de testar o seu poderoso pontapé, mas a pontaria não estava calibrada.

À velocidade no jogo inglês, o Milan ripostava com um futebol mais lento e elaborado, apostando sobretudo nas diversas subidas dos seus laterais, cujos cruzamentos se revelaram neste encontro inconsequentes. Mesmo assim, Oddo foi dos que mais tentaram criar desequilíbrios pela sua banda direita. Aos 35 minutos, Maldini comprometeu com uma perda de bola em zona proibida (o capitão cometeu algumas falhas), originando uma flagrante chance para Kuyt inaugurar o marcador, valeu o corte em esforço de Nesta.

Quando já se esperava pelo descanso, Kaká ganha uma falta mesmo à entrada da área, numa das poucas oportunidades em que se conseguiu libertar da marcação. O especialista Pirlo bateu o livre, levando a bola a desviar no corpo de Inzaghi e encaminhar-se para a baliza do impotente Reina, traído pela mudança de direcção da mesma. Sem que nada tivesse feito para o justificar, o Milan via-se em vantagem apenas ao segundo remate efectuado, para gáudio dos milhares de 'tiffosi' presentes nas bancadas.

Na segunda parte, o Liverpool não entrou tão forte como seria de esperar para uma equipa que corria atrás do resultado, não tendo disposto de qualquer situação de perigo nos primeiros 15 minutos. Aliás, nesse período, Pirlo voltou a ter um livre à disposição, mas desta vez a bola saiu por alto. Só aos 62 minutos, Gerrard voltou a importunar Dida, tendo surgido desmarcado sobre o lado esquerdo mas rematando fraco e à figura. O Liverpool começou a atacar com mais homens, deixando a sua defesa à mercê dos possíveis contra-ataques do Milan, muitas vezes fatalmente venenosos. Não existia outra alternativa e sinceramente, perante o que ía acontecendo no Olímpico de Atenas, o Liverpool já merecia outro tipo de resultado. Riise voltou a tentar de longe, sendo imitado por Gerrad poucos instantes depois, sem sucesso.

A festa era milanesa, ganhando outra dimensão quando, aos 82 minutos, Kaká isolou Inzaghi, que não teve dificuldade em passar por Reina e fazer o 2 - 0. A frieza do futebol italiano voltou a fazer das suas e a Liga dos Campeões ficou aí praticamente decidida. Mas o Liverpool continuou a revelar grande espírito de luta e, já depois de Crouch ter ameaçado com um forte remate à entrada da área, conseguiu mesmo reduzir a diferença, na sequência de um canto, por intermédio de Kuyt. Não havia tempo para mais e, após o apito de Fandel, os festejos foram intensos por parte dos milaneses, coisa várias vezes vista desde que me lembro de ver futebol.

Talvez o Liverpool tivesse feito por merecer a vitória, mas o futebol não se compadece com justiça ou injustiça e ganha quem revelar maior capacidade de concretização. Inzaghi, letal, mostrou que a idade não é um problema quando a qualidade e disponibilidade se mantêm intactas, tendo-se cotado como o melhor jogador desta final. Kaká, muito discreto durante os 90 minutos, acabou por ser determinante, ao ganhar a falta de que resultou o primeiro golo e ao fazer a assistência para o segundo. Pelos 'reds', Gerrard e Pennant foram os que mais fizeram para que o desfecho fosse outro, tendo também Mascherando sido importante na acção pressionante sobre Kaká.

O Milan sagrou-se assim campeão europeu pela sétima vez na sua história, somando o seu 15º troféu internacional, entre Taças/Ligas dos Campeões, Taças das Taças, Supertaças Europeias e Taças Intercontinentais. Palmarés impressionante de um clube grandioso! Ontem, quem recebeu a taça das mãos de Michel Platini foi o grande capitão Paolo Maldini, defesa italiano que somou o seu 5º título europeu em 8 finais disputadas. Sem dúvida, um dos maiores nomes do futebol mundial de todos os tempos. Parabéns a Maldini! Parabéns ao Milan! A Europa está aos seus pés!

2 comentários:

Paulo Pereira disse...

É como dizes, o cinismo italiano levou novamente a melhor. Numa final demasiado táctica, com poucos momentos espectaculares, venceu a eficácia. Se esperavamos uma final electrizante, similar à de 2005, rapidamente se percebeu o engano. Venceu o Milão, o k de certa forma me agradou. Ainda recordo, com alguma nostalgia, os tempos de Gullit, Van Basten e Cª. A vitória deve ter sito também a bóia de salvação de Ancelotti, pois nova derrota, perante o mesmo adversário, depois de uma má época interna, levaria, muito provavelmente, ao despedimento do técnico italiano.
E k vontade de ver o Porto novamente numa final destas. Só o ambiente vale a pena...

Anónimo disse...

Pois, o FCP em Matosinhos podia ter sido campeão! O FCP quando parecia estar a recuperar voltava sempre a ficar para trás (telvez falta de "garra"...) Mas vamos ganhar em Ovar!

FORÇA PORTO!