sábado, 7 de abril de 2007

CONTINUIDADE, SIM OU NÃO?


Numa altura em que a época futebolística começa a chegar à sua fase decisiva, muita gente já se terá interrogado sobre os benefícios/malefícios de os três grandes manterem ou não os seus treinadores na próxima temporada. Certamente que haverá ampla diversidade de opiniões acerca do trabalho de Jesualdo Ferreira, Fernando Santos e Paulo Bento no comando técnico dos respectivos clubes e, por conseguinte, a sua continuidade ou não é uma matéria sensível à crítica, logo pouco consensual. Pela minha parte, não tenho grandes dúvidas de que FC Porto, Benfica e Sporting continuarão com os mesmos timoneiros na próxima temporada. Consideraria, aliás, muito estranho que alguma das administrações decidisse o contrário.

Jesualdo Ferreira chegou ao Dragão depois de um trabalho magnífico no Sp.Braga. É um técnico inteligente, metódico, estudioso, de discurso esclarecido, privilegiador do contacto próximo com os jogadores. Um homem que provavelmente chegou tarde de mais à ribalta e que, por isso, não construiu uma carreira à altura daquilo que a sua categoria justificava. A sua época no FC Porto não tem sido fácil, estando a ser protagonizada por altos e baixos. Às derrotas consecutivas frente a Arsenal e Braga, os portistas responderam com a sua melhor fase, que contemplou uma série de bons resultados, tanto na 1ª Liga como na Liga dos Campeões. A longa paragem natalícia parece, no entanto, ter tido um efeito negativo sobre a equipa, que começou 2007 com um rendimento insuficiente, gerador de algumas derrotas comprometedoras e outras tantas exibições pouco convincentes. As performances alcançadas nos últmos meses de 2006 não foram repetidas até ao momento actual, mas a verdade é que os 'dragões' seguem na liderança da 1ª Liga com 4 pontos de vantagem sobre o segundo - pode passar a ser de 1 caso o Benfica derrote o Beira Mar - e na Champions venderam muito cara a eliminação, perante o milionário e mais poderoso Chelsea. Aconteça o que acontecer até ao fim da época - eu julgo que se sagrará campeão nacional -, considero o trabalho realizado por Jesualdo muito positivo, claramente merecedor da manutenção no comando técnico azul e branco. Com as bases já lançadas e com a possibilidade de formar o seu futuro plantel, bem como de efectuar a pré-temporada com a equipa, a próxima estação promete melhorias substanciais.

Apesar de ter passado por momentos difíceis, motivadores de alguma contestação esporádica, Paulo Bento parece continuar a ser consensual junto da massa sportinguista. Mesmo que no horizonte de possíveis conquistas nesta época, surja apenas a Taça de Portugal, a parte final da época passada somada ao início da presente, revelou um treinador de vastas capacidades, tanto a nível técnico como em liderança, motivação e gestão de grupo. Embora discorde de muitas opções que vem tomando, acredito que a sua continuidade em Alvalade só poderá trazer benefícios ao Sporting e julgo que é pacífico afirmar que Bento será o treinador verde e branco na próxima temporada.

Fernando Santos parece-me uns furos abaixo dos seus dois colegas de profissão. Passou por momentos bastante conturbados ao longo de vários meses, demorou a percepcionar qual o melhor modelo para o seu colectivo e não parece totalmente apoiado pelos adeptos encarnados. O certo é que se mantém na luta pelo título nacional e Taça UEFA e é visível que goza de forte confiança de Luís Filipe Vieira. Além disso, quando solidificou o seu 4-4-2 em losango, colocou o Benfica a realizar algumas exibições de alto nível e é minha convicção que manterá as suas funções, mesmo na pior das hipóteses de não conquistar título algum.

O futebol português não tem sido pródigo em dar estabilidade e tempo aos treinadores para poderem levar os seus projectos por diante. Depois de uma época inteira em que os três grandes clubes os mantiveram seguros, surge agora como mais provável a sua permanência em 2007-08. Mesmo que nem sempre correspondam ao que deles (dos técnicos) se espera, será de louvar uma aposta na continuidade. Afinal, foram os próprios dirigentes que os escolheram e esta é sempre uma forma de não fugirem às responsabilidades.

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