Ficou ontem concluída a primeira mão dos quartos-de-final da Liga dos Campeões. O Chelsea empatou 1 - 1, em casa, com o Valência. O Manchester United foi perder a Roma por 2 - 1. Na terça, o Liverpool tinha ganho 3 - 0, no estádio do PSV Eindhoven, e o Milan havia empatado 2 - 2, em San Siro, perante o Bayern Munique. Esperados ou não, estes resultados mantêm tudo em aberto para os jogos da segunda mão, à excepção do 3 - 0 em Eindhoven, que praticamente carimbou a passagem do Liverpool e o adeus do PSV às meias-finais.
O surpreendente foi apenas a rapidez com que os homens de Anfield resolveram tudo a seu favor, uma vez que a sua passagem às meias-finais era vista por quase todos como o desfecho mais provável. A ausência do central brasileiro Alex penalizou decisivamente o desempenho do PSV e fez com que o Liverpool dominasse o encontro do princípio ao fim, tendo marcado três golos, sem que se vislumbrasse qualquer capacidade de reacção dos holandeses. Gerrard, Riise e Crouch foram os marcadores de serviço, sendo que o tento do norueguês foi obtido através de um sensacional remate de fora da área e é desde já um dos melhores da prova. Em destaque esteve também o lateral direito Finnan, autor dos cruzamentos para os primeiro e terceiro golos. Para o jogo em casa, bastará ao Liverpool jogar o quanto baste e gerir a enorme vantagem de que dispõe. Não conseguindo intrometer-se na luta pelo título inglês, este Liverpool de Rafael Benítez parece talhado para conseguir grandes prestações na Liga dos Campeões - venceu o troféu há duas épocas e na época passada caiu nos 'oitavos' aos pés do Benfica.
Em Milão, o Bayern impôs uma igualdade ao Milan, um resultado excelente para as cores bávaras. Num magnífico desafio de futebol, o árbitro foi mesmo uma das principais figuras, ao assinalar escandalosamente e já bem perto do final um penalty inexistente, por falta de Lúcio sobre Kaká que só ele viu. Pirlo abriu o activo a cinco minutos do intervalo, mas Van Buyten restabeleceu o empate já no decorrer da segunda parte. Depois aconteceu então aquela inacreditável invenção do juíz, que Kaká aproveitou para colocar os milaneses de novo na frente. Revelando grande determinação e poder de reacção, o Bayern conseguiu, porém, chegar outra vez ao empate já no período de descontos. O belga Van Buyten bisou na partida e converteu-se no melhor homem em campo, dando um sabor a justiça ao resultado, não só devido ao erro arbitral, como também face ao que as duas equipas produziram. Com a possibilidade de decidir em Munique, os alemães possuem uma ligeira vantagem, mas muito cuidado com a frieza e cinismo tão característicos dos italianos. Eu diria que as probabilidades de qualificação se mantêm semelhantes para ambos.
O Chelsea encontrou as dificuldades naturais que se anteviam no embate com o Valência. Apesar de jogar em Stamford Bridge, a equipa de José Mourinho não foi capaz de se superiorizar ao bem organizado colectivo espanhol e provou, uma vez mais, que aquele Chelsea inspirado e demolidor das temporadas transactas já terá passado à história. É verdade que dominou a quase totalidade dos 90 minutos e teve chances mais que suficientes para ganhar, mas falta alguma arte e imaginação ao seu ataque, algo que vem sendo hábito desde o começo da época e que já tinha sido visível, por exemplo, na eliminatória com o FC Porto. David Silva e Drogba fizeram os golos, Ricardo Carvalho foi para mim o 'man of the match', tantas foram as vezes em que empurrou os seus colegas para a frente, tendo até disposto de algumas oportunidades para facturar. Embora estando consciente do equilíbrio, contava com uma vitória dos londrinos, mas o empate não me faz mudar de opinião: continuo a pensar que José Mourinho vai levar a sua equipa até às meias-finais e poderá não parar por aí...
Na capital italiana, a Roma derrotou o Manchester United e acabou por ser, dadas as circunstâncias, um resultado normal, embora eu esperasse algo mais positivo para Cristiano Ronaldo e companhia. Os ingleses jogaram uma hora com dez jogadores - Scholes foi expulso e bem - e a Roma aproveitou para marcar alguma superioridade em termos de produção, traduzida no 2 - 1 final. Taddei, Rooney e Vucinic foram os homens que fizeram balançar as redes. Cristiano Ronaldo, o alvo de todas as atenções romanas desde que o sorteio foi efectuado, esteve um pouco abaixo do seu nível, o que para a maioria dos jogadores do mundo constituiria uma grande exibição! Já se sabe que numa equipa com menos um elemento as dificuldades aumentam, mas ainda assim logrou algumas das suas habituais arrancadas, numa das quais dando início à jogada do golo de Rooney. Mais discreto, mas igualmente decisivo. Em Old Trafford dentro de uma semana, favoritismo completo para o United poder chegar às meias-finais, pois não reconheço à Roma qualidade e força para resistir aos 'red devils', tanto no relvado como nas bancadas.
Muita gente já está a sonhar com uma final entre Manchester United e Chelsea, em Atenas. Eu também estou e julgo, aliás, que a possibilidade de isso acontecer é bem real. Nas meias-finais já está estabelecido que Liverpool defrontará Chelsea ou Valência e que Milan ou Bayern medirá forças com Roma ou Manchester United. A bola é redonda e tudo pode acontecer, mas seria lindo assistirmos a uma final totalmente inglesa, com as cores azul e vermelha, em que os dois maiores ícones do futebol português actual (José Mourinho e Cristiano Ronaldo) travariam uma luta árdua pela consagração europeia.
PS: Daqui a pouco o Benfica defronta, em Barcelona, o Espanhol, em jogo da primeira mão dos quartos-de-final da Taça UEFA. Como um dos principais candidatos a vencer a competição e como melhor equipa que o Espanhol, independentemente do resultado de hoje, o Benfica tem a obrigação de eliminar esta formação catalã. Para bem do nosso futebol e porque me dá sempre um gostinho especial ver portugueses a superarem espanhóis.
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