terça-feira, 10 de abril de 2007

A DÚVIDA EM TORNO DE MOURINHO


À medida que a época caminha para o seu final, agrava-se a especulação à volta do futuro de José Mourinho, quanto a mim e de longe, o melhor treinador de futebol do mundo. As opiniões dividem-se e a dúvida está há muito instalada: vai ou não continuar no Chelsea? E se sair, qual será o seu destino?

É sabido que o relacionamento pessoal entre José Mourinho e o patrão Roman Abramovich já conheceu melhores dias, não sendo nesta altura o mais cordial. Os pontos de vista de cada um parecem agora mais divergentes do que nunca e tem ficado patente que Mourinho não é um insubstituível para o magnata russo, mais apostado em seguir os conselhos do dinamarquês Frank Arnesen, o chefe da prospecção do clube e seu homem de confiança. Essa divergência conheceu o seu auge quando, em Janeiro, o técnico português reclamou o reforço da equipa no centro da defesa, recebendo resposta negativa de Abramovich. Tendo em conta as lesões que apoquentaram o plantel londrino, era evidente que um central era uma necessidade premente, não apenas um qualquer capricho do 'Special One'. Aliás, o Chelsea actuou em diversas partidas com Ricardo Carvalho ao lado de jogadores adaptados a centrais, casos de Paulo Ferreira ou Essien, o que, convenhamos, é inadmissível numa equipa de alta competição, ainda para mais com a capacidade financeira monstruosa do Chelsea. Não terá tido a ver com uma indisponibilidade para gastar mais dinheiro, antes mostrar a Mourinho que era ele quem mandava no clube e que as decisões passavam por ele, mais que por qualquer outra pessoa. Posso estar enganado, mas a mim parece-me que Mourinho não perdoará esta rábula nem o tratamento que tem recebido do seu superior e que verá com bons olhos uma mudança de ares. Algo que obviamente ainda não manifestou publicamente por estar envolvido na luta por competições importantes.

Resulta igualmente claro que Abramovich não fará muita força para manter Mourinho, tal parece ser a sua vontade de entregar o comando técnico dos 'blues' a outro treinador. Os nomes de potenciais substitutos têm surgido à mesma velocidade com que o Chelsea tem vindo a ganhar jogos recentemente: desde Rijkaard a Mancini, passando por Deschamps, Koeman, Hiddink, Mark Hughes ou Juande Ramos! Não sei o que tem passado pela cabeça do multimilionário russo, mas colocar qualquer destes ou outro no lugar de Mourinho, parece-me ser o maior tiro no pé da sua vida em Inglaterra. Em toda a sua história, o Chelsea apenas havia sido campeão inglês por uma vez, há cerca de 50 anos. Em dois anos no clube, o português foi campeão duas vezes e está na corrida pelo tri, além da conquista de outros troféus britânicos. Transformou um clube médio inglês num clube de topo mundial e para aqueles que dizem que teve vantagem financeira sobre os outros para reforçar a equipa, basta lembrar os galácticos do Real Madrid. Não basta ter muito dinheiro, também é preciso saber gastá-lo! Além de que é corrente dizer-se que quando um plantel tem muitas estrelas, é difícil ao treinador conjugar todos os interesses individuais e transformá-los num objectivo comum. Mourinho é um mestre nesta matéria.

Confesso que gostava de ver Mourinho sair do Chelsea. Nessa altura, ficaria com muita curiosidade de ver se o clube continuaria a ganhar títulos. Ficaria também na expectativa de saber se o trajecto do novo clube de Mourinho começaria a ser vencedor. Tem-se falado do Real Madrid. Ninguém duvida do aliciante que seria constatar a capacidade ou não de José Mourinho em colocar ordem na desarrumada casa 'merengue' e, já agora, de poder assistir a novos capítulos da sua rivalidade pessoal com Rijkaard, técnico do Barcelona.

O futuro dirá o que irá acontecer. Mas contrariando um recente artigo ridículo do jornal espanhol 'El País', segundo o qual o setubalense se vai transformar num técnico perdedor devido ao défice de ambição, uma coisa me parece certa: o melhor treinador do planeta vai continuar a ganhar seja onde fôr. E que melhor lugar para o fazer do que Espanha?!

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